Exu Caveira do Ódio ao Trono
- Exu Caveira é um Exu de umbanda que comanda uma falange de outros Exus que também se denominam Exus Caveira. É cultuado principalmente dentro da umbanda e da quimbanda, e em alguns terreiros de candomblé. É uma das entidades mais cultuadas dentro da religião umbandista.
Não confundir com Exu Tatá Caveira, Exu Caveira ou Exu Caveirinha, pois são espíritos diferentes.
Como forma de punição pelos seus crimes cometidos durante a vida, se tornou um Exu, devendo apenas fazer o bem e ajudar a humanidade contra espíritos das trevas.
Antes de começar com essa história, gostaríamos de esclarecer que nós não estamos afirmando que seja a verdadeira história do Exu Caveira, visto que sua falange é enorme pode ser que seja apenas uma das histórias de um dos Exu da falange dos Caveiras.
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Exu Caveira viveu aproximadamente em 600 d.C no Antigo Egito. Se chamava Próculo em homenagem ao general Romano Próculo. Morava em um pequeno povoado que habitava a beira do rio Nilo. Sua aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas de animais e fetos humanos. Até que sua própria mulher engravidou e o sacerdote da aldeia decidiu que a criança devia ser sacrificada para acalmar o Deus da tempestade. Próculo não permitiu que tal infortúnio abatesse sobre sua família, até porque se tratava de seu primeiro filho. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos, a mando do sacerdote, invadiram sua casa e silenciosamente sequestraram sua mulher e a violentaram, provocando um aborto imediato e a morte de sua mulher, e com o feto fizeram a oferenda no poço dos sacrifícios. Ao acordar e descobrir o que tinha ocorrido, seu peito se encheu de ódio e jurou vingança. Matou um por um dos algozes de sua esposa inclusive o tal sacerdote.
Passou a não crer mais em Deuses, pois o sacrifício foi inútil, e seu pequeno povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, tamanha foi a fúria da tempestade. De repente o que era rio virou areia e o que era areia virou rio. Mas, seu ódio persistia, em seus olhos havia sangue de tudo o que ele queria era mais sangue, pois, estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matou, se organizaram em uma trevosa falange a fim de o ver morto também. O sacerdote era o líder dessa trevosa falange. Próculo então passou a ser vítima do ódio que semeou.
Sem morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos, avançaram contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e tenebrosamente assombrando todo o Egito Antigo. Quanto mais ódio tinha, mais queria ter. Dizia que se não pudesse ter sua mulher de volta, então que nenhum homem em parte alguma poderia ter. Assassinava homens e crianças, as mulheres a violentava. Até que chegaram aos palácios de um majestoso Faraó, que também despertava muito ódio e era um dos mais interessados em destruí-lo, pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião. Eis então que foram matar o Faraó, e assim fizeram. Os fiéis soldados do palácio, que eram em grande número, os aniquilaram com a mesma impiedade que tinham com os outros.
Com seu espírito fora do corpo, vendo seu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada e sangrando não conseguiu compreender o que estava acontecendo. Mas o sangue que jorrava o fez recordar de todas as suas atrocidades. Olhou o espaço ao redor e tudo o que viu foram pessoas mortas e tudo se transformou de repente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se afastavam. Naquele êxtase, caiu derrotado, não sabendo quanto tempo ficou ali inerte e chorando, vendo todo aquele horror.
Tudo era sangue, um fogo terrível ardia em sua alma e isso era ainda mais cruel. Sua consciência se fechou em si mesma. O medo o apossou e já não era mais o mesmo, mas sim o peso de seus erros que o condenava. Nada ele podia fazer, as gargalhadas vinham de fora e atingiam seus sentidos bem lá no fundo, o medo aumentava e chorava cada vez mais.
Por cerca de 500 anos vagou pelo umbral, pisoteado pelos inimigos, até o fim das forças. Até que um dia conseguiu gritar e pedir socorro a alguém que pudesse ajudar. Depois de muito chamar, surgiu um alguém que veio tirar-lhe dali, mesmo assim arrastado. Quando percebeu estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que o montava assemelhava-se a um guerreiro, não menos cruel do que foi. Depois de uma longa jornada, foi alojado sobre uma pedra e ali o alimentaram e cuidaram com um desvelo incompreensível. “Será que ouviram meus apelos? Sim claro, se não ainda estaria lá naquele inferno”, respondia a si mesmo. “Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu” – Disse uma voz vinda de um lugar desconhecido. O que ele não compreendeu foi como ele havia ouvido, já que não disse palavra alguma, apenas pensou.
Por longos anos ficou naquela pedra, semelhante a um leito, até que seu corpo se refez e pode levantar-se. Apresentou-se então o seu salvador, um nobre cavaleiro, armado até os dentes, carregava um enorme tridente cravado de rubis flamejantes, seu porte era enorme e uma longa capa lhe cobria o dorso, mas não conseguia ver seu rosto.
- “Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, porque aqui todos somos iguais!”.
Disse o homem em tom severo. Seu corpo tremia e não o conseguia conter, sua voz não saia e olhava baixo, resignando-se perante as ordens do cavaleiro.
- “Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo e deves me obedecer se não quiser retornar aquele antro de loucos que estavas. Siga as minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida, desobedeça e sofrerás o castigo merecido!” - Disse o cavaleiro.
- “Posso saber seu nome, nobre senhor?”
- “Por enquanto não, no tempo certo eu o revelarei, agora cale-se, vamos ao nosso primeiro trabalho.”
Seguia o homem a cavalo e Próculo corria atrás dele, como um serviçal. Vagaram por aqueles lugares sujos e realizaram várias tarefas juntos, aprendeu a manusear as armas que o foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos seu amor pela criação foi renascendo, as várias lições que lhe foram passadas o faziam perceber a importância daqueles trabalhos no umbral. Gradativamente foi subindo os degraus daquele mistério com fidelidade e carinho, ganhou a confiança de seu chefe e de seus superiores. Foi posto a prova e foi aprovado. Logo aprendeu a levitar e plasmar as coisas que queria, e assim foi por mais de 100 anos, apenas aprendendo.
Foi então que numa assembleia repleta de homens iguais ao seu chefe salvador, foi oficialmente nomeado Exu perante o Orixá Omolu. Assumindo as responsabilidades que todo Exu deve assumir se quiser ser Exu:
- Amor a Deus e às suas leis;
- Amor a criação do Pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;
E algumas outras regras secretas que não é permitido citar, dada a importância que ela tem para todos os Exus.
Omolu concedeu-lhe um desejo, e então o novo Exu pediu que pudesse ver o rosto daquele que o salvou. Então seu mestre abaixou o capuz, e tinha a forma de uma caveira, e assim todos os outros presentes, abaixaram o capuz e todos tinham a forma de caveira. Seu mestre deu-lhe um espelho, e disse:
- “Veja, todos aqui somos caveiras!”
Por isso, decidiu que seu nome deveria ser Exu Caveira.
A princípio trabalhou na falange de seu salvador, por gratidão e simpatia. Mas logo surgiu-lhe a necessidade de ter sua própria falange, visto que os escravos que capturou já eram em grande número.
Nesta mesma época, o antigo sacerdote de seu povoado reencarnou em terras africanas e a antiga esposa de Exu Caveira deveria ser a esposa do sacerdote, para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou, solicitou imediatamente uma audiência com o Omolu e Ogum e pediu que intercedessem para que pudesse ser o guardião de seu antigo sacerdote. Seu pedido foi atendido e se fosse bem sucedido, poderia ter a sua própria falange. Assim assumiu a esquerda do sacerdote, que, na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser Babalorixá, em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalaô era a ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a trama que pôs fim às diferenças e atritos dos dois espíritos. Sua ex-mulher deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado, e ele teve muito trabalho naquela aldeia. Até que as invasões dos branco e as capturas e o comércio de negros para o ocidente se fizeram, os trabalhos redobraram, pois tinham que conter toda a revolta e ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros. Mas seu protegido já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram escravizados, mas era a lei e deveria ser cumprida.
Depois de muito tempo uma ordem veio do encima: “Todos os guardiões devem se preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova religião vai nascer”, o que para eles era em breve, pois o tempo espiritual é diferente do tempo da terra. Prepararam-se conforme foi ordenado, até que os Exus passaram a ser cultuados na Umbanda e no Candomblé. Então foi nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omolu e então pode assumir seu trono, seu grau e seus degraus e novamente assumiu a obrigação de conduzir seu antigo algoz, que hoje já está no encima, feito meritóriamente alcançado devido a todos os trabalhos e sacrifícios feitos em favor do bem e dos Orixás.
Hoje, em seu trono no embaixo, comanda a falange dos Exus Caveiras. Onde há infidelidade ou desrespeito para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas do Umbral, pois não deseja a ninguém um décimo do que passou. Se vossos atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então vitaliza e dá forma a todos os desejos de qualquer um que queira usufruir de benefícios de seus mistérios.
Exu Caveira abomina traição, infidelidade, tampouco o aborto, isto não é tolerado por Exu Caveira e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob as hostes severas de seu mistério. Peça o que quiser com fé e para bons fins, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e aqueles que os procuram.
Todos os Exus de trabalho ou protetor, são Exus porque em algum momento do passado pecaram contra a criação ou a geração e ambos, protetor e protegido tem alguma correlação com estes atos errôneos de vidas anteriores.
Fonte: Wikipédia
Referência: Maria Célia Dias da Silva
Exu Caveira de Padre a Guardião da Calunga
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Axé a todos, espero que tenham gostado dessa história!