CURUPIRA!
Francisco Coelho
CURUPIRA!
Francisco Coelho
(ENIGMAS E CONTOS/YouTube)
O que vou contar a seguir é uma história verdadeira que aconteceu na fazenda onde trabalho, um fato real que também tive a oportunidade de ver, ouvir e sofrer.
Essa é a minha história…
Depois do falecimento do pai Mário decidiu deixar.a capital, voltar para o interior e cuidar da fazenda herdada la no Estado do Pará.
Uma fazenda enorme com vários quilômetros de uma mata linda e fechada.
A principal produção da fazenda era a criação de gado, carne, mas como o preço do quilo havia caído bastante nos últimos meses Mário teve uma outra ideia, plantar cacau, aproveitar de uma outra maneira e mais barato o que mais possuía, a terra.
“senhor Mário, cuidado com a Curupira”disse um velhinho que viveu toda sua vida na fazenda.
“e quem é essa Curupira” perguntou Mário.
O velhinho respondeu que era a protetora da mata, e que anos atrás o pai de Mário havia tentado plantar cacau e rapidamente desistido dado os ataques violentos da protetora.
“meu pai desistiu? cê tá brincando” comentou Mário sem acreditar na história do velhinho.
Meses depois Mário convidou um amigo agrônomo para visitar a fazenda e aconselhar no pedaço de terra mais apropriado.
O agrônomo chegou e os dois saíram recolhendo bocados de terra por toda parte, e enquanto estavam no meio da mata o amigo perguntou se por ali havia índios.
Mário respondeu que não e ao mesmo tempo indagou porque da pergunta.
O agrônomo respondeu que parecia ter visto um entre as moitas.
“coisas da imaginação, aqui não tem índios” disse Mário.
Horas depois, sentados na varanda da casa da fazenda, o agrônomo comentou do índio que havia visto, e do canto da varando o mesmo velhinho chamou a atenção do agrônomo e disse,
“desculpa a intromissão senhor, eu acho que pode ser a Curupira que já sabe das intenções do patrão”
“e quem é essa tal de Curupira?”perguntou o agrônomo.
“é nada não meu amigo, pura crendice dos mais velhos que acreditam em lendas” disse Mário deixando o velhinho sem graça.
No dia seguinte o amigo agrônomo despediu e saiu prometendo enviar o resultado de suas pesquisas tão logo fossem concluídas.
E dias passaram…
Em uma certa manhã um outro amigo chegou com o resultado do agrônomo, o melhor lugar para plantar o cacau era sem dúvida no meio da mata.
Mário não perdeu tempo, dois dias depois vários trabalhadores saíram em direção a mata para começar o desmatamento da área escolhida.
Porém, tão logo começaram a cortar a Curupira começou a castigar jogando pedras nos pobres coitados que assustados deixaram o lugar correndo como loucos.
“que cambada de frouxos, como pode tantos homens terem medo dessa tal de Curupira!” exclamou o patrão sem poder acreditar nas histórias dos trabalhadores.
No dia seguinte Mário enviou os mesmos empregados acompanhados de dois outros armados de espingardas, de nada adiantou.
A chuva de pedra foi ainda maior sem os pistoleiros sequer ver quem jogava ou em quem atirar, e o resultado foi o mesmo, deixaram tudo para trás e saíram correndo assustados em direção à casa.
Reunidos na varanda da casa Mário ouvia admirado as histórias dos apavorados empregados, e zangado como nunca, quase saindo fogo pelas ventas (como dizia minha vó), ele apontou para cinco dos mais corajosos dos empregados e disse que preparassem para uma caçada da Curupira naquela mesma noite.
E assim fizeram…
Por volta das seis e meia da tarde quando o sol já entrava os cinco apresentaram ao patrão armados de espingardas e revólveres.
Mário checou pela última vez suas armas e saíram em direção à mata, hora de acabar de uma vez por todas com aquele problema.
Poucos minutos depois eles chegaram ao local dos ataques, e a pedido de Mário um deles pegou um machado e deu duas machadadas em uma das árvores provocando a Curupira, mas ela não respondeu, nada aconteceu.
Mário pediu que o empregado desse outras machadadas, nada.
Nervoso Mário pediu que outros dois fizessem o mesmo, dessa vez a resposta foi imediata, uma pedra foi atirada bem no meio deles.
Mário levantou a espingarda e atirou naquela direção…
A situação ficou ainda pior, pois naquele instante uma chuva de pedras começou a cair da mesma direção.
Escondidos atrás de um tronco de uma árvore Mário e seus empregados esperaram que as pedras parassem, e no momento que elas pararam os cinco saíram em direções diferentes procurando cercar a Curupira.
Minutos depois Mário ouviu o barulho dos cinco correndo e gritando rumo à casa.
Atrás do tronco Mário resolveu sair e enfrentar a Curupira cara a cara, sozinho, e com a espingarda na mão ele caminhou para onde pensava que ela estava.
Porém a Curupira era mais esperta do que ele podia imaginar, as pedras pararam e os assobios começaram.
Mário seguiu os assobios sem perceber que cada vez mais penetrava a uma parte da mata ainda mais fechada e desconhecida.
Os assobios continuaram cada vez de uma direção diferente, o pobre Mário não tinha a menor ideia do que estava acontecendo.
Quase uma hora depois cansado de seguir os assobios Mário parou e resolveu voltar, mas voltar por onde e como? ele não tinha a menor ideia em que direção estava sua casa.
Gritou pelos empregados mas nenhum respondeu, Mário sentou e ficou a pensar.
A mata silenciou de uma maneira estranha e total, tudo parecia dormir.
Poucos minutos depois Mário levantou, porém antes de começar a caminhar ele ouviu um som diferente, o som do estalo de chicote.
Mário apontou a espingarda naquela direção e disparou…
Uma segunda chicotada foi dada de outra direção e mais próxima…
Mário disparou várias vezes até acabar com as balas.
Outra chicotada agora tão próxima que a Curupira parecia estar bem ali na sua frente.
Mário descarregou o revólver sem pensar que só tinha seis balas.
E o silêncio voltou.
Sem saber onde estava e sem munição Mário sentou ao pé de uma árvore cansado, desolado e medroso, só restava esperar e ver qual era a intenção da Curupira.
Segundos depois ele ficou sabendo, gritando de dor Mário agarrou as pernas rolando de um lado para o outro tentando fugir das chicotadas.
Infelizmente enquanto tentava proteger as pernas as chicotadas eram dadas em suas costas sem piedade.
Para desespero, dor e pavor do pobre Mário o castigo continuou por vários e longos minutos.
De repente as chicotadas pararam e Mário pode ver um pequeno vulto bem a sua frente, o vulto do seu agressor, o vulto da Curupira.
Na tarde do seguinte dia Mário foi encontrado arrastando pela mata todo dilacerado.
Hoje a fazenda continua próspera e linda, sem cacau.
Quanto ao meu patrão ele passa a maior parte dos dias sentado na varanda olhando para o mato, quiçá arrependido de não ter acreditado na existência da famosa e real Curupira.
Te cuida e muito obrigado!
Francisco Coelho
(ENIGMAS E CONTOS/YouTube)
O que vou contar a seguir é uma história verdadeira que aconteceu na fazenda onde trabalho, um fato real que também tive a oportunidade de ver, ouvir e sofrer.
Essa é a minha história…
Depois do falecimento do pai Mário decidiu deixar.a capital, voltar para o interior e cuidar da fazenda herdada la no Estado do Pará.
Uma fazenda enorme com vários quilômetros de uma mata linda e fechada.
A principal produção da fazenda era a criação de gado, carne, mas como o preço do quilo havia caído bastante nos últimos meses Mário teve uma outra ideia, plantar cacau, aproveitar de uma outra maneira e mais barato o que mais possuía, a terra.
“senhor Mário, cuidado com a Curupira”disse um velhinho que viveu toda sua vida na fazenda.
“e quem é essa Curupira” perguntou Mário.
O velhinho respondeu que era a protetora da mata, e que anos atrás o pai de Mário havia tentado plantar cacau e rapidamente desistido dado os ataques violentos da protetora.
“meu pai desistiu? cê tá brincando” comentou Mário sem acreditar na história do velhinho.
Meses depois Mário convidou um amigo agrônomo para visitar a fazenda e aconselhar no pedaço de terra mais apropriado.
O agrônomo chegou e os dois saíram recolhendo bocados de terra por toda parte, e enquanto estavam no meio da mata o amigo perguntou se por ali havia índios.
Mário respondeu que não e ao mesmo tempo indagou porque da pergunta.
O agrônomo respondeu que parecia ter visto um entre as moitas.
“coisas da imaginação, aqui não tem índios” disse Mário.
Horas depois, sentados na varanda da casa da fazenda, o agrônomo comentou do índio que havia visto, e do canto da varando o mesmo velhinho chamou a atenção do agrônomo e disse,
“desculpa a intromissão senhor, eu acho que pode ser a Curupira que já sabe das intenções do patrão”
“e quem é essa tal de Curupira?”perguntou o agrônomo.
“é nada não meu amigo, pura crendice dos mais velhos que acreditam em lendas” disse Mário deixando o velhinho sem graça.
No dia seguinte o amigo agrônomo despediu e saiu prometendo enviar o resultado de suas pesquisas tão logo fossem concluídas.
E dias passaram…
Em uma certa manhã um outro amigo chegou com o resultado do agrônomo, o melhor lugar para plantar o cacau era sem dúvida no meio da mata.
Mário não perdeu tempo, dois dias depois vários trabalhadores saíram em direção a mata para começar o desmatamento da área escolhida.
Porém, tão logo começaram a cortar a Curupira começou a castigar jogando pedras nos pobres coitados que assustados deixaram o lugar correndo como loucos.
“que cambada de frouxos, como pode tantos homens terem medo dessa tal de Curupira!” exclamou o patrão sem poder acreditar nas histórias dos trabalhadores.
No dia seguinte Mário enviou os mesmos empregados acompanhados de dois outros armados de espingardas, de nada adiantou.
A chuva de pedra foi ainda maior sem os pistoleiros sequer ver quem jogava ou em quem atirar, e o resultado foi o mesmo, deixaram tudo para trás e saíram correndo assustados em direção à casa.
Reunidos na varanda da casa Mário ouvia admirado as histórias dos apavorados empregados, e zangado como nunca, quase saindo fogo pelas ventas (como dizia minha vó), ele apontou para cinco dos mais corajosos dos empregados e disse que preparassem para uma caçada da Curupira naquela mesma noite.
E assim fizeram…
Por volta das seis e meia da tarde quando o sol já entrava os cinco apresentaram ao patrão armados de espingardas e revólveres.
Mário checou pela última vez suas armas e saíram em direção à mata, hora de acabar de uma vez por todas com aquele problema.
Poucos minutos depois eles chegaram ao local dos ataques, e a pedido de Mário um deles pegou um machado e deu duas machadadas em uma das árvores provocando a Curupira, mas ela não respondeu, nada aconteceu.
Mário pediu que o empregado desse outras machadadas, nada.
Nervoso Mário pediu que outros dois fizessem o mesmo, dessa vez a resposta foi imediata, uma pedra foi atirada bem no meio deles.
Mário levantou a espingarda e atirou naquela direção…
A situação ficou ainda pior, pois naquele instante uma chuva de pedras começou a cair da mesma direção.
Escondidos atrás de um tronco de uma árvore Mário e seus empregados esperaram que as pedras parassem, e no momento que elas pararam os cinco saíram em direções diferentes procurando cercar a Curupira.
Minutos depois Mário ouviu o barulho dos cinco correndo e gritando rumo à casa.
Atrás do tronco Mário resolveu sair e enfrentar a Curupira cara a cara, sozinho, e com a espingarda na mão ele caminhou para onde pensava que ela estava.
Porém a Curupira era mais esperta do que ele podia imaginar, as pedras pararam e os assobios começaram.
Mário seguiu os assobios sem perceber que cada vez mais penetrava a uma parte da mata ainda mais fechada e desconhecida.
Os assobios continuaram cada vez de uma direção diferente, o pobre Mário não tinha a menor ideia do que estava acontecendo.
Quase uma hora depois cansado de seguir os assobios Mário parou e resolveu voltar, mas voltar por onde e como? ele não tinha a menor ideia em que direção estava sua casa.
Gritou pelos empregados mas nenhum respondeu, Mário sentou e ficou a pensar.
A mata silenciou de uma maneira estranha e total, tudo parecia dormir.
Poucos minutos depois Mário levantou, porém antes de começar a caminhar ele ouviu um som diferente, o som do estalo de chicote.
Mário apontou a espingarda naquela direção e disparou…
Uma segunda chicotada foi dada de outra direção e mais próxima…
Mário disparou várias vezes até acabar com as balas.
Outra chicotada agora tão próxima que a Curupira parecia estar bem ali na sua frente.
Mário descarregou o revólver sem pensar que só tinha seis balas.
E o silêncio voltou.
Sem saber onde estava e sem munição Mário sentou ao pé de uma árvore cansado, desolado e medroso, só restava esperar e ver qual era a intenção da Curupira.
Segundos depois ele ficou sabendo, gritando de dor Mário agarrou as pernas rolando de um lado para o outro tentando fugir das chicotadas.
Infelizmente enquanto tentava proteger as pernas as chicotadas eram dadas em suas costas sem piedade.
Para desespero, dor e pavor do pobre Mário o castigo continuou por vários e longos minutos.
De repente as chicotadas pararam e Mário pode ver um pequeno vulto bem a sua frente, o vulto do seu agressor, o vulto da Curupira.
Na tarde do seguinte dia Mário foi encontrado arrastando pela mata todo dilacerado.
Hoje a fazenda continua próspera e linda, sem cacau.
Quanto ao meu patrão ele passa a maior parte dos dias sentado na varanda olhando para o mato, quiçá arrependido de não ter acreditado na existência da famosa e real Curupira.
Te cuida e muito obrigado!