A Bela Cigana Jade
A Bela Cigana Jade
🪻🪻
Esmeralda foi uma mulher surpreendente em sua jornada pela terra, foi uma mulher forte e muito fora do que se esperava nas tradições de seu clã, e assim aquela grande dama se tornou chefe de seu povo mesmo que as tradições antigas alegassem que uma mulher jamais poderia ocupar este cargo.
Durante sua jornada seu clã deu passagem no mundo para dezenas de crianças, todas aquelas que se tornariam Ciganas e Ciganos de honra logo mais. Todos os bebes vieram como de costume, olhos castanhos claros e as vezes ambar e mel.
Certa noite chuvosa de Setembro nasceu a filha de Esmael, este que era sobrinho neto de Esmeralda saiu de sua tenda correndo como um louco trazendo em seus braços a pequena criatura embalada em um xale, e quando entra na tenda acaba por acordar a anciã que dormia o sono dos justos.
— Tia! Tia! Veja! Veja a filha que Raquel me deu! Veja!
Esmeralda a essa altura já ostentava a cabeleira branca e as rugas da idade, já passada dos noventa anos ela levantou com cuidado e enquanto Esmael colocava em seu colo o bebe ainda sujo do parto.
— Ela já abriu os olhos, ela abriu assim que nasceu! — disse o pai orgulhoso.
Na luz da lamparina Esmeralda viu no diminuto rosto olhos que reluziam verde, olhos como os seus, porem identicos em cor mas não em indole.
— Vou chamar ela de Esmeralda, como a senhora.— disse o pai com ar de orgulho.
Esmeralda analisou melhor a criança, viu o semblante e entendeu algo que era de suma importância:
— Não... eu realmente fico muito feliz meu filho que queira dar a esta jóia o meu nome, mas não faça isso. Ela não é como eu. Eu tive de ser uma mulher dura, eu tive de enfrentar a vida e até mesmo derramar sangue... mas essa pequenina é uma flor da primavera. Se colocar nela o meu nome irá condenar a alma a viver sob eterna comparação. Se eu pudesse sugerir um nome seria... Jade. Jade é esmeralda com mel, é assim que ela é.
E assim surge Cigana Jade.
E Esmeralda estava coberta de razão, a menina era mesmo a flor da primavera, e isso se via no comportamento.
Na primeira infancia era uma menina meiga que gostava de costurar e de brincar com as bonecas, se qualquer pessoa lhe falasse algo feio ela logo se encolhia e deixava as lagrimas rolarem pelas bochechas fofas.
Quando cresceu tinha todos os predicados de uma mãe cigana, sabia tudo sobre cuidar de casa e de familia e sonhava em se casar.
Por mais que fosse extremamente bela ela ainda assim não costumava chamar a atenção dos homens, isso porque não entendia nada de sensualidade e sempre se escondia do olhar deles por timidez.
Raul vinha do Clã de Cigano Diogo, queria muito se casar mas não encontrava noiva, isso porque tinha duas situações complicadas, ele era manco de uma perna e tambem era divorciado.
Ser manco na época era um grande demerito, mas nada superava a negatividade da reputação de um divorciado.
Raul havia sido casado com uma Cigana de nome Zoraide e pedido o divorcio com apenas quinze dias de casado, e a ex esposa fez questão de espalhar por todos os clãs da região que ele era homossexual e que por isso se separou, por não conseguir ter uma mulher.
Zoraide era uma mulher dificil, amarga, mas ainda assim era mais facil acreditar nela do que nas desculpas que Raul usava.
No dia da Festa de Santa Sara o varios clãs se reuniram e foi o dia em que Jade esbarrou com o rapaz, e literalmente se trombaram, coisa que o fez cair na terra e sujar toda a roupa que estava.
Jade ficou muito envergonhada e pediu que ele a acompanhasse até sua carruagem onde tentou ao maximo limpar a roupa dele.
Não conseguiu limpar muito mas aquela meia hora a sós deram aos dois uma conexão unica.
Logo ele começou a visita-la e depois de alguns meses foi até Esmeralda pedir a mão de Jade em casamento.
Esmeralda não ficou nada animada com aquilo já sabia da má reputação do rapaz, mas quando Jade foi questionada não teve jeito pois a menina ficou muito feliz com o pedido.
A mãe e o pai não, eles acharam um horror casar a filha com um homem tão mal falado, mas não tiveram como impedir já que em todas as conversas onde tentavam dissuadir a moça a recusar o pedido ela chorava e dizia que era amor de verdade.
Então o casamento aconteceu, uma pequena festa que fugiu muito dos costumes de enormes ocasiões ciganas, no caso juntou-se ali duas duzias de pessoas e oficializaram a união.
Quando Jade foi morar com o marido acabou por descobrir que ele era uma pessoa muito melhor do que pensava, ele era sim um homem de bom coração.
Finalmente ele lhe contou a respeito de Zoraide, de como ela era má, como batia nos cães de Raul, como sempre o chamava de invalido, como zombava de todos os parentes dele e de como insinuava ter nojo de toca-lo. Zoraide era noiva prometida dele e por isso se casaram, mas se havia tanta animosidade da parte dela o casamento não precisava ter ocorrido, ela quem aceitou, mas aceitou apenas para não decepcionar os proprios pais.
Quando Raul pediu a separação ela ficou alucinada de ódio, e por isso o difamava.
Com Jade era diferente, ao contrario da maioria dos casais ciganos que dormiam em camas separadas, aqueles dois anoiteciam e amanheciam abraçados, eram muito amorosos.
Então ao fazer um ano de casados vieram duas grandes noticias, Jade estava gravida e Raul foi dado como herdeiro de um chefe cigano parente distante, ele então receberia um filho da mulher que amava e junto a isso a posição de um homem rico entre seu povo.
Era uma felicidade sem tamanho, mas houve alguem que não ficou nada feliz, esse alguem era Zoraide.
Zoraide havia se casado uma segunda vez mas após tres anos de casada não havia conseguido engravidar, e nisso uma segunda vez foi deixada pelo marido. Agora era ela que sofria as difamações, era dita na boca do povo ser estéril e mentirosa, o que afastou qualquer pretendente.
Cheia de despeito decidiu então pedir para reatar o compromisso com Raul, coisa que ele recusou de imediato e ainda a humilhou dizendo que ela não era mulher honesta, que ela era uma mulher suja e maligna.
Por onde Zoraide andava o povo cochichava "lá vai a desquitada, a mulher sem amor, a mulher seca e maldosa", até mesmo se recusavam dar a ela a hospitalidade comum do povo pois as familias temiam que se Zoraide entrasse em suas casas a má influencia dela atingiria as meninas novas.
E Zoraide foi se enchendo de odio, e seu ódio recaia sempre na memoria dela referente a Raul.
Amarga como o diabo, Zoraide começou a beber, sua bebedeira se transformou em alcoolismo, isso envergonhou tanto sua familia que ela foi expulsa de seu meio e acabou indo parar em um bordel de beira de estrada.
Justiça seja feita, Zoraide era amarga sim mas não merecia um destino tão cruel, porém a sarjeta é a escola dos tenebrosos, ali na desgraça Zoraide se torna uma pessoa muito ruim.
A barriga de Jade cresceu, com seis meses de gestação ela parecia enorme como se escondesse uma melancia sob o vestido, e estava tão feliz que mal se aguentava.
No dia da festa dos anos do chefe Diogo, Jade e Raul comemoraram pouco afinal ela não estava no momento de ficar atoa festejando.
Naquela noite a festa era tão barulhenta que eles acharam que não poderiam dormir, mas ela cheia de cansaço pela gestação cedeu ao sono.
Acorda momentos depois com o braço do marido apertando o seu, e quando abre os olhos e olha para o lado o vê agonizando com um corte profundo na garganta.
Sentou na cama assustada e tentou ajudar, tentou estancar o sangue, mas não conseguia pois seus braços estavam dormentes.
— Te deram o vinho fervido? O vinho sem alcool para uma gravida? — disse uma voz vindo da entrada da tenda.
Jade olhou confusa e reconheceu na escuridão a face de Zoraide.
— Zoraide... me ajude! Chame alguem! Raul está... e eu... eu não estou bem!
— Fervem o vinho para que diminua o alcool e não faça mal a mulher gravida. Mas eu troquei, troque as jarras. O que você bebeu foi vinho misto a chá de Sene, chá de canela, e tambem coloquei mercurio. Mercurio não tem gosto e nem cheiro, e é muito perigoso, mas não vai te matar, não a você.
Zoraide saiu da tenda no momento em que Jade começou a gritar de dor.
Os gritos atrairam os Ciganos da festa, quando entraram na tenda viram Raul morto e Jade com as mão sobre a barriga gritando em desespero.
Horas mais tarde ela já se encontrava na tenda de Esmeralda, que mesmo muito idosa decidiu cuidar daquela sua sobrinha tão querida.
— Meu bebê... meu bebê! Eu acho que ele está morrendo! Zoraide me envenenou! Me dê seus chás de ervas tia, eu... eu vou perder meu bebê se não for rapido!
— Minha filha... nós vamos te dar um chá para induzir o parto, você tem que parir agora, o mais rapido possivel. O corpo é muito grande, só sairá desta forma.
Quando Jade ouviu Esmeralda dizer "o corpo" ela entendeu, seu filho já estava morto dentro de sua barriga.
E naquela noite ela foi obrigada e beber chás de ervas que a colocaram em trabalho de parto, e ela teve que empurrar para fora de si o cadaver do ser que deveria ter sido o maior amor de sua vida.
O bebê era lindo, e ela pode segura-lo uma unica vez antes de levarem ele para ser sepultado.
Naquela noite não morreu apenas a alma inocente do bebê, morreu também a doçura e inocencia de Jade.
Os ciganos percorreram toda a região atrás de encontrar Zoraide, a mulher parecia ter pacto com o demonio pois desapareceu nas sombras da noite e nunca mais foi vista.
Raul foi sepultado abraçado ao pequeno bebê morto, e assim a vida seguiu, por mais que a situação fosse extremamente dramatica o povo deixou de pensar nisso após alguns meses.
Mas Jade não, ela não esqueceu.
um mês após a sepultar marido e filho ela juntou suas coisas e viajou para o norte, para ter com uma mulher muito complicada e mal falada mas que era famosa por conhecer a profunda magia.
Yolanda era uma cigana sem clã, uma dessas que o povo chama de Cigana de estrada, e foi com Yolanda que Jade morou por três anos.
Não se sabe muito sobre Yolanda, uma mulher tão misteriosa que não deixou rastro na história, mas Jade pode absorver dela muitos segredos da magia antiga.
O tempo passou e Zoraide voltou ao juizo perfeito, saiu do bordel e se casou com um peão de fazenda na região de Caeté, lá vivia feito "mulher honesta" deixando o passado para trás.
Mas em uma noite chuvosa de setembro o marido não voltou para casa, Zoraide sabia que se chovesse demais o rio que cortava a região ficava tão fundo que não era possivel de atravessar, assim ficou tranquila sabendo que de manhã o marido voltava.
Mas no meio da noite bateram em sua porta, e ela muito cabreira abriu desconfiada, e se deparou com uma fidalga de cabelo cor de ouro pedindo abrigo por ter se perdido no meio da chuva.
Zoraide era interesseira e ao ver as joias que a fidalga trazia no corpo logo abriu o sorriso e a porta para a mulher entrar.
A fidalga entrou e assim que passou mostrou a Zoraide a bolsa de palha que trazia pendurada no braço, dela tirou uma garrafa de vinho do porto alegando ser sobra de um piquenique feito em alguma clareira proxima.
Zoraide sorriu mais ainda, uma garrafa de vinho do porto as vezes era o preço de um cavalo, assim muito satisfeita bebeu daquele vinho.
Mas não era vinho, e ela percebeu assim que os labios ficaram dormentes.
De repente olhou para a fidalga e viu invés da lourice surgir um vasto cabelo da cor da madeira.
— Jade! — gritou com a voz embargada.
Foi a ultima coisa que disse, aquele vinho cheio de ervas deixou a mulher sem fala, amortecida e sem oferecer resistencia.
O que ja fez ali eu não ousarei dizer, ela mesma não gosta de contar.
Jade não é mulher de se regozijar com sofrimento, mesmo quando se trata de justiça.
O que se sabe é que no dia do equinocio de primavera a festa no acampamento de Esmeralda foi interrompida pela surpresa da chegada de Jade que vinha em regresso, vinha bela como nunca, adornada de ouro e prata.
Esmeralda em sua posição de matrona sentada na parte mais visivel da festa acompanhou com olhar apreensivo Jade se aproximar, e Jade foi diante dela com um sorriso gentil.
— Minha filha, por andou andavas? Todo o povo morrreu de preocupação. — disse Esmeralda curiosa.
— Minha tia, eu vim de longe e tenho sede, a senhora me serve de seu vinho?
— Do nosso vinho, minha querida, o que é meu é seu.
Jade então abre a bolsa de couro que trazida junto ao ombro e dela tira uma peça que todos pensaram ser de marfim, mas que causou alvoroço quando ela ergueu diante de si e todos comtemplaram o cranio branco.
Cranios rapidamente ficam amarelos após e escarnação, mas aquele era branco como o leite e isso significava que era de morte recente.
O povo murmurou preces a Santa Sara para livra-los do mal, já Esmeralda abriu um sorriso de orelha a orelha e falou em alto e bom som:
— Jade tem sede de vinho, mas não sede de justiça, não mais.
E a propria Esmeralda verteu o vinho dentro do cranio e jade bebeu dali como sendo a taça de uma amarga vitória.
Não pensam que após isso Jade se tornou uma mulher má ou cruel, não, ela prosseguiu uma moça gentil e meiga, porém não mais indefesa. Nunca mais se casou, a memoria de Raul calcificou em seu coração.
Quando Esmeralda morreu todos acreditaram que Jade tomaria seu lugar como chefe do acampamento, mas não foi isso que ocorreu, Jade não quis.
Ela se tornou uma feiticeira, uma sábia da magia cigana, e até hoje é isso que ela é.
Quem conhece Jade não pensa que ela é forte, afinal de contas sua voz macia e seu rosto doce fazem pensar que é nada alem de uma donzela, mas Jade tem muitos segredos e muitas artimanhas.
E Reza a lenda que tem a seu serviço uma alma escravizada que é obrigada a lhe obdecer, quando Jade precisa ser brusca em suas atitudes ela não suja as mãos, ela apenas apanha em sua bolsa de couro um cranio branco e sussurra dentro dele:
"Vem trabalhar, eu lhe ordeno! Vem... Zoraide..."
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Espero que tenham gostado!
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Esmeralda foi uma mulher surpreendente em sua jornada pela terra, foi uma mulher forte e muito fora do que se esperava nas tradições de seu clã, e assim aquela grande dama se tornou chefe de seu povo mesmo que as tradições antigas alegassem que uma mulher jamais poderia ocupar este cargo.
Durante sua jornada seu clã deu passagem no mundo para dezenas de crianças, todas aquelas que se tornariam Ciganas e Ciganos de honra logo mais. Todos os bebes vieram como de costume, olhos castanhos claros e as vezes ambar e mel.
Certa noite chuvosa de Setembro nasceu a filha de Esmael, este que era sobrinho neto de Esmeralda saiu de sua tenda correndo como um louco trazendo em seus braços a pequena criatura embalada em um xale, e quando entra na tenda acaba por acordar a anciã que dormia o sono dos justos.
— Tia! Tia! Veja! Veja a filha que Raquel me deu! Veja!
Esmeralda a essa altura já ostentava a cabeleira branca e as rugas da idade, já passada dos noventa anos ela levantou com cuidado e enquanto Esmael colocava em seu colo o bebe ainda sujo do parto.
— Ela já abriu os olhos, ela abriu assim que nasceu! — disse o pai orgulhoso.
Na luz da lamparina Esmeralda viu no diminuto rosto olhos que reluziam verde, olhos como os seus, porem identicos em cor mas não em indole.
— Vou chamar ela de Esmeralda, como a senhora.— disse o pai com ar de orgulho.
Esmeralda analisou melhor a criança, viu o semblante e entendeu algo que era de suma importância:
— Não... eu realmente fico muito feliz meu filho que queira dar a esta jóia o meu nome, mas não faça isso. Ela não é como eu. Eu tive de ser uma mulher dura, eu tive de enfrentar a vida e até mesmo derramar sangue... mas essa pequenina é uma flor da primavera. Se colocar nela o meu nome irá condenar a alma a viver sob eterna comparação. Se eu pudesse sugerir um nome seria... Jade. Jade é esmeralda com mel, é assim que ela é.
E assim surge Cigana Jade.
E Esmeralda estava coberta de razão, a menina era mesmo a flor da primavera, e isso se via no comportamento.
Na primeira infancia era uma menina meiga que gostava de costurar e de brincar com as bonecas, se qualquer pessoa lhe falasse algo feio ela logo se encolhia e deixava as lagrimas rolarem pelas bochechas fofas.
Quando cresceu tinha todos os predicados de uma mãe cigana, sabia tudo sobre cuidar de casa e de familia e sonhava em se casar.
Por mais que fosse extremamente bela ela ainda assim não costumava chamar a atenção dos homens, isso porque não entendia nada de sensualidade e sempre se escondia do olhar deles por timidez.
Raul vinha do Clã de Cigano Diogo, queria muito se casar mas não encontrava noiva, isso porque tinha duas situações complicadas, ele era manco de uma perna e tambem era divorciado.
Ser manco na época era um grande demerito, mas nada superava a negatividade da reputação de um divorciado.
Raul havia sido casado com uma Cigana de nome Zoraide e pedido o divorcio com apenas quinze dias de casado, e a ex esposa fez questão de espalhar por todos os clãs da região que ele era homossexual e que por isso se separou, por não conseguir ter uma mulher.
Zoraide era uma mulher dificil, amarga, mas ainda assim era mais facil acreditar nela do que nas desculpas que Raul usava.
No dia da Festa de Santa Sara o varios clãs se reuniram e foi o dia em que Jade esbarrou com o rapaz, e literalmente se trombaram, coisa que o fez cair na terra e sujar toda a roupa que estava.
Jade ficou muito envergonhada e pediu que ele a acompanhasse até sua carruagem onde tentou ao maximo limpar a roupa dele.
Não conseguiu limpar muito mas aquela meia hora a sós deram aos dois uma conexão unica.
Logo ele começou a visita-la e depois de alguns meses foi até Esmeralda pedir a mão de Jade em casamento.
Esmeralda não ficou nada animada com aquilo já sabia da má reputação do rapaz, mas quando Jade foi questionada não teve jeito pois a menina ficou muito feliz com o pedido.
A mãe e o pai não, eles acharam um horror casar a filha com um homem tão mal falado, mas não tiveram como impedir já que em todas as conversas onde tentavam dissuadir a moça a recusar o pedido ela chorava e dizia que era amor de verdade.
Então o casamento aconteceu, uma pequena festa que fugiu muito dos costumes de enormes ocasiões ciganas, no caso juntou-se ali duas duzias de pessoas e oficializaram a união.
Quando Jade foi morar com o marido acabou por descobrir que ele era uma pessoa muito melhor do que pensava, ele era sim um homem de bom coração.
Finalmente ele lhe contou a respeito de Zoraide, de como ela era má, como batia nos cães de Raul, como sempre o chamava de invalido, como zombava de todos os parentes dele e de como insinuava ter nojo de toca-lo. Zoraide era noiva prometida dele e por isso se casaram, mas se havia tanta animosidade da parte dela o casamento não precisava ter ocorrido, ela quem aceitou, mas aceitou apenas para não decepcionar os proprios pais.
Quando Raul pediu a separação ela ficou alucinada de ódio, e por isso o difamava.
Com Jade era diferente, ao contrario da maioria dos casais ciganos que dormiam em camas separadas, aqueles dois anoiteciam e amanheciam abraçados, eram muito amorosos.
Então ao fazer um ano de casados vieram duas grandes noticias, Jade estava gravida e Raul foi dado como herdeiro de um chefe cigano parente distante, ele então receberia um filho da mulher que amava e junto a isso a posição de um homem rico entre seu povo.
Era uma felicidade sem tamanho, mas houve alguem que não ficou nada feliz, esse alguem era Zoraide.
Zoraide havia se casado uma segunda vez mas após tres anos de casada não havia conseguido engravidar, e nisso uma segunda vez foi deixada pelo marido. Agora era ela que sofria as difamações, era dita na boca do povo ser estéril e mentirosa, o que afastou qualquer pretendente.
Cheia de despeito decidiu então pedir para reatar o compromisso com Raul, coisa que ele recusou de imediato e ainda a humilhou dizendo que ela não era mulher honesta, que ela era uma mulher suja e maligna.
Por onde Zoraide andava o povo cochichava "lá vai a desquitada, a mulher sem amor, a mulher seca e maldosa", até mesmo se recusavam dar a ela a hospitalidade comum do povo pois as familias temiam que se Zoraide entrasse em suas casas a má influencia dela atingiria as meninas novas.
E Zoraide foi se enchendo de odio, e seu ódio recaia sempre na memoria dela referente a Raul.
Amarga como o diabo, Zoraide começou a beber, sua bebedeira se transformou em alcoolismo, isso envergonhou tanto sua familia que ela foi expulsa de seu meio e acabou indo parar em um bordel de beira de estrada.
Justiça seja feita, Zoraide era amarga sim mas não merecia um destino tão cruel, porém a sarjeta é a escola dos tenebrosos, ali na desgraça Zoraide se torna uma pessoa muito ruim.
A barriga de Jade cresceu, com seis meses de gestação ela parecia enorme como se escondesse uma melancia sob o vestido, e estava tão feliz que mal se aguentava.
No dia da festa dos anos do chefe Diogo, Jade e Raul comemoraram pouco afinal ela não estava no momento de ficar atoa festejando.
Naquela noite a festa era tão barulhenta que eles acharam que não poderiam dormir, mas ela cheia de cansaço pela gestação cedeu ao sono.
Acorda momentos depois com o braço do marido apertando o seu, e quando abre os olhos e olha para o lado o vê agonizando com um corte profundo na garganta.
Sentou na cama assustada e tentou ajudar, tentou estancar o sangue, mas não conseguia pois seus braços estavam dormentes.
— Te deram o vinho fervido? O vinho sem alcool para uma gravida? — disse uma voz vindo da entrada da tenda.
Jade olhou confusa e reconheceu na escuridão a face de Zoraide.
— Zoraide... me ajude! Chame alguem! Raul está... e eu... eu não estou bem!
— Fervem o vinho para que diminua o alcool e não faça mal a mulher gravida. Mas eu troquei, troque as jarras. O que você bebeu foi vinho misto a chá de Sene, chá de canela, e tambem coloquei mercurio. Mercurio não tem gosto e nem cheiro, e é muito perigoso, mas não vai te matar, não a você.
Zoraide saiu da tenda no momento em que Jade começou a gritar de dor.
Os gritos atrairam os Ciganos da festa, quando entraram na tenda viram Raul morto e Jade com as mão sobre a barriga gritando em desespero.
Horas mais tarde ela já se encontrava na tenda de Esmeralda, que mesmo muito idosa decidiu cuidar daquela sua sobrinha tão querida.
— Meu bebê... meu bebê! Eu acho que ele está morrendo! Zoraide me envenenou! Me dê seus chás de ervas tia, eu... eu vou perder meu bebê se não for rapido!
— Minha filha... nós vamos te dar um chá para induzir o parto, você tem que parir agora, o mais rapido possivel. O corpo é muito grande, só sairá desta forma.
Quando Jade ouviu Esmeralda dizer "o corpo" ela entendeu, seu filho já estava morto dentro de sua barriga.
E naquela noite ela foi obrigada e beber chás de ervas que a colocaram em trabalho de parto, e ela teve que empurrar para fora de si o cadaver do ser que deveria ter sido o maior amor de sua vida.
O bebê era lindo, e ela pode segura-lo uma unica vez antes de levarem ele para ser sepultado.
Naquela noite não morreu apenas a alma inocente do bebê, morreu também a doçura e inocencia de Jade.
Os ciganos percorreram toda a região atrás de encontrar Zoraide, a mulher parecia ter pacto com o demonio pois desapareceu nas sombras da noite e nunca mais foi vista.
Raul foi sepultado abraçado ao pequeno bebê morto, e assim a vida seguiu, por mais que a situação fosse extremamente dramatica o povo deixou de pensar nisso após alguns meses.
Mas Jade não, ela não esqueceu.
um mês após a sepultar marido e filho ela juntou suas coisas e viajou para o norte, para ter com uma mulher muito complicada e mal falada mas que era famosa por conhecer a profunda magia.
Yolanda era uma cigana sem clã, uma dessas que o povo chama de Cigana de estrada, e foi com Yolanda que Jade morou por três anos.
Não se sabe muito sobre Yolanda, uma mulher tão misteriosa que não deixou rastro na história, mas Jade pode absorver dela muitos segredos da magia antiga.
O tempo passou e Zoraide voltou ao juizo perfeito, saiu do bordel e se casou com um peão de fazenda na região de Caeté, lá vivia feito "mulher honesta" deixando o passado para trás.
Mas em uma noite chuvosa de setembro o marido não voltou para casa, Zoraide sabia que se chovesse demais o rio que cortava a região ficava tão fundo que não era possivel de atravessar, assim ficou tranquila sabendo que de manhã o marido voltava.
Mas no meio da noite bateram em sua porta, e ela muito cabreira abriu desconfiada, e se deparou com uma fidalga de cabelo cor de ouro pedindo abrigo por ter se perdido no meio da chuva.
Zoraide era interesseira e ao ver as joias que a fidalga trazia no corpo logo abriu o sorriso e a porta para a mulher entrar.
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Zoraide sorriu mais ainda, uma garrafa de vinho do porto as vezes era o preço de um cavalo, assim muito satisfeita bebeu daquele vinho.
Mas não era vinho, e ela percebeu assim que os labios ficaram dormentes.
De repente olhou para a fidalga e viu invés da lourice surgir um vasto cabelo da cor da madeira.
— Jade! — gritou com a voz embargada.
Foi a ultima coisa que disse, aquele vinho cheio de ervas deixou a mulher sem fala, amortecida e sem oferecer resistencia.
O que ja fez ali eu não ousarei dizer, ela mesma não gosta de contar.
Jade não é mulher de se regozijar com sofrimento, mesmo quando se trata de justiça.
O que se sabe é que no dia do equinocio de primavera a festa no acampamento de Esmeralda foi interrompida pela surpresa da chegada de Jade que vinha em regresso, vinha bela como nunca, adornada de ouro e prata.
Esmeralda em sua posição de matrona sentada na parte mais visivel da festa acompanhou com olhar apreensivo Jade se aproximar, e Jade foi diante dela com um sorriso gentil.
— Minha filha, por andou andavas? Todo o povo morrreu de preocupação. — disse Esmeralda curiosa.
— Minha tia, eu vim de longe e tenho sede, a senhora me serve de seu vinho?
— Do nosso vinho, minha querida, o que é meu é seu.
Jade então abre a bolsa de couro que trazida junto ao ombro e dela tira uma peça que todos pensaram ser de marfim, mas que causou alvoroço quando ela ergueu diante de si e todos comtemplaram o cranio branco.
Cranios rapidamente ficam amarelos após e escarnação, mas aquele era branco como o leite e isso significava que era de morte recente.
O povo murmurou preces a Santa Sara para livra-los do mal, já Esmeralda abriu um sorriso de orelha a orelha e falou em alto e bom som:
— Jade tem sede de vinho, mas não sede de justiça, não mais.
E a propria Esmeralda verteu o vinho dentro do cranio e jade bebeu dali como sendo a taça de uma amarga vitória.
Não pensam que após isso Jade se tornou uma mulher má ou cruel, não, ela prosseguiu uma moça gentil e meiga, porém não mais indefesa. Nunca mais se casou, a memoria de Raul calcificou em seu coração.
Quando Esmeralda morreu todos acreditaram que Jade tomaria seu lugar como chefe do acampamento, mas não foi isso que ocorreu, Jade não quis.
Ela se tornou uma feiticeira, uma sábia da magia cigana, e até hoje é isso que ela é.
Quem conhece Jade não pensa que ela é forte, afinal de contas sua voz macia e seu rosto doce fazem pensar que é nada alem de uma donzela, mas Jade tem muitos segredos e muitas artimanhas.
E Reza a lenda que tem a seu serviço uma alma escravizada que é obrigada a lhe obdecer, quando Jade precisa ser brusca em suas atitudes ela não suja as mãos, ela apenas apanha em sua bolsa de couro um cranio branco e sussurra dentro dele:
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Espero que tenham gostado!
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