quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Obaluaiê







ABSTINÊNCIA


Obaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele mesmo dia possuiu uma de suas mulheres. Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas.




Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumarê, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em seguida.

Orunmilá usando o mel de Oxum, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumarê.

Este, deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria.

Orunmilá disse-lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava Oxum, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Oxum lhe fez uma proposta.

Oxum daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse Obaluaiê.

Olodumarê aceitou a condição de Oxum, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.





AS DUAS MÃES DE OBALUAIÊ



Filho de Oxalá e Nanã, nasceu com chagas, uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã morria de medo da varíola, que já havia matado muita gente no mundo. Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar. Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança. Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.



O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro, feiticeiro e caçador. Se cobria com palha da costa, não para esconder as chagas com a qual nasceu, e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol. Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filho Xapanã, dizendo: Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue. Nanã, este é Xapanã nosso filho. E assim Nanã foi perdoada por Omulu e este passou a conviver com suas duas mães.



A VIDA ENSINA



Quando Omolu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo para fazer a vida. De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego. Mas Omolu não conseguia nada. Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava, e ele teve que pedir esmola.


Tinha um cachorro que o acompanhava. Omolu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras. Omolu comia o que a mata dava: frutas, folhas e raízes. Mas os espinhos da floresta feriam o menino. As picadas de mosquitos cobriam-lhe o corpo.Omolu ficou coberto de chagas.


Só o cachorro confortava Omolu, lambendo-lhe as feridas. Um dia, quando dormia, Omolu escutou uma voz:

-Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo.

Omolu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas. Não tinha dores nem febre. Omolu juntou as cabacinhas, os atos, onde guardava água e remédios que aprendera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.

Naquele tempo uma peste infestava a Terra. Por todo lado estava morrendo gente, todas as aldeias enterravam seus mortos. Os pais de Omolu foram ao babalaô e ele disse queOmolu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.

Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omolu. Todos esperavam-no com festa, pois ele curava. Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura. Ele curava a todos, afastava a peste. Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.  

Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família. Limpava as casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xaxará.

Quando chegou em casa, Omolu curou os pais e todos estavam felizes. Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaiê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaiê.



BELA CAÇADORA




Ewá era uma caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se atrevesse a olhar para ela. Ewá casou-se com Omulu, que logo demonstrou ser marido ciumento.
Um dia, envenenado pelo ciúme doentio.
Omulu desconfiou da fidelidade da mulher e a prendeu num formigueiro.
As formigas picaram Euá quase até a morte e ela ficou deformada e feia. Para esconder sua deformação, sua feiura, Omulu então a cobriu com palha-da-costa vermelha.
Assim todos se lembrariam ainda como Euá tinha sido uma caçadora de grande beleza.



CABAÇAS



Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô. Iansã foi e lá e Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.

Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.


Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.




CALMANTE




Xapanã, originário de Tapa, leva seus guerreiros para uma expedição aos quatro cantos da terra. Uma pessoa ferida por suas flechas ficava cega, surda ou manca,Obaluaê-Xapanã chega ao território de Mahi no norte de Daomé, matando e dizimando todos os seus inimigos e começa a destruir tudo o que encontra a sua frente.


Os Mahis foram consultar um Babalaô e o mesmo ensinou-os como fazer para acalmar Xapanã. O Babalaô diz que estes deveriam trata-lo com pipocas, que isso iria tranqüilizá-lo, e foi o que aconteceu.

Xapanã tornou-se dócil.

Xapanã contente com as atenções recebidas mandou construir um palácio onde foi viver e não mais voltou ao país Empê.




CIDADE ESTRANHA




Oxum conheceu o príncipe Odé, cuja a delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.

O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo. Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar odadis e alakuatás (homossexuais masculinos e femininos). Já erguida a cidade, nasceu Logum, uma criança hermafrodita.

Horrorizada Oxum abandonou a cidade dos odadis.

O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar Orunmilá.

Enquanto isso Oxum faz uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.

Oxum ofereceu-se a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde a que perdera a disputa com Xangô por causa da Oiá.
Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas a Ogum, Oxum conheceu Obaluaiê, homem já de certa idade mas de aspecto majestoso e viril.
Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.



CLAUSURA



Euá, filha de Obatalá e Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura.
O amor de Obatalá por ela era muito estranho.




A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino de Xangô.

Mulherengo como era, Xangô planejou como iria seduzir Euá.

Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá.

Um dia Euá apareceu na janela e admirou-se de Xangô. Nunca havia visto um homem como aquele.

Não se tem notícia de como Euá se entregou a Xangô, no entanto, arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum homem lhe enxergasse.

Obatalá deu-lhe o reino dos mortos.




Desde então é Euá quem, no cemitério, entrega a Oiá os cadáveres que Obaluaiê conduz para que Orixá-Okô os coma.






CONSAGRAÇÃO




Omolú se dedicou a conhecer as ervas e assim poder curar as doenças de seu povo, se tornando o grande curandeiro dos enfermos acometidos por doenças da pele e por doenças que causam a grande febre do corpo e consomem com suas feridas os homens.



Se sentindo seguro e como era muito aventureiro resolve caminhar pela terra e conhecer seu povo.


Após uma longa jornada buscou a sombra de uma palmeira frondosa para descansar e adormeceu.


Foi acordando com uma voz que queria saber o porquê de estar ali dormindo e se necessitava de algo.


A vós que o acordou era de um homem já maduro e este era seu pai Oxalá, que não sabia de sua existência e os dois trocaram informações, Omolú ofereceu água e vinho de palma para Oxalá, e Oxalá ficou muito satisfeito com essa gentileza e a conversa se estendeu de forma que Oxalá ficou sabendo dos conhecimentos de Omolú, com relação a cura das doenças da pele.


E, em baixo da palmeira, Oxalá consagrou Omolú, tornando-o assim Òbá Lú Aiyé,


O Rei do Mundo, ou O Rei da Terra.

DANÇARINA



Certa vez houve uma festa com todos os Orixás presentes.

Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele.

Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.

Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.

E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.

Para surpresa geral, era um belo homem.

O povo o aclamou por sua beleza.

Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino.

Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos.

Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.

Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.

Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.

Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.




DESCOBERTA



Há quem diga que Oiá foi namorada de Obaluaê e conseguiu que ele mostrasse o rosto sob as palhas.
Provocou um grande vento e o azê foi levantado.
Ficou surpresa por que o rosto de Obaluaê era belíssimo. Obaluaê gosta muito de Oiá e de sua espontaneidade desinteressada.
Ela é alegre, bonita, brejeira e generosa muitas vezes Oiá acompanha Euá em suas inúmeras viagens ao céu, rumo ao reino de Oxumarê, e em contrapartida Oiá é acompanhada pela Euá no transporte dos espíritos do aiê ao orun.




DISFARCE




Um dia em uma festa, onde Oiá a grande deusa dos ventos era homenageada, e todos se divertiam e dançavam, Omolú reparou em uma linda mulher que dançava graciosamente, fazendo movimentos sensuais e que ao vê-lo de longe, se encantou por ele e indo até ele o convidou a dançar. Omulu sem saber como reagir, tomou o caminho da mata, nesse momento Ogum seu irmão ao perceber o que estava acontecendo, correu mata à dentro e confeccionou um capuz com a palha encontrada na mata e fez Omolú colocá-lo.

Se sentido seguro por ter o rosto coberto Omolú se aproximou de Oiá que o havia convidado para dançar e dançou junto com ela e ao verem como ele dançava muito bem os presentes se aproximavam para saber quem era aquele jovem que se escondia atrás daquele capuz de palha (azé).



FUGA



Xapanã sabendo-se leproso e que, por isto causava nojo e medo a todos que dele se aproximavam, procurava sempre se esconder, dando muito trabalho a Iemanjá para encontrá-lo.

Iemanjá resolveu prender nas vestes de Xapanã, diversos chaurôs, que facilitava a sua localização.

Por isto que quando se toca adejá, se por ventura estejam criança ocupada e dançando fingem, ou melhor, simulam uma fuga.



IRRESISTÍVEL



Xangô se considerava o máximo.
Mulher nenhuma no mundo conseguia resistir aos seus encantos. Era o mais belo dos reis, rico e cheio de si.
A fama da beleza de Euá corria mundo, e Ewá não era casada.
Xangô resolveu a todo custo, seduzir Ewá, nem que tivesse de trabalhar de servo em seu palácio, e foi o que fez.
Ewá portadora de vidência e de premonição, previu a chegada em seu reino, de um grande senhor real que viria disfarçado de servo.
Assim preparada, ficou imune ao charme do senhor do fogo qualquer mulher que olhasse Xangô nos olhos brilhantes de fogo, cairia apaixonada.
Ewá prevenida não olhava nos olhos.
O tempo foi passando e nada, Xangô irritado tentou possuí-la a força, a moça apavorada, mas muito valente deu uma mordida na mão de Xangô e soltou-se fugindo do palácio, com o rei disfarçado em seu encalço.
Xangô, furioso e pondo fogo pela boca, estava cada vez mais perto, quando Euá avistou a porta do cemitério e entrou, o que fez com que o rei de Oió fugisse apavorado, mas a tempo de dizer-lhe que ainda a possuiria de qualquer forma.
Cansada de tantas perseguições, Ewá resolveu ficar residindo no Ilê Iboji, onde sempre estaria a salvo de Xangô, estabelecendo um grande relacionamento com Ikú.
Casou-se com Omolu e tornou-se senhora dos cemitérios responsável pela transformação e distribuição de todos os elementos para a decomposição do cadáver.



MUITOS AMORES



Iansã percorreu vários reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo.
Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.
Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Oxaguiã. Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.
Depois partiu e nas estradas deparou-se com Bara. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Odé, seduziu o deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Bara.
Seduziu Logunedé e com ele aprendeu a pescar.

Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oiá queria e ela respondeu:

-queria ser sua amiga.

Então, fez sua dança dos ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha:

-Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.

-Quer mesmo aprender, Oia? Vou te ensinar a tratar dos Mortos.

Oiá venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Xangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do rei do trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orixá do Fogo.



OFERENDA



Xapanã era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia as cidades de Savalú e Dassa Zumê. 

Quando souberam da chegada iminente de Xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: “Ah! O Grande Guerreiro chegou de Empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! 

É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!








Quando Xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalu e Dassa Zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no: “Totôhum! Totô hum! Atotô! Atotô!” “Respeito e Submissão!” Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: “Está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!” Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o Grande Guerreiro não voltou mais a Empê, no território Tapá, também chamado Nupê.



RECOMPENSA



Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Xapanã, que ficara do lado de fora.
Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças.
Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.




Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Xapanã não quer mais dançar com ninguém.
Em recompensa pelo gesto de Iansã, Xapanã dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Xapana declarou que somente dançaria sozinho.



SOFRIMENTO


Odé grande caçador entrou na mata com seu filho, Logunedé, ensinando-lhe a arte de caçar e manejar o arco e a flecha.
Após inúmeras caçadas, Logunedé sentou-se embaixo de uma árvore para descansar.
Nessa árvore pousou um pássaro e Odé preparou sua arma e atirou.
Acertou em cheio pássaro e, também, uma colméia de abelhas. Elas foram cair justamente sobre a cabeça de Logunedé, que sem ter como se defender foi picado.
Odé vendo o desespero do filho correu a acudi-lo, sendo mordidas várias vezes.





Conseguindo fugir, deitou seu filho em folhas frescas e, sem saber o que fazer pôs-se a chorar.

Eis que o orixá Omolu vendo aquilo, parou e apiedou-se do estado de Logunedé, pois, a criança estava morrendo. Omolu tirou de sua capanga água de cana e gengibre, pilou e aplicou sobre os ferimentos, aliviando as dores. Após isto, fez o mesmo com Odé, curando-o completamente.


Odé então lhe disse: Senhor dos aflitos ponho o meu reino a seus pés e toda a minha caça que daqui por diante eu conseguir, comeremos juntos.
Omolu agradeceu e seguiu seu caminho.
Então Odé jurou que nunca mais comeria o mel, pois, o mel o faria lembrar todo o sofrimento seu e de seu filho.


VENTO


Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de Xangô, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obaluaiê.
Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a Xangô.

Iansã foi e lá Obaluaiê recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora.
Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obaluaiê.
Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para os céus.
Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça.
Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii!
Na vez da terceira cabaça Xangô chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.



VIAGEM PREMIADA



De volta de uma de suas viagens à África, Nanã Buruquê deu a luz a um menino,Obaluaê. Por causa do feitiço usado por Nanã para engravidar, Omolu nasceu todo deformado. Desgostosa com o aspecto do filho, Nanã abandonou-o na beira da praia, para que o mar o levasse. Um grande caranguejo encontrou o bebê e atacou-o com as pinças, tirando pedaços da sua carne.


Quando Omolu estava todo ferido e quase morrendo, Iemanjá saiu do mar e o encontrou. Penalizada, acomodou-o numa gruta e passou a cuidar dele, fazendo curativos com folhas de bananeira e alimentando-o com pipoca sem sal nem gordura até o bebê se recuperar. Então Iemanjá criou-o como se fosse seu filho.