Vativa ficou totalmente arrepiada quando ouviu o que a bruxa lhe disse: - Precisamos do sangue de um inocente! - Sua mente imediatamente focalizou a imagem de Yorg, seu pequeno filho de apenas três anos. Seus pensamentos vagaram por alguns instantes enquanto a mulher remexia em um pequeno caldeirão de ferro. Estava ali por indicação de uma vizinha que conhecia o problema pelo qual estava passando. Era casada, não tinha queixas do marido, mas de repente parece que uma loucura apoderou-se dela. Apaixonara-se por um rapazote de dezessete anos, ela uma mulher de trinta, bela e fogosa não resistira aos encantos do adolescente e sua vida transformou-se em um inferno. Já traira seu marido algumas vezes, mas desta vez era algo fora do comum, não conseguia conceber a vida longe do rapaz. Conversando com a vizinha, a quem contava tudo, esta aconselhou: - Vá falar com a bruxa Chiara ela resolve o assunto para você. - Pensou durante alguns dias e não resistiu, foi procurar pela feiticeira. O ambiente era horrível e a aparência da mulher assustadora, alta, muito magra, com apenas dois dentes na boca, vestia-se inteiramente de preto e fora logo dando a solução: - Vamos matar seu marido, aí você fica livre e se muda para outro povoado, bem distante, levando seu amante! - Vativa ficou assustada, não era essa a idéia. Não tinha porque matar seu marido. Não havia um jeito mais fácil? - De forma alguma, se o deixarmos vivo, quem morre é você! Mas não se preocupe eu cuido de tudo. - Foi aí que ela falou do sangue inocente. - A senhora está tentando dizer que tenho que sacrificar meu filho? - Para fazer omelete, quebram-se ovos... Vativa não estava acreditando, a mulher dizia barbaridades e sorria cinicamente. Levantou-se e saiu correndo apavorada. A risada histérica dada por Chiara ainda ecoava em seus ouvidos quando chegou a casa. Desse dia em diante suas noites tornaram-se um tormento, bastava fechar os olhos para ver aquele homem todo de preto que a apontava com uma bengala: - Agora você tem que fazer! - Em outras ocasiões ele dizia: - Você não presta mesmo, nunca prestou! - Vativa abria os olhos horrorizados e não conseguia mais dormir. Uma noite, já totalmente transtornada com a aparição freqüente, saiu gritando pela casa. Ouvindo os gritos da mãe o pequeno Yorg acordou e desatou a chorar. Sem saber como, a faca apareceu em sua mão. - Cale a boca garoto dos infernos! - A lâmina penetrou por três vezes no pequeno corpo. Retomando a consciência não suportou a visão do crime cometido e caiu desmaiada. Na queda, a vela que iluminava o pequeno ambiente caiu-lhe sobre as vestes e em pouco tempo o fogo consumia tudo. Por muitos anos o espírito de Vativa vagou até conseguir a chance de evoluir junto a um grupo de trabalhadores de esquerda. Hoje todos a conhecem pela grandeza dos trabalhos que pratica na linha da guardiã Maria Padilha, mas se há uma coisa que ela odeia é relembrar o fato, por isso poucas vezes o comenta. Com posto garantido na falange do cemitério detesta ser lembrada para amarrações e perde a compostura quando há um pedido do gênero. Saravá Maria Padilha das Sete Catacumbas!
Sete Catacumbas é uma legião de iniciados nas artes ocultas, o que comumente chamamos de magos. Alguns deles foram maçons, templários e cabalistas, todos profundos conhecedores da alta magia. Por isso seu conhecimento e sua facilidade em desmanchar trabalhos complexos. Daí também vem a sua seriedade com o assunto é o que também os motiva a serem mais reservados e falarem pouco, demorando-se pouco no atendimento. Se reservam o direito do silêncio seguindo o preceito: Se é pra falar besteira é melhor ficar quieto.
Durante suas passagens todos eles usaram esse conhecimento em benefício próprio tornando-se "Magos Negros". Logo após o desencarne para permanecerem fortes e com controle sobre nosso mundo material precisavam alimentar-se, para isso exigiam sacrifícios principalmente de crianças em troca de "favores" (Por essa razão muitos médiuns dessa entidade tiveram verdadeiro pavor do escuro e de vultos que viam durante a infância).
Aqui começa a ligação com as Giras Padilhas e as Catacumbas. Salientando que o nome "Padilha" deve-se a uma médium espanhola, se não me engano, de grande renome na Europa no século passado. Bom mas as entidades que chamamos por estes nomes são catiças de seus respectivos Exús Sete Catacumbas. Seriam muito mais escravas do que mulheres ou irmãs.
A história mais conhecida fala de uma moça chamada Vativa que sacrificou seu filho Yorg de três anos para que Seu Sete lhe desse sucesso na fuga com seu amante de 16 anos. Facilmente encontrado na net por isso não vou entrar em pormenores.
Na verdade elas não são necessariamente escravas de Sete Catacumbas, mas sua ligação é cármica e temporária. A esta falange junta-se também aquelas que por amor a um homem abortaram o filho de outro para que a criança não atrapalhasse o novo relacionamento.
Sete catacumbas depois disso é condenado ao inferno, purgatório, Umbral ou ao nome que você quiser chamar. Passa um tempo nesse local. Tempo suficiente para repensar suas práticas e quando chega a hora de sair de lá, vê que lá mesmo há um grande trabalho a ser feito. Olha em volta e vê outros espíritos sofredores. Como colegas de cela de uma prisão com que fizera amizade. E decide ficar e ajudá-los a evoluir.
Sete catacumbas permanece lá até hoje, não por castigo, mas por livre escolha. Suas companheiras de jornada em uma ligação cármica abraçam com eles o desafio reparando a mau que causaram.
Todas as pombagiras que trabalham na linha das almas, kalunga, são pombagiras das almas, mas existe uma específica que usa essa denominação, não se tratando da mesma entidade. Ela trabalha junto a João Caveira, Tata Caveira, Rosa Caveira. Depois teríamos o grupo das tumbas, das mulambos e aí sim as Padilhas e Catacumbas.
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