Òrànmíyàn
Após grandes vitórias, Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai em Ilê-Ifê, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes, menos Obàlùfan Ògbógbódirin. Odùduwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifé, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e sai derrotado e, com vergonha de encarar seu pai, não volta mais a Ifé, com isso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Òyó, tornando-se o primeiro Oba Aláààfin Òyó.
Casado com Morèmi, uma bela mortal nativa de Òfà (que mais tarde tornou-se uma heroína em Ilê-Ifé), teve um filho de nome Ajaká. Passado “algum tempo”, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a nação dos Tapa, onde havia sido derrotado, porém desta vez obtém uma grande vitória sobre Elémpe, na época rei dos Tapa, como espólio, Elémpe entrega-lhe sua filha Torosí. Retornando a Òyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosí e com ela tem um filho, chamado Sàngó, um “mortal”, nascido de uma mãe mortal e um pai semideus, portanto com ascendentes divinos por parte de pai.
Após este período de inúmeras vitórias, a cidade de Òyó torna-se um poderoso império, Òrànmíyàn, prestigiado e redimido de sua vergonha, volta para Ilê-Ifé, deixando em seu lugar em Òyó, o príncipe coroado, seu primogênito Ajaká, que torna-se o segundo Aláààfin Òyó.
Em uma de suas conquistas, a da cidade de Benin, anterior a fundação de Òyó, Òrànmíyàn termina com a dinastia de Ogìso, o então rei, expulsando-o e assumindo o trono, tornando-se o primeiro Obabínín, e inicia sua dinastia tendo um filho, chamado Èwékà, com uma nativa. Antes de deixar a cidade, ele torna Èwékà como seu sucessor no trono do Benin. (Atual cidade na Nigéria, antigo Reino do Benin, não confundir com a atual República do Benim, antigo país chamado Daomé.)
Durante sua longa ausência em Ilê-Ifé, Obàlùfan Ògbógbódirin, seu irmão mais velho, tornou-se o segundo Óòni Ifé, após o reinado de Odùduwà. Quando ninguém mais sabia do paradeiro de Òrànmíyàn, o povo de Ifé aclamou Obàlùfan de Aláyémore como sucessor direto de seu pai Odùduwà.
Após um “grande tempo”, quando Òrànmíyàn estava retornado à Ifé, Obàlùfan Aláyémore já era o terceiro Óòni Ifé, todavia, com um fraco reinado e agora com os rumores da volta de seu irmão, mais instável ainda ficava seu governo.
Obàlúfan enfurecido com o povo de Ifé, que já haviam-o nomeado de Aláyémore, agora, clamavam para combater “possíveis inimigos” que rodeavam a cidade (na verdade, gente de Òránmíyàn que chegava). O poderoso guerreiro, então, colérico comete varias atrocidades e só para quando uma anciã desesperada grita que ele está destruindo seus “próprios filhos”, gente do seu próprio povo. Atônito, ele finca no chão seu asà (escudo) que imediatamente transforma-se em uma enorme laje de pedra, num lugar hoje chamado de “Ìta Alásà”, e “decide ir embora e nunca mais” voltar à Ifé.
Enquanto isso, Òrànmíyàn desiludido pelo seu povo que não lhe reconhecera, já rumava fora dos arredores de Ifé, em Mòpá. Quando foi interceptado pelo povo que o saudavam e o aclamavam como Óòni Ifé, e, suplicavam por sua volta. Então, satisfeito e envaidecido, atende ao povo e finca no chão seu òpá (bastão de guerreiro) transformando-o em um monólito de granito (ver foto acima: Òpá Òrànmíyàn) selando assim o acordo com o povo e volta em uma triunfante procissão ao palácio de Ifé.
Sabendo disso, Obàlùfan Aláyémore abandona, agora, de fato, o palácio e se exila na cidade de Ìlárá. Òrànmíyàn ascende ao trono e se torna o terceiro Óòni Ifé até sua morte.
Obàlùfan Aláyémore, retorna do exílio e reassume como o quarto Óòni Ifé e reina, desta vez, com sucesso até a morte.
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Adé Òrìsà, tipo de coroa real tradicional, somente usada por alguns privilegiados reis que sejam descendentes de Odùduwà.