Existe sim a possibilidade de cultuar o “Orixá Exu” na Umbanda, de ter uma relação saudável com o Orixá Exu na Umbanda.
Para tanto, é importante desenvolver uma concepção Umbandista de quem é o Orixá Exu, assim como os outros Orixás são cultuados em outras religiões, na Umbanda nós temos a nossa maneira de cultuá-los, existe uma forma Umbandista de relacionar-se com Oxalá, Oxum, Xangô, Oxóssi, Obaluayê, Nanã, Oxumaré, Obá, que é diferente da maneira Candomblecista, diferente do Culto de Nação.
Da mesma forma com relação ao Orixá Exu, é importante desenvolver toda uma concepção, um pensamento acerca de quem é “Exu”, o “Orixá Exu” e que esse pensamento seja Umbandista.
Quem é o Orixá Exu?
A fundamentação do Orixá Exu, sob a ótica Umbandista, encontramos na literatura de Rubens Saraceni, o livro recomendado se chama “Orixá Exu”.
E o outro livro é “Livro de Exu”, de fácil leitura.
“Exu”, enquanto Orixá na Umbanda, não perde suas qualidades, a questão é: nós devemos entender compreender e explicar Exu não apenas por mitologia porque essa é uma forma Candomblecista, do Culto de Nação explicar, precisamos entender: Qual é o mistério de Exu? Quais são as suas qualidades? Onde ele se insere na gênese? Como identificar a presença desse Orixá na minha vida? Como ele pode me auxiliar? Como eu me relaciono com ele independente da entidade Exu que trabalha comigo?
Se eu trabalho com Seu Tranca Ruas, Seu Tiriri, Seu Marabô, Seu Capa Preta, Seu Sete Encruzilhadas, com Exu da Meia Noite, eles trazem essa força do Orixá Exu, mas, existe um contato, uma relação que se pode estabelecer de uma forma direta entre você e o Orixá Exu e a primeira coisa e mais importante é: você conseguir entender “quem é o Orixá Exu”, “onde ele atua, que campo”, “quem é o Orixá Exu na criação, na origem das coisas, na gênese”, começamos com um olhar para o Orixá Exu na “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, ou seja, na criação, na origem: quem ele é?
Existe uma sequência lógica na gênese em que identificamos, no
início dos tempos, quando nada existia, a única coisa que era real e presente é: “Olorum”, então, Olorum ou Olodumare é “Deus”.
No início dos tempos só havia o lado interno da criação, o lado interno de Deus e ele vai se exteriorizar para gerar a criação, só existia o Criador, não havia ainda a criação como nós conhecemos, apenas o Criador, a única realidade era a realidade interna do Criador, além do Criador não existia nada – o “nada” é campo de atuação de “Exu Mirim”, o Criador manifesta a intenção que está no campo de Exu Mirim, enquanto Ele não tem a intenção de criar nada existe. A partir da intenção do Criador em realizar a criação, então, no lado externo do Criador surge o “vazio”.
O “vazio” é considerado o primeiro estado da criação, Olorum tem a intenção de realizar a sua criação e o primeiro estado que surge no exterior de Olorum é o “vazio”, este é o estado de “Exu”, pertence a “Exu”, ao “Orixá Exu” o “vazio”.
O nome “Exu” em algumas traduções é lido como a palavra “esfera” e esse “vazio” é aquilo que envolve o exterior da criação, primeiro surge o “vazio” e esse “vazio”, por dentro, é preenchido com o “espaço infinito” que pertence a “Oxalá”.
Nós temos a intenção de criar que pertence a “Exu Mirim”, o primeiro estado da criação que é o “vazio” pertence a “Exu”, esse “vazio” é preenchido, ele se torna pleno por meio do “espaço infinito”, essa é a condição para que surja a criação. Primeiro o “vazio” e depois o “infinito”, a “plenitude”, é uma dualidade, uma relação dual entre Oxalá que é o espaço infinito e o vazio de Exu, que recebeu o espaço.
Exu é guardião dos exteriores, por isso também é assentado e firmado do lado de fora, do lado exterior, ele guarda a criação do lado externo, ele é anterior a tudo e a todos, essa é a presença, o papel do “Orixá Exu” na Gênese, ele é o “Senhor do vazio”.
Entendemos que Exu é anterior a Oxalá, Exu é anterior a todos os outros Orixás. A partir do momento que existe um espaço infinito, então as coisas vão ser criadas.
A partir do espaço infinito, vão sendo assentados todos os outros Orixás, todas as outras divindades e então começa a criação dos mundos. Essa é uma visão, um olhar sobre a Gênese Umbandista, sob esse olhar temos Exu enquanto a divindade do vazio, o Trono do vazio e ele é também Trono da vitalidade, o Trono do vigor.
É ele quem vitaliza os sete sentidos da vida, o “Orixá Exu” é a própria vitalidade da criação, o vigor da criação, nós temos um olhar para ele enquanto o “vazio”, o olhar da “gênese” e o olhar do “mistério” vitalidade em Exu, se nós conseguimos imaginar o Trono Exu, a divindade Exu, olhar para ele e entendê-lo como o “Trono da Vitalidade” isso traz uma nova interpretação, uma nova forma de ver, enxergar e compreender o “Orixá Exu”.
Ele é a divindade que dá toda vitalidade para a criação, é ele quem nos vitaliza, quem nos dá força, quem nos dá vigor. E ao mesmo tempo ele faz par com “Pombagira”, ela é o estímulo e o desejo, ela é a força.
Ele é o vitalizador, a divindade vitalizadora da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração.
A partir daí surgem os sete guardiões maiores dos sete sentidos, nós temos o “Orixá Exu Maior” que é o Trono da Vitalidade e abaixo dele nós temos os sete Orixás Exus Planetários, o “Vitalizador da criação”, o “Trono Exu”, o “Orixá Exu” e abaixo dele eu tenho então “Orixá Exu Guardião dos Mistérios da Fé”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios do Amor”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios do Conhecimento”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios da Justiça”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios da Lei”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios da Evolução” e “Orixá Exu Guardião dos Mistérios da Geração”.
Desta forma nós temos: um Orixá Exu Maior que é o Orixá Exu – Senhor do vazio e ao mesmo tempo “Trono da Vitalidade”, que vitaliza os sete sentidos da vida, que nos traz a vitalidade, nos traz essa força, essa energia, daí a relação de Exu com a questão fálica por ele ser “o vitalizador”.
Ele não está entre os quatorze Tronos, os quatorze Orixás. Primeiro porque ele é anterior a tudo na criação, segundo porque Orixá Exu é um Trono a parte que vitaliza o mistério de todos os outros Orixás.
A partir desses sete Orixás Exus Maiores, temos, abaixo deles, mais quatorze Orixás Exu que são: “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Oxalá”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Logunan”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Oxum”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Oxumaré”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Oxóssi”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Obá”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Xangô”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Egunitá”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Ogum”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Yansã”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Obaluayê”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Nanã Buroquê”, “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Yemanjá” e “Orixá Exu Guardião dos Mistérios de Omulu”.
Temos: “Orixá Exu Maior”, os sete “Orixás Exu Guardiões Planetários” e os quatorze “Orixás Exu Guardiões dos Mistérios dos Orixás”, por isso Exu é tratado à parte.
A afirmação que “Exu rege o vazio”, que “ele envolve toda a criação”, que “ele é o Guardião do lado externo da criação”, isso nos faz entender que Exu está em todos os lugares. Exu é “Senhor da Encruzilhada” porque ele está ali onde os caminhos se cruzam, onde as realidades se cruzam e ao mesmo tempo ele está em todos os lugares, não há um lugar onde não tenha Exu.
Podemos considerar a “encruzilhada” como um ponto de força de Exu porque ela simboliza os momentos da vida onde os caminhos se cruzam - a “encruzilhada” simboliza o encontro de duas realidades, a “encruzilhada” simboliza a descida vertical que cruza com uma realidade horizontal, ali está o Orixá Exu, mas, ao mesmo tempo ele está em todos os lugares.
Se eu vou à cachoeira, que é ponto de força de Oxum, ali tem o “Exu Guardião da Cachoeira”, ali está “Exu Guardião dos Mistérios de Oxum” e ali está “Exu dos Minerais” e ali está a hierarquia de Exus que trabalham na força de Oxum, tanto os espirituais quanto os naturais e os encantados.
Exu está em todos os lugares, se eu vou ao mar ali tem força de Exu, se eu vou à pedreira ali tem força de Exu, se eu vou à mata ali tem força de Exu, na terra, na água, no ar onde for tem a força e o poder de Exu.
Exu guarda a criação pelo seu lado externo, está em todos os lugares, rege um mistério chamado “Mistério do Vazio”, sem o vazio não há plenitude, não há como criar os mundos sem antes você ter um espaço vazio para ser preenchido.
Oxalá está em todos os lugares porque Oxalá é o próprio espaço infinito que faz par com Logunan que é o tempo – Logunan é o tempo / Oxalá é o espaço – Oxalá é espaço infinito, Exu é o vazio que acolheu esse espaço.
Exu é vazio e Oxalá é plenitude, os Orixás formam outros tipos de pares e não apenas aqueles pares que um com o outro formam um casal, há outros tipos de polaridades.
Exu tem uma atuação chamada de tripolar, ele atua de forma positiva, de forma negativa e de forma neutra por isso ele é tripolar, ele é dual, ele atua a partir do aspecto universal e do aspecto cósmico, ou seja, junto e em parceria com os Orixás universais e com os Orixás Cósmicos.
Exu atua a partir do negativo de toda a criação, na sua tripolaridade e esse é o simbolismo do tridente na Umbanda, o símbolo de Exu é o tridente que traz um simbolismo antigo.
O tridente é um símbolo de força, de poder.
O Tridente simboliza trindade, ou seja, o poder sobre uma realidade “trina”, na cultura grega esse poder está sobre a terra, o mar e o ar, ou seja, a divindade que domina a terra, aquela que domina o mar, a que domina o ar, aí está um simbolismo para o tridente.
Tridente é símbolo de poder de Shiva e, diga-se de passagem, Shiva naquela cultura Hindu sendo a terceira pessoa, tem como primeira pessoa “Brahma” que é o Criador, “Vishnu” que é o mantenedor da criação e “Shiva” é o destruidor, então ele destrói para que Brahma construa outra vez, Vishnu mantém e Shiva destrói, esse é o eterno ciclo da criação, que é: criar, manter e destruir – criar, manter e destruir – esse é o ciclo. Shiva é a terceira pessoa da trindade que tem um poder absurdo, ele não apenas é o destruidor, ele também traz um simbolismo fálico.
Aquele que nós cultuamos como Orixá Exu, sua força fálica, a sua força de vigor, de vitalidade está presente em muitas outras culturas com outros nomes.
Na cultura grega, Hermes é irmão de Oxalá onde Oxalá aparece como Apolo.
A divindade grega chamada Apolo tem as mesmas qualidades de Oxalá e ele é irmão de Hermes que tem as mesmas qualidades de Exu.
Nas lendas, nos mitos, Exu mexe com sua emoção, mexe com seu brio, mexe com seu ego, essa é também uma relação entre Oxalá e Exu - que aqui pra nós será uma relação entre direita e esquerda: direita é a razão, esquerda é a emoção.
Exu é o “Senhor da esquerda” porque ele mexe com as nossas emoções.
São muitas informações sobre Exu que vem desde o Orixá Exu até a entidade Exu, temos o Orixá Exu que representa tudo isso: o lado externo da criação, o vazio. Por isso, ele é firmado do lado de fora da casa porque ele é o guardião do lado externo.
Orixá Exu: guardião do vazio e do lado externo da criação, guardião dos exteriores, por isso também ele é firmado e assentado do lado de fora da casa ou ao lado da porta, no caso de um Terreiro, se faz uma tronqueira que é onde está o assentamento de Exu.
Dessa forma, temos o “Orixá Exu Maior” que é guardião dos mistérios dos outros Orixás, mas não apenas isso, ele tem o seu próprio mistério, o mistério de Exu é o mistério da “vitalidade”, do “vigor”. A sua relação com essa criação é a relação daquele que guarda o vazio tendo um mistério próprio: “vitalidade” e “vigor”.
Ao mesmo tempo, temos um lado interior e um lado exterior, ele nos guarda, daí vem o dito que “Exu guarda o corpo”: “Exu Lebara” ou “Exu Bara” que quer dizer o “corpo”, a “corporeidade”. Ele nos guarda e tem uma relação íntima com aquilo que é carnal, encarnado, humano, ele tem uma relação íntima com a nossa casa, com o invólucro.
Exu é guardião de toda criação por ser o lado externo da criação. Exu é guardião dos mundos porque guarda o lado externo dos mundos. Exu é guardião do meu trabalho, do meu Terreiro porque ele guarda o externo do meu Terreiro. Exu é guardião da minha casa porque ele guarda o externo da minha casa. Exu é meu guardião porque ele guarda o meu externo, o meu corpo é o meu mundo, é a minha casa.
Existe um simbolismo entre a casa material e o corpo enquanto casa, morada da alma e do espírito. Exu guarda a minha casa, Exu guarda a minha morada, guarda meu corpo, minha corporeidade, no momento em que eu estou firmando Exu do lado de fora da casa ou na porta ou na porteira, eu estou simbolicamente firmando do lado de fora do meu corpo.
A casa simboliza o meu corpo, minha casa sou eu, no momento em que ele guarda minha casa, ele guarda a mim, esse é o lado externo. Em mim estão presentes todos os outros Orixás, a minha coroa é como se fosse a minha coroa Planetária onde estão todos os sete Tronos Maiores e a partir dos quais se desdobram os outros quatorze Tronos.
Cada um de nós é um universo, cada um de nós é o “micro” que repete o que existe no “macro”. No macro temos: uma coroa Planetária onde está Deus – na coroa Planetária está Olorum e seus sete Tronos, acima de mim eu tenho Deus e tenho a minha coroa na qual existe sete irradiações, a partir da minha coroa eu tenho sete chakras, cada um desses chakras simboliza uma das sete forças da criação, em mim estão presentes todos os Orixás.
Eu sou um “mini universo”, meu corpo é a casa e a morada do meu espírito, da minha alma, que do lado de dentro é infinito, nós somos infinitos para dentro assim como a criação é infinita para fora. Do lado de fora quem guarda é Exu, o lado interno, a guardiã é Pombagira, no meu ser eu estou ligado e conectado a todos os Orixás, eu tenho uma coroa, eu tenho os chakras que são os pontos de força em mim.
Existe uma coroa Planetária na Terra, existem os sete Tronos da coroa Planetária e os quatorzes Tronos do planeta que se manifestam pelos chakras do planeta que são os pontos de força do planeta. Exu guarda o planeta do lado externo, Pombagira guarda do lado interno. Exu é o vazio. No meio do qual, tudo foi criado ali dentro surgindo um espaço infinito, os mundos e os planetas e onde se assentam os Orixás.
Tudo isso se repete em nós, nós somos uma repetição daquilo que existe na criação, Exu é guardião da criação, guardião dos mundos, Exu é guardião do meu mundo, do meu universo, do meu trabalho, da minha casa, do meu corpo.
Temos: “Exu Guardião”, “Orixá Exu” – guardião de toda criação: o Orixá Exu - abaixo dele sete Orixás Exu Guardiões Planetários que são guardiões dos sete sentidos, são guardiões dos sete mistérios, das sete irradiações; abaixo deles eu tenho dois para cada irradiação: Orixá Exu nos Mistérios de Oxalá e de Logunan, Oxum /Oxumaré, Oxóssi / Obá, Xangô / Egunitá, Ogum / Yansã, Obaluayê/ Nanã, Yemanjá / Omulu – quatorze Orixás Exu.
Eles são guardiões dos mistérios, tendo em si um mistério próprio, ou seja, Exu Guardião dos Mistérios de Oxalá também é um vitalizador e desvitalizador desse mistério que é o mistério de Oxalá.
Exu vitaliza ou desvitaliza ou neutraliza as ações no mistério de Oxalá e assim ele atua para toda criação. Exu é vitalidade, é vigor, mas a sua ação é tripolar, então Exu atua tanto vitalizando, quanto desvitalizando, quanto neutralizando qualquer ação, em qualquer sentido, em qualquer campo porque esse é o mistério de Exu e aqui entra o simbolismo do tridente. O tridente de Exu, ele representa a ação tripolar de Exu.
Exu de forma religiosa pode atuar e trabalhar tanto com o tridente quadrado, quanto como redondo – já entendemos que tridente não é um símbolo do mal, Exu não usa o tridente como símbolo do mal, o tridente é um símbolo mágico e poderoso, muito importante tanto que, quando se faz a magia de Umbanda por meio da pemba, quando uma entidade incorporada está trabalhando sua magia, está fazendo magia, essa entidade pega uma pemba – a pemba é um giz – com essa pemba um espírito incorporado faz símbolos e signos no chão, diz palavras mágicas, acende uma vela lá em cima, reza em cima desses símbolos e por meio dessa estrutura mágica essa entidade consegue te limpar, te descarregar, consegue fazer uma movimentação mágica.
E você vai ver que quando Exu trabalha com pemba na maioria das vezes ele faz desenhos que tem tridentes riscados no chão, tridente é símbolo, tridente tem uma simbologia mágica, ao fazer símbolos com tridentes você está trabalhando com a magia do Orixá Exu por meio das entidades que fazem esse trabalho, o tridente tem esse simbolismo de vitalizar, desvitalizar e neutralizar.
O tridente de Exu, quando está com os três dentes para baixo, o dente da direita é o vitalizador, o da esquerda é o desvitalizador e o do meio é o neutralizador, esta é a ação de Exu.
No outro lado do tridente, se eu tenho um tridente riscado e ele está voltado para baixo, na ponta do tridente do outro lado, se eu tiver uma estrela de cinco pontas, esse tridente está trabalhando na força de Oxalá; se eu tiver um coração, esse tridente está trabalhando na força de Oxum; se eu tiver uma espada, esse tridente está trabalhando na força de Ogum; se eu tiver um machado, esse tridente está trabalhando na força de Xangô, isso é magia.
Quando Exu está trabalhando no campo de Oxalá, ele está vitalizando a fé, ele está desvitalizando a ilusão e ele está neutralizando toda a ação negativa no campo da fé, esse é o campo de Exu Guardião dos Mistérios de Oxalá que está dentro do campo de Exu Guardião dos Cris tais, ou seja, Exu Guardião
da fé que está abaixo do Orixá Exu Maior.
Se eu tenho o “Orixá Exu” e abaixo dele eu tenho sete Orixás Exu que é “Exu Guardião dos Mistérios da Fé”, “Exu Guardião dos Mistérios do Amor / Conhecimento / Justiça / Lei / Evolução e Geração”, o primeiro que é “Orixá Exu Guardião dos Mistérios da Fé” rege os mistérios, ele trabalha no campo dos mistérios de Oxalá e Logunan.
No campo de Oxalá, ele se individualiza como “Exu Guardião dos Mistérios de Oxalá” fazendo par com “Exu Guardião dos Mistérios de Logunan”, são dois.
Oxalá trabalha no campo da “fé universal”, Logunan no campo da fé que é o “cósmico”, Oxalá atua amparando a fé na vida do ser humano, sustentando a fé, o contrário da fé é o “fanatismo”, a “ilusão” – o “fanatismo” é o vício no campo da fé, “Exu Guardião dos Mistérios da Fé” tem a condição de vitalizar a fé no ser humano, ele tem condição de desvitalizar a ilusão do ser humano, ele tem condição de neutralizar a ação negativa no campo da fé e assim são todos os Exus entidades que trabalham na força de Oxalá porque estão sob amparo do “Exu Guardião dos Mistérios dos Cris tais”.
Temos Exu nos mistérios de todos os Orixás porque é Exu quem vai vitalizar e desvitalizar a “fé”, vitalizar e desvitalizar o “amor”, vitalizar e desvitalizar o “conhecimento”, vitalizar e desvitalizar a “justiça”, vitalizar e desvitalizar a “lei”, vitalizar e desvitalizar a “evolução”, vitalizar e desvitalizar a “geração”.
No campo da “fé” nós temos Oxalá e temos Logunan, quando Exu trabalha no campo de Oxalá, ele está vitalizando a fé, está desvitalizando a ilusão. O campo de Logunan é o campo cósmico, Exu vitaliza a religiosidade e desvitaliza o fanatismo.
“Exus de Oxalá” trabalham no campo de atuação de Oxalá com os mistérios de Oxalá.
“Exus de Logunan” trabalham no campo dela, por exemplo, “Exu do Tempo”, se o campo de Logunan é o campo “cósmico”, campo que lida com a religiosidade do ser, ela é retificadora – Oxalá é amparador, Logunan é retificadora no campo da fé, os Exus que trabalham no campo de Logunan são aqueles que vão lidar de forma direta com o fanatismo religioso, por exemplo, que entra nesse desvio, nesse desequilíbrio do campo da fé.
A partir daí surgem as hierarquias de Exu: “Orixá Exu”, os “sete Tronos”, “quatorze Exus Guardiões dos Mistérios dos Orixás”.
Somos influenciados pelo que vem de fora e nós temos qualidades, vícios e virtudes que vem de dento pra fora, Exu atua a partir do lado externo da criação, mas ele também trabalha os nossos sentidos, os nossos sentimentos.
Quando fazemos mal uso a um sentido da vida, o mistério Exu atua fazendo com que aquele sentido passe a ser desvitalizado, então você vai perdendo a vitalidade num sentido da vida que foi dado mal uso, isso é uma ação de Exu.
Da mesma forma, nós pedimos para desvitalizar toda ação negativa que está atentando contra um dos sete sentidos da vida em nós.
Se você está passando por dificuldades no campo da fé, isso pode ter duas razões: você pode estar passando uma dificuldade no campo da fé por algo que vem de dentro para fora, ou seja, uma dificuldade interior sua; você pode estar passando uma dificuldade no campo da fé por uma ação externa, por um ataque, por uma agressão, por um desequilíbrio do meio.
De qualquer forma, se isso é algo que vem de “dentro pra fora” ou de “fora pra dentro” tem uma lição, tem algo a ser aprendido a lidar ou com seus desequilíbrios internos ou com a ação externa que veio para lhe agredir, para lhe desequilibrar, aí entra Exu.
O primeiro “Exu Guardião Planetário” como aquele que vitaliza ou desvitaliza a Fé, ele tanto “vitaliza a fé”, quanto “desvitaliza a fé” e também atua na ilusão e no fanatismo.
Se eu estou passando por um momento de dificuldades no campo da fé, eu posso fazer um agrado ao “Exu Guardião dos Cris tais”, se eu estou passando por uma demanda no campo da fé, ou seja, se existe um ataque espiritual no campo da fé, isso se dá no campo de um dos Exus que atuam na força de Oxalá.
Assim como, se eu tenho uma dificuldade no campo da religiosidade, isso se dá por um dos Exus que atuam no campo de Logunan. No dia-a-dia de Terreiro muitas vezes isso aparece como demanda de Exu Sete Coroas, por exemplo, é um Exu que trabalha no campo de Oxalá, demanda de Exu Sete Cabeças é um Exu que trabalha no campo de Oxalá , demanda de Exu Maioral é um Exu que trabalha no campo de Oxalá, demanda de Exu Sete Encruzilhadas é um Exu que trabalha no campo de Oxalá, demanda de Exu do Tempo é um Exu que trabalha no campo de Logunan, demanda de Exu Sete Capas é um Exu que trabalha no campo de Logunan, demanda de Exu Sombra, que trabalha no campo de Oxalá também.
Isso chega pra você como se fosse uma entidade demandando contra você, mas o que existe de fato é: primeira coisa a entender, nenhuma entidade pode ter algo pessoal contra você porque não é seu amigo, não é seu conhecido, não vive com você, não tem relação com você, não pode ter nenhum problema pessoal com você.
Quando alguém diz que você tem uma demanda de um Exu em cima de você, primeira coisa a se pensar: aquela entidade não pode ter nada pessoal contra você, então, ou teve um trabalho feito, ou alguém fez um trabalho para lhe prejudicar ou tem algum desequilíbrio interno seu que atraiu essa ação negativa pra você.
Quando nós agimos de má fé, quando nós erramos, a Lei Maior e a Justiça Divina já encaminham uma entidade pra desvitalizar aquele sentido da vida em nós, já encaminham uma entidade que vai atuar naquele campo da vida e muitas vezes isso aparece como se fosse uma demanda.
Se for externo, se for uma demanda, uma magia negra feita no campo da fé, então não importa como foi feito, pode ter uma magia negra feita dentro da cultura africana, uma magia negra feita a partir de técnicas da cultura europeia, uma magia negra feita a partir de técnicas e conhecimento do Catolicismo – como antigamente se fazia: missa invertida – se usa elementos daquela cultura, invertem-se aqueles elementos pra atingir alguém, então se chega ao campo da fé, chega ao campo de algum Exu que atua na força de Oxalá.
Na hora de identificar isso, pode ser que seja atuação de “Exu Sete Cabeças”, se entra no campo de Ogum pode ser identificado como “Exu Tranca Ruas” porque está no campo de Ogum, se entra no campo de Xangô é “Exu do Fogo” porque está no campo de Xangô, então é identificar a demanda.
Quando se identifica quer dizer que você está com problema naquele sentido da vida, o sentido da fé. Isso é interior ou exterior, se é interior é um desequilíbrio seu, se é do exterior é alguém do exterior demandando contra você.
A tripolaridade de Exu no “campo da fé” diz assim: “Exu dos Cris tais” vai vitalizar a sua fé e vai desvitalizar a ilusão, desvitalizar o fanatismo e neutralizar toda ação negativa no campo da fé, então essa é a função de “Exu Guardião dos Cris tais”.
Se você está passando uma dificuldade no campo da fé seja ela interna ou externa você pode fazer um agrado para o “Exu dos Cris tais”.
Se for por uma dificuldade interna, eu estou em desequilíbrio ou eu estou vivenciando um vício no campo da fé, pra eu sair dessa condição eu peço ajuda a um “Exu de Oxalá” ou um “Exu de Logunan” ou ao “Senhor Exu Guardião dos Cris tais”.
Se for externa, ele vai neutralizar a ação negativa que vem de fora como uma demanda para me atacar, se houver uma demanda e isso aparecer como demanda de “Sete Cabeças” ou “Sete Coroas” ou “Sete Encruzilhadas”, tem dois caminhos: como ele não tem nada de pessoal contra mim, impossível ele ter algo pessoal contra mim porque ele não faz parte do meu convívio, então ele veio por uma ação mágica, por uma determinação, por um trabalho firmado, por uma entrega, por um despacho, por alguém que trabalhou em cima da força dele, do nome dele ou alguém que fez uma magia que não tem nada a
ver com Exu, mas se criou no campo dele e ele aparece dizendo: “Tem uma demanda no campo de Sete Encruzilhadas”, por exemplo, basta eu fazer uma oferenda pra ele porque isso é magia, fazer uma oferenda, um agrado pra ele e ele será encaminhado.
E eu não tenho que oferendar com princípios de magia negra mesmo que isso tenha sido feito contra mim, eu faço um agrado, uma oferenda com os princípios da Umbanda que usa bebidas, velas, flores, frutas e elementos como: a garrafa de pinga, sete velas, um charuto, cravos vermelhos, um prato de farinha ou de farofa que pode estar com dendê, pode estar com pinga, ofereço isso para aquele Exu e peço a ele que corte que neutralize toda ação mágica no campo dele na minha vida e que leve de volta ou que apenas recolha o que foi colocado e isso sempre funciona porque é magia e peço que seja feito em nome da Lei Maior e da Justiça Divina.
Agora, se eu estou sofrendo uma demanda no campo da fé e eu não sei no campo de qual Exu está - eu não tenho nome “Sete Encruzilhadas”, “Marabo” “Tiriri”, eu não tenho nome, “Sete Cabeças”, “Sete Coroas”, eu não tenho nome do Exu – mas, eu sei que estou sendo atacado no campo da fé que pode ser por um problema interno ou externo, então basta eu fazer uma oferenda ao “Exu Guardião dos Cris tais” e pedir a ele que se for uma dificuldade interna que ele desvitalize os meus vícios no campo da fé, os meus desequilíbrios no campo da fé, que ele vitalize as minhas virtudes e as minhas qualidades no campo da fé e que ele neutralize toda ação mágica, externa que está atentando contra a minha fé, fazendo um agrado, uma pequena oferenda em campo aberto.
Esse mistério da criação se sustenta a partir do Orixá Exu que é um vitalizador, desvitalizador e neutralizador de tudo na criação. A partir do Orixá Exu, o seu primeiro Exu Guardião, que é o Guardião da Fé – se eu colocar em ordem: primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo – sete Guardiões Maiores, o primeiro vai atuar nesse sentido, se tiver algum outro Exu atuando de forma negativa ele vai encaminhar.
Este é apenas um olhar pra gente começar a entender um pouco sobre o que é o “Orixá Exu”, o que são os “Exus Guardiões de Mistério”, quais são os “sete Exus Planetários” e os “quatorze Exus Guardiões de Mistério” e abaixo deles estão os “Exus espíritos” - entidades que trabalham na Umbanda - e os “Exus naturais.
Annapon
Texto baseado no curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino -