Então você montou seu altar, e agora só falta diferenciá-lo do resto das decorações de casa. É hora de torná-lo um lugar especial, seu espaço sagrado. Isso se realiza no momento em que o dedicamos aos Deuses, através da sua consagração.
Escolha um momento tranquilo para estar com os Deuses, tome um banho relaxante, beba um pouco de água fresca e coloque uma música agradável para ajudá-lo no clima, se quiser, e vamos começar. O primeiro passo é deixar o espaço e os itens extremamente limpos. Tire o pó, lave os objetos e dê polimento nos metais caso seja necessário, pois lugar de casa é limpa e ali será o santuário onde Eles farão morada dentro do seu lar. Dependendo da complexidade do seu altar, toda essa faxina pode fazer pode te deixar suado e você talvez até precise de um banho depois, então se achar melhor fazer a faxina antes do banho, também é possível. Já quanto à música, essa eu aconselho a todo tempo.
Deixe o espaço livre para, à medida em que monta seu altar, arrumá-lo na ordem correta. Tudo limpo e preparado, é hora começar a sacralizar seu espaço. Neste momento algumas pessoas preferem escrever algo e colocar junto a cada objeto. Isso é possível, mas à medida em que se acostume com o seu altar, procure deixar essas notas de lado e confiar na sua memória. Além de tudo ser um excelente exercício mental e de conexão, é mais pessoal.
Os Pilares
– Honrando os antepassados: pegue o que representa seus antepassados e lembre-se do momento mais feliz que tenha junto à família que te criou. Honre essa memória e guarde a felicidade desse instante, nesse item. Tais lembranças são o ponto através do qual as bênçãos dos que vieram antes de você inundarão sua casa, e caso você não tenha sido criado pela sua família biológica, não se esqueça de fazer também um agradecimento pela oportunidade de estar no mundo, independentemente de conhecer, conviver ou mesmo gostar dos seus pais biológicos. É uma questão de gratidão a quem lhe deu o corpo que agora carrega sua energia a vital e transporta sua consciência por esse mundo.
Você pode depositar ali quantos bons momentos mais quiser, e uma vez que tenha terminado, coloque o objeto de volta;
– Honrando o solo: Pegue o que representa o solo que te cerca e, se possível, vá até o local onde o pegou. Se for longe ou não houver condições, vá até uma janela que esteja voltada para ele e se nem mesmo assim puder enxergar um pedacinho de natureza, apenas respire o ar que venha de fora. Reflita sobre a qualidade do solo e do ar à sua volta, perceba como está o clima e transforme aquela pequena parte da Terra no símbolo da sua simbiose com a sua região. Comprometa-se em cuidar do planeta a partir de onde você está, e assim fazendo cada um curará do outro.
A partir desse momento, todas as vezes que puder interagir com a natureza imediatamente próxima à sua casa, seja ao caminhar na grama, correr num parque ou simplesmente respirar, pense naquela representação e envie para seu altar um pouco de energia. Enquanto você se conecta com o solo e cura esta parte do seu altar, através dele Os Deuses curarão sua casa e sua casa curará você. É um ciclo virtuoso que não pede muito mais que simplesmente prestar atenção e se importar. Feito isso, coloque o objeto novamente no altar;
– Honrando os Deuses: principalmente no início, é muito difícil nos identificarmos verdadeiramente com uma ou outra divindade específicos, e muito provavelmente os Deuses passearão pelo seu altar, visitando e deixando o espaço conforme cada um seja necessário para seu aprendizado ou mesmo trabalho, de quando em quando. Se nenhum Deus escolheu você ainda – e se escolher você com toda certeza saberá – não se sinta relegado ou menosprezado de forma alguma. Somente são apadrinhados por divindades específicas aqueles que têm tarefas igualmente específicas, e aqui vamos ensinar como convidar todos os Deuses, pois todos devem sentir-se bem-vindos em sua vida.
Pegue a representação ou representações dos Deuses e fique de frente com o seu altar. Peça-Lhes que venham habitar com você em sua casa, enquanto observa bem a morada que está montando para recebê-Los. Peça que abençoem a todos da casa, Inspirando e guardando a todos de qualquer necessidade ou malefício. Peça também pelos que vieram antes de você seja pelo sangue, seja repassando o Druidismo pelos séculos de escuridão que vivenciamos, e pelo solo, já representados no altar, e que lhe ajudem a receber as demais partes do altar, ajudando-o a consagrá-las enquanto elas tomam seu lugar nessa de direito. Agradeça novamente a Eles enquanto arruma Suas representações no altar.
Outros Elementos
Você pode adicionar diversos itens ao seu altar, de acordo com a sua prática. No entanto, o modo de recebê-los é relativamente parecido. Olhe bem para todos eles e os coloque em ordem de importância segundo a prática druídica. Quanto mais próximo do Druidismo, mais cedo o objeto deve entrar no seu altar.
Para consagrá-los, Inspire-se nos exemplos que falei acima, pegue um por vez e concentre-se no porquê dele estar ali. Conecte-se ao seu significado e no papel que ele terá a partir de agora no seu altar, agradeça aos Deuses por o receberem em Sua morada e, quando pertinente, peça por quem esteja conectado a ele, como é o caso do fogo numa vela, que para nós é um ser vivo, das fadas, e quem mais convidarmospara partilhar esse espaço.
É importante encontrar a sua forma de fazer as coisas, pois na prática diária não existem receitas de bolo. Existe sim o comprometimento, a fé e a responsabilidade para com o que assumimos. Cuide muito bem do seu espaço e a recíproca será verdadeira.
Algumas Dicas Preciosas
– Estimule a convivência inter-religiosa: Manter um altar numa casa onde nem todos são da mesma religião, ainda mais quando alguém é algo tão diferente quanto um druidista, é algo complexo seja pelo desrespeito à nossa fé ou mesmo pela simples vontade de ajudar, então cabem aqui algumas “dicas de sobrevivência” para que você e seus familiares não vivam em pé-de-guerra, uma vez que eles são um dos pilares do Druidismo independente do que acreditem. Como tempo sua prática mostrará que seus medos não vão se materializar com relação ao Druidismo, e lembre-se de que você deve respeito a quem conviva com você, mesmo que essas pessoas não o tratem com a reciprocidade que gostaria. Caso você seja jovem, além desse respeito você deve obediência a quem seja responsável por cuidá-lo ou criá-lo;
– Cuidado com a S.A.I. (Síndrome do Altar Intocável): esse problema é causa da maioria das desavenças que presenciei relacionadas a espaços sagrados pessoais, especialmente entre pais e filhos ou com quem faça a faxina da casa. Guarde bem essas palavras sobre esse assunto: esse tipo de mentalidade é absurda! Se alguém limpa seu altar por você ou é porque você não o fez direito ou porque alguém rearrumou seu altar para ele ficar “mais bonito” ou qualquer que seja o motivo nessa linha. Simplesmente agradeça a gentileza e a boa intenção, sem se estressar com o fato de alguém estar cuidando de você.
Caso a pessoa esteja interessada em saber para que serve um altar, pergunte ela pessoa não quer montar o dela própria, deixando bem claro que será feito de acordo com a fé que ela professe, mas com você provendo toda a ajuda possível, enquanto explica pacientemente que cada coisa está num lugar por um motivo e analisa se uma ou mais das sugestões não seriam interessantes de você adotar. Especialmente no caso de famílias inter-religiosas, esse tipo de rearrumação pode ser uma excelente oportunidade para um diálogo e mesmo uma aproximação dos membros da casa. Essa certamente é uma das formas dos Deuses nos dizerem que podemos mudar algo em nossa relação familiar ou mesmo, quem sabe, dar ares novos ao altar em si. Além do mais, ter altares de várias correntes religiosas dentro da mesma casa deve ser uma experiência fascinante para quem saiba observar a diversidade sem preconceitos;
– Cultive momentos devocionais: sua vida contém certas rotinas, então tente encaixar pelo menos um momento diário junto ao seu altar, todos os dias. Pode ser ao levantar ou ao dormir, por exemplo. Basta chegar em frente a ele, agradecer pelo dia que começa ou termina, refletir sobre o que deu errado para ver se há algo a aprender ou simplesmente agradecer pelas maravilhas que aconteceram e perguntar-se o que essas coisas têm, também, alguma coisa a ensinar;
– Renove, inove, repagine e aprenda: não deixe seu altar estagnar. É parte do processo de mantê-lo saber perceber quando um item fechou seu ciclo e trocá-lo ou mesmo removê-lo para abrir espaço para uma nova energia. Imagine, inove e ouse o quanto sentir-se confortável, sempre mantendo em mente que ele precisa ter a cara de quem por ele seja responsável sem perder sua identificação com o Druidismo. Encare-o como um ser vivo, pois os Deuses estão ali, e enquanto interage com seu ele, que tal refletir a respeito do como você tem mudado e de que formas? Um dos maiores ensinamentos e dádivas que um altar pode lhe trazer é justamente a consciência de quem você é e a Inspiração para descobrir quem são os Deuses e como Eles se manifestam na sua vida.