quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A visão de Deus

 A visão de Deus


Nenhuma descrição de foto disponível.Se Deus está em toda parte, por que não o vemos?

Vê-lo-emos quando deixarmos a Terra?

Tais as perguntas que se formulam todos os dias.

À primeira é fácil responder.

Por serem limitadas as percepções dos nossos órgãos visuais, elas os tornam inaptos à visão de certas coisas, mesmo materiais. Assim é que alguns fluidos nos fogem totalmente à nossa visão e aos instrumentos de análise; entretanto, não duvidamos da existência deles. Vemos os efeitos da peste, mas não vemos o fluido que a
transporta; vemos os corpos em movimento sob a influência da força de gravitação, mas não vemos essa força.

Os nossos órgãos materiais não podem perceber as coisas de essência espiritual. Unicamente com a visão espiritual é que podemos ver os Espíritos e as coisas do mundo imaterial. Somente a nossa alma, portanto, pode ter a percepção de Deus.

Dar-se-á que ela o veja logo após a morte?

A esse respeito, só as comunicações de além-túmulo nos podem instruir. Por elas sabemos que a visão de Deus constitui privilégio das mais
purificadas almas e que bem poucas, ao deixarem o envoltório terrestre, se encontram no grau de desmaterialização necessária a tal efeito.

Umacomparação vulgar tornará facilmente compreensível essa condição.

Uma pessoa que se ache no fundo de um vale, envolvido por densa bruma, não vê o Sol. Entretanto, pela luz difusa, percebe a claridade do Sol. Se começa a subir a montanha, à medida que for ascendendo, o nevoeiro se irá dissipando e a luz ficará cada vez mais viva. Contudo, ainda não verá o Sol. Só depois que se haja elevado acima da camada brumosa e chegado a um ponto onde o ar esteja perfeitamente límpido, ela o contemplará em todo o seu esplendor.

O mesmo se dá com a alma. O envoltório perispirítico, conquanto nos seja invisível e impalpável, é, com relação a ela, verdadeira matéria, ainda grosseira demais para certas percepções. Esse invólucro, porém, se espiritualiza, à proporção que a alma se eleva em moralidade. As imperfeições da alma são quais camadas nevoentas que lhe obscurecem a visão. Cada imperfeição de que ela se desfaz é uma mácula a menos; todavia, só depois de se haver depurado completamente é que goza da plenitude das
suas faculdade

Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber. Pelo fato de os Espíritos imperfeitos não verem a Deus, não se segue que eles estejam mais distantes de Deus do que os outros; esses Espíritos, como os demais, como todos os seres da natureza, se encontram mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz. O que há é que as imperfeições daqueles Espíritos são vapores que os impedem de vê-lo. Quando o nevoeiro se dissipar, vê-lo-ão resplandecer.
Para isso, não lhes é preciso subir, nem procurá-lo nas profundezas do infinito. Desimpedida a visão espiritual das belidas que a obscureciam, eles
o verão de todo lugar onde se achem, mesmo da Terra, porquanto Deus está em toda parte.

Nota Explicativa : Kardec escreveu de acordo com os conhecimentos da época, antes de 1894, ano em que se descobriu que a doença, peste bubônica, era devida à bactéria Yersinia pestis (em homenagem ao bacteriologista francês Alexandre Yersin, 1863–1943), que é transmitida ao homem pela pulga do rato.

Extraído do livro A Gênese Segundo Espiritismo
Capítulo II - Deus
A Visão de Deus
Ítens 31, 32, 33 e 37
Allan Kardec