domingo, 12 de janeiro de 2020

História do Candomblé

História do Candomblé

Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os OrixásVodunsNkisis dependendo da nação. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.
O candomblé é encontrado em todos os estados brasileiros. No Rio de Janeiro é descrito por Agenor Miranda Rocha

História[editar | editar código-fonte]

História do candomblé é dividida de acordo com a distribuição dos escravos no território brasileiro.
Antes da abolição da escravatura o candomblé já existia mas não com esse nome. Eram as várias religiões tradicionais africanas trazidas pelos escravos da África praticada nas senzalas ou em lugares afastados no meio da mata. Eram chamados de batuque de negros, que tanto podia ser o batuque de roda como roda de capoeira.[2]

Maranhão[editar | editar código-fonte]

No estado do Maranhão o terreiro mais antigo é a Casa das Minas, em São Luís.
Pierre Verger escreveu: "A Casa das Minas teria sido fundada pela rainha Nan Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida como escrava por Adondozã (1797-1818), que governou o Daomé após o falecimento do pai e foi destronado pelo meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo chegou a organizar uma embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi encontrada."

Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe[editar | editar código-fonte]

Em quase todo nordeste a nação Nagô-Egbá ou Xangô do Nordeste é a mais frequente, porém o Xambá[3] é mais comum ser encontrado em Alagoas e Pernambuco.

Bahia[editar | editar código-fonte]

A primeira casa de candomblé Ketu do Brasil e em Salvador que se tem notícia é o Candomblé da Barroquinha e a primeira casa de Candomblé Jeje foi fundada em Cachoeira e São Félix por Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), daomeana que foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia, entre eles a Roça do Ventura (Kwé Cejá Hundé). A primeira casa de Candomblé Bantu também foi em Salvador chamada de Raiz do Tumbensi ou Tumbensi é uma casa de Angola considerada como a mais antiga da Bahia, fundada por Roberto Barros Reis, (Tata Kimbanda Kinunga sua dijína) por volta de 1850, era um escravo angolano, após seu falecimento passou a ser comandada por Maria Genoveva do Bonfim mais conhecida como Maria Neném.
Com as batidas policiais nos terreiros de candomblé e a perseguição e prisão dos adeptos e objetos de culto,[4] algumas iyalorixás resolveram migrar para o Rio de Janeiro em busca de mais tranquilidade para cultuar os Orixás.

Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

Associação dos Remanescentes do Quilombo Pedra do Sal fica no bairro da Saúde
A primeira casa de candomblé do Rio de Janeiro que se tem notícia foi fundada no bairro da Saúde, por Mãe AninhaBangboshê e Oba Saniá em 1886.
Nos anos 50 e 60 as casas de maior afluência na periferia do Rio de Janeiro, eram o Terreiro Bate Folha, em Anchieta (nação Congo), o Ilê Axé Opô Afonjá-Rio em Coelho da Rocha (nação Ketu) e Joãozinho da Goméia - Duque de Caxias (nação Angola).

Rio Grande do Sul[editar | editar código-fonte]

No estado do Rio Grande do Sul tanto o Candomblé como o Batuque são fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações JêjeIjexáOyóCabinda e Nagô.
Há ainda um "resquício" do candomblé de Moçambique no Rio Grande do Sul. Culto sob os cuidados de Antonio do Bará Xangui, provavelmente o ultimo baba dessa nação. Muito pouco sabe-se sobre a nação Moçambique, pois é um culto passado de pai para filho e muito restrito. No caso do sr Antonio do Bará Xangui, a única informação é que recebeu os fundamentos diretamente de seu pai adotivo Antão do Bará Fumalê.
  • Correção:o nome correto é Arthur e não Antão e não é pai adotivo,informou o próprio Sr Antônio do Bará Xangui.
O Candomblé Angola também é encontrado no Rio Grande do Sul. A referência que se tem do terreiro de Angola é na pessoa de pai Paulo de Oxosse na cidade de Santa Cruz do Sul, interior do estado do RS.
Um dos principais representantes do Batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã, no Candomblé de Angola Mãe Arlete (Mametu Samba Diá Maza) de Kukueto (Iemanjá), conhecida por sua festa para Iemanjá que reune milhares de pessoas em Guaíba e Mãe Iná (Mametu Ti Inkice Kizaze) de Xangô (Nzazi), que há mais de 30 anos se dedica à assistência da comunidade carente do município de Guaíba.

Língua Gurunsi, Grusi, Grunci[editar | editar código-fonte]

Grunci ou línguas grusi é uma das línguas dos negros gurunsisgruncis, grunces ou guruncis, segundo o capitão Binger, os negros africanos que foram e são conhecidos na Bahia pela designação de negros galinhas, que falam um número aproximado de 98 dialetos do grupo idiomático gur.
Uma das Iyalorixás do Candomblé Mãe Aninha, se sabia, etnicamente, descendente de africanos gurunsi, que são povos que ainda hoje habitam as savanas do norte de Gana e do Togo e ao sul de Burkina Faso e que nenhuma relação étnica ou histórica mantinha com yorubá até o tráfico negreiro, ela era da "nação" Grunci. Existe um pequeno contingente de falantes de dialetos gur nas áreas mais afetadas pelo tráfico negreiro para as Américas, que são os Bariba e os Logba, do centro-norte do Benim.
Existiu um núcleo residencial africano denominado Galinheiro, uma suposta referência ao termo Galinhas, como eram conhecidos os africanos Gruncis no Brasil. Fontes orais cachoeiranas afirmam que no Galinheiro africanos fardados e armados de “porretes” e outras armas brancas impediam o acesso de estranhos ao local. Desse lugar também irradiavam os movimentos iracundos negros, chegando a existir casas onde se fazia cultos islâmicos, que o povo do santo local identifica como “candomblé de Malê”. É possível que a denominação "galinha" provenha do fon agonlìnu, nome que até hoje serve para designar uma população do território Mahi, a noroeste de Abomei, e que não possui nenhuma relação conhecida com as populações falantes de dialetos gur das savanas ao norte.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]