domingo, 25 de julho de 2021

AMOR E ÓDIO ENTRE PAIS E FILHOS

 AMOR E ÓDIO ENTRE PAIS E FILHOS


Pode ser uma imagem de textoA mãe disputa com a filha, o amor do mesmo homem. O filho é arrogante com o pai, mesmo ele lhe dando afeto e atenção. O irmão odeia o outro, tendo-lhe inveja de sua sorte no trabalho, que ele não tem. São várias as manifestações de ódio entre pais e filhos. E de amor também... Como a irmã que doa a medula pra irmã que tem leucemia; a mãe, em situação de miséria, que deixa de comer para alimentar o filho; e o pai que labuta num serviço pesado para pagar um tratamento melhor para a doença que o filhinho sofre... Enfim... São várias as demonstrações de doação ao outro. De fato, nascemos na família que tivemos que nascer. Mesmo que um filho seja rejeitado pelos pais, e vá morar com outra família, essa outra família, tinha uma razão para acolhê-lo.

Volta e meia, ficamos a par de psicografias que revelam conflitos vividos em família, que se originaram lá de trás. De outra vida. Relatos fortes como a do filho de um maldoso e rico fazendeiro, que se relacionou com a madrasta, e matou o pai, dopando-lhe e depois ateando fogo ao seu corpo, com a ajuda da amante, e de seus dois capatazes. Reencarnando mais tarde, como um homem de forte mediunidade, ele enfrentou, na infância, uma doença que lhe dava sensações de brasas tomando seu corpo (como um efeito do que provocara a morte do pai na encarnação anterior). Porém, esse homem, estudante da Doutrina Espírita, e se melhorando como pessoa, mesmo vivendo uma vida de dificuldades financeiras; adotou quatro crianças que vieram a ele por caminhos tortuosos durante a vida. Essas quatro crianças vieram a ser a reencarnação da madrasta, do pai, e de dois capatazes desse homem. A adoção, provoca agora, uma forma desse homem reparar os erros do passado, e fazer evoluir essas quatro pessoas, através do amor, da boa educação que lhes dará. Essa psicografia de Chico Xavier, descrita no livro AÇÃO E REAÇÃO, aliás, fora televisionada nos anos 1990, num caso especial da TV Manchete, e que está disponível no youtube com o título de O CARMA DE ADELINO CORREIA.

Outros casos são da mãe que tinha ciúmes do filho, impedindo sua felicidade com toda mulher que lhe aparecesse, o que revelava que estava repetindo uma ação da vida anterior, em que era sua noiva, e não aceitava o fim do noivado. E por isso o matou. Reencarnando depois, como mãe dele, o criou como muito amor, reparando o que fizera na vida anterior; mas mantendo, ainda, um traço forte da personalidade que tinha na vida passada: o ciúme. E então essa mãe dominava o filho, mostrando assim, que não se regenerou por completo. O filho sofria o domínio da mãe, também com provação, pois na encarnação em que lhe era noivo, embora não a amasse, gostava de manipulá-la, usando o amor dela por ele, pra satisfazer seu ego, sendo agora, como seu filho, manipulado por ela. Ou seja, esses dois Espíritos, tinham ainda algo a resolver... Noutro caso, duas primas disputaram o mesmo homem no passado, que não quis nenhuma das duas, e agora, vem como inimigas, mãe e filha, não disputando mais um mesmo homem. Mas guardando um traço do ódio que as alimentavam. Num outro caso, um homem terno, mas que aos poucos foi se enveredando para a bebida; passou a agir com violência sob a esposa que lhe amava demais, e tentava tirá-lo do vício do álcool. Em nova existência, esse homem veio com o sexo oposto: nasceu mulher, infeliz no amor, e é mãe solteira, tendo dado a luz a uma menina, que vem a ser a esposa do homem que ela foi na vida anterior. Agora, como mãe dela, tem uma missão de lhe dar amor, reparando tanto tempo de violência que lhe causou quando lhe era um marido tomado pelo álcool. Ao mesmo tempo, sofre por não ter sorte em relacionamentos. Talvez porque não soube dar amor à esposa que teve. Veja nesse caso, que nem sempre a transição de um sexo pra outro, causa a homossexualidade. Nesse caso, aquele homem teve de vir mulher pelo propósito de ser mãe da esposa que lhe era submissa e vítima de sua violência. É a roda da vida...

Há outro caso que configura o afeto que não morre com a morte. Um romance entre dois jovens, é interrompido pelo assassinato de um, e na vida posterior, os dois se reencontram, e novamente formam um casal, que dessa vez, vivem um casamento que dura mais de 60 anos, com grandes demonstrações de amor, fidelidade e afeto, que nos emociona. Notem nesses exemplos, como os laços afetivos ou de desafeto, têm, no reencontro em próxima encarnação, uma forma de resgate, de reconciliação. Ou não... Algumas vezes, a pessoa persiste no ódio que tinha um pelo outro. Aqui no grupo, volta e meia aparece gente postando desabafos do tipo: “Odeio minha mãe”, “Minha irmã me inveja”, “Queria ter nascido noutra família”, “Queria que meu pai morresse”, “Meu irmão me domina”, e por aí vai... Ao mesmo tempo, tem filhos que postam dedicatórias de amor aos pais que partiram, e vice-versa, escrevendo de uma forma que nos comove. Vejam como os conflitos familiares, revelam um laço de ligação espiritual, que mostra, de um lado, problemas a resolver entre si, e de outro, revelam uma afinidade de sentimentos cuja morte de um membro da família, não cessa com sua partida desse mundo.

Nas encarnações, nós sofremos experiências. Progredimos ou estacionamos em moral ou intelectualidade. Na maioria dos casos, reencarnamos na mesma família – se acaso temos resgates com alguém a cumprir, ou se temos vínculos afetivos demasiadamente fortes com certos parentes. MAS NÃO É REGRA. Podemos ter nascido numa família onde todos são “estranhos”. Ou seja, não há ninguém ali que fizera parte de uma vida anterior nossa. Percebemos isso em casos em que um casal e seus três filhos são todos voltados ao mal, mas o quarto filho não é. Este tem uma candura, hábitos benévolos, e costuma conter brigas entre os irmãos e os pais. Por mais que tenha sido educado a ter um caráter perverso como o deles, ele não se influencia pela família que o criou. Pelo contrário: tenta ensinar-lhes a prática do bem. Ou seja, esse Espírito que se vê estranho na família que nasceu, teve um propósito pra nascer nela... Pode também acontecer o contrário: uma família ser toda voltada ao bem, e um dos filhos não ser. Esse filho é “estranho” também à família que nasceu. Ninguém pertenceu à sua vida anterior, onde ele teve a vida manchada por tantos erros. E agora, nascendo numa família de bom coração, tem a oportunidade de se melhorar como Espírito, através da boa educação que receberá. Nem sempre, claro, isso ocorre. E aí vemos aquela situação em que um filho rebelde toma um caminho feroz, imoral, e às vezes se atrai pela vida marginal ou atolada nos vícios de todos os tipos, o que trás problemas aos pais e aos irmãos, que têm nisso, uma provação a enfrentar.

Há filhos, também, que rejeitam os pais, e pais que rejeitam os filhos que acabam criados por parentes ou são adotados por uma outra família. Esses dois casos, exemplificam uma recusa dessas pessoas em resgatarem, corrigirem um erro cometido noutra encarnação. Mas também essa rejeição, possa ser uma lei de retorno do próprio rejeitado. Que possamos entender que as dificuldades que passamos nessas relações familiares, sejam enfrentadas com a percepção de que precisam ser resolvidas. Por algum motivo tivemos que nascer nesse meio familiar. Olhem para o álbum de fotografias da família de vocês, e notem que dentre tantos parentes, há os que lhes são indiferentes e os que lhes são mais afeiçoados e apegados. Eu mesmo, tenho parentes que moram longe, mas que tenho mais contato e afinidade, via rede social, do que parentes que moram perto e sequer me dão importância. Aliás, tem casos em que vejo mais esses que estão longe, a que visito regularmente; do que os próprios parentes que moram perto e que não vejo a bem mais tempo. O que seria isso senão afinidade espiritual, que não tem na distância, uma barreira? Agora se um parente lhe odeia e torce por sua infelicidade, não se importe. Lamente... Não responda o ódio com ódio. Se a proximidade deles para contigo, é impossível – seja para eles, seja pra você; que seja... Mas jamais alimente um sentimento ruim que só lhe fará mal. Há coisas que infelizmente, não se resolvem nessa vida, por mais que a gente tente resolver...

Michel Luiz Castellar