13 de junho - Dia de Santo Antônio e de Exu
Nos cultos Africanos de origem Nagô-Iorubá (Nigéria), Olorum ou Olodumaré é o pai divino, criador e regente supremo de tudo o que existe, inclusive dos homens e dos Orixás.
Os Orixás são emanações divinas exteriorizadas por Olorum e manifestadas na natureza, cada uma com um campo e em sentido próprio de manifestação. Cada Orixá corresponde a um ponto de força e/ou elemento da natureza, e a um arquétipo com características bem específicas relacionadas ao seu ponto de força e ao seu domínio. Na cosmogonia iorubá, existem mais de 600 Orixás primários, sendo 400 ligados a Orum (o céu) e 200 ligados a Ayiê (a terra).
Nesses cultos nagôs-iorubá (Nigéria), Exu é o Orixá da comunicação, mensageiro entre o céu e a terra, guardião das aldeias, cidades e casas; senhor do axé e do comportamento humano; Orixá da criação e da morte, do movimento, da ação, do comércio, da ordem e da disciplina. É o dono das estradas, encruzilhadas, cemitérios, passagens, cruzamentos entre caminhos e rotas, e o senhor das porteiras, entradas e saídas. É o primeiro a ser saudado e serviço, antes de qualquer outro Orixá, abrindo os caminhos e da tranformação, Exu é também o guardião do axé, a semente da vida, a energia neutra universal que constitui e faz nascer tudo o que existe. Assim, também está relacionado à sexualidade, à reprodução, à procriação, à libido, à linhagem.
A palavra Èxù, em iorubá, significa "esfera" e, na verdade, Exu é o Orixá do movimento.
Exú é o mais “humanizado” dos orixás, o que mais se aproxima da forma humana e nos acompanha no dia-a-dia. Embora muitas vezes confundido com uma figura do mal, Exú é apenas um orixá extremamente humano, que carrega conflitos e contradições, como todo ser humano.
Exú não totalmente bom e nem totalmente mau, Exú é bom e é mau, é capaz de amar e odiar, de unir e separar, assim como nós todos, seres humanos.
Exu participa de todos os domínios cósmicos e humanos. É um dos Orixás que veio do Orun (céu) para o Ayiê (terra) para harmonizar a vida dos seres humanos. Por ser o "porteiro" entre essas duas realidades, transita livremente entre elas e tem um caráter dual podendo ser grosseiro, vaidoso, chulo, desordeiro, irreverente, imoral, briguento, sensual assim como também pode ser leal, fiel, ordeiro, disciplinado, forte, decidido, corajoso, sensato, etc, assim como nós seres humanos somos.
É ao mesmo tempo defesa, proteção e benção, pois é capaz de ativar, anular ou harmonizar o axé, a energia criadora. "Sem Exu nao se faz nada", pois ele é o "dono" e o "administrador" do axé.
O sincretismo mais famoso de Exu, e o mais errôneo, ocorre com o diabo da igreja católica. Sem poder entender a religião africana e seus mistérios, os colonizadores portugueses, incentivados pelos jesuítas, comparavam os rituais indígenas e africanos a algo demoníaco. E Exu, sendo um orixá senstual, um negro "saliente" que segura um falo na mão e se apresenta de forma "imoral" foi então, facilmente, comparado ao diabo cristão.
*E por que Exu é sincretizado como Santo Antônio?
Como o número de escravos era superior ao dos fidalgos, erigiu-se em cada fazenda uma capela com o Santo da devoção dos Senhores ou Sinhás das fazendas, onde um Sacerdote da Igreja Católica fazia seus ofícios religiosos.
Quando os escravos adotaram Santo Antônio de Lisboa por Santo Antônio de Pemba como Exu, fizeram-no por diversos motivos. O primeiro porque tinham que acompanhar o credo católico; o segundo para ludibriar a boa fé dos senhores das fazendas, pois proibiam que os mesmos professassem o seu culto africano; o terceiro porque Santo Antônio de Pádua (ou de Lisboa) talvez seja por este santo "casamenteiro" ser relacionado aos relacionamentos afetivos, ou por ser o padroeiro de grávidas e estéries, estando relacionado a procriação, à reprodução e à sexualidade, ou por ser o protetor de viajantes, barqueiros e marinheiros, que estão sempre em movimento; e o quarto porque faziam suas festas com fogo, como fogueiras, etc., e o dono do fogo é Exu.
O dia de Santo Antônio de Pemba é 13 de junho, razão pela qual a Umbanda comemora nesta data o dia de Exu.
Na umbanda, em vez de se cultuar diretamente o Orixá Exu, é mais comum o culto aos Egunguns exus, espíritos desencarnados que se manifestam no mistério e na vibração do Orixá Exu, incorporando em médiuns para atender pessoas, orientando-as em suas dificuldades e necessidades, materiais e espirituais. Na umbanda, portanto, Exu é também uma linha espiritual de trabalho, assim como caboclos e pretos velhos, encarregada de atender as pessoas nas "especialidades" do orixá Exu. Em seu arquétipo, são espíritos alegres, falantes, irreverentes, sarcásticos, irônicos, etc, assim como o arquétipo do Orixá Exu e os seres humanos. São espíritos mensageiros ou falangeiros de diveros níveis de luz que trabalham na vibração do Orixá Exu e a serviço dos outros Orixás, fazendo apenas o bem.