A polêmica acerca das “7 linhas de Umbanda” é muito grande. Existem divergências e cada um acaba por entender à sua maneira.
O número 7 (sete) é um número muito forte e talvez, dos simbolismos religiosos, um dos mais conhecidos.
Nos “7 dias de Deus” se fundamenta toda a ideia da cultura ocidental para criar uma semana que tenha 7 dias. Como nada é por acaso, é um período ideal para você trabalhar e dentro desse período, de sete dias, está prevista uma pausa para descanso, por isso temos o final de semana.
A missa, aos domingos, é uma tradição Católica e é uma pausa na semana. Para o Judeu a pausa é aos sábados.
E para nós Umbandistas? Nós temos na Umbanda também o simbolismo do número sete, mas isso é muito mais explorado dentro da Umbanda porque toda Umbanda gira e está fundamentada em torno das “7 linhas de Umbanda”, “7 vibrações de Umbanda”.
Como e quando surgiu a ideia de 7 linhas de Umbanda? Desde a origem da religião, desde a primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, no dia 15 de novembro de 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorpora em Zélio de Moraes e alguém pergunta “Qual é o seu nome?” e ele responde: “Se é preciso que eu tenha um nome, me chame de Caboclo das Sete Encruzilhadas porque não haverá caminhos fechados para mim”.
Naquele momento o Caboclo das Sete Encruzilhadas já está dando a entender de forma subjetiva, mas muito clara que sete são os caminhos para chegar até Deus porque o objetivo do Caboclo é religioso. Então, os seus caminhos são os caminhos que chegam a Deus, sete são os caminhos para chegar a Deus e não haverá caminhos fechados para ele.
Ele já está dizendo que trabalha nas sete vibrações, nos sete campos, nos sete elementos, nas sete forças, nos sete poderes, sete são os caminhos para chegar a Deus. As sete encruzilhadas da vida de um ser humano são as encruzilhadas dos sete sentidos da vida, as sete encruzilhadas que são: da fé, do amor, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração, essas são as nossas sete encruzilhadas, as encruzilhadas da vida nos sete sentidos que ela possui.
Naquele momento o Caboclo das Sete Encruzilhadas dá a letra e a partir dali surge a primeira Tenda de Umbanda e Zélio de Moraes vai trabalhar dentro de um contexto de sete linhas e sete vibrações a partir de Pai Antônio, Preto Velho que trabalhou com Zélio. É trazido aos poucos o conceito de Orixá. Então são trabalhados os Orixás, é trabalhado na força dos Orixás, surge um sincretismo dos Orixás com os santos Católicos.
E Zélio de Moraes começa então a entender que o trabalho em nome de Deus, na força dos Orixás, é um trabalho que tem sete campos de atuação.
Pai Ronaldo Linares - Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, responsável pelo Santuário Nacional de Umbanda, que conviveu com Zélio de Moraes diz que perguntou ao Zélio o que são as 7 linhas de Umbanda e Zélio afirmou – esse encontro de Pai Ronaldo com Zélio de Moraes se deu em torno de 1973, já no final da vida de Zélio que desencarnou em 1975.
A Umbanda já tinha 64 anos quando Zélio respondeu que as pessoas não haviam entendido muito bem o que eram as 7 linhas de Umbanda e o Zélio de Moraes disse a Pai Ronaldo: “Imagine um prisma...” – todo mundo se lembra o que é um prisma? Uma peça de vidro formando um triângulo – “... imagine a luz solar que bate do lado de um prisma e do outro lado saem sete cores do arco-íris” afirmou Zélio de Moraes para Pai Ronaldo “Isso são as 7 linhas de Umbanda”.
As “7 linhas de Umbanda” nas palavras de Zélio de Moraes são as sete vibrações, as sete energias, os sete campos, as sete cores de forma subentendida, o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse “São os sete caminhos...não haverá caminhos fechados”.
Em 1933, é publicado o primeiro livro de Umbanda, “O Espiritismo, a Magia e as 7 Linhas de Umbanda” do autor Leal de Souza.
Leal de Souza era um médium do Espiritismo que conheceu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, trabalhou com Zélio de Moraes e se tornou dirigente de uma das sete Tendas de Zélio.
Leal de Souza foi médium desenvolvido na Umbanda por Zélio de Moraes, conheceu a Umbanda por meio de Zélio e no primeiro livro de Umbanda já está presente o assunto “7 linhas de Umbanda”.
Leal de Souza na década de 30, de forma pioneira escreve sobre Umbanda, ele foi um intelectual, escritor, jornalista, poeta e médium preparado por Zélio.
Leal de Souza, pela primeira vez na história da religião, coloca no papel quais são as “7 linhas de Umbanda” e ali ele relaciona cada linha com um Orixá.
Sem esquecer a definição de Zélio em 1973, mas lembrando que Leal de Souza publica pela primeira vez em 1933, sem também abrir mão da ideia de que Leal de Souza foi preparado por Zélio.
Leal de Souza pela primeira vez coloca 7 linhas de Umbanda como a linha de Oxalá, a linha de Ogum, a linha de Oxóssi – que na época ele escrevia Euxóssi – a linha de Xangô, a linha de Iansã – que ele escrevia Nhasã – a linha de Iemanjá – que Leal de Souza chamava de Amanjar – e a linha de Santo.
A linha branca se dividia em linhas de: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iansã, Iemanjá e linha de Santo.
Oposto a linha branca ou do lado da linha branca ou além da linha branca havia a linha negra. Então, ele considerava que na linha branca estavam as 7 linhas relacionadas com os Orixás e na linha negra estavam os Exus - conceito de Leal de Souza - da linha dos Exus saiam os espíritos que iam trabalhar na linha de Santo que é essa sétima linha.
Temos aqui um esquema primeiro das 7 linhas da Umbanda apresentado por Leal de Souza.
Quais são as Sete linhas de Umbanda dentro da Tenda Nossa Senhora da Piedade hoje?
As 7 linhas da Umbanda dentro da Tenda são as 7 linhas que o Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe, são as linhas de: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iansã, Iemanjá e linha de Exu”. Então, é exatamente o conceito de Leal de Souza só que ao invés de chamar de linha de Santo, chamam diretamente de linha de Exu porque são espíritos que, segundo Leal de Souza, vinham da linha negra que é a linha de Exu.
Com o passar do tempo, cada autor vai descrever as 7 linhas de Umbanda de uma forma diferente. E aí a questão é que surge o questionamento sobre quem está certo e quem está errado, quem tem as 7 linhas verdadeiras, quem tem as 7 linhas falsas e quais são as reais 7 linhas de Umbanda. As 7 linhas são as sete vibrações de Deus.
Cada autor e cada Umbandista dá uma nomenclatura diferente, 7 linhas não são sete Orixás porque existem muitos mais que sete Orixás.
Por isso nós podemos relacionar as 7 linhas de Umbanda com vários Orixás diferentes, por isso um autor coloca esses Orixás e outro autor coloca outros Orixás. Porque 7 linhas de Umbanda não são sete Orixás. “7 linhas de Umbanda” são as sete vibrações de Deus que tem relação com os nossos sete chacras, com as nossas sete vibrações. “7 linhas de Umbanda” são os sete mistérios da Criação.
Relacionamos isso com os Orixás apenas para ter um parâmetro, para ter uma referência.
O Orixá se assenta na linha, mas a linha não é o Orixá. A linha é muito mais do que o Orixá, a linha é uma vibração divina e em cada linha podemos aceitar mais de um Orixá, podemos assentar aqueles Orixás que estão de acordo com aquela vibração.
Relembrando Leal de Souza, que publicou em 1933 as suas 7 linhas de Umbanda a partir do que aprendeu com Zélio de Moraes.
Em 1939, seis anos depois foi criada a primeira Federação de Umbanda por ordem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, o objetivo dessa Federação foi realizar o primeiro Congresso Nacional de Umbanda em 1941.
Nesse primeiro Congresso de Umbanda foi definido quais eram as 7 linhas de Umbanda, prevaleceram as 7 linhas de Umbanda apresentadas por Zélio de Moraes e transcritas por Leal de Souza com um único detalhe que ele chamou de “Linha de Santo” a sétima linha de Umbanda, no primeiro congresso foi chamado de “Linha das Almas”.
Assim ficou definido na ocasião:
Linha: de Oxalá, de Ogum, de Oxóssi, de Xangô, Iansã, Iemanjá e Linha das Almas.
Historicamente podemos citar “Benjamim Figueiredo” que é dirigente da Tenda Espírita Mirim que incorporava o Caboclo Mirim e que foi uma fonte de intelectualização da Umbanda, de estudo da Umbanda e o gérmen do que seria Umbanda Esotérica. Benjamim apresenta as 7 linhas de Umbanda como Linhas de: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, até aqui tudo igual, ao Zélio de Moraes, no lugar de Iansã e no lugar da Linha das Almas, ele apresenta “Ibeji” e “Iofá”, “Ibeji” ele apresenta a força das crianças e “Iofá” apresenta a força dos Pretos Velhos que é o que seria a “Linha de Santo” ou a “Linha das Almas” ou a “Linha de Obaluaiyê” ou de “Omulu” para outros.
Então, fica: “Ibeji” e “Iofá” e “Iemanjá”, são basicamente as mesmas linhas do Zélio apenas adicionando “Ibeji” e “Iofá”. Em 1956, surgiria um autor chamado “Da Mata” – W W da Mata e Silva, Wilson Woodrow da Mata e Silva – que conheceu Benjamim, acredita-se que tenha estudado com Benjamim e que no seu livro publicou algumas coisas do primeiro Congresso de Umbanda como a “Teoria da Aumbandã”, no seu primeiro livro “A Umbanda de todos nós”.
Mata e Silva utiliza a teoria das 7 linhas de Benjamim, da mesma forma, só que no lugar de Ibeji ele coloca “Iori” que representa a mesma coisa: as crianças, no lugar de “Iofá” ele coloca “Iorimá” que representa a mesma coisa: a força dos Pretos Velhos.
As mesmas 7 linhas de Benjamim e apenas troca os nomes de “Ibeji por Iori” e “Iofá por Iorimá”. E daí pra frente muitos outros autores surgiriam sobre as 7 linhas de Umbanda como, por exemplo, Lourenço Braga.
Lourenço Braga também apresentou em 1941, no primeiro Congresso de Umbanda, um livro que foi publicado, chamado “Umbanda e Quimbanda”, também é um pioneiro dentro da literatura de Umbanda, Lourenço Braga é o primeiro a apresentar uma linha chamada “Linha do Oriente” dentro da Umbanda. Ele também pegou as mesmas 7 linhas de Umbanda de Zélio de Moraes e no lugar de “Iansã” ele colocou “Linha do Oriente” e no lugar da “Linha das Almas” ele colocou “Linha Africana” – Linha Africana também representa os Pretos Velhos e a Linha do Oriente está ali onde os outros dois autores citados tinham colocado “Ibeji” ou “Iori” ele coloca “Linha do Oriente”.
Lourenço Braga foi o primeiro autor a citar a “Linha do Oriente”. E é o primeiro autor a subdividir cada uma das linhas em sete falanges, então, muitos outros autores viriam copiando.
Pai Ronaldo e outros autores dizem que é um “cavalo de batalha” 7 linhas de Umbanda. Pai Ronaldo Linares desenvolveu o primeiro curso aberto de “Sacerdócio na Religião”, ele costumava nos seus cursos perguntar “Quais são as 7 linhas de Umbanda?” e aí diante de centenas de Umbandistas, cada um falava “7 linhas de Umbanda é esta, esta, esta”, “O que mais?”, “Ah é essa”, “Quais são as 7 linhas?”, “Ah tem a linha de Oxalá, de Oxum, de Oxóssi, de Xangô, de Ogum, de Obaluaiyê, a linha de Iansã”, “Ah tem também a linha de Iofá, tem a linha de Ibeji, tem a linha de Iorimá e aí tem também...”, “Ah tem também a linha de São Bartolomeu, tem a linha de São Sebastião, tem a linha de Santa Bárbara”, “Ah mais também tem a linha das crianças, tem a linha dos Preto Velhos”, “Ah tem a linha dos Baianos, a linha dos Boiadeiros, a linha dos Marinheiros”, e assim ia citando dezenas de 7 linhas de Umbanda.
Não vale a pena a discussão e é um desperdício de energia ficar discutindo quais são as verdadeiras 7 linhas de Umbanda, cada autor que fale o que quiser, “7 linhas de Umbanda são as sete vibrações de Deus e ponto final”.
Não importa qual Orixá você coloca, não importa que cor você coloque, não importa que santo você coloque, importa você saber que são: “As sete vibrações de Deus”, que nós somos imagem e semelhança de Deus, que Deus é em si para nós aquele que se manifesta a partir de sete vibrações de uma realidade sétupla. Para nós por quê? Porque nós somos seres que temos na nossa constituição astral, espiritual: os sete chacras.
Cada um de nossos sete chacras maiores representa um dos nossos sete campos de força, desenvolvimento e crescimento, representam cada um dos sete sentidos da nossa vida. As 7 linhas de Umbanda são aquelas sete vibrações de Deus que se manifestam nos nossos chacras: coronal, frontal, laríngeo, cardíaco, esplênico ou solar, umbilical ou sexual e básico, são esses os sete chacras.
Por meio da psicografia, com Pai Benedito de Aruanda e com Mestre Seiman –que é um Ogum Megê, Sete Espadas da Lei e da vida – Rubens Saraceni –trouxe então, esse conhecimento de que as “7 linhas de Umbanda são as 7 vibrações de Deus”, cada uma delas relacionada com um dos sete chacras, cada uma das sete vibrações de Deus relacionada com um dos sete sentidos da vida e ele nomeia os sete sentidos da vida como sentidos: da fé, do amor, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração.
Cada um desses sete sentidos relacionados com os sete elementos que são: o cristal – na ordem – o mineral e o vegetal, o ígneo, o eólico, o telúrico e o aquático. Então, por exemplo, na Linha da Fé e Cris talina se assentam todos os Orixás que trazem a essência da fé, na Linha do Amor estão todos os Orixás que trabalham na essência do amor, na Linha do Conhecimento - que também é a Linha Vegetal - estão todos os Orixás que trabalham nesse campo vegetal e do conhecimento.
Quantos Orixás eu posso colocar em cada linha? Quantos Orixás você quiser, mas o ideal é: que no mínimo a gente conheça sete Orixás, no mínimo, porque aí eu vou relacionar um Orixá para cada um dos sete sentidos da vida. Quais serão os sete Orixás que a gente vai escolher para se assentar nessas sete vibrações? Aqueles que você conhece.
Na literatura de Umbanda Sagrada, aparecem sete Orixás chamados “Universais” que são os Orixás mais conhecidos e que tem uma forma de atuar que a gente chama de universal. Então, quando se coloca esses sete Orixás como: Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluaiyê e Iemanjá são os Orixás mais conhecidos, por isso eles estão aqui. Entre os mais conhecidos quais são aqueles sete que assentam nessas sete vibrações? São estes.
Para cada linha e para cada vibração eu tenho um Orixá: Oxalá na fé, Oxum no amor, Oxóssi no conhecimento, Xangô na justiça, Obaluaiyê na evolução e Iemanjá na geração. A questão é: aqui eu tenho alguns Orixás masculinos outros femininos, mas em números diferentes porque eu tenho: Oxalá, Oxóssi, Xangô, Ogum e Obaluaiyê como masculino e apenas Oxum e Iemanjá como feminino.
Na criação dentro desse esquema temos cinco Pais e duas Mães apenas, pra cada vibração eu tenho ou um Pai ou uma Mãe. Então, na fé eu tenho Pai Oxalá, no amor eu tenho a Mãe Oxum, a pergunta é: não tem uma Mãe para me amparar no sentido da fé? No sentido do amor eu só tenho uma Mãe? Não tenho um Pai no sentido do amor pra me amparar? Na criação de Deus quando eu vou me relacionar com esses mistérios, eu vou me relacionar sempre com uma quantidade maior de Pais do que Mães?
E foi aí que Pai Benedito então explicou que seria muito saudável conhecer e se relacionar com um Pai e uma Mãe pra cada vibração. Então, na fé Pai Oxalá e Mãe - há uma Mãe chamada a “Mãe do Tempo” que faz par com Oxalá e que não era conhecida aqui na Umbanda, então ela foi chamada de “Oyá Tempo”, mas como Oyá é um dos nomes de Iansã e criava confusão, passamos a chamá-la de “Logunan” – então, na Linha da Fé: Oxalá e Logunan, na Linha do Amor: Oxum com Oxumaré, na Linha do Conhecimento: Oxóssi com Obá, na Linha da Justiça: Xangô com Egunitá, na Linha da Lei: Ogum com Iansã, na Linha da Evolução: Obaluaiyê com Nanã Buroquê e na Linha Geração: Iemanjá com Omulu.
Assim temos um Pai e uma Mãe para cada vibração. Existem outros Orixás? Sim, existem outros Orixás. Por exemplo, Oxóssi está na Linha do Conhecimento que é Linha Vegetal, existe um Orixá chamado “Odeque” também é conhecido como caçador e vegetal, existe “Logunodeque” é vegetal, existe “Aronique” também é vegetal, todos eles estão na Linha do vegetal e do conhecimento.
A Umbanda simplifica as coisas, não tem necessidade de eu cultuar dois Orixás que tenham a mesma função na criação. Então, na Linha do conhecimento vegetal nós cultuamos aquele que mais conhecemos que é “Oxóssi”. Por exemplo, “Ossain” também é um Orixá vegetal que trabalha com as folhas, mas na Umbanda a gente acaba resumindo tudo que é vegetal no mistério de Oxóssi. “Orumilá” também trabalha no campo da fé e da revelação nesse campo está Oxalá que é também o campo de Ifá. Então, é uma maneira de se relacionar com os Orixás dentro das sete vibrações de Deus, das 7 linhas de Umbanda.
Deus é “Pai” e “Mãe” e Ele é Pai e Mãe em cada um dos sete sentidos da vida.
É muito bom termos uma Mãe e um Pai no sentido da Fé, é muito bom que a gente possa ter uma Mãe e um Pai no sentido do Amor, uma Mãe e um Pai no sentido do Conhecimento, por quê? Porque isso a Umbanda propicia: relacionar-me com Deus enquanto Pai não é a mesma coisa que me relacionar com Deus enquanto Mãe - essa é a questão. Porque se eu me relaciono com Deus apenas enquanto Pai eu trago pra essa relação tudo aquilo que eu tenho em mente ao que é a figura masculina e me relacionar com Deus enquanto mãe eu trago para mim o que representa a figura feminina.
Quando eu falo de “Pai e Mãe na Fé”, “Pai e Mãe no Amor”, “Pai e Mãe no Conhecimento”, estou trazendo as qualidades de Deus no sentido da “Fé” enquanto o Pai no sentido da Fé: Oxalá, a Mãe no sentido da “Fé”: Logunan; a Mãe no sentido do “Amor”: Oxum e o Pai no sentido do “Amor”: Oxumaré.
Desta forma temos um “Pai” e uma “Mãe” com diferentes atributos – atributos são as qualidades do Orixá – e diferentes atribuições - o que aquele Orixá realiza.
Oxalá tem atributos relacionados à Fé e atribuições relacionadas à Fé, são diferentes dos atributos e atribuições de Logunan, ou seja, tanto Oxalá quanto Logunan estão no campo da Fé, mas tem qualidades diferentes e aí surge também uma qualificação que nós chamamos de “Orixá Cósmico” e “Orixá Universal”.
Em cada um dos sete sentidos tem um Orixá Cósmico e um Orixá Universal.
Essas palavras são neologismo, não de palavra nova, mas de uma palavra antiga com um novo significado, então elas são re-significadas. Que a palavra “universal” no dicionário vai dizer que serve pra tudo, está em todos os lugares; a palavra “cósmico” é aquilo que está em todo cosmo.
Existe uma interpretação filosófica para a palavra “universo”, “universal” – é o “uno” e o “verso”, aquilo que está tanto no “uno” quanto no “verso” em todos os lugares.
Huberto Rohden costuma falar muito sobre esse “uno” e esse “verso” nos seus diversos títulos publicados.
Para nós a palavra “universal” é uma forma de atuação, aquele Orixá que a gente chama de “Universal” é o Orixá que seja Pai ou Mãe, o “Orixá Universal” é aquele que dentro daquele sentido é um Orixá amparador, é um Orixá sustentador. E o “Orixá Cósmico” dentro daquele sentido ele é reparador, ele é retificador.
O Orixá Universal atua principalmente nas questões positivas relacionadas com aquele sentido e o Orixá Cósmico atua na questão negativa relacionada com aquele sentido. Mas, “positivo” e “negativo” nem sempre quer dizer bom e ruim e também não se confunda, às vezes quando se fala em “Cósmico” e “Universal” algumas pessoas pensam que o Orixá universal está no céu e o Orixá Cósmico está lá embaixo em algum lugar. “Orixás” são divindades de Deus tanto o Cósmico quanto o Universal estão no alto vibrando para o embaixo.
Nós estamos no meio, no alto estão os Orixás: Cósmicos e Universais.
Deus se manifesta em sete vibrações e cada uma dessas sete vibrações se divide em duas: feminina e masculina/ cósmica e universal, isso tudo está fundamentado nas 7 linhas de Umbanda. Então, na linha ou vibração de Fé que surge a partir de Deus se assentam: o Trono Masculino da Fé e o Trono Feminino da Fé, ou seja, Trono Universal da Fé e Trono Cósmico da Fé. Oxalá é o Trono Universal da Fé, Logunan é o Trono Cósmico da Fé.
Oxalá é amparador e sustentador da Fé, é irradiador da Fé. Logunan é a Mãe retificadora da Fé, é a Mãe que lida com os aspectos negativos da Fé, é a Mãe absorvedora dos desequilíbrios no campo da Fé, é isso que a gente chama de Cósmico, é a Mãe reparadora da Fé.
No campo do Amor: Oxum é Mãe, Oxumaré é Pai, Oxum é o Orixá Universal, Oxumaré é o Orixá Cósmico. Então, Oxum é amparadora e sustentadora do amor, ela é irradiadora do amor, Oxumaré é absorvedor, ele absorve os desequilíbrios no campo do amor, é reparador e retificador do amor. Então, no campo do amor quando estou em desequilíbrio e quero um equilíbrio, eu busco Oxumaré, quando estou precisando potencializar, ou seja, trazer essa força, irradiação universal do amor, eu busco Oxum.
Da mesma forma no Conhecimento, Oxóssi é irradiador e amparador do conhecimento, Obá é absorvedora e reparadora no campo do conhecimento.
Na Justiça: Xangô é Universal e amparador da justiça e Egunitá é retificadora, reparadora no campo da justiça.
Na Lei: Ogum é amparador, Iansã retificadora, ou seja, Ogum é Universal, Iansã é Cósmica.
Obaluaiyê é Universal e Nanã Buroquê é Cósmica no campo da Evolução.
Mãe Iemanjá é Universal e Pai Omulu é Cósmico no campo da Geração.
Quem ampara e quem retifica, esse que retifica também é o que mais protege porque proteger quer dizer “Me guardar do que é negativo naquele campo”, então, está me protegendo.
No campo da Fé: Oxalá ampara/ Logunan retifica e protege; no campo do Amor: Oxum ampara, irradia, é universal/ Oxumaré é aquele que retifica que conserta que protege; no Conhecimento: Oxóssi é universal/ Obá é Cósmico, então, ele ampara/ ela retifica; na Justiça: Xangô Universal/ Egunitá é Cósmica; na Lei: Ogum Universal/ Iansã é Cósmica; na Evolução: Obaluaiyê Universal/ Nanã é Cósmica; na Geração: Iemanjá é Universal/ Omulu é Cósmico.
E aí eu tenho os atributos – “Atributos”: Oxalá: ele é magnetizador e congregador/ Logunan é cristalizadora e descristalizadora, Oxum: agregadora e conceptiva/ Oxumaré: é diluidor e renovador, Oxóssi: é expansor/ Obá: concentradora, Xangô: equilibrador/ Egunitá: purificadora, Ogum: ordenador/ Iansã: direcionadora, Obaluaiyê: é evolucionista, transformador/ Nanã Buroquê: ela é decantadora; Iemanjá: geracionista, criacionista/ Omulu: o paralisador – atributos. “Atribuições”: Oxalá: no campo da Fé e a partir do campo da Fé Oxalá é congregador e magnetizador das pessoas lhes dando um sentido para a vida, congregando para algo, magnetizando para algo, envolvendo/ Logunan: ela é cristalizadora, então, ela cristaliza - cristalizadora temporal – então, ela cristaliza ou descristaliza o seu comportamento na linha do tempo, dentro do tempo - Oxum: ela concebe, ela agrega, então, Oxum é o que une as pessoas, é o que une as coisas, que agrega, é o amor/ Oxumaré é Cósmico, então, ele reifica, ele repara no amor, ele dilui e renova os sentimentos negativos, mal trabalhados, o amor que não está em equilíbrio; Oxóssi: faz expandir o conhecimento, faz expandir tudo, tanto que ele traz fartura/ Obá: faz concentrar. Concentrar o quê? O nosso conhecimento, a nossa atenção. E assim então, temos os “atributos” e “atribuições” - Xangô equilibra traz a justiça para a nossa vida, para o nosso dia-a-dia, atributo equilibrador, racionalizador, ele traz a razão/ Egunitá: é purificadora, ela purifica tudo que é negativo desde pensamentos, sentimentos, energia, tudo. Egunitá é o fogo que consome, Xangô é o fogo que aquece. Ogum: dá ordem, põe ordem, lei nas nossas vidas/ Iansã: dá direção, Iansã da o movimento, da a cadência pra tudo na nossa vida – atributo: movimentadora, atribuição: ela traz movimento na nossa vida para alcançar alguma coisa. Obaluaiyê: transmutador, transmutar é evoluir, é crescer/ Nanã Buroquê: é decantar, por isso que ela traz paciência, tranquilidade. Iemanjá: faz gerar, criar, faz gerar a vida e Omulu nos paralisa quando tem algo negativo, ele paralisa aquele algo na nossa vida. Aí estão as 7 linhas, os quatorze Orixás, além desses quatorze há Orixás não tão conhecidos na Umbanda como “Iku”, a própria Mãe Egunitá que não é muito conhecida na Umbanda, o nome Egunitá vem de uma qualidade de Iansã que é a qualidade do fogo, então, nós chamamos essa Mãe que é a Mãe do fogo pelo nome Egunitá que é uma das qualidades de Iansã, é simples assim. Mas, ela é também conhecida como Orixá Oroiná. Oroiná na mitoligia Nagô Yorubá é o fogo do sol e o fogo da lava vulcânica que está dentro do nosso planeta e que faz levantar montanhas e vulcões. Diz que esse poder de Oroiná que levantou as montanhas pra que as águas não cobrissem o planeta é mitologia Nagô Yorubá, então, Egunitá também é Oroiná. Logunan é a Mãe do tempo, na cultura Nagô Yorubá, na cultura Bantu tem um Orixá masculino chamado “Tempo”, nossa Logunan é como se fosse um par feminino pra esse mistério do tempo, é a Mãe do tempo. Na cultura Bantu se chama “Tempo”, na Nagô Yorubá tem “Iroku” também é do tempo.
Annapon