Meimei, pseudônimo de Irma de Castro Rocha
Meimei, pseudônimo de Irma de Castro Rocha [1] (Mateus Leme, 22 de outubro de 1922 - Belo Horizonte, 1 de outubro de 1946) foi uma educadora brasileira.
História[editar | editar código-fonte]
Irma de Castro Rocha nasceu na cidade de Mateus Leme, Minas Gerais, no dia 22 de outubro de 1922. Filha do casal Adolpho Castro e Mariana Castro. Teve quatro irmãos: Ruth, Alaíde, Danilo e Carmem. Entre os familiares tinha o apelido de “Naná”. Desde criança, era diferente de todos pela sua beleza física e por sua inteligência notável. Era alegre, comunicativa, espirituosa, espontânea e cativava a todos com que convivia. Aos dois anos de idade, sua família transferiu-se para a cidade de Itaúna, Minas Gerais, e aos cinco anos, ficou órfã de pai.
Cursou com facilidade o ensino primário, mesmo ante a doença nefrite crônica que se manifestou nesta fase. Por seu sonho e pulsante ideal em exercer a docência, matriculou-se, na Escola Normal de Itaúna (atual Colégio Estadual), cursando com brilhantismo o Normal (Magistério); era considerada a primeira aluna da classe, no entanto, ao 2º ano do curso teve de abandonar os estudos devido à reincidência da doença nefrite, que se manifestou mais acentuadamente, deixando-a acamada. Todavia, muito inteligente e ávida de conhecimentos, foi apurando sua cultura através da boa leitura.
Posteriormente, melhor de saúde, mudou-se para Belo Horizonte em companhia de sua irmã Alaíde, a fim de arranjar um emprego; ajudadas por amigos, em breve tempo Alaíde empregou-se como balconista e Irma como substituta voluntária numa escola paroquial. Nesse período conheceu Arnaldo Rocha (1922-2012), ateu radical e convicto, de quem se tornou grande amiga e, no futuro, esposa. Casaram-se na Igreja São José, matriz de Belo Horizonte, em 10 de junho de 1942. E ela mesma fez o vestido por ser exímia costureira sem nunca haver aprendido.
O casal vivia em um ambiente de muita paz, amor e de uma infinita compreensão. Possuíam muitos livros. Irma tinha gosto pela leitura, excepcional capacidade mnemônica e adorava fazer leitura em voz alta, principalmente a de suas autoras preferidas: As Irmãs Bronte.
A carinhosa expressão “Meimei” foi adotada pelo casal a partir da leitura que fizeram do livro “Momentos em Pequim”, do escritor sino-americano Lyn Yutang. No glossário da obra, eles encontraram o significado da palavra Meimei: “A noiva bem amada”, que a irmã Ruth preferiu adaptar para “Amor Puro”, outro conhecido codinome de Meimei por sua peculiar delicadeza e virtudes. O casal tinha muitos apelidos um para com outro e divertiam-se com as situações imaginárias que teciam ao fazer as leituras em conjunto trocando os nomes pelos personagens de cada estória. Neste ínterim a felicidade não era de todo locupletada devido à falta de não poder ter um filho; segundo os médicos que cuidavam da saúde de Irma, uma gravidez poderia levá-la a óbito. Com sua fértil imaginação criara um filho; chamava-o de “meu principezinho”, cantava e o embalava em seus braços... Quando saía às ruas, todas as crianças que encontrava recebiam o cumprimento: “Deus te abençoe”, e, quando podia, trazia para seu lar as crianças que ela ensinava voluntariamente na Igreja Paroquial.
Notadamente, por amor à infância tinha a sua atenção mais voltada para o problema da educação. Autodidata, dedicava-se aos estudos sobre a arte em ensinar e afirmava sempre que: “Ensinar era uma nobre profissão; era libertar as consciências da sombra da ignorância; era levar às crianças o amor aos livros e ao estudo”, uma vez que, acreditava, veemente no potencial transformador da educação.
Deste modo, a vida parecia correr naturalmente se não fosse pelas constantes dores nos rins; Irma começou a apresentar dores de garganta. O esposo de imediato levou-a ao consultório de um médico amigo da família. Este, mediante o forte quadro de amidalite aguda, aconselhou a retirada das amídalas o mais rápido possível. Assim foi feito. Mas, por infelicidade, um pequeno pedaço da amídala ficou e com isto seu organismo passou a apresentar graves infecções e o problema renal agravou-se transformando-se numa glomerulonefrite com perturbações hipertensivas arterial e craniana. Essa pressão craniana levava ao deslocamento das pupilas e do cristalino; com o progresso dessa enfermidade, Irma ia perdendo a visão a cada dia e, como a cegueira era evidente, ela pedia a seu amado companheiro que lhe desse as mãos, pois só assim ela conseguia “enxergá-lo”. Em seus últimos dias de vida, ela começou a ter visões. Falava da avó Mariana, que vinha visitá-la e que em breve iria levá-la para viajar pela alba dos céus. O dedicado esposo não se preocupava com o relato dessas visões, já que era comum vê-la, por exemplo, lendo um livro e, de repente, ficar com o olhar perdido no tempo ou, outras vezes, conversar com os ditos mortos... Nesses instantes, ele olhava-a de lado e pensava: “Está delirando”. Quase sempre, relembrando cenas do passado, ela afirmava: “Naldinho, vejo cenas, e nós estamos dentro delas; aconteceu em determinada época na cidade...”. Materialista e não sabendo como lidar com esses assuntos, cortava o diálogo, afirmando: “Deixa isso de lado, pois quem morre deixa de existir”. Isso era o que ele pensava...
Embora todos os esforços dos médicos, do esposo e de toda a família, a doença se agravou e seu organismo passou a ser minado pela infecção. Irma morreu completamente cega, aos 24 anos de idade, vítima de um edema agudo de pulmão, na madrugada de 01 de outubro de 1946, em Belo Horizonte-MG.
Meimei (Espírito)[editar | editar código-fonte]
Aproximadamente cinquenta dias após a desencarnação da esposa, Arnaldo Rocha, profundamente abatido, acompanhado de seu irmão Orlando, que era espírita, descia a Av. Santos Dumont, em Belo Horizonte, quando avistou o médium Chico Xavier. Arnaldo Rocha não era espírita e nunca privara da companhia do médium até aquele momento. Quase dez anos atrás haviam-no apresentado a ele, muito rapidamente. Ele devia ter pouco mais de doze anos. O que aconteceu ali, naquele momento, mudou completamente sua vida. E é ele mesmo quem narra o ocorrido:
"Chico olhou-me e disse: 'Ora gente, é o nosso Arnaldo, está triste, magro, cheio de saudades da querida Meimei'... Afagando-me, com a ternura que lhe é própria, foi-me dizendo: 'Deixe-me ver, meu filho, o retrato de nossa Meimei que você guarda na carteira.' E, dessa forma, após olhar a foto que lhe apresentara, Chico lhe disse: '- Nossa querida princesa Meimei quer muito lhe falar!'.”.
Naquela noite, em uma reunião realizada em casa de amigos espíritas de Belo Horizonte, o Espírito Meimei deixou sua primeira carta psicografada através do médium brasileiro Francisco Cândido Xavier.
Arnaldo Rocha tornou-se espírita, fundou o Centro Espírita Meimei na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, e foi inseparável amigo de Chico Xavier.
Importante ressaltar que, Irma de Castro Rocha, não era espírita, ela professava o Catolicismo. Após o seu desencarne quando começou a escrever mensagens e ainda diversos livros valendo-se da extraordinária faculdade mediúnica de Chico Xavier, tornou-se muito conhecida no meio espírita por Meimei. Ela é reverenciada no país inteiro, levando seu nome a lares, abrigos, creches, e até uma escola do ensino médio, na cidade do Rio de Janeiro; do mesmo modo uma avenida na cidade de Uberaba, Minas Gerais, tem a sua alcunha – a Avenida Mei Mei localizada no Jardim Esplanada.
As suas mensagens e os livros psicografados por Francisco Cândido Xavier e até mesmo por outros médiuns, demonstram a similitude daqueles educadores - de todos os tempos - que possuiam e possuem o ideal de construir um mundo melhor para todos, através da educação.
E, mormente pelo estado 'Espírito', Meimei devota-se à infância fazendo-se trabalhadora cristã dedicada à educação do homem integral.
Obras[editar | editar código-fonte]
Pai Nosso (1952, psicografado por Chico Xavier)
Evangelho em Casa (1960, psicografado por Chico Xavier)
Cartilha do Bem (1962, psicografado por Chico Xavier)
Mãe (1971, por Espíritos Diversos com mensagens de Meimei, psicografado por Chico Xavier)
Amizade (1977, psicografado por Chico Xavier)
Somente Amor (1978, pelos Espíritos Maria Dolores e Meimei, psicografado por Chico Xavier)
Deus Aguarda (1980, psicografado por Chico Xavier)
Sentinelas da Alma (1982, psicografado por Chico Xavier)
Palavras do Coração (1982, psicografado por Chico Xavier)
Os Dois Maiores Amores (1983, por Espíritos diversos com mensagens de Meimei, psicografado por Chico Xavier)
Meditações Diárias (2009, pelos Espíritos Bezerra de Menezes e Meimei, psicografado por Chico Xavier)
Evangelho no Lar Para Crianças de 8 a 80 Anos (2008, psiografado por Miltes Carvalho de Bonna)
Lindas Mensagens de Meimei (2011, psiografado por Miltes Carvalho de Bonna)
Meimei o Amor Perfeito (2013, psiografado por Miltes Carvalho de Bonna)
Ser Feliz! (1990, pelos espíritos Aura Celeste e Meimei, psicografado por Marilu Machado Carvalho)
Retalho do Morro (Ano n/d, psicografado por Marilusa Moreira Vasconcellos)
A Visão de Joaquina; Coleção Meimei (Ano n/d, psicografado por Marilusa Moreira Vasconcellos)
História de André (Ano n/d, psicografado por Marilusa Moreira Vasconcellos)
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- COSTA, Carlos Alberto Braga. Chico, Diálogos e Recordações: histórias inesquecíveis. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 2006.
- RODRIGUES, Wallace Leal Valentim; ROCHA, Arnaldo; ROCHA, Alberto de Souza. Meimei: Vida e Mensagem. Psicografia: Francisco Cândido Xavier. Matão: Casa Editora O Clarim, 1996.
- XAVIER, Francisco Cândido. Mandato de Amor. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 1992.
- Revista Seareiro
- Site da União Espírita Mineira - UEM