terça-feira, 19 de novembro de 2013

Uma Lição de Amor e persistência de Pai Cipriano e do Sr. Tatá Caveira


 

- Os valores e a responsabilidade da fé.
Muito eles nos dizem com o intuito de que possamos, através da repetição, pensarmos se houve aprendizado ou estamos de recuperação na escola da vida. Nos questionam quais são nossos objetivos? Quais são nossos reais compromissos? Quais são nossas responsabilidades?
Pai Cipriano diz que muito "Seu Cavalo" (médium) tem escrito e falado exaustivamente para todos, inclusive para a mídia sobre a sociedade que tem exacerbado valores materiais em detrimento dos valores espirituais. Que o homem tem brincado de Deus, adaptando a fé as suas necessidades e interesses, assumindo para si até mesmo o poder da vida e da morte de outro ser humano.
Será que estamos, de fato, perdendo nossos valores espirituais e deixando a materialidade ser o maior objetivo em nossas vidas? Estamos adaptando fé, a religião 'as nossas necessidades? Onde fica a fé, Deus, a irmandade entre os seres humanos, o amor ao próximo? Onde está nossa caridade, valores familiares?
- Deus e o servir: fé consciente.
Os homens tornam-se cada vez mais "poderosos" desagradando a Deus. Ruim para Deus, ruim para os homens.
Estamos colocando Deus, Orixás, guias em uma posição servil . Para muitos os guias estão trabalhando para o ser humano, e acreditam que eles precisam de nós para se manifestar, para evoluírem... Não deveria ser ao contrário?
Somos nós que precisamos servir a Deus, somos nós que devemos louvar e agradecer aos Orixás e guias pela sua presença em nossas vidas. Nós é que precisamos evoluir e servir. Mas fazemos de fato isso? Sabemos de fato agradecer a Deus, aos orixás e aos guias? Ou só lembramos deles quando estamos com problemas?
Pretos-velhos e sacerdotes não são bengalas. Isso é dito por eles constantemente, mas foi aprendido?
Aprendemos de fato que eles nos dão orientação espiritual, mas a caminhada, as escolhas, são nossas? Entendemos o livre arbítrio, compreendemos a importância de nossas escolhas, pensamos nas possíveis consequências de nossos atos e estamos prontos para assumi-las sejam estas boas ou ruins?
Pai Cipriano diz que a sociedade atual não difere da romana, com sua perda de valores... buscamos nas ofertas, oferendas, sacrifícios cruentos e na fé interesseira, a solução de nossos problemas. Porém, é preciso lembrar a importância das palavras (que saem de nossas bocas naquilo que prometemos, nas responsabilidades que assumimos). "João disse: ... no início era o verbo, o verbo era Deus, e o verbo se fez homem."
A intenção do pensamento se faz em palavras e atitudes; assim, não basta pedir ou pensar algo e fazer o contrário, pois a palavra do pensamento irá se materializar em nossas vidas, em nossos atos (nos bons e nos maus pensamentos).
Pai Cipriano diz e ensina, na sua forma de preto-velho, a importância da atitude, da obra, da pratica, e de uma fé consciente e inteligente, em que os guias e os Orixás não são "bocas famintas" ou "barrigas vazias" a procura de trocas, barganhas ou migalhas, em troca de oferendas quaisquer.
- Função da religião (não somente da Umbanda) em nossas vidas.
Ele nos lembra sempre: qual a função da religião, na ajuda e no benefício ao próximo; na disciplina, dignidade e no valor humano?
As entidades e guias não precisam nos satisfazer em tudo. Os assistentes nem sempre são crentes, às vezes vêm apenas pedir, outras vezes são crentes e durante a busca eles louvam e glorificam.
Louvar e glorificar é o objetivo e o papel do crente.
Terreiro é comunidade, Igreja significa comunidade, então todo terreiro é uma Igreja, uma assembléia, uma comunidade que entrar em comunhão para louvar ou entrar em consonância com as divindades na procura de ajuda (material e espiritual) e para pedir.
Pedir é algo que o homem faz desde que se tornou homem; o erro não está no pedir, mas sim, no que se pede. E o pedido não pode ir contra a consciência divina, a moral, os valores, o respeito ao livre-arbítrio de cada um. Se o pedido vai contra essa consciência divina, ai sim, perdemos o amor divino, o respeito ao significado da própria fé e da religião, sua entre a Deus.
Hoje o homem não faz a entrega (pede tudo e qualquer coisa, inclusive prejudicando ou tentando prejudicar o próximo), não se dá ao próximo, não compartilha. Rompemos o vínculo com o divino olhamos apenas para nós mesmos.
Foi avisado por Pai Cipriano para trocarmos o ver pelo enxergar, a necessidade do comprometimento com a fé e com o trabalho espiritual. Que o médium deve assumir deveres diversos e cabe ao sacerdote orientar, ensinar e cobrar a participação dos médiuns.
Não devemos confundir o que é responsabilidade, o que é comprometimento e o que é entrega.
Aos ignorantes não há compreensão do real valor de Deus. O mínimo necessário para que a manifestação de Deus seja válida e forte em suas vidas, tudo foi resumido ao dinheiro, ao bem-estar, a acumulação de bens... quem assim age e assim vive e consegue essas coisas, é valorizado e se diz que Deus o está ajudando.
Muitas pessoas desfrutam dessa visão, mas sem a responsabilidade para com o divino (independente até da religião que professam). Poucos adquirem a consciência do sacro-ofício, do se dar, do se importar uns com os outros. Veem apenas Deus por $$$.
Pai Cipriano diz que Deus começa e termina dentro de nós mesmos. Naquilo que pensamos em Deus e materializamos em nossas palavra e atitudes.
- Entrego, aceito, confio e agradeço.
É preciso saber vivenciar o que nos foi ensinado: entrego, aceito, confio e agradeço.
Nos é exemplificado que "o livro da vida" existe espiritualmente e nós somos este livro. Trazemos algumas páginas escritas por Deus, por nossas escolhas e atos; outras páginas estão em branco e que deveram ser preenchidas ao longo de nossa caminhada. A página seguinte pode estar escrita ou não. Sendo, 'as vezes, consequência do que nós escrevemos anteriormente, do como superamos e mediamos em nossos problemas.
O entendimento do "livro da vida" manifesta-se o Carma (acontecimentos que irão ocorrer: bons ou ruins) e do Darma (o modo, as circunstâncias pelas quais lidaremos com os carmas), para seguir nossa caminhada na vida e entre nossos semelhantes.
A religião irá nos ajudar; mas não está ali para resolver todos os nossos problemas. É através da religião que nos aproximamos do divino e conseguimos o equilíbrio para entender, aceitar e manifestar nossas próprias escolhas, sejam elas boas ou ruins.
Existe uma diferença entre o se dar e se achar merecedor, assim como o de ser merecedor. Esta diferença esta no que se aprendeu no caminho, na maturidade de saber que o material e o espiritual nem sempre se encontram.
- O que queremos e o que merecemos.
Será que sabemos de fato o que fazemos?
Não existem só caminhos bons. Independente quantos milagres tenham sido feitos, poucos irão compreender e aceitar que os problemas ocorreram e que estão vinculados as escolhas sejam elas boas ou ruins.
Às vezes somos avisados, mas, mesmo assim, negamos o ruim, pois só queremos o bom. Devemos entender que não existe bem sem mal, ou mal sem bem; o importante é aprender como lidar com ambos.
O grande fascínio de viver é saber viver. Buscando na religião a fonte de ajuda para degustar os momentos bons e ruins, aproveitando com plenitude a existência e sem amarguras, culpas e medos.
Quando não se tem tudo que se quer, devemos saber aproveitar o que se tem, do jeito que tem (seja pouco ou até o mínimo, seja bom ou ruim).
Saber avaliar ações e consequências torna mais fácil o trato com o ser humano. Daí a necessidade de se por valores a cada escolha, a cada momento.
O que vale são as conquistas verdadeiras. Lembrando que gentileza gera gentileza e devemos praticá-la. Um ato de agressão e ofensa não deve ser devolvido, mas entendido e levado 'a justiça (seja dos homens, seja a de Deus).
- Crença, fé, ação e trabalho.
Devemos questionar sempre: esta forma me atende? Estou louvando da forma adequada? Estou servindo a Deus ou me servindo dele? Estou ajudando aos meus semelhantes ou os usando para meu benefício? Estou me dando a uma fé inteligente ou sendo cega e buscando na fé benefícios próprios?
Sr. Tatá Caveira nos diz: fé sem trabalho não serve para nada. Sem trabalho esta fé não tem força. Sem consciência, valores, respeito, comprometimento, doação, inteligência, essa fé se torna banal e manipulável, interesseira e corrupta. Não agrada a Deus ou a seus representantes.
Aceitem se quiser o desafio do Sr. Tatá:
"-Vocês acreditam que basta somente a fé cega e tudo acontece? Pois bem, peguem um punhado de terra em sua mão e com sua fé cega façam crescer dali um Baobá. Se conseguirem não deixem de me mostrar. Pois aí acreditarei que só a fé cega basta."