Deus Jano
Segundo a mitologia romana, mas também etrusca, Jano (do latim Janus ou Ianus) era o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças, simbolizando os términos e os começos, o passado e o futuro, o dualismo relativo de todas as coisas, sendo absoluto somente a Divindade.
Em seu templo, as portas principais ficavam abertas em tempos de guerra e eram fechadas em tempos de paz. Jano preside tudo o que se abre, é o deus tutelar de todos os começos; rege ainda tudo aquilo que regressa ou que se fecha, sendo patrono de todos os finais.
Jano foi a inspiração do nome do primeiro mês do ano (janeiro, do latim januarius), o qual foi acrescentado ao calendário por Numa Pompílio (715-672 a.C.), sucessor de Rômulo, personagem histórico-mítico que, segundo Plutarco, teria fundado Roma em 21 de março.
No entanto, este Ser Divino realmente foi somente o fruto da fértil imaginação dos mitólogos antigos ou é um personagem divino que verdadeiramente existe nas Dimensões Superiores da Natureza?
Para aclarar essa questão, vejamos o que o VM Samael diz a esse respeito:
“A primitiva religião de Jano, ou Jaino, quer dizer, a áurea, solar, e super-humana doutrina dos Jinas, à absolutamente sexual, tu o sabes.
Escrito está, com carvões acesos no Livro da Vida, que, durante a Idade de Ouro do Lácio e da Ligúria, o Rei Divino Jano ou Saturno (IAO, Baco, Jeová, Iod-Heve) imperou sabiamente sobre aquelas santas gentes, tribos árias todas, ainda que de muito diversas épocas e origens.
Então, ó Deus meu… Como em épocas semelhantes de outros povos da antiga Arcádia, poderia dizer-se que conviviam felizes Jinas e homens.
Dentro do inefável idílio místico, comumente chamado ‘Os Encantos da Sexta-feira Santa’, sentimos, no fundo de nosso coração, que nos órgãos sexuais existe uma força terrivelmente divina, que a mesma pode liberar ou escravizar o homem.
A energia sexual contém, em si mesma, o arquétipo vivente do autêntico Homem Solar que deve tomar forma dentro de nós mesmos.
Muitas almas sofredoras quiseram ingressar no Montsalvat transcendente, mas, desgraçadamente, isto é algo mais que impossível devido ao Véu de Ísis ou véu sexual adâmico.
Entre a bem-aventurança inefável dos paraísos Jinas, existe, certamente, uma humanidade divina que é invisível aos sentidos dos mortais, devido a seus pecados e limitações, nascidos do abuso sexual.
Escrito está e com caracteres de fogo no grande Livro da Vida que, na Cruz Jaina ou Jina, esconde-se, milagrosamente, o segredo indizível do Grande Arcano, a chave maravilhosa da transmutação sexual.
Não é difícil compreender que tal Cruz Mágica é a mesma Suástica dos grandes mistérios.
Entre o êxtase delicioso da alma que anela, podemos e até devemos pôr-nos em contato místico com Jano, o austero e sublime Hierofante Jina que, no velho continente Mu, ensinara a Ciência dos Jinas.
No Tibet secreto, existem duas escolas que se combatem mutuamente; quero referir-me, claramente, às instituições Mahayana e Jinayana*.
Em nosso próximo capítulo, falaremos sobre a primeira destas duas instituições; agora, só nos preocuparemos pela escola Jinayana.
É ostensível que o caminho Jinayana resulta, no fundo, profundamente Búdico e Crístico.
Neste Misterioso caminho encontramos, com assombro místico, os fiéis custódios do Santo Graal, ou Pedra Iniciática; quer dizer, da suprema Religião-Síntese que foi a primitiva da humanidade: a doutrina da Magia Sexual.
Jana, Swana ou Jaina é, pois, a doutrina desse velho Deus da luta e da ação, chamado Jano, o senhor divino de duas caras, transposição andrógina do Hermes egípcio e de muitos outros Deuses dos panteões Maias, Quichés e Astecas, cujas imponentes e majestosas esculturas cinzeladas na rocha viva ainda se podem ver no México.
O mito greco-romano conserva, ainda, a recordação do desterro de Jano, ou Jaino, à Itália, por haver arrojado, do céu, Cronos ou Saturno, quer dizer, a recordação legendária de seu descenso à Terra como instrutor e guia da humanidade, para dar a esta a primitiva religião natural Jina ou Jaina.
Jana, ou Jaina, é também, obviamente, a maravilhosa doutrina chino-tibetana de Dan, Chan Dzan, Shuan, Loan, Huan ou Dhyan-Choan, características de todas as escolas esotéricas do mundo ário, com raízes na submersa Atlântida.
A Doutrina Secreta, a Doutrina Jaina primitiva fundamenta-se na Pedra Filosofal, no sexo, no Sahaja Maithuna.
Doutrina Gnóstica infinitamente superior, por mais antiga, ao próprio Bramanismo, a primitiva escola Jinayana, é a da estreita senda que conduz à Luz.
Doutrina de salvação realmente admirável, da qual, na Ásia Central e na China, ficam muitíssimas recordações, como ficam também na Maçonaria Universal, onde ainda encontramos, por exemplo, a supervivência da simbólica Cruz Jaina ou Swastika (de Swan, o Hamsa, o Cisne, a Ave Fênix, a Pomba do Espírito Santo, ou Paráclito, Alma do Templo do Graal, Nous ou Espírito, que não é senão o Ser ou Dhyani do homem).
Ainda nestes tempos modernos, todavia, podemos achar rastros, na Irlanda, desses vinte e três profetas Djinas ou conquistadores de almas que foram enviados em todas as direções do mundo pelo fundador do Jainismo, o Rishi-Baja-Deva.
Nos instantes em que escrevo estas linhas, vêm à minha memória recordações transcendentais.
Num dos tantos corredores de um antigo palácio, não importa a data nem a hora, bebendo água com limão em taças deliciosas de fino bacará, junto com um grupo muito seleto de Elohim, disse: ‘Eu necessito descansar por um tempo na Felicidade, faz vários Mahavântaras que estou ajudando a humanidade e já estou cansado’.
‘A maior felicidade é ter Deus dentro, contestou um Arcanjo muito amigo…’
Aquelas palavras me deixaram perplexo, confuso; pensei no Nirvana, no Maha-Paranirvana etc.
Habitando em regiões de tão intensa felicidade, poderia, acaso, alguma criatura não ser feliz? Como? Por quê? Por não ter a Mônada dentro?
Consultando o VM Janus
Cheio, pois, de tantas dúvidas, resolvi consultar o velho sábio Jano, o Deus vivente da Ciência Jinas. Antes de entrar em sua Morada, fiz, ante o Guardião, uma saudação secreta; avancei ante os Vigilantes e os saudei com outra saudação e, por último, tive a dita de encontrar-me frente ao Deus Jano.
‘Falta outra saudação’, disse o Venerável. Não há melhor saudação que a do coração tranquilo, assim respondi, enquanto, devotadamente, punha minhas mãos no Cárdias.
‘Está bem’, disse o Sábio.
Quando quis fazer-lhe perguntas que dissipassem minhas mencionadas dúvidas, o Ancião, sem falar nem uma só palavra, depositou a resposta no fundo de minha Consciência.
Tal resposta podemos resumi-la assim: ‘Ainda que um homem habitasse o Nirvana ou qualquer outra região de ditas infinitas, se não tivesse Deus dentro, não seria feliz‘.
‘Entretanto, se vivesse nos mundos infernos ou no cárcere mais imundo da Terra, tendo Deus dentro, seria feliz.’
Concluiremos este capítulo dizendo: A Escola Jinayana, com seu esoterismo profundo, nos conduz pela via sexual até a encarnação do Verbo e a Liberação final.
Oremos…”
(Samael Aun Weor, O Mistério do Áureo Florescer)
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*Jinayana ou Hinayana, geralmente interpretado como o Pequeno Veículo do Budismo. Na realidade, segundo a Gnose, este é um termo antiquíssimo, atlante, que se disseminou em diversas épocas e lugares, sendo por isso encontrado em todos os lugares, como nos explica o VM Samael no texto acima.