Terreiro Mokambo (Onzó Nguzo Za Nkisi Dandalunda ye Tempo, "Casa da Força Espiritual das Divindades Dandalunda e Tempo") é um terreiro de candomblé bantu localizado na Rua Neide Carneiro, Vila Dois de Julho, Salvador, Bahia.[1] Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia em 2006.[2]
Tata Anselmo Santos, cuja dijina é Minatojy, foi iniciado ao inquice Dandalunda tendo como segundo inquice Quitembo no dia 16 de agosto de 1975. Desde cedo começou a perceber que tinha uma missão na religião do Candomblé, só não sabia qual a missão e quando começaria a executá-la.
Durante 20 anos o inquice Dandalunda permitiu que o Taata Anselmo tivesse uma vida civil normal como todo mundo. Ele estudou formando-se Bacharel no curso de Secretariado Executivo da Universidade Católica do Salvador e dirigiu sua vida profissional para a área de comunicação, desenvolvendo diversas atividades nas emissoras de Televisão locais firmando-se profissionalmente como Produtor Executivo.
O dia 18 de fevereiro de 1989 foi significativo para o Taata Anselmo, nesta data faleceu sua Zeladora de Nkisi Mameto Mirinha de Portão (Altanira Maria Conceição Souza) e deste dia em diante sua vida jamais foi a mesma.
Foi um processo longo e difícil a aceitação do Sacerdócio, pois exige muita disposição, abnegação e dedicação exclusiva para que se possa cuidar dos Bakisi de forma séria e correta, dentro do processo Tradicional que se representa.
História[editar | editar código-fonte]
No início da década de noventa começa uma grande movimentação para a fundação do terreiro que seria de responsabilidade de Tata Anselmo. Aconteceram três doações de terrenos para a construção do terreiro, porém, Dandalunda rejeitou todas. Precisamente no dia 2 de Julho de 1993 foi fundada a Associação Beneficente Pena Dourada, em homenagem ao caboclo Pena Dourada (Encantado que acompanha o Tata Anselmo) com a finalidade de nortear os trabalhos de fundação, execução, manutenção e funcionamento do Terreiro.
Foi comprado um pequeno lote no Loteamento Vila Dois de Julho e foram desenvolvendo os trabalhos sociais e religiosos dentro da medida do possível, até que no dia 18 de janeiro de 1996, pelas mãos do Tata Kamukenge do Tata Anselmo, Sr.Gervásio da Silva (Pai Zequinha), o Tata Pokó do Terreiro São Jorge Filho da Goméia, de Mãe Mirinha de Portão, servindo ao inquice Mutalombô, foi fundado o Terreiro Mokambo – Onzó Nguzo za Nkizi Dandalunda Ye Tempo.
A partir daí começaram definitivamente os trabalhos religiosos e hoje o Terreiro conta com um número significativo de seguidores fixos e de amigos do Terreiro que unidos buscam recursos para a manutenção do mesmo que conta com mais de 1200 m² de área construída e um remanescente de Mata Atlântica que está sendo alvo de Reconhecimento como Área de Proteção Constante.
Depois do Terreiro construído e de estar em plena atividade religiosa, foi descoberto que existe a possibilidade da área do Terreiro ser remanescente de Quilombo, pois o Terreiro está numa área de desmembramento de uma fazenda chamada Fazenda Mokambo que em Kikongo quer dizer casebre, palafita ou cumeeira, logo ficou estabelecida a ligação da energia existente no local com o Terreiro que sem dúvida é um local aprazível e detentor de uma energia positiva que salta aos olhos dos visitantes e seguidores do Terreiro.
Linhagem[editar | editar código-fonte]
- Manuel Severiano de Abreu (Jubiabá) - Bisavô de Nkisi
- João Alves Torres Filho (Joãozinho da Goméia) - Avô de Nkisi
- Altanira Maria Conceição Souza (Mirinha de Portão) - Mameto dya Nkisi
- Anselmo José da Gama Santos (Tata Anselmo) - Tata dya Nkisi
Como se pode observar, esta na quarta geração de manutenção da Tradição Bantu, muito embora tenham passado por diversas alterações no decorrer dos anos, hoje o trabalho é tentar resgatar inúmeros elementos da cultura bantu esquecidos ou que tenham suas práticas abandonadas, com o entendimento de que nunca haverá Candomblé puro, pois com o advento da escravidão todas as etnias africanas irmanaram-se e trocaram informações entre si tão concisas que nada mais será capaz de mudar esta realidade.
“ | Não diga ao seu Nkisi que você tem um grande problema, diga ao seu problema que você tem um grande Nkisi que resolverá sua vida. |