terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

MAGIA - CANTIGAS E SONORIDADES DOS CABOCLOS DA UMBANDA

MAGIA - CANTIGAS E SONORIDADES DOS CABOCLOS DA UMBANDA

PERGUNTA: - É possível falar-nos sobre a magia das cantigas e sonoridades dos caboclos da umbanda, descendente do magismo tribal mais antigo do planeta?
RAMATÍS: - Os homens afoitos e zelosos das purezas doutrinárias criticam os caboclos da umbanda quando assoviam, cantam, assopram e chilreiam como pássaros, baforando o charuto. A estreiteza de opinião oriunda do desconhecimento, aliado ao preconceito, favorece as "superioridades" doutrinárias e as interpretações sectárias.
Os fundamentos dos mantras e seus efeitos curativos (vocalização de palavras mágicas) fazem parte dos ritmos cósmicos desde os primórdios de vossa civilização.
Os vocábulos pronunciados, acompanhados do sopro e das baforadas, movimentam partículas e moléculas do éter circundante do consulente, impactam os corpos astral e etérico, expandindo a aura e realizando a desagregação de fluidos densos', miasmas, placas, vibriões e outras negatividades. Assim como as muralhas de Jericó tombaram ao som das trombetas de Josué, os cânticos, tambores e chocalhos dos caboclos desintegram poderosos campos de força magnetizados no Astral, bem como o som do diapasão faz evaporar a água.
Os infra e ultra-sons do Logos, o Verbo sagrado, deram origem ao Universo e compõem a tríade divina: som, luz e movimento. Como o macrocosmo está no microcosmo, e vice-versa, se pronunciardes determinadas palavras contra um objeto ou ponto focal no Espaço, mentalizando a ação que esse som simboliza, será potencializada a intenção pelo mediunismo do caboclo manifestado no médium, e energias correspondentes serão movimentadas. Ao mesmo tempo, cada chacra é uma antena viva dessas vibrações que repercutirão nas glândulas e nos órgãos fisiológicos, alterando os núcleos mórbidos que causam as doenças, advindo as "notáveis" curas praticadas na umbanda.
É comum religiosos e exímios expositores de outras doutrinas acorrerem a ela, sorrateiramente, às escondidas, com os filhos ou eles mesmos adoentados, ditos incuráveis pela medicina materialista, tendo sua saúde reinstalada, para depois nunca mais adentrarem um terreiro. A todos o manto da caridade dá alento, sem distinguir a fé fragmentada de cada um.
RAMATÍS - A MISSÃO DA UMBANDA
MÉDIUM: NORBERTO PEIXOTO

OS ESPÍRITOS QUE TRABALHAM NAS VIBRAÇÕES DE EXU

OS ESPÍRITOS QUE TRABALHAM NAS VIBRAÇÕES DE EXU

PERGUNTA: - Por que exu faz "par" com os orixás? Podeis nos dar um exemplo planetário de espíritos que atuam na vibração de exu?
RAMATÍS: - São muitos os espíritos que trabalham nas vibrações de exu, nas várias dimensões cósmicas. No Universo, tudo é energia, e na umbanda não é diferente: tudo se transforma para o equilíbrio, gerando harmonia. Por isso, precisais entender as correspondências vibracionais dos quatro elementos planetários: ar, terra, fogo e água, relacionando-os com cada um dos orixás, regentes maiores das energias cósmicas, aprofundando a compreensão da magia específica de cada exu.
Eles atuam, segundo determinadas peculiaridades, nos sítios vibracionais da natureza, fazendo par com os orixás, pois o eletromagnetismo do orbe é dual: positivo e negativo.
O Uno, o Eterno, o Incriado, Zambi, Olurum (um mesmo nome que representa a Unidade Cósmica) é "energia" e precisa se rebaixar para chegar aos planos vibratórios mais densos, onde estais agora.
O Uno é dividido, tornando-se dual, tendo duas polaridades, onde existe a forma, o Universo manifestado na matéria, interpenetrado com o fluido cósmico universal. Um exemplo de exu entidade, que tem para os zelosos das doutrinas puras um nome polêmico, pode ser citado: os denominados exus do lodo. Energicamente, os espíritos comprometidos com o tipo de trabalho que chancela esse nome atuam entre dois elementos planetários: terra e água. Se misturardes um pouco de terra com água, tereis a lama, o lodo. Essas entidades agem segundo o princípio universal de que semelhante "cura" semelhante: transmutam miasmas, vibriões etéricos, larvas astrais, formas-pensamento pegajosos, pútridos, viscosos e lamacentos, entre outras egrégoras "pesadas" de bruxarias e feitiçarias do baixo Astral que se formam nos campos psíquicos (auras) de cada consulente, em suas residências e seus locais de trabalho, desintegrando verdadeiros lodaçais energéticos, remetendo-os a locais da natureza do orbe que entrecruzam vibratoriamente a terra e a água: beira de rios e lagos, encostas de açudes, entre outros locais que têm lama e lodo. Nesses casos, entrecruzam-se nas demandas sob o comando de caboclos da falange de Ogum Iara. Podem também atuar próximo aos mares, à água salgada, agora sob o comando de caboclos da falange de Ogum Beira-Mar ou Ogum Sete Ondas. Por isso, o ato ritualístico em alguns terreiros de jogar copo de água na terra (solo) para fixar a vibração magnética da entidade, no momento de sua manifestação mediúnica (elemento que serve de apoio para a imantação vibratória das energias peculiares à magia trabalhada).
RAMATÍS - A MISSÃO DA UMBANDA
MEDIUM: NORBERTO PEIXOTO

OBI

OBI

Obí era puro, humilde e simples, por isso Olofin deixou sua pele, seu coração e suas entranhas brancas e a colocou em cima de uma palma. Elegua, o mensageiro dos deuses, estava ao serviço de Obí e logo percebeu que ele havia mudado.

Um dia, Obí decidiu celebrar uma grande festa e enviou para convidar todos os seus amigos. Eleguá os conhecia muito bem, sabia que muitos deles eram as pessoas mais importantes do mundo, mas os pobres, os doentes e os deformados também eram seus amigos e decidiram lhe ensinar uma lição convidando a festa não apenas para os ricos.

Chegou a noite da festa e Obí, orgulhoso e arrogante, se vestiu para receber seus convidados. Surpreso e enojado, viu todos os pobres e doentes chegarem à sua festa. Indignado, perguntou-lhes: -

Quem os convidou?

"Eleguá nos convidou em seu nome", responderam eles.

Obí os insultou por terem ousado ir a sua casa vestidos de trapos.

"Saia daqui imediatamente", ele gritou.

Todos foram mortos de vergonha e Eleguá saiu com eles.

Um dia, Olofin enviou a Eleguá uma mensagem para Obí.

"Eu me recuso a servir Obí", disse Eleguá. Ele mudou muito, ele não é mais amigo de todos os homens. Ele é cheio de arrogância e não quer saber nada sobre aqueles que sofrem na Terra.

Olofin, para ver se isso era verdade, vestiu-se de mendigo e foi à casa de Obí.

"Eu preciso de comida e abrigo", ele perguntou, fingindo sua voz.

- Como se atreve a aparecer na minha presença tão irregular? –O dono o repreendeu.

Olofin sem esconder a voz exclamou:

Obi, Obí.

Surpreso e envergonhado, Obí se ajoelhou diante de Olofin.

-Por favor me perdoe.

Olofin respondeu:

–Você foi justo e foi por isso que fiz seu coração ficar branco e lhe dei um corpo digno de seu coração. Agora você está cheio de arrogância e orgulho. Para punir seu orgulho, você ficará com as entranhas brancas, mas cairá e rolará no chão até ficar sujo. Você também terá que servir aos orixás e a todos os homens.

Foi assim que o coco se tornou o mais popular dos oráculos.

OSHUN E ORULA

OSHUN E ORULA



O rei chamou Orula , o babalawo mais famoso de sua região, mas o olúo se recusou a ir. Isso aconteceu várias vezes, até que um dia Oshún se ofereceu para encontrar a cartomante.

Ele apareceu na casa do babalawo e, como se de uma conversa para outra estivesse atrasado, pediu-lhe que a deixasse dormir em sua cama naquela noite.

De manhã, ele acordou muito cedo e colocou o ékuele e iyefá no lenço.
Quando a babalawo acordou e tomou o café da manhã que Oshún havia preparado para ela, ela anunciou que tinha que sair. Mas o homem se apaixonou pelo belo mulato e concordou em acompanhá-la pela estrada.

Caminhando e conversando com a mulher sedutora, os dois chegaram a um rio. Lá o babalawo disse a ele que não podia continuar, porque a travessia deveria consultar o ékuele para saber se ele deveria ou não fazer isso. Então Qshún lhe ensinou o que havia trazido no lenço e na cartomante, já completamente convencido de que deveria seguir a deusa, conseguiu atravessar o rio e chegar ao palácio do rei que o esperava impacientemente.

O rei, que há muito se preocupava com as atividades de seus inimigos políticos, queria perguntar se haveria guerra ou não em seu país e, se sim, quem seria o vencedor e como ele poderia identificar aqueles que eram leais a ele.

O cartomante jogou o ékuele e disse ao rei que ele deveria oferecer dois eyelé e oú. Depois de limpá-lo com os pombos, ele foi até a torre mais alta do palácio e regou o algodão em pedaços pequenos; ele finalmente lhe disse que não teria problemas, porque seria vitorioso na guerra civil que estava por vir, mas que ele precisava examinar todos os seus súditos, pois aqueles que tinham algodão na cabeça eram fiéis a ele.

Assim, Obegueño, que foi chamado rei, governou naquele país até o dia de sua morte.

ORULA APRESENTA-SE NO IKÚ

ORULA APRESENTA-SE NO IKÚ


O povo falava mal de Orula e desejava a morte dele, mas Orula, que é cartomante, tinha visto sua sorte no quadro com suas dezesseis nozes e decidiu que ele tinha que fazer uma cerimônia de oração com um inhame, e então, com os pêlos da comida, mancham o rosto. É por isso que quando Iku veio pela primeira vez perguntar sobre Orula, ele disse que não havia Orula morando lá e que a Morte foi deixada.

Iku estava descobrindo os arredores e percebeu que Orula o havia enganado, então ele voltou com qualquer pretexto para observá-lo de perto, até ter certeza de que era o assunto que procurava levar.

Orula, quando a viu voltar, nem curta nem preguiçosa, convidou-a para almoçar e serviu-lhe um grande jantar com muita bebida.

Eu comi e bebi Iku, que quando ele terminou, adormeceu. Foi a oportunidade que Orula aproveitou para roubar o mandarim com o qual Iku matou pessoas.

Ao acordar, Iku notou que estava sentindo falta do mandarim. Pensando que sem esse instrumento ela não era ninguém, ela implorou a Qrula para devolvê-lo.

Depois de muito choro, Qrula lhe disse que o devolveria se prometesse que não mataria nenhum de seus filhos, a menos que ele o autorizasse. Desde então, a Morte toma muito cuidado para levar a pessoa com uma identificação Orula.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Pisadeira (folclore)

Pisadeira (folclore)

Pisadeira ou pesadeira é um mito brasileiro que ocorre principalmente no estado de São Paulo e parte de Minas Gerais. Segundo o folclore, é uma mulher que pisa na barriga das pessoas com o estômago cheio e as deixava com falta de ar, que costuma fazê-lo durante a madrugada. Essa lenda pode ser associada com a paralisia do sono.

Aparência[editar | editar código-fonte]

Geralmente é descrita como uma mulher muito magra, com dedos compridos e secos, unhas enormes, sujas e amareladas. Tem as pernas curtas, cabelo desgrenhado, nariz enorme com muitos pelos, como um gavião. Os olhos são vermelho fogo, malignos e arregalados. O queixo é revirado para cima e a boca sempre escancarada, com dentes esverdeados e à mostra. Nunca ri, gargalha. Uma gargalhada estridente e horripilante. Há relatos de que no Piauí ela costuma aparecer disfarçadamente de qualquer pessoa e quando a vítima se da conta está com o corpo adormecido. Como a pessoa fica consciente sabe se tem alguém dormindo junto na cama, pode gemer para que a outra pessoa ouça e lhe acorde.
Vive pelos telhados, sempre à espreita. Quando uma pessoa janta e vai dormir com o estômago cheio, deitando-se de barriga para cima, a pisadeira entra em ação. Ela desce de seu esconderijo e senta-se ou pisa fortemente sobre o peito da vítima que entra em um estado letárgico, consciente do que ocorre ao seu redor, porém fica indefesa e incapaz de qualquer reação

Romãozinho

Romãozinho

Romãozinho é uma criatura do folclore brasileiro.[1] Ele é um menino, filho de um agricultor, ele que sempre gostou de maltratar os animais e destruir as plantas, pois nasceu mau.
Uma vez, sua mãe lhe mandou levar o almoço ao pai, que trabalhava na roça. Ele foi de má-vontade. No meio do caminho, ele comeu a galinha, colocou seus ossos na marmita e levou-a ao pai. Quando o pai viu os ossos em vez da comida, ele perguntou o que aquilo significava. Romãozinho, perfidamente, disse: Deram a mim isso... Eu penso que minha mãe comeu a galinha com o homem que vai a nossa casa quando você não está lá, e enviou-lhe somente os ossos. Enlouquecido de raiva, o pai voltou logo para casa, puxou do punhal e matou a esposa. Antes de morrer, a mãe amaldiçoou o filho que ria, dizendo: Você não morrerá nunca! Você não conhecerá o céu ou o inferno, nem repousará enquanto existir um vivente sobre a terra!
Romãozinho riu ante a maldição e foi embora. Desde então, o menino nunca cresceu, anda pelas estradas e faz travessuras, como quebrar as telhas dos telhados a pedradas, assustar os homens e tortura as galinhas.
Em algumas oportunidades, faz coisas boas. Há uma história que diz que uma mulher grávida estava sozinha e entrou em trabalho de parto, e no desespero chamou por Romãozinho e este foi à casa da parteira que depenava uma galinha, a galinha de repente saiu da mão dela e saiu voando, a parteira saiu correndo atrás e a galinha foi jogada na casa da mulher que estava em trabalho de parto.

Pai do mato

Pai do mato

Pai-do-Mato ou Pai-da-Mata é uma figura folclórica da tradição dos estados de Alagoas e Pernambuco, no nordeste do Brasil. E ele é um anão

História[editar | editar código-fonte]

É um bicho enorme, mais alto que todas as arvores da mata, com cabelos enormes, unhas de dez metros e orelhas de cavaco. O seu urro estronda por toda a mata. À noite, quem passa ouve também a sua risada. Engole gente. Bala e faca não o matam, é trabalho perdido. Só se acertar numa roda que ele tem em volta do umbigo.
Em alguns Reisados, aparece uma personagem representando o entremeio do Pai-do-Mato, sob a forma de um sujeito feio, de cabelos grandes. São comuns as expressões entre as mães de família, referindo-se aos filhos que estão com cabelos grandes, sem cortar: "Está que é um Pai-do-Mato", "você quer virar um Pai-do-Mato?", No Reisado, canta-se no entremeio do Pai-do-Mato:
  • Ó que bicho feio
  • Só é Pai-do-Mato!...
Com denominação idêntica e materialização, vive o Pai-do-Mato em Pernambuco. Compare-se o Pai-do-Mato com o Ganhambora, o Mapinguari, o Bicho Homem, espécimes do ciclo dos monstros (Geografia dos Mitos Brasileiros). "Sem que jamais tivesse sido visto, conta a lenda queijeira da zona de Anicuns que o Pai-do-Mato é um animal de pés de cabrito, à semelhança do deus  da mitologia, tendo como este o corpo todo piloso.
As mãos assemelham-se às dos quadrúmenos. Diferencia-se destes, entretanto, por andar como ente humano, com o qual se assemelha na fisionomia. Traz no queixo uma barbinha e a sua cor é escuro-fusca, confundindo-se com a do pelo do suíno preto enlameado. Dizem que anda sempre nos bandos de queixadas, cavalgando o maior, e conservando-se sempre à retaguarda.
Raramente anda só e raramente aparece ao homem. Quando alguém lhe atravessa na estrada, não retrocede, e, com indômita coragem, procura dar cabo do obstáculo que se lhe antepõe. A sua urina é azul como anil." (Derval de Castro, Páginas do Meu Sertão, São Paulo, 1930).

Negrinho do Pastoreio

Negrinho do Pastoreio

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda afro-cristã muito contada no final do século XIX pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão, sendo muito popular na região Sul do Brasil.
O primeiro registro conhecido da lenda foi feito por Antonio Maria do Amaral Ribeiro, em 1857, que a caracterizou como "uma superstição, que tem tanto de absurda quanto de ridícula e exótica"[1]. O Negrinho do Pastoreio também apareceu nas obras de Alberto Coelho da Cunha, em 1872, e de Apolinário Porto Alegre, 1875, que por vezes é considerado o primeiro registro da lenda, e por Alfredo Varela, em 1897. Em 1906, João Simões Lopes Neto publicou a lenda em folhetim na imprensa pelotense e, em 1913, no livro Lendas do Sul[2], sendo esta versão a mais esteticamente rebuscada e a mais popularizada. Além dos brasileiros, publicaram versões da lenda o escritor uruguaio Javier Freyre em 1890,o espanhol Daniel Granada em 1896 e o argentino Juan Ambrosetti em 1917[1][3].
Na versão da lenda escrita por João Simões Lopes Neto, o protagonista é um menino negro e pequeno, escravo de um estancieiro muito mau; este menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria. Após perder uma corrida e ser cruelmente punido pelo estancieiro, o Negrinho caiu no sono, e perdeu o pastoreio. Ele foi castigado de novo, mas depois achou o pastoreio, mas, caindo no sono, o perdeu pela segunda vez. Desta vez, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, para que as formigas o comessem, e foi embora quando elas cobriram o seu corpo. Três dias depois, o estancieiro foi até o formigueiro, e viu o Negrinho, em pé, com a pele lisa, e tirando as últimas formigas do seu corpo; em frente a ele estava a sua madrinha, a Virgem Maria, indicando que o Negrinho agora estava no céu. A partir de então, foram vistos vários pastoreios, tocados por um Negrinho, montado em um cavalo baio.[4]
No livro “Como Nasceram as Estrelas”, de Clarice Lispector, a história “O Negrinho do Pastoreio” , entre outras lendas, foi abordada. Nessa versão, a história é escrita para o público infanto juvenil, sendo mais branda que a adaptação de Simões Lopes Neto, e mais detalhada que outras adaptações lançadas em formato de história em quadrinhos focadas no público infantil.[5]
A lenda o negrinho do pastoreio possui muitas cenas fortes e duras, como muitos contos de fadas europeus. Assim como esses contos, a lenda gaúcha possui algumas adaptações que abordam a história de forma branda e bastante lúdica, em formato de livro infantil ou história em quadrinho. Como por exemplo: Lendas Brasileiras da Turma da Mônica, da Editora Girassol, e Coleção Folclore Mágico, da editora Ciranda Cultural. Nessas adaptações infantis o filho do patrão, uma criança, não abordado como vilão, e as formigas são amigas do Negrinho e não o matam.

Negro d'Água ou Nego d'Água

Negro d'Água ou Nego d'Água

Diz a lenda que o Negro d'Água ou Nego d'Água habita diversos rios, tais como o Rio Tocantins, o Rio Grande[1] e o Rio São Francisco, onde possui um monumento do escultor juazeirense Ledo Ivo Gomes de Oliveira, obra com mais de doze metros de altura e que foi construída dentro do leito do rio, em sua homenagem, na cidade de JuazeiroBahia.
Segundo a lenda, o Negro d'Água costuma aparecer para pescadores e outras pessoas junto aos rios. Manifestando-se com suas gargalhadas, negro, careca e com mãos e pés de pato, ele derruba a canoa dos pescadores, se eles se recusarem a lhe dar um peixe.
Em alguns locais do Brasil ainda existem pescadores que, ao sair para pescar, levam uma garrafa de cachaça e a atiram para dentro do rio, para que não tenham sua embarcação virada.
Essa história é bastante comum entre pessoas ribeirinhas, principalmente na Região Centro-Oeste do país, muito difundida entre os pescadores, dos quais muitos dizem já tê-lo visto.
Não há evidências de como surgiu esta lenda, o que se sabe é que o Negro d'Água só habita os rios e raramente sai dele. Sua função seria amedrontar as pessoas que por ali passam, partindo anzóis de pesca, furando redes, dando sustos em pessoas nos barcos, etc.
Suas características são muito peculiares: ele seria a fusão de homem negro alto e forte com um anfíbio. Apresenta nadadeiras e corpo coberto de escamas mistas com a pele.

Lenda da Amorosa

Lenda da Amorosa

Lenda da Amorosa trata-se de uma lenda do folclore Fluminense, difundida na região da Bacia Hidrográfica do Rio Macabu, em especial no município de Conceição de Macabu, interior do estado do Rio de Janeiro.

Ipojucam e Jandira eram índios sacurus que viviam em diferentes tribos. Ele, caçador afamado, vivia com sua comunidade na parte alta, onde os rios Carukango e Vermelho se unem. Jandira, conhecida pelas redes e cestas de palha que fazia usando a folha seca da macaúba, vivia com sua comunidade na parte baixa, onde existe até hoje um grande bambuzal. Desde jovens se conheciam, brincando entre as pedras do rio, banhando-se na cachoeira. Ela fazia para ele belos cestos de caça, ele trazia para ela os mais diferentes animais. Um dia, Ipojucam caçava para Jandira quando encontrou um estranho rastro, uma pegada humana, que ele seguiu até um imenso tronco oco. Lá dentro dormia um estranho ser, que parecia um pequeno índio, mas era muito cabeludo e tinha os pés voltados para trás. Ipojucam, curioso, acordou a criatura, que assustada montou num caititu que passava nas redondezas e sumiu mata adentro. Ipojucam seguiu a criatura até deparar-se com ela às margens de um regato.
-Quem é você ? Perguntou Ipojucam.
-Sou o Curupira, defensor da mata e dos animais. Por que você não me matou enquanto eu dormia ?
-Por que não costumo matar seres indefesos, só enfrento quem pode me enfrentar.
- Você é esperto, garoto, não gosto de caçadores, mas você não caça, você enfrenta os animais dando-lhes oportunidade. Fique com Tupã.
E o Curupira sumiu pela floresta montado em seu caititu. Os anos se passaram, Jandira e Ipojucam cresceram belos e fortes. Como era de se esperar, enamoraram-se, tornaram-se noivos, até que os pajés das duas tribos marcaram o casamento para a primeira noite de lua cheia de novembro. Na véspera do casamento, pela manhã, Ipojucam ofereceu uma bela caça a Tupã, como se pedisse as bênçãos pelas núpcias. Anhangá, o maligno deus da morte dos sacurus, que invejava a destreza e a inteligência de Ipojucam, desde que ouvira falar do jovem através do Curupira, surgiu para ele na forma de uma onça branca e o desafiou para uma luta de caça.
Com destreza, Ipojucam derrotou a onça, ferindo-a de morte no peito. Irritado, Anhangá ressuscitou o animal, levando Ipojucam a persegui-lo até a cachoeira onde Jandira colhia palha para fazer sua rede nupcial. Quando Anhangá, na forma da onça branca, avistou Jandira, resolveu atacá-la para vingar-se de Ipojucam. Quando percebeu o ataque, Jandira gritou por Ipojucam, que vinha em perseguição à onça, este imediatamente investiu sua lança contra o animal, trespassando-o mortalmente. Imediatamente, Anhangá, humilhado pela derrota que seu animal sofrera, transformou-se numa tromba d’água arrastando Jandira e Ipojucam para as profundezas da cachoeira, que passou a se chamar "Amorosa".

Mula sem cabeça

Mula sem cabeça

Mula sem Cabeça é um personagem do folclore brasileiro. Na maioria dos contos, é o fantasma de uma mulher que foi amaldiçoada por ter se entregado com um padre e foi condenada a se transformar em uma Mula sem Cabeça que tem fogo ao em vez de uma cabeça, galopando através dos campos desde o sol de quinta-feira até o nascer do sol de sexta-feira. O mito tem várias variações em relação ao pecado que transformou a mulher amaldiçoada em um monstro.É a forma que toma a concubina do sacerdote. Transforma-se em um forte animal, de identificação controvertida na tradição oral, e galopa, assombrando quem encontra. Lança chispas de fogo pelo buraco de sua cabeça. Suas patas são como calçadas com ferro. A violência do galope e a estridência do relincho são ouvidas ao longe. Às vezes soluça como uma criatura humana.
O encanto desaparecerá quando alguém tiver a coragem de arrancar-lhe da cabeça o freio de ferro ou se alguém tirar uma gota de sangue com uma madeira não usada. Dizem-na sem cabeça, mas os relincho são inevitáveis. Quando o freio lhe for retirado, reaparecerá despida, chorando arrependida, e não retomará a forma encantada enquanto o descobridor residir na mesma freguesia. A tradição comum é que esse castigo acompanha a manceba do padre durante o trato amoroso (J. Simões Lopes Neto, Daniel Gouveia, Manuel Ambrósio, etc.). Ou tenha punição depois de morta (Gustavo Barroso, O Sertão e o mundo).
A Mula sem cabeça corre sete freguesias em cada noite, e o processo para seu encantamento é idêntico ao do Lobisomem, assim como, em certas regiões do Brasil, para quebrar-lhe o encanto bastará fazer-lhe sangue, mesmo que seja com a ponta de um alfinete. Para evitar o bruxedo, deverá o amásio amaldiçoar a companheira, sete vezes, antes de celebrar a missa. Manuel Ambrósio cita o número de vezes indispensável, muitíssimo maior (Brasil Interior). Chamam-na também Burrinha de padre ou simplesmente Burrinha. A frase comum é "anda correndo uma burrinha".
E todos os sertanejos sabem do que se trata. Em um dos mais populares livros de exemplos na Idade Média, o Scala Celi, de Johanes Gobi Junior, há o episódio em que a hóstia desaparece das mãos do celebrante porque a concubina assiste à missa (Studies in the Scala Celi, de Minnie Luella Carter, dissertação para o doutorado de Filosofia na Universidade de Chicago, 1928). Gustavo Barroso supõe que a origem do mito provenha do uso privativo das mulas como animais de condução dos prelados, com registros no documentário do século XII

Cabeça de cuia

Cabeça de cuia

Cabeça de Cuia é um mito da região nordeste do Brasil, mais precisamente contado no estado do Piauí[1], ao longo da bacia do Rio Parnaíba.
Há várias versões de lendas que envolvem a figura do Cabeça de Cuia. Em uma das lendas mais difundidas trata-se da história de Crispim, um jovem pescador que morava às margens do Rio Parnaíba.[2]. De família pobre, Crispim vivia sozinho com a mãe, enfrentando adversidades por conta da escassez de peixes no Rio em época de enchente.
Segundo esta lenda, certo dia Crispim saiu cedo para pescar, mas não obteve êxito em sua empreitada. Sua mãe, compadecida com a situação, pediu à vizinha algo para que pudesse fazer o almoço de seu filho. Porém, a única coisa que lhe foi oferecido foi um osso de boi, com o qual a mãe de Crispim fez uma sopa rala, sem carne, com o osso apenas para dar gosto à água, misturada com farinha.
Ao voltar cansado e frustrado da pescaria, Crispim se revoltou ao ser servido com aquela sopa de osso. Em meio ao clima conflituoso de discussão, ele atirou o osso contra a própria mãe, atingindo-a na cabeça e matando-a. Antes de morrer, a mãe lançou uma maldição em Crispim, o transformando num monstro. Tomado pela culpa de ter matado sua mãe, Crispim, desesperado, põe-se a correr. Enquanto corre, sua cabeça começa a crescer como uma enorme cujuba. A partir de então, ele ficaria vagando entre os dois rios que percorrem longos quilômetros e se encontram em Teresina. Sua sina é vagar seis meses pelo Rio Parnaíba e seis meses pelo Rio Poty. Segundo a lenda, Crispim só será libertado da maldição quando conseguir devorar sete Marias virgens.
Alguns moradores de regiões ribeirinhas afirmam que o Cabeça de Cuia, além de procurar as virgens, assassina os banhistas do rio e tenta virar embarcações que passam por ali. Outros também asseguram que Crispim ou, o Cabeça de Cuia, procura as mulheres por achar que elas, na verdade, são sua mãe, que veio ao rio Parnaíba para lhe perdoar.
Outra versão do mito do Cabeça-de-Cuia o tem como um guardião das águas dos rios Parnaíba e Poty, considerando que os antigos habitantes indígenas do Piauí possuíam culto a figuras do gênero, posteriormente demonizadas pelos colonizadores. Na mitologia piaga, considera-se que o Cabeça de Cuia é amigo dos que respeitam os rios, mas pode se tornar agressivo aos que profanam suas águas. Em seu livro "Cabeça de Cuia: monstro ou ET?", o escritor Reinaldo Coutinho contra vários relatos populares envolvendo diferentes faces deste mito, incluindo versões em que esta entidade se apresenta de maneira mais amigável. No livro "Passarela de Marmotas", Fontes Ibiapina também apresenta seus estudos sobre o mito. Câmara Cascudo, folclorista potiguar, também cita o Cabeça-de-Cuia em sua obra "Geografia dos Mitos Brasileiros".
Prefeitura de Teresina instituiu, em 2003, o Dia do Cabeça de Cuia, a ser comemorado na última sexta-feira do mês de abril.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Câmara Cascudo; Geografia dos Mitos Brasileiros; Editora Global, 2001.
  • Fontes Ibiapina; Passarela de Marmotas, COMEPI, 1975.
  • Rafael Nolêto; "Mitologia Piaga", Clube de Autores, 2019.
  • Reinaldo Coutinho; Cabeça de Cuia: Monstro ou ET?, Edições do autor, 2002.