O cavalo marchava lento, Pablo montado sobre a sela removeu o lenço vermelho dos cabelos e cobriu o rosto deixando apenas os olhos a mostra
O cavalo marchava lento, Pablo montado sobre a sela removeu o lenço vermelho dos cabelos e cobriu o rosto deixando apenas os olhos a mostra.
Na altura de seus quase quarenta anos ele ainda não possuía um fio de cabelo branco sequer e conseguiria sim se passar por um jovem.
Ali no alvorecer foi pensando na própria vida e na própria história, e nos motivos de estar indo para a morte certa.
Quando completou dezessete anos seu pai mandou trazer uma moça de outro acampamento, havia a necessidade de se fazer uma aliança com a Familia de Esmeralda, a familia Cigana mais prospera desde que os clãs haviam desembarcado em solo brasileiro.
Pillar era linda, neta de Esmeralda e havia herdado os belos olhos da avó.
E foi assim, ele conheceu a mulher que iria fazer parte de sua vida para sempre apenas no dia do casamento, coisa que era comum nas tradições antigas.
Ali sobre o cavalo o peito de Pablo batia forte se lembrando da primeira vez que viu Pillar, linda e sorridente chegando montada em um burrinho ao lado da carruagem da avó que vinha realizar a união.
E se casaram, e foram felizes, muito felizes.
E Pillar foi mãe muitas vezes, quatro meninas, fortes como ela, e no fim um menino que espelhava a beleza do pai.
Ele amou as meninas, amou muito, mas como mandava a tradição nenhuma delas ficou a seu lado, as quatro foram morar na barra da saia de Esmeralda, que as criou para serem mulheres exemplares.
Mas Miguel ficou com eles, e foi criado por eles com muito amor.
Mas amor demais é um problema, amor em exagero enfraquece os filhos.
Miguel cresceu de modo que não parecia filho de Pablo e sim um irmão, se vendo que ambos eram praticamente iguais.
Mas eram iguais só na aparencia.
Pablo mimava o moleque, Miguel parecia um pequeno rei usando todas as joias e roupas caras que o dinheiro podia comprar.
Foi então que o moleque chegou na idade de se casar, completou dezesseis anos e Pillar tratou logo de trazer uma jovem cigana da familia de Manuel Ramirez, chefe de um clã muito respeitado.
Ramirez veio ter com eles trazendo sua filha mais velha, Dolores, e junto com ela a sua nova esposa, Alma.
Ramirez se casou com Alma, que era aparentada com Sara, a chefe de um clã de Pernambuco, foi um casamento arranjado para estreitar laços, já que Alma foi condenada ao papel de acompanhante pois Ramirez era velho demais e não podia gerar filhos.
Alma tinha apenas um ano a mais que Dolores, e veio junto para organizar o casamento da enteada.
Miguel se casou com Dolores, tudo nos conformes, mas sem alegria.
Pablo não deu muita atenção a isso, ele já havia visto noivos se estranhando nos primeiros meses de casados, mas no fim sempre acabava bem.
Se passou um mês, dois meses, três meses, quatro meses.
E uma tarde Pablo avistou de longe vindo na estrada um cigano vindo a pé, era um jovem e ele mesmo ao longe reconheceu como o irmão mais novo de Dolores.
Assim que o menino chegou Pablo foi até ele para recebê-lo, abriu os braços para abraçar o jovem que agora era seu parente.
Mas o rapaz deu um passo para trás e cuspiu no chão diante dele.
— Quê? Que se passa niño?
O menino ergueu o queixo e falou com a voz cheia de ódio.
— Raça de porcos! Não toque em mim!
Pablo ficou confuso, sabia que o menino não estava manifestando seus próprios sentimentos, ele falava como porta-voz do pai.
— O que sucedeu? Porque essa raiva?
O menino sorriu amargamente.
— Meu pai, na altura de seus quase noventa anos não tem mais como dar a alegria da maternidade há nenhuma mulher. Teve oito filhos na mocidade, honrou minha mãe oito vezes e fez ter uma vida feliz. Mas minha morreu e ele por atender as tradições casou-se com Alma, de sangue dos filhos de dona Sara, mulher de linhagem da antiga Valencia. E Alma veio de bom grado para ser companhia de meu pai, sabendo que não iriam compartilhar a cama ou as intimidades pois ele já não pode.
— Sei de tudo isso... — Pablo fechou os punhos já temendo o que seria dito em seguida.
— Sabe? Então o senhor, Pablo do sangue da antiga Andaluzia, me conte como Alma apareceu com barriga de gravida após ter saído aqui de sua casa?
Pablo encarou o rapaz em silencio, o menino continuou:
— Perguntamos a Alma quem havia lhe feito mal. Perguntamos se foi o senhor, e ela disse não. Perguntamos se foi Alfonso, seu irmão, ou Luiz, seu pai, ou mesmo Jacinto, seu concunhado, e ela disse não. perguntamos sobre todos os nomes da casa de Pablo e para quase todos ela disse não. Apenas para um nome ela se calou. Pablo, hoje pela noite minha tia vem buscar Dolores, arranjaremos um marido honrado a ela. E amanhã de manhã estaremos a espera de Miguel na clareira na entrada de Domingos Martins, é melhor que ele venha nos enfrentar, senão já sabe.
O rapaz virou as costas e partiu.
Pablo correu para dentro da tenda de Miguel e ao ver o filho, com ódio o surrou com chicote de açoitar cavalo.
Dolores foi correndo chamar Pillar, e quando a mãe entrou na tenda do filho Pablo já estava encaixotando os pertences de Dolores.
— Porque está mexendo em minhas coisas? Estou sendo expulsa? — Dolores perguntou aflita.
— Não minha filha. Sua tia vem te buscar mais tarde. Seu casamento foi anulado. Mas você levará consigo metade de toda nossa riqueza, como pedido de perdão.
Dolores ouviu aquilo e de imediato compreendeu que não estava sendo expulsa ou devolvida e sim recolhida, e isso só ocorria se o noivo se mostrasse indigno.
Pillar muito assustada perguntou ao filho:
— Miguel, o que você fez?
Miguel nada disse, permaneceu em silencio, então Pablo falou.
— Desonrou dona Alma, que agora espera um filho dele.
Pillar levou as mãos a boca horrorizada.
— Você a forçou? — Dolores perguntou.
Miguel meneou, mas não importava mais se ele tinha forçado ou apenas seduzido a mulher, o que importava era que pela manhã estaria morto.
Dolores se foi assim que o sol caiu, levou tudo que era seu e ainda mais metade da fortuna que Pablo juntou por toda a vida.
Então ele rapidamente desmontou o acampamento junto com seus familiares e pediu a seu irmão Afonso que tomasse conta de Pillar e de Miguel.
Afonso não precisou perguntar, sabia o que o irmão ia fazer.
Pillar abraçou o marido com muita força, e o beijou com muito amor.
Já miguel tentou relutar mas Afonso e os demais homens o seguraram e colocaram dentro de uma das carruagens.
Pablo ficou ali olhando sua familia indo embora ao porto de Vitória por onde iriam talvez para Recife, talvez para São Paulo, mas o que importa é que ficariam seguros.
Com Pablo ficou apenas uma troca de roupas verde escuras, roupas de Miguel. A égua de Miguel tambem estava ali com ele.
Ele se vestiu e montou nela, e galopou para o norte, e quando o sol raiou novamente ele estava há poucas léguas da clareira de Domingos Martins.
O cavalo marchava lento, Pablo montado sobre a sela removeu o lenço vermelho dos cabelos e cobriu o rosto deixando apenas os olhos a mostra.
Na altura de seus quase quarenta anos ele ainda não possuía um fio de cabelo branco sequer e conseguiria sim se passar por um jovem, conseguia se passar pelo filho.
Bateu as esporas nas ancas da égua e ela galopou, e assim que ele se aproximou os jovens ciganos a espreita na estrada berraram "Ai vem Miguel! Ai vem Miguel!".
Pablo galopou ainda mais rapido e ao virar a curva viu os mais de vinte ciganos, homens e mulheres com armas nas mãos, viu Ramirez velho e encurvado e Sara, loira e fatal, os canos das armas apontados para ele.
Sara com sua voz rouca e envelhecida gritou alto:
— A honra Cigana se lava com sangue! Que pena que não aprendeu nada com seu pai! Agora enfrente o seu destino!
Os ciganos emitiram gritos agudos, gritos de apoio e de ódio. E assim Ramirez foi o primeiro a puxar o gatilho.
A bala acertou abaixo das costelas, e Pablo abriu os braços recendo no corpo a sairavada de balas de chumbo agora vindo dos disparos de todos os ciganos.
A égua se assustou e empinou, Pablo caiu no chão.
Ali deitado no meio da clareira sentiu a poça de sangue se formar a sua volta.
Os Ciganos pararam de atirar e Sara com a costumeira agilidade que tinha foi até ele e se abaixando ao lado removeu daquele rosto o lenço que ocultava metade da face.
— Ah não... não Pablo! Não!
Ao ouvi-la falar o nome de Pablo todos os ciganos correram e se aproximaram, todos agora cobrindo a boca de espanto.
Ramirez se aproximou tambem.
— Porque? Porque veio no lugar dele?
Pablo não conseguia falar, sua garganta já se inundava de sangue. Ele apenas ergueu a mão um pouco e Ramirez se abaixou deixando que os dedos ensanguentados de Pablo desenhassem em seu braço o formato de uma gota vermelha.
— O que é isso?
— Ele esta dizendo que lavou a sua honra Ramirez, lavou com sangue como manda a lei. Lavou com o proprio sangue. — Disse Sara com sua sabedoria infinita — Pablo... Fique em paz. Ninguem vai perseguir seu filho, seu sangue é bem mais caro que o dele. A divida está paga.
E Pablo sentiu a visão ficar turva, fechou os olhos e nunca mais abriu.
E assim ele foi encontrar seus ancestrais no mundo dos espiritos.
Porém sua descendência clamou por ajuda quando a grande perseguição aos ciganos chegou nesta terra.
E mais uma vez Pablo galopou para se sacrificar por sua familia.
E até hoje, em espirito é possível encontrá-lo falando através da boca de um de seus muitos trinetos e tataranetos espalhados por esse pais e que em sua maioria nem sabem que tem sangue Cigano.
Mas Pablo ainda esta galopando rumo as balas de braços abertos, e faz isso por eles.
Optcha!
Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
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Na altura de seus quase quarenta anos ele ainda não possuía um fio de cabelo branco sequer e conseguiria sim se passar por um jovem.
Ali no alvorecer foi pensando na própria vida e na própria história, e nos motivos de estar indo para a morte certa.
Quando completou dezessete anos seu pai mandou trazer uma moça de outro acampamento, havia a necessidade de se fazer uma aliança com a Familia de Esmeralda, a familia Cigana mais prospera desde que os clãs haviam desembarcado em solo brasileiro.
Pillar era linda, neta de Esmeralda e havia herdado os belos olhos da avó.
E foi assim, ele conheceu a mulher que iria fazer parte de sua vida para sempre apenas no dia do casamento, coisa que era comum nas tradições antigas.
Ali sobre o cavalo o peito de Pablo batia forte se lembrando da primeira vez que viu Pillar, linda e sorridente chegando montada em um burrinho ao lado da carruagem da avó que vinha realizar a união.
E se casaram, e foram felizes, muito felizes.
E Pillar foi mãe muitas vezes, quatro meninas, fortes como ela, e no fim um menino que espelhava a beleza do pai.
Ele amou as meninas, amou muito, mas como mandava a tradição nenhuma delas ficou a seu lado, as quatro foram morar na barra da saia de Esmeralda, que as criou para serem mulheres exemplares.
Mas Miguel ficou com eles, e foi criado por eles com muito amor.
Mas amor demais é um problema, amor em exagero enfraquece os filhos.
Miguel cresceu de modo que não parecia filho de Pablo e sim um irmão, se vendo que ambos eram praticamente iguais.
Mas eram iguais só na aparencia.
Pablo mimava o moleque, Miguel parecia um pequeno rei usando todas as joias e roupas caras que o dinheiro podia comprar.
Foi então que o moleque chegou na idade de se casar, completou dezesseis anos e Pillar tratou logo de trazer uma jovem cigana da familia de Manuel Ramirez, chefe de um clã muito respeitado.
Ramirez veio ter com eles trazendo sua filha mais velha, Dolores, e junto com ela a sua nova esposa, Alma.
Ramirez se casou com Alma, que era aparentada com Sara, a chefe de um clã de Pernambuco, foi um casamento arranjado para estreitar laços, já que Alma foi condenada ao papel de acompanhante pois Ramirez era velho demais e não podia gerar filhos.
Alma tinha apenas um ano a mais que Dolores, e veio junto para organizar o casamento da enteada.
Miguel se casou com Dolores, tudo nos conformes, mas sem alegria.
Pablo não deu muita atenção a isso, ele já havia visto noivos se estranhando nos primeiros meses de casados, mas no fim sempre acabava bem.
Se passou um mês, dois meses, três meses, quatro meses.
E uma tarde Pablo avistou de longe vindo na estrada um cigano vindo a pé, era um jovem e ele mesmo ao longe reconheceu como o irmão mais novo de Dolores.
Assim que o menino chegou Pablo foi até ele para recebê-lo, abriu os braços para abraçar o jovem que agora era seu parente.
Mas o rapaz deu um passo para trás e cuspiu no chão diante dele.
— Quê? Que se passa niño?
O menino ergueu o queixo e falou com a voz cheia de ódio.
— Raça de porcos! Não toque em mim!
Pablo ficou confuso, sabia que o menino não estava manifestando seus próprios sentimentos, ele falava como porta-voz do pai.
— O que sucedeu? Porque essa raiva?
O menino sorriu amargamente.
— Meu pai, na altura de seus quase noventa anos não tem mais como dar a alegria da maternidade há nenhuma mulher. Teve oito filhos na mocidade, honrou minha mãe oito vezes e fez ter uma vida feliz. Mas minha morreu e ele por atender as tradições casou-se com Alma, de sangue dos filhos de dona Sara, mulher de linhagem da antiga Valencia. E Alma veio de bom grado para ser companhia de meu pai, sabendo que não iriam compartilhar a cama ou as intimidades pois ele já não pode.
— Sei de tudo isso... — Pablo fechou os punhos já temendo o que seria dito em seguida.
— Sabe? Então o senhor, Pablo do sangue da antiga Andaluzia, me conte como Alma apareceu com barriga de gravida após ter saído aqui de sua casa?
Pablo encarou o rapaz em silencio, o menino continuou:
— Perguntamos a Alma quem havia lhe feito mal. Perguntamos se foi o senhor, e ela disse não. Perguntamos se foi Alfonso, seu irmão, ou Luiz, seu pai, ou mesmo Jacinto, seu concunhado, e ela disse não. perguntamos sobre todos os nomes da casa de Pablo e para quase todos ela disse não. Apenas para um nome ela se calou. Pablo, hoje pela noite minha tia vem buscar Dolores, arranjaremos um marido honrado a ela. E amanhã de manhã estaremos a espera de Miguel na clareira na entrada de Domingos Martins, é melhor que ele venha nos enfrentar, senão já sabe.
O rapaz virou as costas e partiu.
Pablo correu para dentro da tenda de Miguel e ao ver o filho, com ódio o surrou com chicote de açoitar cavalo.
Dolores foi correndo chamar Pillar, e quando a mãe entrou na tenda do filho Pablo já estava encaixotando os pertences de Dolores.
— Porque está mexendo em minhas coisas? Estou sendo expulsa? — Dolores perguntou aflita.
— Não minha filha. Sua tia vem te buscar mais tarde. Seu casamento foi anulado. Mas você levará consigo metade de toda nossa riqueza, como pedido de perdão.
Dolores ouviu aquilo e de imediato compreendeu que não estava sendo expulsa ou devolvida e sim recolhida, e isso só ocorria se o noivo se mostrasse indigno.
Pillar muito assustada perguntou ao filho:
— Miguel, o que você fez?
Miguel nada disse, permaneceu em silencio, então Pablo falou.
— Desonrou dona Alma, que agora espera um filho dele.
Pillar levou as mãos a boca horrorizada.
— Você a forçou? — Dolores perguntou.
Miguel meneou, mas não importava mais se ele tinha forçado ou apenas seduzido a mulher, o que importava era que pela manhã estaria morto.
Dolores se foi assim que o sol caiu, levou tudo que era seu e ainda mais metade da fortuna que Pablo juntou por toda a vida.
Então ele rapidamente desmontou o acampamento junto com seus familiares e pediu a seu irmão Afonso que tomasse conta de Pillar e de Miguel.
Afonso não precisou perguntar, sabia o que o irmão ia fazer.
Pillar abraçou o marido com muita força, e o beijou com muito amor.
Já miguel tentou relutar mas Afonso e os demais homens o seguraram e colocaram dentro de uma das carruagens.
Pablo ficou ali olhando sua familia indo embora ao porto de Vitória por onde iriam talvez para Recife, talvez para São Paulo, mas o que importa é que ficariam seguros.
Com Pablo ficou apenas uma troca de roupas verde escuras, roupas de Miguel. A égua de Miguel tambem estava ali com ele.
Ele se vestiu e montou nela, e galopou para o norte, e quando o sol raiou novamente ele estava há poucas léguas da clareira de Domingos Martins.
O cavalo marchava lento, Pablo montado sobre a sela removeu o lenço vermelho dos cabelos e cobriu o rosto deixando apenas os olhos a mostra.
Na altura de seus quase quarenta anos ele ainda não possuía um fio de cabelo branco sequer e conseguiria sim se passar por um jovem, conseguia se passar pelo filho.
Bateu as esporas nas ancas da égua e ela galopou, e assim que ele se aproximou os jovens ciganos a espreita na estrada berraram "Ai vem Miguel! Ai vem Miguel!".
Pablo galopou ainda mais rapido e ao virar a curva viu os mais de vinte ciganos, homens e mulheres com armas nas mãos, viu Ramirez velho e encurvado e Sara, loira e fatal, os canos das armas apontados para ele.
Sara com sua voz rouca e envelhecida gritou alto:
— A honra Cigana se lava com sangue! Que pena que não aprendeu nada com seu pai! Agora enfrente o seu destino!
Os ciganos emitiram gritos agudos, gritos de apoio e de ódio. E assim Ramirez foi o primeiro a puxar o gatilho.
A bala acertou abaixo das costelas, e Pablo abriu os braços recendo no corpo a sairavada de balas de chumbo agora vindo dos disparos de todos os ciganos.
A égua se assustou e empinou, Pablo caiu no chão.
Ali deitado no meio da clareira sentiu a poça de sangue se formar a sua volta.
Os Ciganos pararam de atirar e Sara com a costumeira agilidade que tinha foi até ele e se abaixando ao lado removeu daquele rosto o lenço que ocultava metade da face.
— Ah não... não Pablo! Não!
Ao ouvi-la falar o nome de Pablo todos os ciganos correram e se aproximaram, todos agora cobrindo a boca de espanto.
Ramirez se aproximou tambem.
— Porque? Porque veio no lugar dele?
Pablo não conseguia falar, sua garganta já se inundava de sangue. Ele apenas ergueu a mão um pouco e Ramirez se abaixou deixando que os dedos ensanguentados de Pablo desenhassem em seu braço o formato de uma gota vermelha.
— O que é isso?
— Ele esta dizendo que lavou a sua honra Ramirez, lavou com sangue como manda a lei. Lavou com o proprio sangue. — Disse Sara com sua sabedoria infinita — Pablo... Fique em paz. Ninguem vai perseguir seu filho, seu sangue é bem mais caro que o dele. A divida está paga.
E Pablo sentiu a visão ficar turva, fechou os olhos e nunca mais abriu.
E assim ele foi encontrar seus ancestrais no mundo dos espiritos.
Porém sua descendência clamou por ajuda quando a grande perseguição aos ciganos chegou nesta terra.
E mais uma vez Pablo galopou para se sacrificar por sua familia.
E até hoje, em espirito é possível encontrá-lo falando através da boca de um de seus muitos trinetos e tataranetos espalhados por esse pais e que em sua maioria nem sabem que tem sangue Cigano.
Mas Pablo ainda esta galopando rumo as balas de braços abertos, e faz isso por eles.
Optcha!
Arte e texto por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
Não copie o texto ou reposte a arte sem dar os créditos! Seja Honesto!
Quer saber sobre os mistérios da vida? Sobre sobre os seus caminhos?
Ou descobrir quem são suas entidades?
Venha jogar Tarô comigo!
O jogo simples custa 45,00 e dá direito a 5 perguntas em até uma hora.
O jogo completo (tradicional) custa 80,00.
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