França, final do século XIX. Juliette estava desesperada. Aos 17 anos, filha de nobres franceses, estava prometida em casmento ao jovem Duque Dareaux. Mas havia se apaixonado por um dos cavalariços da propriedade de seu pai, entregara-se a essa paixão, e agora esperava um filho, fruto dese amor proibido. Somente confiara o segredo a sua velha ama Marie, quase uma segunda mãe, que a vira nascer e a criara. Sua mãe verdadeira já havia falecido. Marie a aconselhou a fugir com Jean, seu amado.
O rapaz a amava mais que tudo nesse mundo, e concordou que a única saída era fugirem juntos, para viverem uma vida humilde em algum outro país. Então, certa noite fugiram os três, levando apenas alguns poucos pertences e os cavalos. Perto da meia noite, Juliette e Maria esgueiraram-se até os fundos do pomar, onde o rapaz as aguardava. Montaram rapidamente e partiram.
Porém Sophie, a filha do caseiro, que era apaixonada por Jean e morria de ciúmes de Juliette, soube de tudo e avisou o nobre Antoine, pai da moça. Imediatamente ele partiu com seus homens em perseguição dos fugitivos. Em pouco tempo os alcançaram na estrad. Antoine gritou para que parasem. Asustado, Jean apresou o galope e um tiro fatal o acertou bem no meio das costas, varando-lhe o coração. Juliette correu para o amado, gritando de desespero, quando ouviu um segundo tiro. Olhou para trás, sua querida ama Marie jazia morta no chão.
Cega de dor e desespero, a moça pegou a arma de Jean e apontou-a para seu próprio pai. Minha filha, solte, esa alma! Ele gritou, mas Juliette apertou o gatilho e acertou seu pai, matando-o na hora. Chorando e em total descontrole, a jovem saiu corendo na escuridão daquela noite tenebrosa. A poucos metros havia uma ponte sobre um rio profundo, e Juliette jogou-se na água gelada, acabando com sua própria vida e a do filho que esperava.
No Astral, um triste destino aguardava seu espírito atormentado.. depois de vaguear por muitos lugares negros e portais de sofrimento, e conhecer as mazelas de incontáveis almas sofredoras como ela, Juliette foi recolhida por Espíritos Socoristas e se transformou na Pomba Gira Maria Navalha dos Sete Cruzeiros da Calunga, que socore aos que a invocam com palavras de fé, e um soriso constante de quem muito sofreu, e compreende o sofrimento alheio.