terça-feira, 19 de julho de 2022

AS PERTURBAÇÕES NO MOMENTO DA MORTE

 

 AS PERTURBAÇÕES NO MOMENTO DA MORTE


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Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um outro fenômeno de importância capital, a perturbação.

Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações.

É como se disséssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro.

Dizemos quase nunca, porque há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento.

A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurável por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos.

À proporção que a alma se liberta, se encontra numa situação comparável, à de um homem que desperta de profundo sono; as ideias são confusas, vagas, incertas; a vista apenas distingue como que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, lhe desperta a memória e o conhecimento de si mesma.

O despertar pode ser:

Calmo para uns, que sentem boas e tranquilas sensações.

Tétrico, aterrador e ansioso, para outros, como um terrível pesadelo.

O último alento quase nunca é doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência, mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, nos estertores da agonia, e, depois, as angústias da perturbação.

Ressalto que esse estado, não é geral, sendo que a intensidade e duração do sofrimento, estão na razão direta da afinidade existente entre corpo e perispírito.

Assim, quanto maior for essa afinidade, mais penosos e prolongados serão os esforços do espírito para se desprender.

Há pessoas nas quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule, e é o caso das mortes calmas, de pacífico despertar.

A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma.

A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem, cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e gozos materiais.

Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo.

E desde que a lentidão e a dificuldade do desprendimento, estão na razão do grau de pureza e desmaterialização da alma, e só depende de nós, o tornar fácil ou penoso, agradável ou doloroso, esse desprendimento.

Livro: O Céu e o Inferno
Allan Kardec

Centro Espírita Chico Xavier - Canadá