As curas de Jesus
"E eis que uma mulher que havia doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele tocou a orla do seu vestido."(Marcos, 5:25-27)
Os Evangelhos não dão detalhes pormenorizados de todas as curas operadas por Jesus Cristo, nem relatam quantas foram realizadas. Não resta dúvida, entretanto, de que o Mestre fez grande números de curas de homens, mulheres e crianças. O evangelista Mateus (9:35) afirmou que Ele "curava todas as enfermidades entre o povo".
A mulher, mencionada por Marcos, sofria havia 12 anos de uma hemorragia; já despendera todos os seus bens com médicos, sem obter melhoras em seu estado.
Quando soube que Jesus passava pela cidade, levantou-se da cama, reuniu o resto de forças que ainda possuía e, apesar da grande multidão que acotovelava o Mestre, entrou no meio do povo, pois acreditava que bastava tocar as vestes de Jesus para ficar livre daquela penosa enfermidade.
Ao aproximar-se do Mestre, a mulher estendeu o seu braço e tocou a orla do vestido de Jesus; sentindo que havia saído um fluído curador,
o Mestre indagou:
"Quem me tocou?
Os Apóstolos estranharam a pergunta, pois todos O estavam comprimindo. Nisso Jesus ponderou: Eu senti que de mim saiu uma virtude, e, fitando a mulher, disse:
Mulher! Grande é a tua fé, e ela ficou imediatamente curada" (Marcos, 5:30-34)
Naquele momento era elevado o número de pessoas que se acercava de Jesus. A maior parte delas era, indubitavelmente, doentes do corpo e da alma. Será que o Mestre as curou ou somente aquela Mulher?
Tudo indica que não houve uma cura em massa, ou melhor, que nem todos os que ali estavam receberam a cura.
Existe uma lei inexorável que se chama "Lei de Ação e Reação, ou "Lei de Causa e Efeito. Através da aplicação dessa lei não desconhecemos que bem todos podem ser curados prontamente. Para merecer a cura é necessário que o indivíduo esteja quite com a Justiça Divina; deve ter resgatado os débitos representados pelos deslizes cometidos em vidas anteriores, os quais deram origem à enfermidade.
Todos os habitantes deste mundo de expiação e provas estão aqui para duas finalidade específica : provação e expiação. Para merecer a cura é necessário que o enfermo tenha completado o seu processo expiatório, reflexo de deslizes cometidos em vidas pregressas.
A mulher foi curada, após sofrer durante 12 anos de penosa hemorragia. Nesse longo período de sofrimento, havia resgatado os seus débitos com a Justiça Divina; não deveria sofrer mais tempo. Por isso mereceu a cura.
O Mestre curou um cego de nascença. É lógico que, num período de tempo tão longo, o cego havia saldado os seus débitos para com a Justiça Divina. Portanto a cura foi concretizada .
Nesse caso de cura do cego de nascença (João, 9:1-3), o Mestre esclareceu :
"Nem ele nem seus pais haviam pecado. Ele havia nascido naquelas condições, para que nele fossem manifestas as obras de Deus".
Isso indicava que o cego de nascença não estava submetido a um processo expiatório; que a circunstância sob a qual reemcarnara era uma prova a que se proposta passar para demonstrar os poderes de que Jesus estava investido.
A grande maioria das curas realizadas por Jesus, segundo que consta dos Evangelhos, aconteceu a pessoas adultas, de mais ou menos idade. Somente no caso da cura do menino que estava atormentado por um Espírito ( Marcos, 9:14), tratava-se de uma pessoa de pouca idade; isso entretanto, não deixa de sustentar que, nos curtos anos que estava no mundo, havia resgatado os seus débitos com a justiça Divina.
Houve casos de cura que se processava a distância, como foi o caso do servo do Centurião de Cafarnaum (Lucas, 7:1-10); mas houve casos em que o Mestre teve de aplicar meios materiais, a fim de despertar as fé do enfermo; é o caso do cego de Betsaida; Jesus teve a necessidade de misturar a saliva com terra e aplicar-lhe a massa nos olhos, ordenando-lhe que, em seguida, fosse banhar-se no tanque de Siloé (Marcos, 8:22-26)
Houve também curas coletivas, como o caso de dez leprosos .
Corroborando a nossa assertiva, vamos transcrever um trecho da obra a Gênese, os Milagres e as Predições, de Allan Kardec:
"–Que significariam as palavras de Jesus:
Teu pecados te são perdoados, e em que podiam elas influir para a cura? O Espiritismo lhes dá a explicação, como uma infinidade de outras palavras incompreendidas até hoje. Por meio da pluralidade da existências, ele nos ensina que os males e aflições da vida são muitas vezes expiações do passado, que sofremos na vida presente as consequências das faltas que cometemos em existência anterior e, assim, até que tenhamos pago a dívida de nossas imperfeições, pois que as existências são solidárias umas com as outras.
Se, portanto, a enfermidade daquele homem (o paralítico de Cafarnaum) era uma expiação do mal que ele praticara: o dizer-lhe Jesus: Teus pecados ter são perdoados, equivalia a lhe dizer: Pagaste a tua dívida. A fé que agora possuis elidiu a causa de sua enfermidade. Consequentemente, mereces ficar livre dela.
Daí, o haver dito aos escribas: Tão fácil é dizer: Teus pecados te são perdoados, como: Levanta-se e anda. Cessada a causa, o efeito tem de cessar. É precisamente o caso do encarcerado a quem se declara: Teu crime está expiado e perdoado, o que equivaleria a dizer-lhe : Podes sair da prisão. ( Gênese - capítulo 15 - ítem 15)
Extraído do livro Jesus Cristo a Luz do Mundo
Paulo Alves Godoy