quinta-feira, 26 de junho de 2014

Caboclo Vira-Mundo


Em abril de 1962, a sessão religiosa daquele dia transcorria com toda normalidade, no templo da Associação de Pesquisas Espirituais Ubatuba. Em dado momento, ali chegou um grupo de pessoas que pela primeira vez visitava a Casa Dona Eulália apesar de não ser adepta da doutrina umbandista, fora consultar o Caboclo Ubatuba, fazendo-se acompanhar de seus familiares, na última tentativa de localizar o filho Rodrigo de apenas dez anos, desaparecido havia mais de uma semana de sua residência. Contou à Entidade já haver percorrido todos os hospitais da região, delegacias de polícia circunvizinhas, juizados de menores, casas de parentes e amigos e até o necrotério do I.M.L., sem lograr qualquer êxito.
O delegado, presidindo o caso, após realizar intensas buscas e investigações sem nenhum suceeso, havia declarado que pela sua experiência em fatos semelhantes, o menor só poderia estar morto em algum matagal, vítima talvez de algum estuprador. As esperanças da mãe haviam se esvaido e já estava até conformada com aquela suposição, mas era necessário encontrar o cadáver e isso não havia acontecido.
O Caboclo, com a calma característica de sempre, fitou-a de cima a baixo, virou-se para o pegí, proferiu algumas palavras que ninguém soube traduzir e de volta a consulente foi categórico: - Seu filho não está morto mas passeando num lugar distante daqui. Vou determinar a meu auxiliar, Caboclo Vira-Mundo, para ir busca-lo e dentro de, no máximo, três dias, ele estará novamente em sua companhia. "Na época participava das engiras, o Sr. Antonio, excelente médium, em cuja coroa vibrava o "seu" Vira-Mundo. Após concentrar-se por ordem do Caboclo Ubatuba e sob a entoação do seu ponto cantado, desceu no terreiro aquela Entidade, solicitando de imediato uma pemba com a qual firmou seu ponto riscado aos pés dos atabaques, onde colocou a fotogrfia do menino, levada pela família, subindo em seguida a ló (foi embora) para dar cumprimento a missão. Notava-se nos olhos daquelas pessoas um misto de desconfiança e esperança, retirando-se ainda bastante amarguradas.
Pois bem. Dois dia depois, um caminhão trafegava pelao município de Guarujá, quando, repentinamente, uma pane no motor obrigou o motorista a parar para uma averiguação. Tão logo estacionou, percebeu a presença de um menino sentado na calçada, sujo, assustado e faminto; de imediato o reconheceu, perguntando - "O que está fazendo por aqui. Passeando?" - "Não - esclarecu o garoto - eu me afastei um pouco de casa e tentando regressar me perdi. Fui pedindo carona daqui para ali e terminei neste lugar, onde não sei sequer o nome". O caminhoneiro mandou-o subir na boléia e disse que o traria de volta, pois era seu vizinho e conhecia-lhe os familiares.
Deu partida no veículo, rodou uns cinquenta metros e só então se lembrou não haver verificado o defeito que o obrigara a parar e, no entanto, curiosamente, o caminhão rodava perfeitamente, sem apresentar qualquer falha. Ficou perplexo com o acontedido, Todavia, não chegou a ligar os fatos, somente ao chegar em casa é que os familiares de Rodrigo comentaram haver ido ao terreiro e talvez fora por imposição das entidades que o defeito se apresentara, formando uma corrente de coincidências e culminando com a alegria do reencontro.
Vejam, leitores, a responsabilidade da entidade afirmando encontra-se o menino vivo e contradizendo a suposição do experiente delegado.Fatos como este alimentam mais a nossa fé e nos fazem crer que no plano onde nos encontramos somos muito vulneráveis e ignorantes, diante da Sabedoria do Astral Superior.
Referências
  • Orphanake, J. Edson, Os Caboclos, Editora Pindorama, 1994

Tobias

s Botinas do Tobias
Há algum tempo comprei no mercado um par de botinas dessas de caboclo, sola de borracha preta e cano curto de couro marrom, com elástico preto nas laterais para facilitar na hora de calçar. Usei uma ou duas vezes e depois fiquei pensando a troco de que tinha comprado uma bota tão caipira (própria para festa junina, mesmo!), ainda por cima tão masculina...e a bota ficou jogada no armário...até o dia que o Tobias me pediu para ficar com elas.
Para os que não o conhecem, o Tobias é um boiadeiro que trabalha comigo há alguns anos, e uma entidade pela qual eu tenho um carinho especial, pois desde a primeira vez que ele desceu no Terreiro do Pai Maneco ele já veio pronto para trabalhar.
Foi uma segunda-feira inesquecível ainda no terreiro antigo, lá na Faculdade Espírita, que a então "Mãe Pequena" Lucília chamou alguns médiuns que já estavam "no ponto" mas que ainda não tinham consciência disso, e disse simplesmente: "_Hoje vocês vão incorporar boiadeiros e VÂO DAR CONSULTAS"
E lá veio o Tobias, boiadeiro sorridente, mulato alto, forte, filho de Oxóssi, galante com as damas e camarada com os homens.
Aos poucos, ele foi contando a sua estória para os cambones que me ajudavam, os consulentes que se interessavam e de quebra para mim, que me recordar das palavras dele sempre que ele ia embora.
O Tobias era boiadeiro na região do Pantanal e aprendeu com um índio velho a usar as ervas. Ele era o responsável pela saúde da comitiva, dos animais e dos seus companheiros de viagem.
Ele sempre diz que no meio do mato, se alguém ficasse doente ou fosse picado por cobra, não teria tempo de chegar à cidade mais próxima e consultar um médico, que além de raros, eram também CAROS!
Então, lá estava o Tobias, que entrava no mato e achava sempre a erva certa, a casca de árvore necessária, o cogumelo não venenoso, a raiz forte para preparar chás, poções, beberagens, emplastos, até mesmo colocar uns ossos no lugar ou de vez em quando consertar um coração partido...
O Tobias era jovem, forte, corajoso e bem disposto e quando tinha chance, também era namorador!
E por que as botinas? Ah, eu disse para ele que se ele queria as botinas MESMO, ele que pedisse permissão de usá-las para o Sr. João Boiadeiro, que era o chefe dele no terreiro. Assim ele o fez na última gira e o Seu João disse que sim, ele poderia usar as botinas.
No dia seguinte, quando estava arrumando o seu material de trabalho, coloquei junto com suas coisas o par de botinas. O Tobias ficou exultante, feliz de verdade e eu quis saber por que de tanta alegria...
Então ele simplesmente me disse que no dia que ele estava distraído no mato, descalço, uma cobra o picou... como era ele que cuidava da comitiva, não teve ninguém para cuidar dele então...

domingo, 22 de junho de 2014

A POMBA GIRA DA VIDA – MENSAGEM DE UMA GUARDIÃ

sem+t%C3%ADtuloTRECHOS DO TEXO DO MÉDIUM PEDRO RANGEL TELLES DE SÁ
Certa vez eu estava andando pelas ruas, as altas horas da madrugada, pensando na vida e nas coisas pertinentes a ela, quando perto de uma encruzilhada, uma imagem chamou senssivelmente minha atenção: era uma mulher extremamente bela, dessas de corpo perfeito, olhos esverdeados e cabelos negros, sedosos e ondulados e chegavam até a altura da cintura. Confesso que com esses nossos tempos de violência desenfreada, fiquei primeiramente muito preocupado com a segurança da moça. Mas depois fiquei preocupado com a minha própria segurança, se a bela moça fosse a isca para um assalto? E se…
“Moço, por favor não tenha medo de se aproximar. – Eu estava realmente receoso de aceitar o convite, e confesso que cheguei mesmo em pensar em dar meia volta e sair correndo com todas as forças do meu ser, mas o seu olhar ao fazer o convite, fora tão enfeitiçador, que não pude resistir e acabei me aproximando.
Ao chegar mais perto, ela me fez um convite inusitado, pedindo que eu ficasse ao seu lado e aguardasse alguns instantes. “TO LASCADO, MEU DEUS DO CÉU”, foi o que pensei, já imaginando que aquela mulher era dessasa de vida fácil. Mas só foi eu pensar nisso, que ela virou-se para mim e deu um sorriso tão maravilhoso e eu tive a nítida sensação que ela podia ler meus pensamentos.
-Está vendo moço, disse a bela mulher, chegou meu primeiro convidado. Não se preocupe com todos aqueles que vierem aqui ter comigo, serão incapazes de lhe enxergar. – Eu balancei a cabeça assentindo que estava tudo bem, apesar de achat tudo estranho. Procurei ficar bem atento com a conversação que estava para ininiar-se.
-Boa noite moço!
-Boa noite dona…
-Você está fazendo um curso pré-vestbular, mas de algumas semanas para cá, você nõ tem conseguido se concentrar nos estudos certo?
-É isso mesmo!
-É só você ameaçar pegar os seus livros para estudar, que começa a asntir um sono terrível, não é?
-Sim, disse o jovem rapaz que não deveria ter mais do que dezessete anos.
-Olha moço, eu estou autorizada a te dizer que você está com problemas no campo do conhecimento e necessitando de estimulação nessa área, mas também que se você quiser melhorar, eu tenho permissão para te ajudar tudo bem?
-Sim, tudo bem.
Nesse momento, a bela mulher fechou os olhos, como se estivesse a fazer algum tipo de oração e entrelaçou os dedos das duas mãos, posicionando as palmas voltadas para o solo; então uma espécie de luz azul claro bastante irradiante surgiu em suas mãos e ela as depositou em cima dos  joelhos do jovem; este deu um suspiro profundo e, como se fosse feito de fumaça, desapareceu da minha frente.
A linda moça deu uma gargalhada, em breves instantes uma mulher quer aparentava uns quarenta e cinco anos, estava à sua  frente.
Boa noite moça!
-Boa noite dona.
-Hoje você está aqui comigo em busca de equilíbrio em sua vida, porque seu ex-marido está judicialmente tentando tirar seu único filho. Ou seja, um problema no campo da justiça?
-Sim, é isso mesmo.
- Tenho permissão para te ajudar, peço que feche os seus olhos e se concentre, tudo bem?
A bela dama procedeu com a senhora, do mesmo modo como o fez com o jovem, e em seguida a mulher desapareceu, novamente como o jovem.
E assim sucessivamente, com várias pessoas, com problemas diferentes. Suas mãos emanavam uma energia azul clara, que era transferida, em forma de estímulo  a cada uma das pessoas que iam ter com ela, em desdobramento (durante o sono).
-Então moço, já descobriu quem eu sou?
-Sim. Creio que a senhora é uma entidade da Umbanda conhecida como Pomba Gira.
-Exatamente. E você sabe o que veio fazer aqui?
-Observar a senhora atender várias pessoas?
-Com que finalidade?
-Ah, isto eu não sei. Eu só sei que via a senhora esclarecendo as pessoas, para depois oferecer ajuda.
-Pois bem, detectando o problema e tendo a permissão do criador para resolvê-lo, estimulo as pessoas com o fator “desejo” de vencerem suas dificuldades.
-Diga a todos que eu existo! Existo para estimular, de acordo com a vontade do divino criador, em todos os seres necessitados, a geração das energias que beneficiem os sete sentidos da criação divina…

Pomba Gira Rosa Caveira - vale a pena ler!

O Texto abaixo, eu encontrei no face do amigo João Augusto e vi nele tantos ensinamentos que resolvi coloca-lo no site para que não se perca.

Um dos ensinamentos é justamente que os nomes adotados pelas entidades possuem significado e energia atuante, são na verdade campos energéticos de trabalho. Através do texto, meus filhos já poderão compreender o porquê temos a baiana Rosa Flor atuante em nossa casa.

Espero que aproveitem a leitura.



Abraços e Luz,

Mãe Solange de Iemanjá.



Rosa caveira

Um dia uma moça me procurou e perguntou meu nome. Eu disse: ―Sou Rosa Caveira. Ela respondeu:

 ―Credo! E eu: ―Credo por quê? Qual o motivo?

 ―Esquisito..., tornou ela.

Bom, para quem não me conhece vou explicar esse nome.

Sou Rosa Caveira.

Trabalho pela Rosa do Amor da Vida, trazendo a Caveira da Morte para tudo aquilo que pretenda matar o Amor.

 Não sou dona da Rosa e nem da Caveira. Sou apenas filha e servidora, por devoção. Do meu jeito, do jeito que posso.

 A Rosa é símbolo da Mãe da Compaixão.

 A Caveira é símbolo do Pai da Vida.

 A Rosa é o Amor Divino que não morre nunca.

 A Caveira só mostra e recolhe o que não pertence ao Amor, para restaurar a Vida. Pois sem Amor não há Vida.

 Trago a Rosa para dar Vida a quem desaprendeu a amar.

 Trago a Caveira para recolher o sentimento de amor que secou no coração humano.

Se você olha para uma rosa, nem sempre lembra que a raiz dela está na terra. E a terra precisa de qualidade para manter essa vida. O que sustenta a flor não é visível ao olho comum. E o que pode estar matando a flor também não.

 Quem secou por dentro do coração deixou de viver. Ninguém vê, mas está acontecendo. Então eu trago a Caveira para recolher essa dor, essa “morte em vida”. E trago a Rosa para renascer aquele coração.

 Sou Rosa Caveira. E só. Ajudo como posso, para que mais e mais corações estejam vivos. E para que todos compreendam que Morte é renascimento, e nunca é fim.

 O tecido que adoece precisa ser removido, para que um novo surja e o todo se mantenha vivo. Tudo trabalha para que o Amor permaneça, pois Ele é Fonte de Vida.

 Nenhuma dor vem sozinha. Ela traz consigo a força da reparação.

 É isso que faço: trago caminhos de reparação para as dores do coração, para que todos tenham Vida.

 Receba da minha Rosa o Amor, a cor, o perfume, a luz. Desperte no seu coração o gosto pela Vida, que nasce alimentado pelo Perdão, pela Compaixão e a Misericórdia de Deus.

 Entregue para a minha Caveira tudo aquilo que vem consumindo o seu coração: a mágoa, o ressentimento, a revolta, o desamor, o desespero, a falta de confiança e o desrespeito por si mesmo, os pensamentos de vingança, tudo.

 E não queira amarrar ninguém ao seu lado! Porque o Amor não se impõe, Ele só abraça, acarinha e dá Vida. Desista desse crime, porque o Olho que Tudo Vê é também o Pai da Liberdade.

 Limpe a taça do seu coração do fel do desejo de posse a qualquer preço. Alimente-o com o Mel da Mãe da Compaixão, para ter também o amparo do Pai da Vida.

 Escolha se quer estar vivo ou se pretende ser um morto-vivo.

Sua alma não morrerá nunca. Mas os seus sentimentos podem adoecer e secar. Não permita. Cultive rosas no seu coração e encontrará perfume em todos os caminhos por onde passar.

Aceite a Rosa que lhe ofereço.

A Caveira não lhe posso dar. Sem ela eu não teria como lhe ajudar a se tornar, para todo o sempre, uma filha ou um filho devoto da Rosa Maior.

Aceite a Rosa do Amor e cultive-a no coração. Foi Ela quem me salvou quando eu andava perdida na escuridão, buscando morrer, sem saber que as almas não morrem jamais.

Por isso me tornei uma servidora da Rosa e uma portadora da Caveira.

Esta Caveira só faz por nos lembrar de que “morte” é ilusão, pois o que existe é a Eternidade da Vida.

Então, aproveite! Reaqueça seu coração de Amor e viva a Eternidade desde já.

 Laroyê Dona Rosa Caveira!!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Mensagem do Caboclo das 7 Encruzilhadas aos Umbandistas


“A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e, eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade. Esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos, sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.
Meus irmãos, meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.
Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas. Que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho, fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja. Não julgueis para não serdes julgados. Acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas”.

História de Pomba Gira Maria Padilha das 7 Encruzilhadas:

Essa  história foi contada pela Pomba Gira Maria Padilha da 7 Encruzilhadas (Exú de Umbanda) que trabalha na Egrégora do CECP, visando explicar algumas dinâmicas de trabalho. Os personagens dessa história receberam nomes fictícios para preservar a imagem dos mesmos.

Carlos se dirige a um Centro de Umbanda indica por um amigo, pois a sua vida já não se encontrava tão bem e situações materiais bastante complicada. Sua mãe vive doente, já tendo ido a diversos médicos sem sucesso na cura.

O seu pai foi demitido da empresa que trabalhava há mais de 25 anos e vive deprimido e chorando pelos cantos. Ele mesmo desempregado há três anos, vê o seu filho adoecer sem condições de comprar o medicamento. A sua esposa, única ainda empregada, apresenta sérios indícios de fadiga mental e física.


Pomba Gira Maria Padilha das 7 Encruzilhadas - Umbanda
História contada pela Pomba Gira Maria Padilha

Ao chegar no centro descobre que é dia de consulta com Preto Velho. O seu amigo Cláudio, vai explicando a rotina da casa e como ele deve agir e pedir na hora da consulta.

Chega finalmente a sua vez de se consultar, o seu pensamento está coberto de dúvidas, achando que estava chegando ao fundo do poço ao se dirigir a um terreiro de macumba, falar com uma pessoa que nunca viu antes na vida e abrir o seu coração, suas dúvidas e temores. Num primeiro momento acha graça da posição do médium todo curvado e do jeito de falar, não consegue se aquietar, mas o Preto Velho vai aos pouquinhos ministrando alguns passes e por fim Carlos começa a se abrir.

O Preto Velho a tudo ouve, manifestando de tempos em tempos palavras encorajadoras para o aflito Carlos.

Carlos não entende o por que, mas enquanto ele fala, o Preto Velho vai estalando os dedos em volta dele, olha discretamente para o copo d’água ao lado da vela, joga para cima a fumaça de seu cachimbo, e assim vai firmando e passando as informações para os guardiões que pertencem a egrégora da Casa, que através dos Exus de trabalho partem com a velocidade do pensamento para a casa de Carlos.

Em dado momento, o Preto Velho que está “preso” ao corpo carnal do médium e consequentemente com sua visão limitada, utiliza alguns elementos místicos e ritualísticos para proporcionar alívio ao Carlos.

Diz no final da consulta que irá trabalhar para ele e toda a sua família, dá algumas recomendações sobre como rezar e elevar o pensamento a Deus e se despedem.

Carlos tem alguma sensação de alívio, sente-se mais leve e confiante, mas ao mesmo tempo não acredita que meia dúzia de estalar de dedos vão “resolver” o seu problema… Incrédulo, mas não tão fraco retorna a sua casa sem nem imaginar que a batalha está apenas começando.

O Preto Velho ao ver Carlos se levantar e ir embora sabe que a essa altura toda a egrégora da Casa já está se preparando para a batalha, e, apesar de ainda estar preso ao corpo do médium pelo processo de incorporação, pôde perceber que será grande.

Mas ainda há o que ser feito em terra… Precisa descarregar o seu aparelho e o terreiro. Terminado o sarava ele parte indo se unir com os outros membros da egrégora.

Com o término dos trabalhos, os médiuns começam a ir embora e no Terreiro de Umbanda se faz silêncio. Mas um silêncio apenas aos ouvidos humanos, pois os sons ali emitidos estão numa frequência diferente dos sons conhecidos nessa Terra.

E os médiuns pensam: “A gira terminou.”
Não meus caros, a “gira” está apenas começando.

A egrégora da Casa está reunida dentro do terreiro aguardando o retorno dos Exus de Trabalhos com as informações reais de cada consulta que foi realizada.
Os Exus e Pomba Giras vão retornando, um a um.

O Mentor da Casa assiste e faz intervenções quanto às deliberações do Alto, e os Chefes de Linha estabelecem o famoso “quem vai fazer o que”. Tudo isso ocorre em ambiente absolutamente harmônico e organizado.

Exus, Caboclos e Pretos Velhos trocam impressões a respeito dos problemas apresentados e deliberam.

Mas, voltando ao nosso amigo Carlos. (Nesse momento vou dar nomes fictícios também as entidades envolvidas nesse trabalho. Digamos que o Preto Velho que atendeu Carlos chama-se Pai Benedito e o Exu de Trabalho chamado por ele foi Exu Marabô).

Quando Exú Marabô retorna com as informações a respeito do que encontrou na casa de Carlos, o diálogo que se dá é o seguinte:

Marabô: É, Pai Benedito, a situação lá está bem complicada.

Pai Benedito: Eu já suspeitava. O que você viu?

Exú Marabô: A casa do moço Carlos foi totalmente absorvida por uma rede de energia que tem seres bem grotescos mantendo-a firme. Segui buscando a origem dessa rede e me deparei com uma construção logo acima da casa.

CONTA A HISTÓRIA MARIA PADILHA DAS 7 ENCRUZILHADAS:


Adentrando ao recinto vi uma inteligência poderosa por trás disso, mas sem nenhuma relação direta com nenhum dos envolvidos. Buscando entender a “trama” continuei procurando o porque daquilo e encontrei uma mulher bastante dementada, com um aparelho acoplado em sua nuca e pude “ler” seus pensamentos e “sentir” seus desejos que eram de vingança para com o pai carnal do moço Carlos. Vi também que eles ainda não sabem que o moço Carlos veio aqui no terreiro.

Bem, em resumo: A inteligência envolveu essa pobre infeliz e prometendo-lhe “devolver” o pai do moço Carlos pra ela e suga suas energias que é retro-alimentada pelo sentimento de culpa que o pai do moço Carlos tem. Parece que foi uma aventura dele na juventude, só não me preocupei em saber se desta ou de outra vida, pois achei que os dados que tinha já eram suficientes para podermos trabalhar.

Pai Benedito: Sim, sim… Mais do que suficientes! Não estamos aqui para julgar ninguém. Isso cabe ao Pai.

Bem, nesse caso teremos que destruir essa construção, mas precisamos primeiro recuperar a moça, e já que o pai de Carlos está involuntariamente retroalimentando a construção, precisaremos de recursos para auxiliar os familiares também.

Assim, Pai Benedito se dirige ao Caboclo Flecha Dourada, responsável pela corrente de de obsessão daquele terreiro e expõe a situação.

Imediatamente o Caboclo determina que a Pomba Gira Figueira irá utilizar os seus elementos místicos para que a equipe de resgate da Casa recupere a moça e quem mais tenha condições de tratamento e a “equipe de força” destrua a construção e todos os equipamentos dentro dela.
Tarefas distribuídas, eles partem para a construção.

Caboclos, Pretos Velhos e Exus guardam uma certa distância da construção e observam a Pomba Gira Figueira assumir uma configuração praticamente transparente.

Ao chegar perto da construção percebe-se sair de sua boca uma espécie de fumaça enegrecida que começa a tomar conta do ambiente. Logo atrás dela, homens empurram uma espécie de carrinho, que lembram os carrinhos usados em minas de escavação de carvão.

Conforme a Sra. Figueira (Pomba Gira) vai entrando no ambiente tomado por essa fumaça negra, os seres que lá estão caem em profundo sono, sendo resgatados pelos homens e colocados dentro dos carrinhos. A ação dela é rápida. Ninguém percebe a sua presença.

Quando todos são resgatados, a Sra. Figueira começa a manipular a energia dos instrumentos dentro da construção mudando sua forma, plasmando outras energias e transformando os instrumentos em bombas autodestrutivas.

Finalmente sai da construção e os Exus que compõe a “tropa de choque” ou “equipe de força” passam a detonar a bomba e a destruir a construção e a malha que envolve a construção material na Terra e a prender os seres grotescos que dão sustentação a malha no ponto da construção material.

Caboclos e Pretos Velhos começam a tratar ali mesmo as inteligências retiradas da construção, colocando-os em macas e direcionando aos locais adequados aos tratamentos que irão receber, sob os olhos atentos dos Exus Guardiões, Amparadores e de Trabalho.

Outros partem para a construção material e começam o trabalho individualizado entre os membros da família. Exus fazem o trabalho de limpeza e descarga, resgatando os “perdidos”, para serem encaminhados para os trabalhos de de obsessão da Casa de Umbanda, abrindo espaço e dando condições vibratórias para o trabalho dos Caboclos e Pretos Velhos que é o de inspirar pensamentos de perdão ao pai de Carlos, de esperança no próprio Carlos, saúde e bons eflúvios na esposa e mãe de Carlos. Através de passes magnéticos Caboclos e Pretos Velhos transformam o campo vibratório da casa e cuidam de seus moradores.

Enquanto tudo isso ocorre a casa dorme, e todos são tratados em espírito.

Enquanto isso os médiuns daquele terreiro também dormem em suas casas, mas alguns estão doando ectoplasma, auxiliando nos trabalhos de transmutação energética. Uns participando ativamente e outros observando e aprendendo, através do processo de desdobramento, assistem a boa parte dos trabalhos.

Após o trabalho realizado o Mentor da Casa sorri.


É claro que todos sabem que de agora em diante é de acordo com o merecimento de cada um, de cada membro dessa família, tudo dependerá do quanto cada um irá lutar para melhorar, mas agora sem as “amarras” ou interferência do Astral Inferior.

A Umbanda através de uma ação conjunta dos componentes da egrégora de uma Casa de Umbanda pôde proporcionar alívio, conforto e libertação aos membros da família e auxílio aos irmãos perdidos nas trevas da ignorância, do ódio, do rancor, do remorso e da culpa.

Mesmo que Carlos nunca mais volte ao terreiro para agradecer a melhora, ou que nunca desperte para a ajuda que recebeu,mesmo que o pai de Carlos nunca se perdoe, a Umbanda se fez presente em Caridade e Amor!

POMBA GIRA MARIA PADILHA PERGUNTA A VOCÊ:


Agora diga com sinceridade, após ler tudo isso você ainda acha que Exu é o Diabo?

Você acha que importa ficarmos discutindo se Exu, a Umbanda e seus Orixás vieram da Atlântida, da África ou do quintal da sua casa?

Se ainda lhe resta alguma dúvida eu afirmo a minha certeza: a Umbanda nasceu do Coração de Zambi em Sua Infinita Misericórdia por nós! Porque só a Umbanda tem quem nos defenda e proteja independentemente da nossa ignorância nos impedir de reconhecê-los como bons e amigos!

Obrigada Exu pela proteção, defesa e principalmente por ter tanta paciência com a nossa ignorância!

Histórias de Vô Juvêncio

Lá no Terreiro

Vô Juvêncio um preto velho, muito formoso, bondoso e justo.
Mas tem suas rabugices, não gosta de dar passes.
Como ele mesmo diz, gasta muita energia, e que prefere conversar, orientar, pitar, só que é muito exigente com seu cafezinho, não gosta muito forte e nem muito fraco, tem que esta no ponto e bem doce.
Sempre muito falante, e não faz rodeios para falar o que tem que ser dito.
Eu Érica Amo ser sua "Cambone"
Esta é uma história contada por Ele mesmo:
Certa vez num terreiro de Umbanda, um rapaz muito formoso é assim que Vô Juvêncio diz, quando se refere a uma pessoa que acha bonito (a).
Sentado em seu banquinho, pitando seu cachimbinho, e tomando seu cafezinho, de repente senta em sua frente esse rapaz formoso esperando para receber o passe...
Ah! Ia me esquecendo Vô Juvêncio tem o olho direito que não abre fica sempre fechado, foi um ferimento sofrido pelo senho do engenho, que terio o castigado.
Bem voltando para nossa história, o rapaz se ajeitou em sua frente, e o Vô começou a dar-lhe o passe, o cavalo (MÉDIUM) era jovem, e não estava ainda acostumado a receber o Vô.
Assim que terminou de dar o passe o rapaz perguntou para ao Preto Velho.
- Porque o Sr está piscando para mim?
Vô Juvêncio que não deixa nada passar respondeu:
- Pisco porque o Sr  é muito formoso... rs
O rapaz que ficou sem graça falou:
- Sai fora
Vô Juvêncio:
- Sai fora você, estou aqui trabucando (trabalhando), pitando, tomando meu cafezinho, chega o Sr e fala que estou piscando, para o Sr...
Só que Vô Juvêncio não falou para ele o porque das piscadinhas... discutiram...
O rapaz virou as costas e saiu e foi embora, achando que o Preto Velho estava de brincadeira com ele...

*** 
Eu sou privilegiada, por ser cambone desse humilde, amoroso, muito sábio...Preto Velho Vô Juvêncio.
Ele tem todo esse jeito de rabugento mas é muito carinhoso, não tenho palavras para falar sobre ele... Ajuda a todos que sempre precisa, cura todos que tem suas feridas, tanto da matéria com suas ervas e óleo de dendê, como também sentimental...
Só sei dizer que amo demais esse Preto Velho... Vô Juvêncio.
Amo a todos que fazem parte da minha vida, com todo meu respeito.
Agradeço a Oxalá por esta me dando toda essa oportunidade, por esta aprendendo com todas essas entidades, queridas e iluminadas...
Aprendendo com os Exus que também nos trazem a paz o entendimento, por mais que tenham todo aquele jeito de marra, bravos... que são cheio de amor também...
Agradecida sempre meu Pai Oxalá..

História contada por: Vô Juvêncio de Angola

Érica Cristina Fonseca

Solução Simples - Por Pai João de Aruanda

Pra que chorar?

Por que se lamentar?

O tempo que você gasta derramando lágrimas é o mesmo que você ganharia construindo algo de positivo em sua vida.

Você fica ai chorando e reclamando, curtindo raiva e magoa e quem ao menos sabe que você é o maior prejudicado? Primeiramente perde um tempo muito precioso com essa lamúria toda, depois, meu filho, você passa por chato e fraco diante daqueles que elege para ouvir suas mágoas. E depois? Bem, assim se lamentando, perde a oportunidade de dar a volta por cima e fazer alguma coisa realmente boa de sua vida.

Seu fígado funciona mal; você perde a noite de sono fazendo terapia com o travesseiro e, ao acordar, fica feio, com olheiras e de mau humor. Descobre então que seus problemas continuam os mesmos de antes e que perdeu a noite em vão.

Por isso, filho, pare com essa situação agora mesmo e arranque de você essa raiva. Vomite esse ódio e rancor, angústia e lamentação. Não permaneça mais tempo agasalhando dor.

Se você resolver agora identificar a causa de tanta angústia, choro e reclamação, aposto que não conseguirá mais saber a razão. É que você está acostumado a fazer tempestade em copo d’água. Cuidado, tem gente que se afoga nas próprias lágrimas.

Levante a cabeça e tome uma decisão inteligente. Aja com sabedoria. Você é filho de Deus e irmão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tem uma vida inteira pela frente aguardando você, para ser vivida com qualidade. Não perca tempo com lamentações... Levanta-se e ande! Jesus espera você para transformar o mundo num lugar muito melhor, começando em você mesmo.

Em geral, a energia que se emprega para derramar lágrimas de lamentação é a mesma que você investe quando auxilia o próximo. Pense nisso, meu filho, e vá em frente. A felicidade aguarda por você.

Do Livro: Sabedoria de Preto-Velho
Psicografia de Robson Pinheiro, pelo espírito de João Cobú (Pai João de Aruanda)

HISTÓRIA DE UM PRETO VELHO

Tudo começou na pequena Paranapiacaba, uma vila pitoresca, com arquitetura e clima (leia-se neblina) que lembra as cidades inglesas do século XIX e destinada à moradia dos trabalhadores da Rede Ferroviária Federal. As casas – algumas mais simples (onde moravam os trabalhadores mais humildes), outras mais requintadas (que abrigavam os engenheiros da ferrovia, os verdadeiros mandatários da empresa) – eram de madeira, pintadas de um tom entre o vermelho e o marrom, enquanto as de alvenaria, mais simples, eram pintadas de cal com um pigmento amarelo. Parece que esses detalhes imprimiam um aspecto ainda mais melancólico ao local.

Mas a casa onde dona Lidia morava não se encaixava em nenhum desses quesitos. Era uma casa extremamente humilde, de madeira, já bem úmida e surrada pelo tempo, a última casa da Rua Antônio Olinto abrigava a boa senhora, o marido e o casal de filhos. Os fundos do quintal davam para a mata fechada, que era bela, mas trazia alguns problemas, tais como a invasão de animais indesejados (cobras, morcegos, sapos), além de causar uma sensação de insegurança bastante justificável – tipos suspeitos costumavam se esgueirar por aquele local, sabe-se lá com qual finalidade. Tudo isso deixava dona Lidia apreensiva, pois seu marido, seu Sergio, saía para trabalhar antes do amanhecer e só voltava ao cair da tarde. Isso a fazia sentir-se refém da situação, junto aos filhos, durante todo o dia.
Em uma triste ocasião, um vizinho maldoso tentou arrastar a filha do casal para o matagal, com as piores intenções. Só não conseguiu seu intento porque outros moradores perceberam o movimento e agiram a tempo.

A vila era pequena e existiam algumas casas, melhor localizadas, que estavam desocupadas. Dona Lidia sempre pedia ao marido que solicitasse junto à sua chefia uma outra moradia, mas ele sempre retornava dizendo que o pedido havia sido negado.
Numa atitude de desespero, sem que o marido soubesse, ela pegou os dois filhos e foi São Paulo, tentar conversar com o superintendente da RFFSA. Após horas de cansativa espera foi atendida. O engenheiro a recebeu bem, ouviu a sua história, mas cordialmente disse que não atenderia o seu pedido. Explicou que seu Sergio era um excelente profissional e dentro da empresa somente ele dominava a técnica de desenhar manualmente (naquela época era assim) as letras que identificavam os vagões. No entanto, por ser consciente disso, era um tanto abusado em seu comportamento. Desrespeitava a hierarquia da empresa, não cumpria corretamente seu horário de trabalho, brigava, discutia com os superiores, enfim, era bom no que fazia, mas não era merecedor de privilégios devido ao mau comportamento.
Dona Lidia foi embora arrasada, deprimida. Precisava sair daquela casa a qualquer custo. Sentia um nó na garganta, mas segurou o choro para não abalar as crianças. Resolveu então visitar uma cunhada que morava ali perto, a fim de desabafar um pouco.
Chegando lá, falou sobre sua angústia e a cunhada, percebendo que ela não estava bem, convidou-a a ir até uma vizinha que era benzedeira. Lá chegando foram prontamente atendidas e a senhora incorporou uma entidade que se identificou como o preto velho Pai João Benedito. O bom espírito deu um passe em dona Lidia e seus filhos e, depois de falar palavras de conforto, disse:

_A fia pode ficar sossegada, esse preto velho vai ajudar a fia a conseguir o que precisa.

Dona Lidia voltou para casa mais leve, já conformada em ter que viver naquela casa velha, úmida e sem segurança. Mas ao menos sentia que estava protegida espiritualmente.
Algum tempo se passou e a conversa com o preto velho já estava caindo no esquecimento, afinal, como um espírito de um escravo poderia interferir na mudança de uma casa? O negócio era viver a vida, seguindo em frente e aprender a conviver com os sapos (bicho que particularmente dona Lidia tinha verdadeira fobia), cobras e outros animais repugnantes, além do constante medo por estar à mercê de um invasor que viesse pelo matagal.
Uma noite, seu Sergio adormeceu assistindo à TV junto com a filha no sofá da sala. Dona Lidia cansada do trabalho diário, foi para a cama e colocou o filho mais novo na cama (a casa era tão pequena que todos dormiam no mesmo quarto). Quando estava quase adormecendo ouviu barulho vindo da janela do quarto. Seu medo foi tamanho, que ficou paralisada: não conseguia se mover ou gritar pelo marido. Seu medo aumentou quando lembrou que a cama em que o filho pequeno dormia ficava logo abaixo da janela.

Ainda paralisada e apavorada percebeu a janela se mexer e viu que lentamente alguém a levantava. Em poucos minutos o ladrão estaria dentro do quarto e, pior que isso, poderia fazer o pequeno menino de refém. Os poucos segundos pareceram uma eternidade. Quando enfim a janela estava aberta, um homem negro, de cabelos levemente grisalhos enfiou a cabeça pela janela e olhou diretamente nos olhos de dona Lidia. Foi nesse instante que ela saiu daquele torpor e conseguiu gritar por socorro. Seu marido acordou assustado e veio correndo. Nisso o negro soltou a janela, que desceu com violência, quebrando todos os vidros, e sumiu no mato.

A polícia foi chamada e vasculhou todo o matagal sem encontrar qualquer indício do invasor. A janela mostrava os sinais de arrombamento e, felizmente, os cacos de vidro não causaram sequer um arranhão no pequeno menino que fora atingido pelos estilhaços.
Se tratando de uma vila pequena, o caso se tornou conhecido de todos os moradores. Todos comentavam sobre a casa no matagal, que expunha seus moradores aos mais diversos riscos. Diante da situação, os mandatários da RFFSA ficaram preocupados, pois se algo mais grave acontecesse, especialmente às crianças, eles poderiam ser responsabilizados. Trataram então de ceder uma nova moradia à dona Lidia e sua família, num local mais tranquilo e seguro de Paranapiacaba. A casa velha e úmida foi demolida. Ninguém mais sofreria nela.

A mudança foi feita. Na nova casa dona Lidia iniciou uma nova vida, mais tranquila e feliz.

Algum tempo depois visitou a cunhada e novamente foi convidada a “tomar um passe” com aquela mesma benzedeira, que de novo incorporou a doce figura de Pai João Benedito. Após breve conversa, o velhinho perguntou a dona Lidia:

_A fia está feliz na casa nova?

Ela respondeu que sim e começou a relatar o ocorrido, quando tentaram invadir a casa, porém foi interrompida pelo preto velho, que disse:

_Não precisa contar, não fia... eu sei o que aconteceu. Quem levantou aquela janela não foi um ladrão e nem alguém que queria fazer mal para você e sua família. Fui eu que estive lá. Com a confusão que causei os homens que mandam acharam melhor dar uma casa nova para a fia morar.

Dona Lidia ficou sem palavras, então o preto velho continuou, dizendo que a acompanharia e sempre que precisasse, para chamar pelo seu nome. Pediu também que ela não esquecesse de colocar um cafezinho para ele todos os dias. Assim ela fez até o último dia de sua vida.
O filho de dona Lidia, depois de adulto, iniciou-se na Umbanda. Aos poucos foi desenvolvendo sua mediunidade e recebendo suas entidades. Quando o seu preto velho se manifestou pela primeira vez, perguntaram seu nome, ao que prontamente ele respondeu:
Sou Pai João Benedito, um nêgo veio que trabalha humildemente na Umbanda. Acompanho esse cavalo desde que ele era um cabritinho. A mãe dele foi sempre grata e fiel a mim, nunca se esquecendo de me oferecer um cafezinho num cantinho discreto da sua casa. Agora eu vim para dar continuidade ao meu trabalho de caridade através desse menino, que eu conheço tão bem e que tantas vezes já orientei e protegi sem que ele nem percebesse.

Assim é a Umbanda: usa de meios que num primeiro momento não entendemos, usa métodos que até duvidamos, mas que sempre objetivam o nosso bem. Assim são os pretos velhos: trabalham discretamente, de maneira sábia e humilde, sem pedir nada em troca, no máximo um cafezinho, que serve mais para reavivar nossa fé do que para qualquer outra coisa. Assim são esses sábio trabalhadores. Jamais nos abandonam ou nos deixam sem
respostas.

Salve a corrente africana.
Salve os pretos velhos.
Salve Pai João Benedito.
Adorei as almas.

PS: essa é uma história verdadeira

História 2


Certa vez Dona Clotilde uma distinta senhora de classe média, viu-se nos seus 60 anos de idade, frente a inúmeros problemas de saúde. Após infindáveis visitas aos médicos, os resultados que conseguia eram pequenos, mas continuava a distinta senhora a contornar os seus problemas de saúde.
Uma das empregadas de sua residência ao notar seu estado doentio, lhe sugeriu uma visita a um templo de Umbanda.
Dona Clotilde havia recebido em sua vida uma educação esmerada, estudou no exterior e casou-se na juventude com rapaz de família tradicional. Sua família embora católica, freqüentava periodicamente reuniões kardecistas (espíritas) e nessas reuniões havia ouvido muito falar da Umbanda, sabia ser a Umbanda uma religião que visava ajudar os humildes e também já tinha conhecimento de suas poderosas forças aliadas do bem, já ouvira falar de caboclos e pretos velhos e sabia o que representavam. Por essa razão, resolveu atender o convite de sua humilde empregada e resolveu comparecer ao templo.
Após duas noites lá estava Dona Clotilde sentada nos bancos de madeira de um humilde templo de umbanda na periferia da cidade. Os trabalhos daquela noite seriam desenvolvidos pela linha dos pretos velhos. Após a abertura dos trabalhos, a linha de preto velho se fez presente e iniciou-se o atendimento. Gente de todas as classes sociais e com mos mais diferentes problemas passou a ser atendida em consultas pela linha de origem africana.
Quando chegou sua vez de ser atendida, sentou-se num banquinho na frente de uma jovem médium que incorporava um preto de velho de nome Pai Pedro de Moçambique. O preto velho após observar a debilitada senhora lhe disse:

- A mizinfia tá muito doente, mas o véio tem remédio zimbão prá mizinfia tomá”.

Em seguida ordenou ao seu cambone (médium auxiliar) que escrevesse:

- A mizinfia vai pega casca de ovo sem cozinhá, vai torra no forno, dispois vai moe as casca, mistura com leite morno e vai bebe toda as noite um copo bem cheio.

Feito isso, o Pai Pedro solicitou a ela que retornasse na semana seguinte para continuar com seu tratamento.
A Dona Clotilde um pouco desapontada foi-se embora, não esperava receber a receita de tal remédio absurdo. No caminho para casa raciocinava ela;
Mas que absurdo comer cascas de ovo torradas, pensava ela, como me deixei trazer por aquela empregada a este fim de mundo em meio a esta gente miserável.
Ao chegar em casa não deu ouvidos ao pedido do Pai Pedro e jogou o papel no lixo.
Os anos se passaram e a situação de Dona Clotilde agravou-se. Certa tarde Dona Clotilde muito doente recebeu a visita de uma de suas amigas, que era kardecista e dirigia um renomado centro espírita. Aconselhada pela amiga resolveu fazer uma visita ao centro espírita em dia determinado, ocasião em que o espírito do Dr. Pedro Pereira que havia sido em vida um médico renomado lá incorporava, dava consultas e conseguia verdadeiros milagres junto as pessoas doentes.
Contente pelas palavras da amiga, na noite seguinte lá estava Dona Clotilde sentada nas cadeiras do centro espírita aguardando ser atendida. Os trabalhos da noite se iniciaram com normalidade, a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo foi feita aos presentes e  no ambiente a sensação de paz se instalou.
Iniciou-se em seguida o atendimento aos presentes pelo Dr. Pedro. Chagada a sua vez, sentou-se frente a um médium sexagenário que incorporava o Dr. Pedro Pereira que disse aos seus auxiliares:

- Nossa querida irmã encontra-se muito doente, atualmente o seu maior problema é a ostioporose. (Ostioporose = doença degenerativa dos ossos que em fase avançada deixa os ossos fracos e porosos, situação em que fraturas espontâneas são comuns, as vezes apenas o peso do próprio corpo já é suficiente para ocorrerem fraturas nas pernas) e ministrou a ela a seguinte receita:

- A querida irmã deve torrar cascas de ovo cru, em seguida moer as cascas e misturá-las em leite morno e deve tomar todas as noites um copo desse preparado.

Ao ouvir isso a Dona Clotilde disse ao Dr.Pedro;

- Que estranho doutor, há muitos anos atrás me passaram a mesma receita!

E o Dr. Pedro respondeu:

- Minha querida irmã, se você tivesse ouvido o Pai Pedro de Moçambique que lhe ensinou esse mesmo remédio, sua atual situação  não seria tão grave!

Ao ouvir isso, a Dona Clotilde indagou:

- Mas como o senhor sabe disso?

Respondeu o Dr. Pedro;

- Eu sou o Pai Pedro de Moçambique que ainda incorporo naquele humilde terreiro de Umbanda nas noites de sexta feira e lá atendo e ensino remédios e  soluções alternativas aos humildes que não tem como conseguir remédios que são caros. Ensino a eles o que aprendi na senzala junto a outros escravos que trouxeram da África os ensinamentos da milenar e poderosíssima magia africana. Se a irmã tivesse ingerido as cascas de ovo com leite que são ricos em cálcio, sua atual situação não seria tão grave.
Ao ouvir isso a Dona Clotilde pasma, levantou-se abruptamente caindo no chão em seguida, o esforço ao levantar-se foi grande demais para o seu debilitado esqueleto, ocasião em que o seu fêmur (osso da perna) quebrou-se, tendo que ser levada as pressas a um hospital.


Nota do Pai de Santo

As duas histórias ensinam que não devemos julgar o que não conhecemos e não temos poder para ver e compreender. A condição humilde em que se apresentam nossos guias, não são aval de inferioridade, muito ao contrário disso, um caboclo ou preto velho apresentam-se de forma humilde e os ignorantes que julgam tudo saber desconhecem que não temos apenas uma existência e nossos guias se dirigem as pessoas dentro de suas necessidades e também dentro do  degrau de evolução na espiritualidade que atingiram.
Quanto maior for a evolução espiritual e cultural de uma pessoa que procura por nossos guias, maior será o nível da comunicação com essa pessoa. Já uma outra com menos evolução, receberá ensinamentos dentro de uma faixa que lhe permita compreender o que necessita para ser feliz.

Reflita!

Histórias de Preto Velho



Cenário: Reunião de trabalho mediúnico num centro kardecista (Espírita).

A reunião, na sua fase teórica, desenrola-se sob a explanação do Evangelho Segundo o Espiritismo. Os membros da seleta assistência ouvem a lição atentamente.
Sobre a mesa, a tradicional toalha branca, a água a ser fluidificada e o Evangelho Segundo o Espiritismo aberto na lição nona do capítulo 10.

“O Argueiro e a trave no olho”.

Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?

O Dr. Anestor, era o dirigente dos trabalhos práticos, tecia as últimas considerações a respeito da lição da noite. O ambiente estava impregnado das fortes impressões deixadas pelas palavras de Jesus Cristo através do Evangelho.
Feita a prece de abertura por um dos presentes iniciam-se as manifestações.
Uma das médiuns fica sob a influência de um espírito estranho. Tomada de uma sacudidela incontrolável, suspirou profundamente e, de forma instantânea permitiu a incorporação de um espírito.
O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as boas vindas, em nome de Jesus.
- Seja bem-vindo, meu irmão, nesta casa de caridade, disse-lhe Dr. Anestor.

O espírito respondeu:

- Zi-boa noite, zi-Fio. Suncê me dá licença prá eu me aproximá de seus trabalhos, Fio?.
- Claro, meu companheiro, nosso centro espírita está aberto a todos os que desejam progredir, respondeu o diretor da mesa.
Todos os presentes perceberam que a entidade comunicante era um Preto Velho, espírito que habitualmente comunica-se nos terreiros de Umbanda. E a entidade continuou:

- Vós mecê tem aí uma cachacinha prá eu bebê, Zi-Fio?.

- Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes que traz dos terreiros, que é o de ingerir bebidas alcoólicas. O Espírito precisa evoluir, completou o dirigente.

- Vós mecê num tem aí um pito? Tô com vontade de pitá um cigarrinho, Zi-fio.

- Ora, meu irmão, você deve deixar o mais breve possível este hábito adquirido nas práticas de terreiro, se é que queres progredir. Que benefícios traria isso a você?
O preto-velho respondeu:

- Zi preto véio gostou muito de suas falas, mas suncê e mais alguns dos médiuns não faz uso do cigarro, Zi-fio? Suncê mesmo fuma e toma suas bebidinhas nos fins de sumana? Vós mecê pode me explicá a diferença que tem o seu Espírito que beberica `whisky' lá fora, de mim que quero beber aqui dentro? Ou explicá prá mim, a diferença do cigarrinho que suncê fuma na rua, daquele que eu quero pitar aqui dentro, Zi-fio?.

O Dr. Anestor envergonhado não pôde explicar, mas resolveu arriscar.

- Ora, meu amigo, nós estamos num templo espírita e é preciso respeitar os trabalhos de Jesus.

O preto-velho retrucou, mas agora já não fala mais como um Preto Velho e transmite a seguinte mensagem:

- Caro dirigente, na escola espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais centro espírita. Para nós, estudiosos da alma, o templo da verdade é o do Espírito. E é ele que está sendo profanado com o uso do álcool e do fumo, como vêm procedendo os senhores. Como sabeis vosso exemplo na sociedade, perante os estranhos e frente a seus familiares, não tem sido dos melhores. O hábito, mesmo social, de beber e fumar devem ser combatidos por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lição do próprio comportamento é fundamental na vida de quem quer ensinar. E no meu caso o uso do tabaco incinerado não visa o vicio e sim, as descargas na aura dos que me procuram em busca de ajuda nos terreiros de Umbanda, mas esse procedimento tem fundamentos que o digno doutor desconhece por não compreender na totalidade as leis de causa e efeito do mundo astral conhecidas como magia, palavra totalmente expurgada de vosso vocabulário por não conhecer o seu verdadeiro significado, fato esse devido ao vosso amplo orgulho. Refiro-me ao vosso orgulho porque o tratamento a mim dispensado como Preto Velho, deixou claro o vosso despreparo transmitido no tom de sua voz quando a mim se dirigiu, já que julgou-me inferior devido a classe social de uma de minhas existências passadas, desconhecendo que este negro escravo no passado também já foi juiz, também já foi doutor. Se aqui compareço como Preto Velho, tenho com essa conduta o objetivo alerta-los de que é na amizade, na simplicidade e na humildade que se entra no Céu.

Houve grande silêncio diante de tal argumentação segura. Pouco depois, o Preto Velho continuou:

- Perdoe-me pela forma em que os visitei e pelo tempo que lhes tomei de trabalho, vou-me embora, mas antes, tenho a obrigação de alertá-los sobre o tema citado no inicio de vossa reunião, já que o ensinamento que o ilustre doutor ministrou no inicio aos presentes, ao que parece serve para uns e não para outros, o que nos retrata a idéia de uma farsa,  dando a impressão que nosso poderoso Pai tem dois pesos e duas medidas o que todos sabemos não ser a verdade.
Vou-me agora como Preto Velho e deixo aqui um pouco da minha paz que vem de Deus. E recebam todos vocês que militam nesta respeitável Seara os meus sinceros votos de progresso na espiritualidade.


Deu em seguida uma sacudida na médium, como nas manifestações de Umbanda, e afastou-se para o mundo invisível.
O Dr. Anestor ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar daquela forma, mas não houve resposta.

No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição.

Lição para todos meditarem.