sábado, 16 de julho de 2022

ESQUECE ESSE PAPO BRABO DE QUE ENTIDADE DÁ SURRA!

 ESQUECE ESSE PAPO BRABO DE QUE ENTIDADE DÁ SURRA!


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Sei que o nosso repertório de lendas é vasto, mas essa lenda de Guia dar surra está entre as mais desnecessárias e mais nocivas. Entidades não dão surras...
... Mas podem disciplinar.

Foi uma postagem do querido André Gabeh Carvalho que me fez lembrar do que contarei a seguir. Já notei que, quando acontece de a Entidade disciplinar o médium, dar uma chamada na fala, essas coisas, às vezes ela adota a tática do humor. Tô falando sério. Creia: Nossos guias têm humor; não são gravosos o tempo todo, e eu sei de situações em que, na moral, as Entidades capricharam na trolagem!
Vou te contar quatro casos. Conheço bem demais as pessoas envolvidas, mas não vou citar os nomes, tá bom? E aviso que lá no último caso vai ter palavrão, porque tem que ter. Então, se você for sensível para essas coisas da linguagem casca grossa, só leia os três primeiros, ok?

1

Aquele nosso irmão era médium em uma casa de Umbanda no bairro do Irajá. Cara vaidoso, boa pinta, seducente, mas umbandista devotado. Ele dedicara anos da vida cultivando uma trança... e ele amava aquela trança! De maneira geral, suas Entidades nem percebiam a trança.
Caboclo Cobra Coral - Sem problema com a trança. Vai ver até que gostava.
Pai Benedito – Nenhuma menção à trança.
Mas o Exu Tiriri...
Tiriri detestava aquela trança! Por quê? Sei lá! Mas detestava.

- Manda ele arrancar esse troço!

E nada de ele arrancar aquele troço. Ele amava a trança!

Um dia lá, gira de Exu:

Tenho que dizer que aquele irmão é igual a mim; ele não bebe, não bebe nada... Exu Tiriri, porém, você sabe, né? Então... Tiriri chegou, pediu um copo duplo de cachaça, puxou uma tragada no charuto, deu uma baforada na direção do copo e passou aquela sessão inteirinha sem beber uma única gota. Trabalhou, deu consulta, gargalhou, dançou... Tudo com aquele copo cheio de cachaça na mão.
Não bebeu.
Cantaram para subir.
Tiriri deixou o copo duplo e intocado lá na tronqueira, foi embora... E o nosso irmão caiu des-mai-a-do!!! Estava em coma alcoólico... Bêbado, trôpego, trêbado, fedendo a Pitu... Coma alcoólico... Desmaiado! Levaram às pressas para o hospital. Internação. Glicose na veia.
Tirou a trança.

2

Médium de seu Zé Camisa Preta - Trabalhava no Méier, morava próximo à Estação de Nova Iguaçu. Gostava de, de vez em quando, ao sair do trabalho, parar em um bar que ficava em Cascadura. Camisa Preta não gostava do tal bar!

- Pede pro meu menino parar de ir lá. O ambiente não é bom.

Menino continuou indo lá. Menino gostava de lá.
Menino foi lá.
Hora de voltar para casa em Nova Iguaçu.
Pegou o trem em Cascadura. Pouco antes de chegar em Nova Iguaçu, caiu no sono. Acordou algumas estações depois.

- Saco!

Desce do trem, muda de plataforma, pega outro trem voltando... Dormiu de novo.

- Aaaaaiiii, cacete!

Desce do trem, muda de plataforma, lá vem outro trem... E dormiu outra vez.

- Caraca!!

Volta para Nova Iguaçu. Consegue descer na Estação certa. Aleluia!!

- Marcos, e cadê que eu achava a minha casa? Eu não achava a minha casa, Marcos; eu não achava a minha casa! Eu estava na minha rua, e não achava a minha casa! Andei pra lá, andei pra cá, andei, andei, até que achei.

Nunca mais voltou no bar.

3

Gira da Ibejada, aquele baguncê! Crianças em terra.
Uma senhora na Assistência, morrendo de rir, xoxando na cara dura. Criança do céu chegou pertinho, bem pertinho; molhou as pontas dos dedos no guaraná que estava no copo; deu uma borrifadinha no rosto da xoxosa. A mulher caiu sem sentidos.
Maior rebuliço. Coooooorre pra acudir!

- Traz vinagre! Traz éter!

A Criança diz:

- A tia tá dormindo, a tia tá dormindo. Bota ela no sofazinho.

Botaram ela no sofazinho. Ficou lá, dormindo até quase o fim da sessão. Pouco antes de subir, a Criança de Aruanda chegou perto, molhou de novo os dedos no guaraná e deu outra borrifadinha no rosto da tia dormindo. Tia dormindo no sofazinho acordou.

- Hein? Oi? Hã? Quem sou eu? De onde vim? Onde estou? Pra onde vou?

Pronto, resolvido.

4

Quase toda Casa de Santo é frequentada por aquela pessoa que a gente não entende por que vai. Fica lá, com cara de antipatia, olhim de nojo, semblante cético-asséptico, mas não perde uma sessão, a mundiça. Caramba, por que vai?! Ninguém entende, mas vai.
Pois bem: A mãe de santo é aquele tipo de pessoa do bem, sabe? Cuidadosa, disciplinada, séria, mas simpática... e trabalha com a Pombagira do Cruzeiro das Almas.
Dona Cruzeiro, em uma pausa de informalidade, estava conversando com umas mulheres da Assistência; dentre as quais, a cética-asséptica. Em dado momento, querendo dizer que é Pombagira resoluta, que sabe o que faz, que tem controle sobre seus trabalhos, dona Cruzeiro valeu-se de uma expressão:

- Eu tenho sete cus!

A cara-de-antipatia retrucou:

- A senhora tem um só, e olhe lá.

Que climão! Silêncio constrangedor no plenário. Dona Cruzeiro não disse nada... Nada! BA-BA-DOOOOO!!! A moça dos sete cus vai levar o desaforo pra casa – ou seja, pra Calunga. tsc tsc tsc

Paaaassa um tempo.

Sessão ainda nem tinha começado, lá vem a olhim-de-nojo com o rosto todo torcido e andando de pernas abertas. Típica feição/situação de quem tomou uma de mau jeito... E chegou metendo esporro na mãe de santo:

- Porque essa tua Pombagira! Porque essa tua Pombagira!
- O que houve, minha filha? Não tô te entendendo.
- Essa tua Pombagira! Essa tua Pombagira!
- O que aconteceu?!
- Tô com sete furúnculos na bunda, e um deles é no olho do cu!

Não sei como aquilo se resolveu... Mas a sete cus não levou o desaforo pra Calunga.
Yeessss!!!

Surra de Entidade? Nunca! Não mesmo!
Disciplina? Olha... Pode ser, hein? E humor também é método.
Sarcasmo também é mironga!
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Texto: Marcos Andrade
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#eunãoandosólaroyéexú