REUNIÃO MEDIÚNICA - PARTE I
O DOUTRINAR (Parte I)
(Extraído do livro Diálogo com as Sombras por Hermínio C. Miranda)
Num grupo mediúnico, chama-se doutrinador a pessoa que se incumbe de dialogar com os companheiros desencarnados necessitados de ajuda e esclarecimento.. Qualquer bom dicionário leigo dirá que doutrinar é instruir em uma doutrina, ou, simplesmente, ensinar. E aqui já começamos a esbarrar nas dificuldades que a palavra doutrinador nos oferece, no contexto da prática mediúnica.
Em primeiro lugar, porque o espírito que comparece para debater conosco os seus problemas e aflições não está em condições, logo aos primeiros contactos, de receber instruções doutrinárias ou seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído. Muitas vezes ele está perfeitamente familiarizado com inúmeros pontos importantes da Doutrina Espírita. Sabe que é um espírito sobrevivente, conhece suas responsabilidades perante as leis universais, admite, ante evidências que lhe são mais do que óbvias, os mecanismos da reencarnação, reconhece até mesmo a existência de Deus. Quanto a comunicabilidade entre encarnados e desencarnados, ele nem discute, pois está justamente produzindo uma demonstração prática do fenômeno, e seria infantilidade de sua parte tentar ignorar a realidade.(..), o chamado doutrinador não é o sumo-Sacerdote de um culto ou de uma seita, que se coloque na posição de mestre, a ditar normas de ação e a pregar, presunçososamente, um estágio ideal de moral, que nem ele próprio conseguiu alcançar. A despeito disso, ele precisa está preparado para exercer, no momento oportuno, a autoridade necessária, que toda pessoa imcubida de uma tarefa, por mais modesta deve ter. Não se esquecer, porém, de que, no grupo mediúnico ele é apenas um dos componentes um trabalhador, e não Sumo-Sacerdote ou rei.
Sua formação doutrinária é de extrema importância. Não poderá jamais fazer um bom trabalho, sem conhecimento íntimo dos postulados da Doutrina Espírita. Entre os espíritos que lhes são trazidos para entendimento, há argumentadores prodigiosamente inteligentes, bem preparados e experimentados em diferentes técnicas de debate dotados de excelente dialética. Isto não significa que todo doutrinador tem de ser um gênio, de enorme capacidade intelectual e de impecável formação filosófica. A conversa com os espíritos desajustados não deve ser um frio debate acadêmico. Se o dirigente encarnado dos trabalhos está bem familiarizado com as obras fundamentais do Espiritismo, ele encontrará sempre o que dizer ao manifestante, ainda que não esteja no mesmo nível intelectual dele. O confronto aqui não é de inteligências nem de cultura; é de coração, de sentimentos. O conhecimento doutrinário tornar-se importante como base de sustentação.