Dentre todos os Òrìsà, Òòsààlà é aquele que detém um grande número de oríkì. Isto lhe valeu dentre nós brasileiros, inúmeras “qualidades”, em virtude do desconhecimento da língua Yorùbá pela maioria que pensou então se tratar não de predicados, isto é, o que se diz sobre Ele, mas, tratar-se do próprio sujeito, neste caso, um outro sujeito.
ORIN: É tudo aquilo que é cantado, música, cantiga.
ORÍKÌ: Louvação em palavras dirigidas ao Òrìsà, ou tudo aquilo que se que se diz a respeito do Òrìsà como exaltação de seu poder ou dos seus feitos.
ÒFÒ: Palavras de encantamento para tornar sagrado alguma coisa ou para invocar qualquer entidade.
IJÚBÀ: Pedido de bênção ou demonstração de respeito à autoridade superior.
ÒGÈDÈ: Como o òfò, e convoca as força ocultas para nos auxiliarem.
RARA: Como o ògèdè, mas, de maneira própria um pouco diferente.
ESE: Textos específicos que falam por metáforas, dos Odù (ìton Odù Ifá), que composto de uma série de versos sagrados para cada Odù.
GBÀDÚRÀ: Rezar, o ato de fazer orações.
ADÚRÀ: São as orações sagradas, recitadas às entidades.
ÌTÒN: História antiga, ensinada e passada de geração à geração de Pai para Filho, através da palavra oral.
ÀLÓ: Também, história escrita ou contada por alguém. Ainda existem pessoas que são especialistas em contar histórias, no caso, histórias verídicas do passado, desde a Antigüidade até aos dias presentes, e que são conhecidas como apàló, o contador de histórias. Em sua quase totalidade os apàló não conseguem conta apenas um trecho da história, tendo de começar lá no início, há séculos atrás onde começa aquela história. O ouvinte é quem deve ter atenção à cronologia dos fatos para quando chegar no trecho desejado, situar a parte específica.
ALGUNS DESSES EPÍTETOS DE OBATALA/ÒÒSÀÀLÀ
ÒRÌSÀÀLÀ: Òrìsà do Pano Branco.
ÒRÌSÀÀLÁ: Òrìsà do Sonho.
OBÀTÁLÀ: Rei do Pano Branco, Òrìsà que usa o pano branco.
OBÀRÌSÀ: Rei e Òrìsà ou Rei dos Òrìsà.
ÒÒSÀ: O mesmo que Òòsààlà.
ÒRÌSÀ OLÚFÓN = ÒSÀLÙFÓN: Òrìsà Senhor de Ifón, cidade onde o culto a Òòsààlà é muito forte, onde lhe foi dado o título de “Senhor de Ifón”.
OBÀLÚFÓN: Rei e Senhor de Ifón.
ÒRÌSÀ ÒGÌNYÓN = ÒSÒGÌNYÓN: O Òrìsà dos Inhames Novos. Título recebido por Òòsààlà, logo após a sua ressurreição, após os sete anos de sofrimento na prisão do Reino de Òyó, aonde veio a falecer por causa dos maus tratos a que fora submetido.
ASOJÚSÉMU: Aquele que representa as pessoas que bebem. Talvez, pelo fato de Òòsààlà, segundo a lenda da criação, ter se embebedado com a seiva da palmeira.
ÒSÉREREBO: Aquele que torna as oferendas em coisas boas.
ABÕKUNKUNSONÀ: Aquele dá formato à sombra.
OBÀFÚNWÀ: Rei que nos deu a existência.
OBÀELÉJÌGBÒ: Rei e Senhor de Èjìgbò.
Alguns nomes ou Òríkì atribuídos a Òòsààlà, na realidade são nomes de outros Òrìsà funfun, que acabaram virando “qualidades” de Òòsààlà aqui no Brasil. Dentre eles:
AGEMO Representado pelo Camaleão, que também participa na lenda da criação do mundo. É tido como um dos filhos de Òòsààlà.
ODÙDUWÀ Também um Òrìsà funfun do mito da criação a respeito de quem, existem divergências quanto ao sexo em mitos diversos. Em uns é considerado como a parte feminina da cabaça da existência (Ìgbádù), noutros, é considerado como masculino, o irmão mais jovem de Òòsààlà que furtou o àpò ìwà, a bolsa que continha os elementos para a criação do mundo, assumindo o lugar deste executando o ritual da criação do Ayé. Noutros ainda, também considerado masculino, um grande guerreiro e conquistador de territórios.
OLÚOFIN Outro nome de Odùduwà.
RÒWÙ = ÒRÌSÀ ÒWÙ – Òrìsà do algodão, também considerado um dos filhos de Òòsààlà.
GBEGBÀDÉ Outro oríkì de Ròwú.
ÒRÌSÀ AGBOWUJÌ - ÒRÌSÀ WUJÌ - Òrìsà funfun de culto pouco conhecido.
ÀJÀLÁ Òrìsà funfun, muitas vezes confundido como “qualidade” de Òòsààlà, por ter a função de moldar os Orí (cabeças) no òrun. Tem costumes semelhantes aos de Òòsààlà, até mesmo de gostar de beber, um dos seus èèwò. Diz a lenda, que quando Àjàlá fica embriagado, ele erra na composição da massa dos Orí; ora muito seca, ora muito mole; às vezes cozinhado pouco o barro e às vezes cozinhando demais, o que torna as cabeças mal formadas, com deficiências como, esfarelarem-se ou ficarem tortas e rotas ou muito duras e quebradiças. Sendo daí a importância dele nos destinos das pessoas, quando vão até sua casa para escolherem seus Orí, antes de virem para o Ayé, sendo um dos personagens mais importantes na lenda da escolha do Orí e por tabela, do destino. Destino que poderá ser tão mais fácil ou mais difícil para a pessoa, de acordo com a cabeça escolhida na casa de Àjàlá.
ORÍ É considerado um Òrìsà funfun, o deus pessoal de cada pessoa; aquele que é o único que jamais abandona o seu devoto, mesmo após a morte, quando todos os demais Òrìsà deixam seus devotos e voltam às suas origens. Orí é o mais importante na escolha do destino de cada pessoa. Ele é quem regerá a vida de cada indivíduo no ayé.
ÒRÚNMÌLÀ Considerado um Òrìsà Òkè (Superior). É considerado o Òrìsà mais importante do panteão Yorùbá, abaixo apenas de Olódùmarè (o Deus Supremo). Tem o título de Eléèrí ìpín, a Testemunha da partilha (do destino de cada pessoa). Òrúnmìlà acredita-se, é o Òrìsà sabe tudo, o Òrìsà da sabedoria, o que estava presente antes da criação do ayé, durante a criação e está após a criação do ayé. É aquele que já sabe o que reserva um dia que começa, por isso, também é chamado de Olójóòní (o Senhor do dia). É a Ele, quem pedimos as bênçãos antes do novo dia raiar, para que Ele faça com que este dia seja bom para nós e que Ele mude tudo de mau que porventura esteja em nosso caminho. É um Òrìsà muito importante, como já disse, apenas abaixo de Deus; o que estranha, haverem pessoas “filhas de Òrúnmìlà (qualidade de Òòsààlà)”, tendo iniciação e tudo. Acho que é a presunção de querer “receber Deus” em sua cabeça.
ÒRÌSÀ ÒKÈ = BÀBÁ ÒKÈ - Outro Òrìsà funfun de culto praticamente perdido aqui, mas que em Àbéòkuta tem um templo em sua homenagem chamado Olúmo.
ESPOSAS DE ÒÒSÀÀLÀ
ARATUNMI
ÒSÚN
YEMÒWÒ
MOTAWEDE
ADUN
NÀNÁ
FILHOS DE ÒÒSÀÀLÀ
AGEMO
ÀRÀBÀ
ÈSÙ
IRÓKÒ
ÒGÁ
OMONÍJÍRE
RÒWÚ
TIPOS DE COLARES (ÌLÈKÈ) USADOS POR ÒÒSÀÀLÀ
Segí funfun: Um tipo de sègí azul bem claro.
Sésé efun: Espécie de cal, barro bem claro.
Lágídígba: Contas pretas usadas pelas mulheres ao redor da cintura.
Marfim: Objetos confeccionados das presas do elefante.
Estanho: Metal consagrado a Òòsààlà, por ser de cor clara.
Chumbo: Também utilizado nos apetrechos e adornos.
Prata: Metal nobre de cor clara, o favorito de Òòsààlà.
ALIMENTOS PREFERIDOS DE OBATALA/ÒÒSÀÀLÀ
Òrí: a manteiga vegetal
Èpò ègùnsì: manteiga feita com óleo das sementes do melão branco.
Obì ifin: uma espécie de Obì branco (verdadeiro).
Òtin sèkètè: aguardente feita de milho branco.
Ìgbín: caracol, o alimento preferido de Òòsààlà.
Eyelé: o pombo, que é consagrado a Òrúnmìlà.
Adìe funfun: aves brancas (galinhas).
Etù funfun: galinha d’angola branca.
Eja: peixes de escama, grandes. (Bàbá epeja).
Ewúré funfun: cabra branca.
Costuma-se oferecer animais fêmeas para Òòsààlà, porque dizem que o acalma, pois Ele é considerado um Òrìsà de grande poder de feitiço, assim, Ele é apaziguado. Também o mesmo, com relação a animais mochos (sem chifres) pelo mesmo motivo.
Àse!
Miguel Solon Awo Ifaseun