domingo, 12 de janeiro de 2020

Bate Folha (Rio de Janeiro)

Bate Folha (Rio de Janeiro)

Bate Folha
Tipoterreiro de candomblé
Geografia
Coordenadas22° 49' 24.7192" S 43° 23' 59.3707" O
LocalizaçãoRio de Janeiro
PaísBrasil
Bate - Folha, Rio, (Kupapa Unsaba) é um terreiro de candomblé localizado no Rio de Janeiro, é uma ramificação do Terreiro Bate Folha de SalvadorBahia.

História[editar | editar código-fonte]

A comunidade do Bate Folha, fundado no início do século 20 no bairro de Mata Escura, em Salvador (BA), onde existe até hoje, por Manoel Bernardino da Paixão[1] - o Tat'etu Ampumandezu -, e instalado no Rio de Janeiro há 70 anos.
Iniciado no candomblé por Ampumandezu, em 4 de dezembro de 1929, e membro da comunidade do Bate Folha baiano,[2][3] João Correia de Mello, o Tat'etu Lesenge, mais conhecido como Joao Lessengue, ruma para o Rio de Janeiro, na década de 1930, querendo conhecer a cidade, e decide ficar.
Ao chegar, Lesenge foi morar na Rua Navarro, no Catumbi, havendo trazido em sua companhia alguns irmãos de santo, dentre os quais, se destaca por sua atuação Mãe Ngukui, componente do terceiro barco de Bernardino. Ngukui seria então o braço direito de Joao Lesenge na sua nova empreitada no Rio de Janeiro. Aqui, João Lesenge conheceu outras pessoas de santo em sua maioria oriunda da Bahia, passando então a participar dos rituais das diversas casas de candomblé já existentes na cidade.
Diversas personalidades importantes do candomblé faziam parte de seu círculo de amizades, como Ebomi Dila, Mãe Agripina do Opó AfonjáMãe Teté da Casa BrancaMãe Bida de Iemanjá do Gantois, Joana Cruz, Joana Obasi, Mãe Andreza, Guiomar de Ogun, Mãe Damiana, Tata Fomotinho, Vicente Bankolê, Ciriaco, América, Adalgisa, Marieta, Tia Marota, Obaladê, Nair de Oxalá, Marina de Ossãin, Nino de Ogun, Mundinho de Formigas, Otávio da Ilha Amarela, Ogan Caboclo, Álvaro do Pé-Grande, Mãe Teodora de Yemanjá, etc.
Em 1938, Lesenge comprou um terreno com aproximadamente 5.000 metros quadrados, no bairro Anchieta, fundando ali, o Bate-Folha do Rio de Janeiro (Kupapa Unsaba),preservando, em pleno subúrbio, a língua quimbundo e os ritos de origem banta..
Ao longo dos anos João Lesenge tirou doze barcos, sendo o primeiro em 26 de novembro de 1944, e o último em 8 de novembro de 1969.
No dia 29 de setembro de 1970, às 23:40 h., morre João Lesenge, o senhor do Bonfim de Anchieta.
Após o falecimento de Tata Lesenge em 1970, a roça atravessou dois anos luto.

O fim do luto[editar | editar código-fonte]

Foi somente em 1972, em ocasião de Luvalu (cerimônia de sucessão), que o Bate-Folha do Rio de janeiro reabriu, sendo ali investida no cargo como Mam´etu riá Nkisi (sacerdote chefe), sua sobrinha e filha de santo, Mabeji - Floripes Correia da Silva Gomes), tornando-se, herdeira de seu tio Lesenge em todo o sentido da palavra.

Mam'etu Mabeji[editar | editar código-fonte]

Baiana do bairro da Liberdade, chegou ao Rio de Janeiro aos 10 anos e aos 11anos, já é iniciada no Bate-Folha para residir com o Sr. João Lesenge em 19 de outubro de 1946 e, iniciou-se no candomblé em 20 de abril de 1947. A partir desta data, Mabeji começa a fazer parte da história do Bate-Folha.
Por volta dos anos 50, em companhia de um índio Irapuru, chega ao Bate-Folha o Sr. José Milagres. Com o passar do tempo, Milagres casa-se com Mabeji e posteriormente, se confirma na casa como Pokó, passando então a ser conhecido como Tata Nguzu ua nzambi,era a sua dijina.O Terreiro Bate Folha continua hoje sob a direção de Mam'etu Mabeji.

Preservação e tradição[editar | editar código-fonte]

Símbolo da preservação do candomblé banto, o Bate Folha é um espaço de convivência entre as diferentes nações das religiões de matriz africana no Rio de Janeiro, tendo sido freqüentado por figuras religiosas importantes das nações queto e jeje, como Nino d'Ogum, Iyá Davina, Dila de Omolu, Mãe Meninazinha d'Oxum e Tata Fomutinho.
Tradições do povo banto encontram refúgio no Bate Folha
As origens da tradição banta mantida pelo Bate Folha, remontam à histórica figura de Manoel Bernardino da Paixão, iniciado no candomblé em 1900, na Bahia, por um legítimo sacerdote muxicongo (nascido no Congo). A conclusão de suas obrigações foi realizada por Maria Neném - a Mam'etu Tuenda Nzambi.
A preservação do quimbundo nos cultos, uma das missões de Mabeji, é, para ela, um dever. Mabeji se lembra do tio, João Lesenge, como um "estudioso da língua e da cultura".
Os bantos são povos africanos que falam um conjunto de línguas, entre elas o quimbundo, com a mesma raiz. Em geral, chegaram ao Brasil como escravos, vindos de AngolaCongo e Moçambique.

Cd Bate Folha Cantigas de Angola[editar | editar código-fonte]

Em 2005, o Bate Folha lançou o disco cantigas de Angola, produzido pela Fundação Universidade de Brasília e pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), com o apoio do Museu da República e da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura.
Neste CD, por meio da voz e da sensibilidade de Mam`etu Mabeji, os Nkisi (deuses) contam suas histórias e nos convidam a dançar em forma de oração. São músicas da cultura bantu, que tem origem na Angola e no Congo. Na voz da filha de Unsumbo estão presentes os seus e os nossos ancestrais.
Se depender da disposição de Mabeji, contudo, não serão seus netos que verão o fim da cultura centenária que ela carrega no sangue. Cantigas de Angola, o primeiro registro sonoro dos cantos da comunidade Bate Folha, reúne, em suas 46 faixas, preces destinadas a cada um dos 15 nkisi (pronuncia-se inquice). Todas as cantigas para os nkisi, deuses similares aos orixás da nação queto, são entoadas em quimbundo, língua de origem angolana pertencente ao conjunto banto, do qual surgiram diversas línguas do centro-sul da África. Tendo aprendido a língua com familiares praticantes do candomblé banto, Mabeji se dedica agora, aos 76 anos, 65 deles vividos desde sua iniciação na religião, a preservar a memória cultural de seus antepassados. Ela faz questão de realizar os cultos do Bate Folha na língua ancestral.

2012[editar | editar código-fonte]

Festas no Bate-Folha vêm ocorrendo até os dias atuais. Mam'etu Mabeji[4] colocou seu 13ª barco no dia 10 de janeiro de 2009. E, também, em 2012, aos seus 76 anos de idade ela completará seus 65 anos de iniciação, no dia 20 de abril.
Ainda no ano de 2012 O terreiro esta fechado para reformas e no ano de 2013 terá a reinauguração do terreiro, com Futuras festas.