terça-feira, 19 de outubro de 2021

História de Dona Nair!

 História de Dona Nair!


Nenhuma descrição de foto disponível.Dona Nair, era assim que me chamavam lá na Terra quando eu estava encarnada.
Nasci em Minas Gerais, mas meu pai tinha Espírito aventureiro, mudava de cidade sempre. Ele era um artista, vivia dentro de um circo.
Meu pai se vestia de palhaço para divertir as crianças. Chegávamos nas pequenas cidades e montávamos o circo. Era simples, mas as pessoas gostavam, se divertiam. Era o nosso ganha pão.
Eu já estava mocinha, com quatorze anos quando Gladistone, um jovem que se apresentou ao meu pai para trabalhar no circo com malabares. Claro que me apaixonei por ele a primeira vista. Como o nome dele era difícil de pronunciar, ficou Tone.
Ele era lindo, tinha disposição para ajudar meu pai.
Com a ajuda dele, o circo melhorou muito os espetáculos e isso trazia mais pessoas. Ficávamos três meses em casa cidade, mas dessa vez como o público cresceu, ficamos mais tempo.
Tone começou a fazer outras apresentações na corda em uma altura de dez metros, isso me preocupava, tinha medo que ele caísse.
Com o tempo, ele percebeu que eu suspirava por ele. Mesmo ele sendo tão bonito e as mulheres que iam assistir os espetáculos também suspiravam por ele e até deixavam presentes. Ele agradecia, mas nunca se envolveu com nenhuma delas, apesar que elas insistiam. Eu admirava isso nele, mas tinha medo que ele se apaixonasse por alguma delas pois eram tão bonitas.
Mas Tone só trabalhava. O tempo todo treinando seus números para os espetáculos á noite.
Ele ficou órfão com cinco anos e a família que criou ele até os dezoito tinha mudado de Estado, então ele era sozinho e veio morar no circo. Eu tinha mais tempo para apreciar a beleza que ele tinha por dentro e por fora. Era alto, pele bronzeada, cabelos negros, olhos esverdeados.
Papai percebeu que eu estava apaixonada, era tão visível que ele me chamou a atenção e fiquei envergonhada.

Para minha surpresa, um dia Tone pediu a minha mão em namoro para o meu pai. Nossa, eu tremia tanto.
Ele colheu flores do campo, fez um buquê lindo e perfumado e na hora do almoço, que era no circo, ele disse:
- Senhor João, tenho muita estima pela sua família que me acolheu aqui e desde a primeira vez que vi Nair, senti que ela é a mulher da minha vida!
Eu tive que sentar, pois estava em pé e as minhas pernas tremiam. Mamãe me deu água, papai falou:
- Faço gosto, pois você tem me mostrado ser um rapaz de caráter. Bem, mas daí é a Nair que tem que aceitar!
A minha voz nem saía, tão nervosa eu estava, pois nunca imaginei que aquele homem tão lindo fosse se interessar por mim. Mamãe me cutucou, então eu falei:
- Sim, eu aceito!
Ele me deu o buquê e disse:
- Senhor João, Dona Antônia, quero me casar no próximo domingo!
Pronto, pensei, não vou aguentar a emoção. E continuou a falar:
- Quero ter a minha família. Aos cinco anos fiquei órfão e a família que me criou não vive mais comigo. Se o Senhor me aceitar como genro, ficarei muito honrado!
Parecia um sonho! Eu me esforcei muito para entender que eu merecia aquele momento. Que apesar de eu não ser tão bonita como as outras moças, que eram altas, bem vestidas. Tone gostou de mim. Eu tinha o cabelo bem curto, era baixinha e me vestia de palhaço para apresentação junto com meu pai, até parecia um menino.
Chegou o dia do casamento!
Mamãe reformou um vestido que era dela fez uma tiara de florzinhas brancas. Tudo muito simples, mas mágico e eu amava tanto ele!

Quando papai desencarnou devido uma pneumonia, mamãe ainda era jovem, casou-se e não quis mais trabalhar no circo, pois já estava cansada.
Eu e Tone, continuamos, mas ficou tão difícil, pois o palhaço mais divertido que era o meu pai, não estava mais ali e a minha mãe também não.
Eu estava triste.
Pensei várias vezes em parar com o circo, mas no que iríamos trabalhar?
Uma noite, perdi o sono com tantas preocupações e fui andar quando ouvi um barulho, era na salinha onde ficavam guardadas as roupas de palhaço. Levei um choque quando me deparei com papai.
- Mas que estranho, como pode estar aqui se já faleceu?
Assustada corri para Tone e falei para ele.
- Vamos lá ver, disse ele.
Chegamos lá e ele não estava mais.
Tone me abraçou, eu tremia.
Sentia medo e não conseguia mais fazer o espetáculo de palhaço, pois papai me assustava e o Espírito dele não saía de perto de mim, mas Tone não conseguia vê-lo.
Eu fui perdendo o ânimo. Um dia Tone me falou:
- Enfrenta seu medo, pergunte para seu pai, por que ele ainda está entre nós? Pode ser que ele precise de oração. Eu vou com você, apesar de eu não o ver.
E sempre no mesmo horário, entre onze horas e meia noite, papai estava lá. Me aproximei e disse:
- Papai, eu vejo o senhor. Me parece tão cansado. Sua aparência não é boa, sabe que faleceu?
Ele me olhou:
- Do que fala Nair? Estou trabalhando! Venha me ajudar com essas roupas!
Pensei:
- Meu Deus, papai não sabe que morreu, o que eu faço?
Além de medo, eu não tinha sabedoria.
Tone falou:
- Amanhã vamos na Igreja pedir oração.
E fomos, mas papai continuava entre nós.
Tone era o meu anjo, cuidava de mim, me ajudava em tudo, mas quase não tinha mais espetáculos no circo, então resolvemos vender.
Eu era herdeira como mamãe, mas ela não queria mais saber de circo. Então foi vendido. Comentei com Tone:
- Papai vai assustar os novos donos do circo, pois ele não quer sair dali. O que vamos fazer para ajudar?
Mudamos do circo.
Tone abriu um pequeno comércio. Ele além de ser lindo, sabia fazer pães, bolachas e vendia. Mas eu não tinha paz em saber que meu pai precisava de ajuda.
Aquele dia, pensei muito nele. Pensei tanto que parece que meu pensamento puxou o Espírito dele lá do circo para minha casa e eu gritei. Tone veio correndo e eu disse:
- É meu pai, ele está aqui! Estou vendo ele!
- Calma, onde ele está?
- Aqui, olhando para nós!
Então Tone falou:
- Meu sogro querido, não estou te vendo, mas sei que o senhor está me vendo. O senhor faleceu por que não foi para o céu?
Eu vi que papai chorou e me falou:
- Eu não quero morrer. Tudo acabou. A minha esposa, o meu circo! Tudo isso não é mais meu! O que será de mim?
Tone falou para papai:
- Meu sogro! Desapega da matéria. Sei que é difícil, mas é necessário. Peça misericórdia de Deus!
Eu falei:
- Tone, papai não acreditava que existe vida após a morte, mas ele se sente vivo!
Nem eu e nem Tone sabíamos o que fazer.
Um dia, orando, senti um clarão no quarto e vi várias pessoas, me assustei:
- Quem são vocês e o que vocês querem comigo?
- Calma! Disse uma mulher com um semblante calmo. Chegou o momento de você começar a trabalhar, ajudar pessoas, lembra? Você escolheu quando programou sua encarnação! O seu pai, nós já o ajudamos.
Respondi:
- Eu não sei como ajudar!
Então aquele grupo de Espíritos que estava ali comigo, me tranquilizaram e orientaram. Ela continuou:
- Nair, você escolheu não ter filhos nessa vida para ser mãe do coração de muitas crianças. A partir de hoje, seremos seus Mentores. Você e seu marido vão acolher crianças órfãs. Vão alimentá-las e orientá-las. Você tem um dom capaz de ajudá-las.
Quando falei para Tone o que ocorreu, pois ele era tudo pra mim e eu só tinha ele agora, tive medo de ele me abandonar, mas para minha surpresa, ele entendeu.
Tone era tão maravilhoso, compreensivo e bondoso que parecia uma mágica.
Então Tone passou a doar pães nas ruas e com o tempo construímos um abrigo e recolhíamos crianças.
Tone ensinava as crianças a fazerem pães e nas horas vagas, ensinava malabares e falava para as crianças do tempo que passamos no circo e elas adoravam.
Muitas crianças chegavam doentes, tristes. Os meus amigos Espirituais aplicavam passes energéticos e isso fazia as crianças melhorarem.
Era muito trabalho, mas eu amava. Estava muito feliz. Tone me ajudava em tudo.
Colocamos o nome do abrigo de Nair.
Quando foi concluído o Lar Dona Nair, Tone faleceu.
Chorei dias.
Agora eu tinha a responsabilidade com as crianças, não podia esmorecer. Os Mentores me explicaram que Tone veio me apoiar na missão e que ele precisava voltar para a Espitualidade, pois tinha uma nova missão e outras pessoas iriam me auxiliar.
Tudo o que Tone ensinou para as crianças, elas cresceram e se tornaram meninos e meninas do bem e me ajudavam com os pequenos que chegavam.
A saudade de Tone era imensa, pois ele foi pra mim uma luz que iluminava, foi o meu amor e meu amigo.
Quando desencarnei com setenta e oito anos, cumpri com minha missão na Terra.
Agora iria encontrar Tone na Espiritualidade.
O Lar Dona Nair ficou em boas mãos com os filhos do coração.
Quando cheguei na Espiritualidade, Tone já tinha reencarnado na sua missão.
Hoje eu espero por ele aqui nessa Colônia e enquanto espero, trabalho na enfermaria onde todos os dias chegam desencarnados que necessitam de apoio.
Aqui encontrei o meu pai, que felicidade. Mas o meu coração espera por Tone.
Já fazem muitos anos que estou aqui nessa cidade Espiritual e é um lugar lindo. E como fazemos amigos. Cada um tem uma história de vida.
Por muitas vezes, junto com Mentores fui visitar o Lar Dona Nair e ajudar com passes energéticos para equilibrar as emoções de todos que ainda trabalham no Lar.
Fazer o bem ao próximo é fazer para si mesmo.
Mais alguns anos e Tone retornará e será uma grande alegria pra mim.

Psicografado pela Escritora da Espiritualidade, Sônia Lopes