O que é Aromaterapia
A palavra Aromaterapia vem dos termos gregos aroma (odor agradável) e therapeia (tratamento), assim, significando “tratamento através de odores agradáveis”.
A Aromaterapia é uma terapia integrativa e complementar, portanto, de natureza holística, que faz uso de óleos essenciais 100% puros, com o objetivo de equilibrar a saúde física, mental, emocional e espiritual do indivíduo.
Os óleos essenciais têm caráter terapêutico e são ricos em princípios naturais. Durante o contato com eles, ao serem inalados, imediatamente, uma mensagem é enviada ao sistema límbico, que é um grupo de estruturas cerebrais associado às emoções, à memória, aos sentimentos, aos reflexos e às reações instintivas. Com isso, nessa parte do sistema nervoso é ativado o metabolismo, fazendo emergir sentimentos e emoções positivas (que ficam gravados na memória) e regulando as funções orgânicas do corpo do indivíduo.
A Aromaterapia é, também, chamada de terapia do olfato, por ser um tratamento natural que aplica as propriedades curativas existentes nas moléculas químicas dos óleos essenciais, que produzem o perfume das plantas aromáticas.
O termo Aromaterapia é aplicado, por vezes, a um ramo da Fitoterapia. E é, essencialmente, uma prática multidisciplinar, uma vez que abarca diversas áreas, como farmacologia, psicologia e medicina, dentre outras.
Essa prática terapêutica considera os aspectos individuais de cada pessoa e pode ser associada a diversos tipos de tratamentos convencionais ou complementares. Possibilita ao indivíduo restaurar o equilíbrio e promove um grande bem estar.
A Aromaterapia é utilizada de forma corriqueira, na Europa, há mais de 80 anos.
É uma terapia complementar e holística com fundamentação científica, onde o assunto está presente em publicações de diversas revistas respeitadas mundialmente, assim como, em algumas plataformas de artigos científicos, como a PubMed. Existem milhares de artigos publicados após estudos concluídos com o termo “essential oil”. Isso porque, é através do uso dos óleos essenciais que se chega à cura de várias enfermidades, além de promover a saúde integral.
Ainda há muito o que se pesquisar, explorar e aprender nessa área, num panorama de infinitas possibilidades.
História da Aromaterapia e dos Óleos Essenciais
A utilização de plantas aromáticas para diversas finalidades, como para promover o bem estar, é muito antiga e data de milênios. Por meio de estudos arqueológicos foi possível identificar que os homens Neandertais já faziam uso de plantas aromáticas há pelo menos 200 mil anos, na alimentação, em infusões e decantações.
Há 40 mil anos, os aborígenes que habitavam o continente australiano, aprenderam a utilizar de forma extraordinária a flora local. Frequentemente, utilizavam as folhas de Melaleuca alternifolia, principalmente, como chá.
A região da Índia, e ao seu redor, tem registros de 7 mil anos atrás, onde as “águas aromáticas” eram utilizadas para a saúde (tratar o corpo e o espírito), nos sacrifícios sagrados e para fins estéticos. A medicina ayurvédica identificou e catalogou o uso de diversas plantas aromáticas.
Foram encontrados registros no Oriente, que evidenciaram a existência de destilarias primitivas há cerca de 5 mil anos, muito provavelmente, locais de produção de loções, e não óleos essenciais.
Os povos da antiguidade valorizavam o uso e os benefícios dos óleos de plantas aromáticas. Foram encontrados textos na antiga literatura védica indiana e textos da medicina chinesa, que documentavam a importância dos óleos aromáticos, tanto para a saúde, bem estar, como para a espiritualidade.
Os povos da antiguidade valorizavam o uso e os benefícios dos óleos de plantas aromáticas. Foram encontrados textos na antiga literatura védica indiana e textos da medicina chinesa, que documentavam a importância dos óleos aromáticos, tanto para a saúde, bem estar, como para a espiritualidade.
No entanto, é difícil precisar quando que o uso dessas plantas se disseminou e começou a fazer parte da vida dos seres humanos. Há registros do Antigo Egito de 3.500 anos a.C.
Nessa época, tanto no Egito como na Babilônia, as plantas aromáticas eram maceradas em óleos vegetais, depois filtradas e usadas ou comercializadas como “unguento” , de grande valia para todos. Os unguentos eram destinados a aplicações medicinais e estéticas (essência utilizada para perfumar o corpo). Ainda não sabiam como extrair o óleo essencial puro. Mas, médicos do mundo todo buscavam os mestres egípcios para aprenderem sobre o poder curador dos aromas. Os vinhos aromáticos eram usados como anestésicos.
Os estudos comprovaram que no Antigo Egito, os reis em suas adorações aos deuses utilizavam incenso e óleos aromáticos. Assim como, o povo em geral, apreciava muito o uso de compostos aromáticos, tanto nas cerimônias religiosas, e para embalsamar os mortos, como direcionado à cura, ao bem estar físico e espiritual e à estética.
Estudos arqueológicos observaram que o faraó Tutankhamon foi embalsamado com um elemento cosmético, que continha óleo de Cedro do Atlas ou Cedrus atlantica. Hoje, acredita-se que o excelente estado de conservação do corpo do faraó é decorrência do uso do óleo de Cedro do Atlas, que apresenta propriedades antioxidantes e, portanto, rejuvenescedoras. Também, descobriu-se alguns objetos utilizados na época para decoração e oferendas, que continham óleos aromáticos.
Existia um grande comércio de plantas aromáticas em diversos lugares como Egito, Pérsia, Babilônia, Oriente Médio, Índia, China, Grécia e Roma. Os estudiosos conseguiram identificar a chamada Rota do Incenso, localizada em Omã, que é um sítio arqueológico reconhecido e protegido pela UNESCO.
Havia uma grande procura por plantas aromáticas na Antiguidade e algumas delas, como o Olíbano e a Mirra, eram tão valorizadas quanto o ouro. Os chineses também ficaram muito conhecidos por utilizarem as plantas aromáticas para tratar dos doentes e trazer bem estar.
Havia uma grande procura por plantas aromáticas na Antiguidade e algumas delas, como o Olíbano e a Mirra, eram tão valorizadas quanto o ouro. Os chineses também ficaram muito conhecidos por utilizarem as plantas aromáticas para tratar dos doentes e trazer bem estar.
Os Hebreus utilizavam os aromas, especialmente, em cerimônias religiosas, o que é facilmente entendido em trechos bíblicos. Porém, também, conheciam os benefícios medicinais das plantas aromáticas e untavam todo o corpo com misturas feitas com ervas, tanto para tratar as doenças, quanto para elevar suas almas.
Por muito tempo, não existiu a distinção entre médico, astrônomo, biólogo, psicólogo etc. Essas pessoas eram chamadas de sábios e polímatas (tinham conhecimentos em diversas áreas e assuntos). Conseguiam trazer um estado de saúde mais equilibrado, tanto para eles, quanto para a comunidade em geral.
É fato que os gregos aprenderam muito com os egípcios a respeito desse assunto, com a diferença de que atribuíam a eficácia das propriedades aromáticas das plantas aos poderes divinos.
Hipócrates, médico e filósofo, considerado por muitos o “pai da medicina”, utilizava fumigações aromáticas (aplicações de medicamentos em determinadas partes do corpo, por meio de vapores e fumaças), com o objetivo de tratar e erradicar a praga em Atenas. Também fazia uso, de banhos aromáticos e massagens com produtos extraídos de ervas, como alecrim, lavanda, hissopo e segurelha, em soldados feridos e enfraquecidos pelos combates.
Depois de três séculos, ainda na Grécia, Asculépio, grande amigo de Cícero, estudava e utilizava os produtos das plantas aromáticas, em massagens associando banhos, músicas e vinhos.
O botânico e filósofo Teofrasto escreveu “Historia Plantarum”, entre 350 a.C. e 287 a.C., em dez volumes, falando da estrutura das plantas, as diferentes variedades, seu crescimento, reprodução, as plantas selvagens e as domésticas, suas utilizações e benefícios etc. Também, descreve em seus livros, sobre a utilização medicinal das plantas, e sobre a extração dos sumos, colas e resinas das plantas. Em seu “Tratado de Odores”, Teofrasto salienta o interesse terapêutico dos aromas e observa os princípios fundamentais da ação dos óleos essenciais nos órgãos internos.
Somando-se o conhecimento egípcio e grego, houve o aprendizado dos romanos em suas explorações e conquistas territoriais. Dioscórides, autor greco-romano, considerado co-fundador da farmacognosia, através de sua obra “De matéria médica”, descreveu cerca de 600 plantas, sendo muitas delas aromáticas. Paralelamente, detalhou um método de destilação, mas ainda não sabia como extrair os óleos essenciais puros.
O primeiro documento escrito sobre a história da destilação foi feito no século IX, por Geber, nome latino do islâmico Abu Muça, grande alquimista, farmacêutico, físico, filósofo e astrônomo, que foi chamado de “o pai da química” pelos europeus. Geber foi responsável por introduzir a experimentação na alquimia, assim como, de vários instrumentos (como o alambique, que executa a destilação) e processos importantes usados na química moderna, por exemplo, a síntese dos ácidos nítrico e clorídrico, a cristalização e a destilação.
A prática da utilização das plantas aromáticas teve sua expansão no século XI, próximo ao ano de 1.000 d.C., com mérito dos árabes. Foi o médico, estudioso e filósofo persa, chamado Avicena, que se dedicou à escrita de vários assuntos em diversos livros, onde acabou por resgatar e difundir sobre o tema “destilação de plantas aromáticas”. Acabou servindo de base para a extração e obtenção de óleos essenciais puros.
No século XI, Avicena inventou um tubo de resfriamento espiralado, que favoreceu a destilação de óleos essenciais, em um processo mais refinado e eficiente, fazendo aumentar o número de interessados no assunto.
Avicena foi nomeado “Príncipe dos médicos” e publicou mais de cem obras médicas, como o conhecido “Cânone de Medicina”, que menciona diversos óleos essenciais.
Historicamente, o persa Avicena, também ficou conhecido como o primeiro homem a obter a destilação do óleo de Rosas (Rosa centifolia), conhecido por seu perfume apreciável. Havia, ainda, os subprodutos dos óleos essenciais, que eram as águas aromáticas e os hidrolatos, também muito utilizados. Essa fragrância tornou-se muito conhecida e popular e teve seu comércio expandido por toda a Europa durante a época das Cruzadas.
O povo persa era extremamente treinado e imerso em alquimia, medicina e terapias naturais.
No século XII, havia uma freira chamada Hildegard, que cultivou e destilou o óleo de lavanda na França, com a intenção de utilizar as suas propriedades medicinais.
No século XII, havia uma freira chamada Hildegard, que cultivou e destilou o óleo de lavanda na França, com a intenção de utilizar as suas propriedades medicinais.
No século seguinte, emergiu a indústria farmacêutica, o que propiciou a destilação de inúmeros óleos essenciais. Dessa forma, o estudo e aplicação das plantas aromáticas foi seguindo pelos séculos seguintes.
No século XIV, a peste negra matou milhões de pessoas. Na época, utilizavam preparados de ervas para tratar os doentes e acreditava-se que os perfumistas não contraíam a doença devido a sua constante exposição aos aromas naturais das ervas. A partir daí, médicos e enfermeiros passaram a utilizar a inalação de aromas e óleos essenciais para se protegerem da doença, usando roupas especiais para isso.
O médico, alquimista, ocultista e filósofo suíço-alemão, Paracelso, criou o termo “essência” e seus estudos mudaram, radicalmente, a natureza alquímica, sendo que deu enfoque à utilização de plantas como remédios. É considerado o reformador do medicamento e, também, fundador da Bioquímica e da Toxicologia.
Em 1563, Giovanni Battista Della Porta, jesuíta, filósofo, astrônomo e mago italiano renascentista, escreveu “Liber de distillatione”, especificando os óleos carreadores (óleos utilizados para veicular os óleos essenciais), óleos essenciais e os métodos de separar os óleos essenciais das águas aromáticas destiladas.
No século XVI, envolvidos nesses estudos estavam os alquimistas, que acreditavam no fato do óleo essencial ser a parte da planta responsável pela cura dos males e doenças.
Os óleos essenciais eram vendidos nos “boticários” nessa época, sendo que muitos outros começaram a ser comercializados. A partir desse momento, a perfumaria começou a ser entendida como uma forma de arte.
O médico e botânico herbolista inglês, Nicholas Culpeper, passou a maior da vida explorando, estudando e catalogando centenas de ervas medicinais. Seus livros “The English Physitian” (1652) e “Complete Herbal” (1653) contêm um vasto repertório de conhecimentos farmacêuticos e sobre as ervas medicinais da época. Ficou conhecido como o “pai do herbalismo moderno”, sendo que seu trabalho agregou importância à Fitoterapia e à Aromaterapia atuais.
Em 1887, Chamberland, químico e microbiologista francês, mostrou em seus trabalhos experimentais a capacidade dos óleos essenciais de neutralizarem os germes. Em 1888, Codéac e Meunier publicaram os resultados de suas pesquisas nesse mesmo tema, em “Anais do Institute Pasteur”, com diversas verificações in vitro, com resultados concordantes.
Ainda nesse século, os principais constituintes de óleos essenciais foram isolados.
Surgiram os Primeiros Perfumes
A origem da palavra perfume vem do latim per fumum, que significa “através da fumaça”. E era por meio da queima das plantas ou ervas aromáticas, que emergia a explosão do perfume.
No Antigo Egito, desde os reis e rainhas até as pessoas do povo, admiram imensamente os perfumes e seus aromas. Historicamente, fala-se que Cleópatra usou aromas para inebriar e conquistar os imperadores Marco Antônio de Tarso e Júlio César.
Na Grécia, a admiração por aromas não era menor. O primeiro perfumista grego foi Megallus, que criou o perfume chamado de Megaleion. Tratava-se de uma mistura composta por mirra e canela, dentre outras plantas aromáticas, que além de perfumar o corpo tinha outros propósitos.
Voltando à parte histórica e à mitologia grega, as deusas do Olimpo usavam em todo o seu corpo os óleos essenciais puros para atrair os humanos, sendo que elas não poderiam se relacionar com eles, mas faziam isso para seduzí-los. A deusa do amor, Afrodite, ficou famosa por isso também e o termo “afrodisíaco” derivou dessa sua característica. Estão relacionados a ela os aromas de camélia, rosa e sândalo, que evocam afeto relacionado ao amor e à sensualidade.
Grandes apreciadores de aromas, os romanos guardavam seus perfumes em garrafas de vidro, alabastro ou ônix. Os mercados de rua ficavam cheios de perfumistas vendendo suas criações. As plantas aromáticas mais utilizadas eram: alecrim, canela, mirra, sálvia, melissa, cardamomo, nardo, açafrão, entre outras.
Estudiosos do assunto, entenderam que as casas de banho da época do Império Romano tinham suas águas esquentadas por imensas lareiras no subsolo da mesma. Assim, quando as plantas aromáticas eram colocadas na água, exalavam um cheiro agradabilíssimo, que propiciava o relaxamento e o bem estar dos usuários, além da limpeza da água, por conta das propriedades antissépticas das ervas. E a utilização das plantas aromáticas estendeu-se por muitos séculos, tanto para a saúde e bem estar, e cerimônias religiosas, como para o aprimoramento dos perfumes.
Sabe-se que por volta do ano de 1200, o rei Filipe Augusto II, da França, reconheceu a profissão de perfumista, possibilitando a abertura de locais destinados à comercialização das fragrâncias.
Assim, a indústria perfumista surgiu no século XIII, trazendo o crescimento da comercialização dos aromas, não só para fins cosméticos, mas para fins medicinais também. Na época em que a Peste Negra matou muitas pessoas, levantaram a questão de que os perfumistas estariam sendo poupados da doença por estarem em contato constante com as substâncias e os aromas das plantas e, por isso, o uso desses elementos foi adotado por médicos e enfermeiros.
Assim, a indústria perfumista surgiu no século XIII, trazendo o crescimento da comercialização dos aromas, não só para fins cosméticos, mas para fins medicinais também. Na época em que a Peste Negra matou muitas pessoas, levantaram a questão de que os perfumistas estariam sendo poupados da doença por estarem em contato constante com as substâncias e os aromas das plantas e, por isso, o uso desses elementos foi adotado por médicos e enfermeiros.
No século XIX, consumou-se a próspera indústria da perfumaria. Os perfumes eram guardados em vidros extremamente belos e artísticos.
Em 1949, surgiu a “The Fragance Foundation”, criada por líderes da indústria de perfumes: Guerlain, Coty, Elizabeth Arden, Helena Rubinstein, Chanel e Parfums Weil (empresa francesa pertencente aos irmãos Jacques, Marcel e Alfres Weil). O objetivo era desenvolver programas educacionais a respeito da importância e dos prazeres das fragrâncias para o público americano.
Aromaterapia na Modernidade
Nos séculos seguintes, os aromas foram se popularizando, porém, na virada do século XX, emergiu a indústria química sintética trazendo uma nova geração de medicamentos, o que resultou na diminuição do interesse pelos produtos naturais.
O conhecimento anterior de separar os elementos que constituíam os óleos essenciais foi utilizado para criar químicos sintéticos e remédios. Acreditava-se que o uso isolado desses componentes seria mais econômico e eficaz. Essas experiências e descobertas foram responsáveis pelo surgimento da “medicina atual” e das fragrâncias sintéticas. Por outro lado, diminuiu drasticamente o uso de óleos essenciais como remédios.
No começo de 1904, o médico e botânico australiano, Cuthbert Hall, demonstrou o poder antisséptico do óleo de Eucalyptus globulus em sua forma natural, que era muito potente do que seu principal composto e princípio ativo isolado, o eucalipto.
Em 1910, o químico Otto Wallach ganhou o prêmio Nobel em Química por seu primoroso trabalho na análise e identificação dos componentes primários (terpenos) e dos compostos alicíclicos, dos óleos essenciais das plantas aromáticas. Esses estudos tiveram grande influência no desenvolvimento da indústria dos perfumes e dos óleos essenciais.
Até por volta de 1920, os óleos essenciais eram utilizados da mesma forma que na Idade Média, para loções, banhos e perfumes, basicamente.
Mas, a Aromaterapia ressurgiu alguns anos depois, por volta de 1930, através do químico francês René Maurice Gattefossé, cuja família era proprietária de uma indústria de perfumes. Alguns anos antes, quando estava trabalhando no laboratório dessa empresa, ele queimou, acidentalmente, parte de seus dois braços. Procurou rapidamente um médico que lhe aplicou antibióticos e enfaixou os locais da queimadura. Porém, o ferimento ficou pior, começou a gangrenar e corria o risco de amputação.
Gattefossé em seu desespero, teve a ideia de mergulhar os braços em um recipiente que continha óleo essencial de Lavanda Francesa (Lavandula angustifolia) e continuou a passar o óleo nos ferimentos. O que se fala é que em poucas horas houve uma melhora expressiva e evidente. As feridas cicatrizaram, não tinha bolhas e a infecção foi contida. Quando retornou ao médico, constataram que não precisaria mais da amputação.
Gattefossé ficou encantado com o poder cicatrizante da lavanda e passou a estudar mais a fundo as propriedades e os usos terapêuticos dos óleos essenciais. Chegou à conclusão que os óleos essenciais são mais eficazes que os seus princípios ativos.
O químico, então, começou a escrever artigos sobre a utilização dos óleos essenciais como recurso terapêutico e a publicá-los no jornal da empresa. Mais tarde, em 1928, reuniu esses textos em um livro que intitulou “Aromathérapie: Les Huiles Essentielles, hormones végétables” (“Aromaterapia: Os Óleos Essenciais, hormônios vegetais”). E foi a primeira vez que alguém fez uso do termo Aromaterapia.
Com essa publicação, atraiu a atenção de estudiosos, pesquisadores e profissionais da área da saúde, dentre eles o médico e cirurgião francês, Dr. Jean Valnet, que já fazia uso da prática da Fitoterapia (chamado por muitos na época de fito-aromática). Ele serviu na Frente Armada Francesa e utilizava os óleos essenciais para tratar e salvar vidas. Obteve resultados muito animadores, que o fizeram dedicar grande parte de sua vida à Aromaterapia. Após a Segunda Guerra Mundial, o médico retomou as pesquisas de Gattefossé, desenvolvendo, sistematizando e comercializando os produtos obtidos, especialmente, os óleos essenciais. Valnet descobriu, também, que muitos dos óleos essenciais têm maior ação e eficácia quando usados na totalidade de seus ingredientes ativos, que quando isolados ou sintetizados.
Em 1961, a bioquímica australiana Marguerite Maury publicou o livro “Le Capital Jeunesse”, que falava sobre a aplicação e os benefícios dos óleos essenciais, tanto para a saúde quanto para a estética. Ela mesma fazia uso dos óleos essenciais desde os anos 30. Marguerite inspirou-se em Renée Gattefossé quando iniciou seus estudos. Sempre acreditou e defendeu a ideia de que os óleos essenciais eram a mais pura forma de energia viva, capaz de promoverem saúde, bem estar, como também, exercerem estímulo para o cérebro e trazerem equilíbrio ao indivíduo. Ela fez a seguinte citação numa conferência em Milão: “… Mas, o maior benefício é o efeito da fragrância no estado psíquico e mental do indivíduo. O poder de percepção se torna maior, mais aguçado, há uma sensação de ‘enxergar’ com maior objetividade, por uma perspectiva mais verdadeira.”
Em 1964, na Inglaterra, Danièle Ryman traduziu o livro “Le Capital Jeunesse”, de Marguerite, o que colaborou para o crescimento do interesse no assunto nesse país.
Mais tarde, Valnet escreveu um livro sobre as propriedades e possibilidades terapêuticas dos óleos essenciais. Em 1971, criou a Associação de Estudos e Pesquisas em Aromaterapia e Fitoterapia, a primeira associação do gênero na França e, dois anos depois, mudou para Sociedade Francesa de Fitoterapia e Aromaterapia.
Nesse mesmo ano, foi criado pelo médico francês Maurice Girault o termo Aromatograma, a fim de caracterizar o antibiograma com óleos essenciais, referente às pesquisas dos óleos essenciais e suas propriedades antibióticas.
Valnet iniciou em 1976, a organização de Congressos de Fitoterapia e Aromaterapia, em várias cidades da França, além de expandir seus conhecimentos e descobertas aos meios de comunicação disponíveis.
O primeiro livro de Aromaterapia publicado em inglês foi “The Art of Aromatherapy”, em 1977, pelo aromaterapeuta inglês Robert B. Tisserand. No Reino Unido, a Aromaterapia foi introduzida através da estética e da cosmetologia.
Em 1980, abandonou esse órgão por discórdia em relação à atitudes de vários membros e, um ano depois, fundou o Colégio de Fito-Aromaterapia e Medicina de Campo, reunindo profissionais de diversas áreas como médicos, biólogos, farmacêuticos, veterinários, dentistas dentre outros, a fim de pesquisarem e estudarem sobre Aromaterapia e Fitoterapia.
Os estudos de Valnet estenderam-se além das observações clínicas, buscando entendimento sobre as propriedades antiinfecciosas e antibióticas dos óleos essenciais. Jean Valnet é, também, responsável por divulgar ao público em geral os termos Aromaterapia e Aromatografia.
Além desses nomes citados, outros pesquisadores franceses como o Dr Jean-Claude Lapraz e Christian Duraffourd comprovaram que os óleos essenciais são os antibióticos naturais mais eficazes contra infecções.
Conclui-se, assim, que o conhecimento dos componentes dos óleos essenciais possibilita o entendimento dos resultados aplicados nas atividades físicas, químicas, bioquímicas e eletrônicas dos aromas vegetais.
Explicação de Termos Utilizados na Aromaterapia
Aromaterapia
É uma técnica de tratamento do indivíduo, que nasceu na França no início do século XX, que utiliza os óleos essenciais com a intenção de equilibrar o corpo, a mente e o espírito. Dividiu-se em dois sistemas: a Aromaterapia francesa (ou Aromatologia), que trabalha com o emprego dos óleos essenciais de forma clínica e como fitoterápicos, além de fazer uso em massagens, inalações e fins estéticos. E, a Aromaterapia inglesa, que dedicou-se mais ao uso dos óleos essenciais para o bem estar, através de massagens, inalações e usos na estética e cosmetologia.
Aromatologia
Refere-se ao uso científico dos óleos essenciais. Este termo está vinculado ao Scientific Institute of Aromathology da França, apresentando os estudos científicos das propriedades e dos efeitos dos óleos essenciais, assim como, de suas ações quanto aos aspectos clínicos, psicológicos, gastronômicos, estéticos e energéticos.
Aromacologia
Termo criado e patenteado pela “The Fragrance Foundation” e pelo “Sense of Smell Institute”, em 1989, Nova York. Significa, à luz da ciência, a influência dos cheiros sobre as emoções e os sentimentos. O termo foi criado para descrever o conceito enunciado para o estudo das inter-relações entre a Psicologia e a Tecnologia de Fragrâncias.
Osmologia
Relaciona-se ao estudo dos odores, da percepção olfativa dos mesmos e das reações comportamentais e emocionais que eles incitam nos seres vivos.
Psicoaromaterapia
O termo está relacionado ao uso dos óleos essenciais, tendo em vista a ação psicológica dos mesmos. Neste aspecto, estuda-se somente os óleos essenciais 100% puros, diferentemente, da Aromacologia, que estuda todos os tipos de aromas, naturais e sintéticos, bons e desagradáveis.
Terapia Aromática Integrada
O termo foi criado pelo médico aromatologista francês Daniel Pënoel, para que fosse usado pelos praticantes da Aromatologia.
Teoria Quântica do Olfato
Ainda há muito o que compreender sobre o olfato, ou seja, sobre como sentimos os cheiros e por que sentimos o cheiro de uma ou outra forma. Os cientistas estudam, observam, levantam hipóteses e constroem teorias diversas. Atualmente, a teoria mais aceita é que o cheiro é levado por moléculas das substâncias que são transportadas pelo ar e, paralelamente, o odor específico de cada substância vai depender do formato da molécula. Ou seja, sentimos os cheiros a partir do momento que a molécula penetra em nossas narinas e encontra o receptor correspondente.
No entanto, há falhas nesses experimentos ainda a se investigar as causas.
O pesquisador grego Luca Turin, do Centro de Pesquisas Biomédicas Fleming, há algum tempo trabalha a fim de convencer outros cientistas de que o fenômeno do odor é quântico.
Turin publicou um artigo, em 1966, afirmando que não é o formato das moléculas, mas sim sua energia vibracional que faz com que sintamos os cheiros. Explicou que as vibrações moleculares desencadeiam o tunelamento quântico, que também é usado nos transistores que formam os processadores de computador e de todos os outros equipamentos eletrônicos. Para esclarecer de forma simples, o elétron adota o comportamento de onda, ao invés de partícula, e assim, consegue atravessar a barreira sólida transferindo uma carga elétrica.
No entanto, para sobrepor-se à teoria anterior já aceita, mesmo com falhas, Turin fez outro experimento, onde construiu moléculas orgânicas formadas por hidrogênio e carbono. Sintetizou dois tipos de moléculas: uma formada com átomos de hidrogênio e outra constituída de deutério (isótopo do hidrogênio). Ambas apresentavam energias vibracionais distintas, o que para a Teoria Quântica do odor do Dr. Turin, possibilitaria que as moléculas apresentassem cheiros diferentes, apesar de serem formadas pelos mesmos elementos químicos e, também, de terem o mesmo formato físico.
O experimento duplo-cego funcionou. Sendo que nele, nem os condutores do experimento, nem os voluntários sabiam qual era a molécula que estava sendo utilizada no teste. Como resultado mostrou que ambos os tipos de moléculas apresentam odores diferentes, o que não pode ser explicado pela teoria atual, mas que pode ser demonstrado e explicado pela Teoria Quântica do odor.
Contudo, derrubar uma teoria aceita há muito tempo por gerações de cientistas é extremamente difícil. Até porque existem diversos outros trabalhos baseados nesse antigo paradigma. E o que fazer com eles?
Conhecedor do meio científico, o físico Max Planck resumiu esse processo:
Uma verdade científica não se impõe por convencer os que a ela se opõem e por levá-los a verem com clareza, mas sim, antes, porque os opositores acabam morrendo e surge uma nova geração que aceita a verdade nova.
Indicação – Tratamentos de Aromaterapia
Tem servido como um importante apoio a tratamentos tradicionais de saúde e na cosmetologia, por sua eficácia e facilidade de utilização.
A aromaterapia, através dos óleos essenciais, pode ser administrada através de massagens, compressas, cremes, óleos corporais, banhos ou por meio de aromatizadores.
É indicada para os mais variados tipos de problemas, desde dores musculares, dores de cabeça, má digestão, processos alérgicos, à ansiedade, passando por indisposição, distúrbios de sono, falta de ânimo, entre outros.
É também praticada por médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde para o tratamento de disfunções orgânicas. Tornou-se um recurso natural muito utilizado na área da cosmética, estética facial, corporal e higiene pessoal.
Usada no dia a dia, é uma forma agradável de manter a saúde e beleza do seu corpo, proporcionando bem estar pessoal e profissional. Transforma os pequenos rituais diários de cuidados com o corpo em momentos de prazer e relaxamento, colocando todo o encanto da Natureza em sua companhia.
Os Óleos Essenciais e suas Características
Segundo a entidade de padrão internacional (ISO), óleo essencial é um produto obtido através da hidrodestilação ou da destilação a vapor, ou processamento mecânico de cascas de cítricos ou destilação a seco de materiais naturais, que são as plantas aromáticas.
São compostos considerados puros e, também, podem ser extraídos através da enfloragem (método mais belo de extração dos óleos essenciais de flores ou plantas aromáticas, que capta e eterniza a alma das flores). Podem ser extraídos de galhos, folhas, flores, raízes, troncos e resinas. Depois da destilação, o óleo essencial é fisicamente separado da fase aquosa. Os óleos essenciais são compostos lipossolúveis, ou seja, que se dissolvem em gorduras.
Apresentam algumas características como:
- Concentração 100% natural;
- Consistência oleosa e líquida;
- São altamente voláteis;
- Têm poder curativo.
E as suas propriedades terapêuticas são definidas de acordo com as partes das plantas, sendo que podem ser estimulantes, relaxantes ou equilibrantes. Os óleos essenciais altamente voláteis estimulam a mente; os de baixa volatilidade são mais calmantes e os de média volatilidade favorecem os efeitos balanceadores no organismo.
Algumas das atuações dos óleos essenciais após a sua liberação:
- São meios de comunicação entre as plantas;
- Protegem as plantas de parasitas, insetos herbívoros e outras ameaças;
- Atuam como reguladores e catalisadores de metabolismo;
- Atraem polinizadores;
- Protegem as plantas de mudanças climáticas, auxiliando-a a sobreviver sob diferentes condições.
- Os óleos essenciais têm o objetivo de promover a saúde e o bem estar, tanto físico, como emocional e espiritual do indivíduo.
O fato é que, mesmo depois de tantas pesquisas e estudos, ainda não se conhece mais do que 1% de todos os óleos essenciais. Como, também, pouco sabemos de suas propriedades terapêuticas e dos inexplorados outros benefícios dos mesmos.
Cerca de 10% das 250 a 300 mil espécies catalogadas produzem óleos essenciais. E destas, houve extração do óleo essencial de apenas cerca de 3 mil espécies. E, ao que se tem notícia, estão disponíveis no mercado mundial somente cerca de 300 espécies, para a perfumaria, os cosméticos e a Aromaterapia.
Utilização e Benefícios dos Óleos Essenciais
A Aromaterapia e os óleos essenciais podem ser usados de diversas formas, a fim de aproveitar seus benefícios, não só pela inalação, como o nome sugere. De acordo com o objetivo terapêutico e a necessidade do indivíduo é que determina-se como usar o óleo essencial.
Há algumas maneiras mais utilizadas, que são:
1. Uso Tópico
Aplicação direta na pele ou no local a ser tratado. Porém, por serem extremamente concentrados, quando usados sem serem diluídos podem causar sensibilização na pele. É recomendado que sejam diluídos em bases carreadoras como óleo vegetal de côco, de amêndoas doces, de avelã, de jojoba, de rosa mosqueta dentre outros. Podem ser utilizados com aplicação direta, massagem (de forma diluída), como cosméticos (diluídos, para todos os tipos de pele, uma vez que não são oleosos), banhos, e compressas.
2. Inalação
Trata-se da absorção dos óleos essenciais através da difusão atmosférica. O tratamento é norteado pelo sistema olfativo e é muito eficaz por afetar a memória, os hormônios e as emoções. Excelente para tratar rinite, asma, bronquite, sinusite, laringite e pneumonia. A inalação pode ser por difusão (utilização de um difusor no ambiente), direta (do próprio frasco), por vapor quente ou por uso de outros elementos como tecido, algodão etc.
3. Uso Interno
É o processo de ingestão do óleo essencial. Porém, nem todo óleo essencial pode ser usado dessa maneira, somente os óleos 100% puros, naturais e completos. E, nem sempre, a pessoa consegue saber a qualidade real do produto que está comprando. Cuidado com os óleos dermocáusticos, que são o tomilho, o orégano e a canela. Exemplos de formas de utilização: sublingual, juntamente com mel, água, suco, chás etc, em cápsulas, na culinária (adicionar em molhos, saladas etc) e supositórios.
O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo e é referência em óleos essenciais, apesar de ainda existir muito a ser descoberto. Muito pouco foi explorado das espécies existentes capazes de fornecer excelentes óleos essenciais. É necessário que haja divulgação dos benefícios dos óleos essenciais, como também, o incentivo e apoio aos produtores locais, favorecendo as pesquisas, os cursos afins, a extração e o comércio dos óleos essenciais.
Não existe arte que ensine a ler no rosto as feições da alma. (William Shakespeare)Apesar de aparecer na forma terrena, sua essência é pura consciência. Você é o destemido guardião da luz divina. (Rumi)