Entrei em uma casa muito humilde e lá eu vi os pertences do Seu Zé Pilintra.
Logo me perguntei:
"Esse cara diz que acredita em Seu Zé Pilintra, mas ele mora nessa casa tão simples? Onde está a riqueza que Seu Zé deveria dar pra ele? Isso é ter AXÉ?"
Entrei em uma casa muito humilde e lá eu vi os pertences do Seu Zé Pilintra.
Logo me perguntei:
"Esse cara diz que acredita em Seu Zé Pilintra, mas ele mora nessa casa tão simples? Onde está a riqueza que Seu Zé deveria dar pra ele? Isso é ter AXÉ?"
Logo em seguida, o médium de Seu Zé Pilintra apareceu e me ofereceu um café. Eu aceitei sem jeito porque tudo ali era muito simples, não tinha prosperidade, não tinha riqueza.
O café estava muito bom por sinal. Ele sentou numa cadeira de plástico, pois não tinha sofá naquela humilde casa. Era uma casa simplória, mas tudo bem arrumado. Não havia briga ali, não havia energia pesada muito pelo contrário, esse meu conhecido não tinha riqueza, mas tinha sossego, tinha paz de espírito coisa que eu não tinha no meu apartamento de frente para a praia.
Senti uma inveja dessa situação. Eu senti inveja de uma pessoa que não tinha nada a oferecer, era uma vergonha para mim. Eu refleti e notei que não era inveja de bens materiais, mas sim dele como pessoa. Como um homem tão pobre era mais feliz que eu que tinha muito mais que ele?
De repente, nesse homem veio Seu Zé Pilintra. Ele pegou o seu chapéu, sua bengala, acendeu um cigarro, deu uma rodada e falou apontando para mim:
Engraçado, meu rapaz, você diz dentro de você que tem muitas posses, mas não tem paz de espírito. Você questiona porquê meu cavalo não tem riqueza por eu protegê-lo, vou te dizer porque...
Ele teve muito mais que você. Ele tinha até casa no exterior. Tinha carro, moto, viaja muito. Abandonou a mãe numa casa de repouso, matou a esposa porque o traiu com o melhor amigo dele, foi pra cadeia, passou um tempo lá em regime fechado. Devia pra muita gente, teve que vender tudo pra não morrer porque estava devendo gente perigosa.
Ele me conheceu num terreiro, foi por conta própria. Ali eu disse pra ele que, se eu desse tudo do que ele tinha antes, ele faria até pior. Não deu valor para o que tinha. Era arrogante, não tinha humildade, só queria noite, bebida, droga, briga e não cuidava dele, nem da mãe que morreu como uma cachorra abandonada na sarjeta.
Hoje, meu cavalo mora aqui nessa humilde casa, mas aprendeu a ter paz, aprendeu a dar valor a cada coisa que conquistou com o seu suor, tendo o seu próprio dinheiro, pois ele nem trabalhar, trabalhava.
Você é assim também. Acha que só porque mora num apartamento, tem carro, moto, dinheiro é especial por isso, mas não tem paz porque só fuma maconha, sua namorada te abandonou, seus amigos traíram você, depende dos seus pais e acha que isso é ter prosperidade. O que você conquistou por conta própria? Nada, nem a namorada quis você. Sabe, meu rapaz, existem muitos assim como você, tem "tudo", mas ao mesmo tempo não tem nada. Ainda sente inveja dos mais humildes porque o que vale mais que o dinheiro, é dormir com a consciência tranquila no travesseiro.
Depois dessas palavras duras que Seu Zé me jogou na cara, saí dali como se tivesse sido espancado por ele. Cheguei em casa e chorei muito refletindo sobre cada palavra.
Tempos mais tarde, eu havia morrido. Passei essa mensagem para um médium e pedi que ele pudesse divulgar para todos esse meu pequeno relato. Minha frase final é:
Do que vale ter tanto dinheiro se não tem humildade? Ou,
Do que vale conquistar tudo e não ter PAZ?
Numa casa simples existia muitas vezes, mais amor do que dentro de uma mansão. Seu Zé me ensinou que, se não aprendemos no amor, aprendemos na dor.
Saravá Seu Zé Pilintra!