terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Behemoth

 Behemoth



Behemoth é o nome de uma criatura fantástica descrita na Bíblia, no Livro de Jó, 40:15-24. No idioma hebraico é transcrito como בהמות, Bəhēmôth, Behemot, B'hemot; em Árabe بهيموث (Bahīmūth) ou بهموت (Bahamūt). Esta criatura tem um corpo couraçado e é típica dos desertos (embora "Behemot" também seja como os hebreus chamavam os hipopótamos).

Sua descrição é tradicionalmente associada à de um monstro gigante, podendo ser retratado como um leão monstruoso, apesar de alguns criacionistas o identificarem como um saurópode ou um touro gigante de três chifres. Em uma outra análise vemos este como um animal pré-histórico muito conhecido como braquiossauro. Os relatos no livro de Jó, capítulo 40 (Bíblia), apontam para este grande herbívoro.
Contemplas agora o beemote, que eu fiz contigo, que come a erva como o boi. Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre. Quando quer, move a sua cauda como cedro; os nervos das suas coxas estão entretecidos. Os seus ossos são como tubos de bronze; a sua ossada é como barras de ferro. Ele é obra-prima dos caminhos de Deus; o que o fez o proveu da sua espada.

Em verdade os montes lhe produzem pastos, onde todos os animais do campo folgam. Deita-se debaixo das árvores sombrias, no esconderijo das canas e da lama. As árvores sombrias o cobrem, com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam.
Eis que um rio transborda, e ele não se apressa, confiando ainda que o Jordão se levante até à sua boca. Podê-lo-iam porventura caçar à vista de seus olhos, ou com laços lhe furar o nariz?

Segundo a tradição judaica ortodoxa, sua missão é esperar pelo dia em que Deus lhe pedirá para matar o Leviatã, uma criatura marinha tida por alguns como parecida com uma baleia. As duas criaturas morrerão no combate, mas o Behemoth será glorificado por cumprir a sua missão.

O nome é o plural do hebraico בהמה, bəhēmāh, "animal", com sentido enfático ("animal grande", "animal por excelência"). Na tradição judaica ortodoxa, Beemote é o monstro da terra por excelência, em oposição a Leviatã, o monstro do mar, e Ziz, o monstro do ar. Diz uma lenda judaica que Beemote e Leviatã se enfrentarão no final dos tempos, matando-se um ao outro; então, sua carne será servida em banquete aos humanos que sobreviverem.


Cronos (Titã)

 Cronos (Titã)



Cronos (em grego: Κρόνος, por vezes confundido com Chronos Χρόνος), era a divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega e titã, correspondente ao deus romano Saturno. Outra suposição é que poderia estar relacionada com "cornos", sugerindo uma possível ligação com o antigo demónio indiano Kroni ou com a divindade levantina ElFilho de Urano, o Céu estrelado, e Gaia, a Terra, é o mais jovem dos titãs. Após a destituição e "aposentadoria" compulsória de Urano (a pedido de sua mãe Cronos acabou castrando o pai com um golpe de foice), ele passou a residir no céu e se tornou o novo "rei dos deuses".

A partir de então, o mundo foi governado pela linhagem dos Titãs que, segundo Hesíodo, constituía a segunda geração divina. Foi durante o reinado de Cronos que a humanidade (recém-nascida) viveu a sua "Idade de Ouro". Uniu-se a uma de suas irmãs, a titânide Réia (gr. Ῥέα), e gerou os primeiros deuses olímpicos: HéstiaDeméterHeraHadesPoseidon Zeus. Consta que ele se uniu também à oceânide Fílira e gerou o bondoso centauro Quíron, grande amigo dos mortais, ao contrário dos demais centauros.

Réia era também chamada de mãe dos deuses, talvez porque três de seus filhos (Zeus, Poseidon e Hades) mais tarde controlariam o mundo. Divindade muito antiga, ligada à deusa-mãe, senhora dos animais, e à fertilidade, tem origem provavelmente minóica; seu epíteto é mencionado nas tabuinhas em linear B. Com o intensivo contato dos gregos com as culturas da Ásia Menor, a partir do século -VII, acabou sendo equiparada à deusa frígia Cibele.

Com o tempo, Cronos se transformou em um déspota tão maligno quanto o pai. Temeroso do poder dos Ciclopes e dos Hecatônquiros, encerrou-os de novo no Tártaro; depois que Urano e Gaia profetizaram que seria destronado por um dos filhos, passou a devorar os filhos imediatamente depois do nascimento. Mas Zeus, o mais novo, conseguiu escapar desse triste destino. Réia enganou o marido com uma pedra envolvida em panos e escondeu o filho em uma gruta do monte Ida (ou do monte Dicte), na Ilha de Creta.

Quando Zeus cresceu, resolveu vingar-se de seu pai, solicitando para esse feito o apoio de Métis - a Prudência - filha do titã Oceano. Esta ofereceu a Cronos uma poção mágica, que o fez vomitar os filhos que tinha devorado. Então Zeus tornou-se senhor do céu e divindade suprema da terceira geração de deuses da Mitologia Grega ao banir os tios Titãs para o Tártaro e afastou o pai do trono, e segundo as palavras de Homero prendeu-o com correntes no mundo subterrâneo, onde foi encontrado, após dez anos de luta encarniçada, pelos seus irmãos, os Titãs, que tinham pensado poder reconquistar o poder de Zeus e dos deuses do Olimpo.

Iconografia e culto

Cronos não era, habitualmente, representado; foi cultuado em épocas muito remotas no sopé do Monte Cronion (Élida), perto do Altis de Olímpia. Réia, raramente representada, era cultuada desde o século -V, em vários lugares, sob a forma de Cibele. Com frequência, ao se referir a ela, dizia-se simplesmente a Mãe. Cibele era geralmente mostrada em um trono, portando uma coroa alta e címbalos, ou então dirigindo um carro puxado por leões.

O novo déspota

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Combustão Humana Espontânea

 Combustão Humana Espontânea




Combustão Humana Espontânea é um fenômeno no qual o corpo de uma pessoa entra em combustão, não sendo provocada por uma fonte externa de ignição. Embora sem explicação científica, alguns estudiosos sugerem como causa uma reação química do corpo. As duas explicações mais comuns para o fenômeno são o chamado ‘Efeito pavio’ (destruição parcial de um corpo humano pelo fogo quando as roupas da vítima ficam encharcadas com a própria gordura e funcionam como um pavio de vela) e um tipo raro de descarga elétrica estática (a carga elétrica num corpo cujos átomos apresentam um desequilíbrio em sua neutralidade).


As características mais comuns encontradas nas vítimas são:
  • A vítima é quase completamente consumida pelas chamas, geralmente no interior da própria residência; 
  • os primeiros a encontrar os corpos carbonizados relatam ter percebido o cheiro de uma fumaça adocicada nos cômodos onde o fenômeno ocorrera; 
  • os corpos carbonizados apresentam as extremidades (mãos, pés e/ou parte das pernas) intactas, mesmo que o dorso e a cabeça estivessem irreconhecíveis; 
  • o cômodo onde o corpo é encontrado mostra pouco ou nenhum sinal de fogo, salvo algum resíduo na mobília ou nas paredes.
Em alguns casos raros também foram observados que os órgãos internos da vítima permaneciam intactos, enquanto a parte externa era carbonizada e alguns sobreviventes desenvolveram queimaduras estranhas no corpo, sem razão aparente para tal, ou emanaram fumaça sem que existisse fogo por perto.

Trabalhadores recolhem os restos da cadeira
em que a Sra. Mary Reeser, em St. Petersburg,
Flórida, transformou-se numa coluna de
fogo em 1º de julho de 1951

O incidente acontece da seguinte maneira: a vítima, sem nenhuma razão plausível, pega fogo e queima em uma surpreendente chama azul, que reduz o corpo e os ossos a cinzas, mas não incendeia objetos próximos.

Há muito tempo atrás a combustão espontânea foi considerada o castigo pelos vícios, especialmente o da bebida, visto que as vítimas tendiam a ser mulheres idosas que consumiam bebidas alcoólicas e que os danos do fogo não se estendiam aos materiais inflamáveis próximos ou mesmo no corpo delas.

A primeira combustão espontânea conhecida foi divulgada pelo dinamarquês Thomas Bartholin, em 1663, que descreveu o caso de uma mulher em Paris, que "foi reduzida a cinzas e fumaça" enquanto dormia e que o colchão de palha onde ela estava deitada não foi danificado pelo fogo.

Uma perna do joelho para baixo, foi o que
sobrou do dr. J. Irving Bentley de Coudersport,
Pensilvânia, em dezembro de 1966

Em 1673, um francês chamado Jonas Dupont publicou um livro chamado "De Incendiis Corporis Humani Spontaneis", no qual relatava centenas de casos de combustão espontânea, cujos relatos falavam de corpos incinerados a mais de 1300° e reduzidos a uma pilha de cinzas sem sinal de material ígneo.

Muitas hipóteses já foram levantadas para explicar os incidentes: a atividade de microondas, distúrbios elétricos, gases inflamáveis.


Na França, treze incêndios de causas desconhecidas chamaram a atenção de cientistas, os quais atribuíram as causa à influência de fiações elétricas subterrâneas.


No Chile, em novembro de 2007, incêndios ainda inexplicados atingiram as localidades de Cumpeo, La Chispa e Temuco.


Em Cumpeo e La Chispa, os incêndios estariam relacionados a presença de uma família. Um caso semelhante aparentemente aconteceu na Rússia em 1987 e os incêndios relacionavam-se a presença de um menino de 13 anos.

Em 2004, um documentário exibido pela Discovery Channel abordou o estranho fenômeno, confira o vídeo.

 

Até o momento não há uma explicação científica comprovada para o fenômeno, alguns acreditam se tratar de poderes psíquicos, céticos porém têm tentado relacionar os casos a problemas com bebidas ou fiações elétricas.

Sun Wukong

 Sun Wukong




Para alguns fãs de Akira Toryiama e de sua criação mais famosa, Dragon Ball, o nome Sun Wukong pode não ser tão estranho. Este foi o personagem que serviu de inspiração para Toryiama criar o protagonista de sua série, as relações entre ambos são óbvias, começando pelo próprio nome: Son Goku nada mais é do que a versão japonesa para Sun Wukong.

Sun Wukong, também conhecido como Rei MacacoXing Zhe Pi Ma-Wen, é o principal personagem do clássico romance épico chinês, Jornada ao Oeste, criado pelo escritor chinês Wu Chengen, em meados da Dinastia Ming, por volta de 1570. Neste romance, Sun Wukong acompanha o monge Xuanzang (Tang Sanzang em algumas traduções) em sua viagem para recuperar sutras budistas provenientes da Índia.

Sun Wukong nasceu de uma mítica pedra formada pelas forças do caos. Viveu em um reino de macacos numa ilha remota. Após conquistar o respeito dos outros macacos, Sun Wukong se tornou o rei deles. Mas percebeu que mesmo sendo um rei ainda era mortal, e determinado a encontrar imortalidade, ele viajou em uma balsa que o levou para a terra dos humanos, onde encontrou e se tornou o discípulo de um sacerdote taoísta.



No inicio o sacerdote estava relutante em treiná-lo, pois ele não era um humano, mas sua determinação o impressionou a ponto de se tornar um de seus discípulos favoritos. Com isso Sun Wukong aprendeu diversas técnicas marciais e mágicas, tais como a técnica de voar sentado em nuvens, a capacidade de saltar quilômetros de distancia, e de se transformar em diversos tipos de animais e objetos, no entanto seu poder de transformação não era perfeito já que sempre que tomava a forma humana ainda possuía sua cauda de macaco. Mas por ser muito arteiro e exibido Sun Wukong acabou sendo expulso pelo sacerdote.

Ele decide então voltar para sua ilha, e acaba tendo que enfrentar diversos monstros que a tinham tomado. Para derrotá-los, Sun Wukong teve que ir em busca de uma arma mágica, e assim encontrou um bastão capaz de crescer tão alto quanto o céu ou encolher ao tamanho de uma agulha.

Sun Wukong finalmente, derrotou os monstros, e acreditando estar tão poderoso quanto um deus, queria que o Imperador de Jade (senhor dos céus, do homem e do inferno) o reconhecesse como tal. O imperador atendera seu pedido colocando-o no posto de Pi Ma-Wen, mas mais tarde Sun Wukong descobre que estava servindo apenas como um lacaio e que os outros deuses zombavam dele por isso. Furioso, Sun Wukong roubou e comeu os pêssegos da imortalidade e fugiu para sua ilha.

Sun Wukong teve que enfrentar as tropas celestes enviadas pelo Imperador de Jade, e acabou sendo capturado. Após isso, inúmeras foram as tentativas de executá-lo, mas ele era muito poderoso, até que o Senhor Buda veio e conseguiu aprisioná-lo por 500 anos na Montanha dos Cinco Elementos (Wu Xing Shan).


Cinco séculos depois, o Bodhisattva Guanyin saiu em busca de discípulos que poderiam proteger uma peregrinação para obter os sutras budistas. Sun Wukong ofereceu para servir o peregrino de nome Xuanzang, um monge da Dinastia Tang, em troca de sua liberdade. Sob a supervisão de Xuanzang, a Sun Wukong foi permitida a viagem para o Ocidente. Durante a peregrinação Sun Wukong protegeu o monge de diversos monstros e outras criaturas malignas, que queriam comer um pedaço da carne de Xuanzang a fim de ganhar a vida eterna.

Devido a sua popularidade a lenda de Sun Wukong foi se adaptando de acordo com a cultura chinesa. E atualmente uma festa de Sun Wukong é celebrada no décimo sexto dia do oitavo mês lunar no calendário chinês.

Em Hong Kong a festa é celebrada no Templo Budista em Sau Mau Ping, que contém um santuário para a Sun Wukong.

Alguns estudiosos acreditam que Sun Wukong fora baseada em Hanuman, o deus macaco do Hinduísmo.


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Leviatã

 

Leviatã


Arte de Guilhem Venezia

Leviatã (antigo hebraico לִוְיָתָן,  Livyatan ou Liwyāṯān, "torcido; enrolado"; em hebraico moderno "baleia") é uma gigantesca criatura marinha bíblica mencionada em seções do Antigo Testamento e, embora seja uma metáfora popular no judaísmo e no cristianismo, ele é visto de maneira diferente em cada religião. Ele pode ser visto como uma metáfora do tamanho e poder das habilidades criativas de Deus ou como uma besta demoníaca. Nesse contexto, o Leviatã é considerado o monstro das águas, enquanto o Behemoth e o Ziz são considerados monstros da terra e do ar, respectivamente. Fora da religião, o termo leviatã tornou-se sinônimo de qualquer grande criatura marinha, em particular as baleias.

As descrições do Leviatã variam de acordo com cada fonte cultural, sendo virtualmente unânime em todas elas que ele é uma criatura marinha de tamanho colossal. Alguns relatam que seu corpo se assemelha ao de uma baleia, com um corpo grosso e cilíndrico e com barbatanas. Às vezes, ele descrito como uma criatura mais parecida com um dragão (inclusive quando o Antigo Testamento foi traduzido para o grego, seu nome foi traduzido como "dragão") com um corpo mais fino e serpentino, revestido por uma armadura escamosa e possuindo garras afiadas, fileiras de dentes navalhados, além de ser capaz de cuspir fogo.

Origens

As referências bíblicas ao Leviatã parecem ter evoluído do ciclo cananeu de Baal, envolvendo um confronto de proporções épicas entre deus e um monstro marinho de sete cabeças chamado Lotan. As referências bíblicas também se assemelham ao épico da criação babilônica Enuma Elish, no qual o deus da tempestade Marduk mata o monstro marinho e deusa do caos e da criação Tiamat e cria a terra e o céu a partir das duas metades de seu cadáver. 

Tais criaturas marinhas são comuns a quase todas as civilizações antigas, particularmente aquelas que estavam geograficamente próximas à água. Mesmo durante o período posterior da navegação marítima grega e romana, os oceanos eram lugares perigosos e misteriosos, no qual os humanos dificilmente podiam penetrar para descobrir o que se escondia abaixo. Avistamentos de baleias, lulas e outros grandes animais marinhos provavelmente alimentaram a misteriosa crença em monstros marinhos.

No Livro de Jó, tanto Behemoth quanto Leviatã estão listados ao lado de vários outros animais que são claramente mundanos, como cabras, águias e falcões, levando muitos estudiosos cristãos a supor que Behemoth e Leviatã também poderiam se tratar de criaturas mundanas. O animal mais frequentemente proposto para o Leviatã é o crocodilo do Nilo, que é aquático, escamoso e possui dentes ferozes. 

Outros sugerem que o Leviatã é um relato exagerado de uma baleia. Essa visão enfrenta algumas dificuldades, no entanto, como o fato de que os primitivos judeus no Oriente Próximo provavelmente não teriam encontrado baleias em uma região tão quente. Durante a era de ouro da navegação marítima, os marinheiros europeus viam o Leviatã como um gigantesco monstro marinho semelhante a uma baleia, geralmente uma serpente marinha, que devorava navios inteiros nadando ao redor deles tão rapidamente que criava um redemoinho.

O Leviatã também pode ser interpretado como o próprio mar, assim como suas contrapartes Behemoth e Ziz são como a terra e o ar, respectivamente. Alguns estudiosos interpretaram o Leviatã e outras referências ao mar no Antigo Testamento, como referências altamente metafóricas a saqueadores marítimos que uma vez aterrorizaram o reino de Israel. 

Arte de sandara

Judaísmo

No Judaísmo, o Leviatã é citado várias vezes no Talmude. Em uma das citações, é dito que o Leviatã será morto e sua carne servida como um banquete para os justos no "Tempo por Vir" e sua pele será usada para cobrir a tenda onde o banquete acontecerá. Aqueles que não merecem consumir sua carne sob a tenda podem receber várias vestimentas do Leviatã variando de coberturas (para os merecedores) a amuletos (para os menos merecedores). A pele restante do Leviatã será espalhada nas paredes de Jerusalém, iluminando assim o mundo com seu brilho.

No Zohar, o Leviatã é uma metáfora para a iluminação. O Zohar observa que a lenda dos justos comendo a pele do leviatã no final dos dias não é literal, e apenas uma metáfora para a iluminação. 

Em uma lenda registrada no midrash Pirke de-Rabbi Eliezer , afirma-se que o peixe que engoliu Jonas evitou por pouco ser comido pelo Leviatã, que come uma baleia por dia.

O Dicionário Judaico de Lendas e Tradições de Alan Uterman afirma que os olhos do Leviatã iluminam o mar a noite e podem ser vistos a milhas de distância. A água ao seu redor ferve com o hálito quente de sua boca, o que o faz ser sempre acompanhado de cortinas de vapor escaldante. O odor fétido do Leviatã pode superar até a fragrância do jardim do Éden, e caso seu fedor lá penetrasse, ninguém poderia sobreviver. 


Cristianismo

Na Bíblia, a palavra "leviatã" aparece em cinco passagens (seis se for a Bíblia Católica):

Isaías 27: 1: "Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar".

Salmos 74:14: "Fizeste em pedaços as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto".

Salmos 104: 25,26: "Eis o mar, imenso e vasto. Nele vivem inúmeras criaturas, seres vivos, pequenos e grandes. ... Nele passam os navios, e também o Leviatã, que formaste para com ele brincar".

Jó 3: 8: "Amaldiçoem aquele dia os que amaldiçoam os dias e são capazes de atiçar o Leviatã".

Jó 41:1-34 (o capítulo inteiro trata dele):

"Você consegue pescar com anzol o leviatã ou prender sua língua com uma corda?
Consegue fazer passar um cordão pelo seu nariz ou atravessar seu queixo com um gancho?
Pensa que ele vai lhe implorar misericórdia e lhe vai falar palavras amáveis?
Acha que ele vai fazer acordo com você, para que você o tenha como escravo pelo resto da vida?
Acaso você consegue fazer dele um bichinho de estimação, como se ele fosse um passarinho, ou pôr-lhe uma coleira para as suas filhas?
Poderão os negociantes vendê-lo? Ou reparti-lo entre os comerciantes?
Você consegue encher de arpões o seu couro, e de lanças de pesca a sua cabeça?
Se puser a mão nele, a luta ficará em sua memória, e nunca mais você tornará a fazê-lo.
Esperar vencê-lo é ilusão; só vê-lo já é assustador.
Ninguém é suficientemente corajoso para despertá-lo. Quem então será capaz de resistir a mim?
Quem primeiro me deu alguma coisa, que eu lhe deva pagar? Tudo o que há debaixo dos céus me pertence.
"Não deixarei de falar de seus membros, de sua força e de seu porte gracioso.
Quem consegue arrancar sua capa externa? Quem se aproximaria dele com uma rédea?
Quem ousa abrir as portas de sua boca, cercada com seus dentes temíveis?
Suas costas possuem fileiras de escudos firmemente unidos;
cada um está tão junto do outro que nem o ar passa entre eles;
estão tão interligados, que é impossível separá-los.
Seu forte sopro atira lampejos de luz; seus olhos são como os raios da alvorada.
Tições saem da sua boca; fagulhas de fogo estalam.
Das suas narinas sai fumaça como de panela fervente sobre fogueira de juncos.
Seu sopro faz o carvão pegar fogo, e da sua boca saltam chamas.
Tanta força reside em seu pescoço que o terror vai adiante dele.
As dobras da sua carne são fortemente unidas; são tão firmes que não se movem.
Seu peito é duro como pedra, rijo como a pedra inferior do moinho.
Quando ele se ergue, os poderosos se apavoram; fogem com medo dos seus golpes.
A espada que o atinge não lhe faz nada, nem a lança nem a flecha nem o dardo.
Ferro ele trata como palha, e bronze como madeira podre.
As flechas não o afugentam, as pedras das fundas são como cisco para ele.
O bastão lhe parece fiapo de palha; o brandir da grande lança o faz rir.
Seu ventre é como caco denteado, e deixa rastro na lama como o trilho de debulhar.
Ele faz as profundezas se agitarem como caldeirão fervente, e revolve o mar como pote de ungüento.
Deixa atrás de si um rastro cintilante; como se fossem os cabelos brancos do abismo.
Nada na terra se equipara a ele; criatura destemida!
Com desdém olha todos os altivos; reina soberano sobre todos os orgulhosos".

A interpretação cristã do Leviatã freqüentemente o considera um demônio ou monstro natural associado a Satanás, e considerado por alguns o mesmo que Raabe.
Desperta, desperta, veste-te de força, ó braço do SENHOR; desperta como nos dias passados, como nas gerações antigas; não és tu aquele que cortou em pedaços a Raabe e feriu o dragão? (Isaías 51: 9)

Alguns intérpretes sugerem que o Leviatã é um símbolo da humanidade em oposição a Deus, alegando que ele e os animais mencionados nos livros de Daniel e Apocalipse devem ser interpretados como metáforas.


O Leviatã também aparece no livro apócrifo de Enoque, onde é descrito como um ser feminino, em oposição ao Behemoth masculino:

Naquele dia dois monstros serão distribuídos como alimento, um monstro fêmea,
cujo nome é Leviatã, habitando nas profundezas do mar, acima das fontes de águas; E um monstro macho, cujo nome é Beemote, o qual possui, movendo-se em seu ventre, no deserto invisível, cujo nome era Duidain A leste do jardim, onde os eleitos e os justos habitarão, onde ele recebeu-o de meu ancestral, desde Adão o primeiro dos homens, cujo homem o Senhor Deus fez. (1 Enoque 60: 11-14)
Leviatã foi ainda considerado pela Igreja Católica, durante a Idade Média, como o demônio representante do quinto pecado, a inveja, também sendo tratado com um dos sete príncipes infernais, ao lado de Asmodeus (luxúria), Azazel (ira), Belfegor (preguiça), Belzebu (gula), Lúcifer (soberba) e Mammon (ganância). Segundo algumas obras sobre demônios, Leviatã é um anjo caído, outrora pertencente à classe dos serafins.

Arte de Andrew Morris

Cultura Popular

Seja somente o nome ou a criatura em si, Leviatã é extremamente popular, sendo referenciado em inúmeras áreas. Trago abaixo as mais famosas:
  • Leviatã é o título do trabalho seminal do cientista político Thomas Hobbes, que afirmava que a "guerra de todos contra todos" (Bellum omnium contra omnes) que caracteriza o então "estado de natureza" só poderia ser superada por um governo central e autoritário. O governo central seria uma espécie de monstro - o Leviatã - que concentraria todo o poder em torno de si, e ordenando todas as decisões da sociedade;
  • No poema Paraíso Perdido, o autor John Milton usa o termo Leviatã para descrever o tamanho e o poder de Satanás.;
  • Na série de TV Sobrenatural, os leviatãs são uma raça de seres poderosos que estavam aprisionados no purgatório (local na série para onde todas as criaturas sobrenaturais vão quando morrem) e acabam sendo liberados na Terra, após o anjo Castiel abrir um portal para o purgatório com o intuito de absorver todas as almas existentes lá e assim obter o poder necessário para derrotar o Arcanjo Rafael;
  • Na série Marvel's Agent Carter, e também nos quadrinhos da Marvel, Leviatã é o nome de uma organização criminosa nos mesmos moldes da HYDRA, porém formada no bloco soviético; 
  • Outra organização criminosa com o mesmo nome aparece na série de TV da DC Supergirl;
  • Na série Legends of Tomorrow, também da DC, o vilão Vandal Savage usa um robô gigante conhecido como Leviathan, criado a partir da tecnologia de Ray Palmer, o Átomo, para esmagar as forças rebeldes. Para detê-lo, Ray cresce até ficar do tamanho dele para combatê-lo;
  • No filme Godzilla: Rei dos Monstros (2019), um titã chamado Leviathan está contido no Outpost 49, situado em Loch Ness;
  • Inúmeras bandas de rock/metal possuem músicas ou até álbuns nomeados Leviathan, sendo as mais famosas MastodonAlestormVolbeat e Parkway Drive.

    fontes:

    • https://www.bibliaon.com
    • https://apocrifos.org/files/livros/Livro-de-Enoque-1-e-2.pdf
    • Dicionário judaico de lendas e tradições, de Allan Uterman
    • Encyclopedia of Demon in World Religions and Cultures. de Theresa Bane
    • Wikipédia