O dendezeiro veio da África, mas naturalizou-se brasileiro. Entrou no Brasil como mercadoria, não foi trazido pelos cativos, ou por causa deles. Sendo uma palmeira de origem tropical, adaptou-se perfeitamente ao nosso clima. Cada palmeira atinge a altura entre 15 e 30 metros de altura, começando a produzir a partir dos 6 anos. Aqui cresce espontaneamente e dando dois tipos de óleo, e não azeite, já que não é extraído da azeitona.
É o segundo óleo vegetal mais usado no mundo, só perdendo para o óleo de soja. O fruto laranja-avermelhado, entre os cabindas, é denominado ndende, entre os Yorubás, eyin, e o tipo de óleo da parte externa carnuda, é chamado de epo pupa, óleo vermelho. Da mesma forma, o óleo extraído do caroço que precisa ser quebrado, é denominado de àdin.
Outro elemento é o vinho de palma, extraído do tronco da palmeira. Tem um gosto doce, tornando-se ligeiramente azedo por fermentação e bastante alcoolizado. Entre os cabindas é denominado de malafu, e os Yorubás de emu.
Utilização nos Candomblés
É de grande utilidade em todos os setores de uma casa de candomblé. O óleo de cor avermelhada - epo - é considerado o sangue vegetal e é axé de realização. mas é interditado o seu uso, pela cor, aos Orixás brancos. O esbranquiçado da amêndoa - àdin - é a principal quizila de Exú.
O dendê permite moderar e suavizar situações sendo usado principalmente para divindades que se caracterizam pela luta como Xangô, Ogum, Iansã e Exú. Para as Iyámi, é oferecido como forma de substituição do èjè. Juntamente con o mel e o sal, o dendê é usado como tempero nos ritos de oferendas. O dendê também entra na relação de coisas proibidas. Após às 18 horas é denominado de omi pupa, água vermelha.
As Folhas do Dendezeiro
São colhidas sempre as folhas do alto da palmeira, para serem desfiadas e colocadas no alto das portas e janelas, recebendo então o nome de màrìwò. Representam a marca do pacto que Ogum faz com as casas de candomblé que ficam sob sua proteção, conforme é citado no Odu Okaran.
Das nervuras do dendezeiro são feitos o xaxará de Omulu e o ibiri de Nanã, atadas com tiras de couro, e utilizadas nas danças rituais, além de serem utilizadas na pintura de Iyawo. Os coquinhos sem a polpa externa, quando utilizados na prática do jogo de Ifá, são denominados de ikin, Em número de 16, devem possuir 4 pequenos orifícios, representando os olhos de Ifá. Enquanto dois dormem, os outros permanecem em constante vigília,
Em tudo o que se faz numa casa de candomblé, há sempre uma consciência divina. Vegetações, o poço encantado, árvores especiais abraçadas em seu tronco por tecidos e laços bem destacados ao lado das oferendas. É nesse ambiente que se produz a intimidade com as divindades e onde se protege e garante a vida e o bem estar de um povo.