quinta-feira, 31 de maio de 2018

Allan Kardec - Sobre Demônios


Em sua sabedoria, Deus criou todos os espíritos perfectíveis

"Demônios" são espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração


Você acha que é possível alguém resolver ser mau e ignorante para sempre e nunca se entediar por ter tomado essa decisão? Principalmente se esse alguém descobrir, por observação, que fazer o bem e tornar-se bom é o grande lance e a única possibilidade para beneficiar-se a si mesmo e passar a viver numa condição muito melhor? 

De acordo com a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência. Esses anjos teriam sido colocados primitivamente por Deus no ápice da escala tendo dela decaído. Aqueles que por apatia, negligência, obstinação ou má vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as conseqüências dessa atitude e o hábito do mal lhes dificulta a regeneração.


O espiritismo, por outro lado, afirma que os demônios são espíritos ainda imperfeitos, suscetíveis de regeneração, os quais, colocados na base da escala, nela haverão de graduar-se.

Em sua sabedoria, Deus criou todos os espíritos perfectíveis

O espiritismo esclarece que, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas. Uma vez libertos do corpo material, passam a integrar o mundo espiritual ou dos espíritos, que povoam os espaços. Deus criou-os perfectíveis e lhes deu por objetivo a perfeição, com a felicidade dela decorrente.

Para que tenha mérito, Deus fez com que a perfeição deva ser alcançada através do esforço próprio
O Criador não deu aos espíritos a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento de sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingindo o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até os anjos há uma cadeia em que cada um dos elos assinala um grau de progresso.

Assim, conclui-se que há espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.

Nas classes inferiores estão os espíritos ainda profundamente propensos ao mal
Em todos esses graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se espíritos profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios que se lhes atribuem. O espiritismo não lhes dá esse nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.

Apesar do livre arbítrio, todos os espíritos estão submetidos à Lei do Progresso

A esses espíritos de classes inferiores, chega-lhes porém um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas conseqüências. Eles comparam a sua situação à dos bons espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorar-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento. "Submetidos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para ele não progridem, ainda assim, contra a vontade". Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito e Deus que que todos tenhamos o mérito das nossa obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custas do esforço próprio.

Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum
Chegados a determinado grau de pureza, os espíritos têm missões adequdas ao seu progresso. Preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias.