Bara-Exu é o senhor dos caminhos, caminhos que levam e trazem e fazem as pessoas se encontrarem ou distanciarem-se.
EXU BARA
Bara-Exu é o senhor dos caminhos, caminhos que levam e trazem e fazem as pessoas se encontrarem ou distanciarem-se. É quem faz com que os ritos sejam cumpridos. Principal responsável pela ligação do mundo espiritual ao mundo material, (Orun-Aiyé). Entre dois caminhos lá está ele guardando, indicando. Não se faz nada pelo candomblé ou nação antes de agradar Bara, pois é o único orixá que faz o elo de ligação entre nós e os demais orixás.
Tanto na passagem, como na comunicação, por isso é considerado o mensageiro. Exu é um orixá tão importante quanto todos os outros orixás. Por ser mais ligado com o mundo terrestre, possui certos costumes e temperamentos parecidos com os dos seres humanos. Exu é erradamente sincretizado pelo diabo cristão. Por ser um orixá que cuida dos caminhos onde percorrem homens, orixás, espíritos, etc. e sendo o elo de ligação entre esses mundos, exu possui múltiplo contraditório, sendo bom e mau, astuto, grosseiro, indecente, protetor, alegre, brincalhão, violento, etc., ou seja, é o orixá mais humanizado do panteão, pois em seus arquétipos incluem-se as impurezas causadas ou existentes nos homens.
Devido a esses aspectos foi sincretizado pelos primeiros missionários com o Diabo Cristão. Todo orixá possui o seu Bara, que é representado por um quartinhão onde são colocados 21 cauris (búzios), que é chamado de Kolobô.
"O Mensageiro dos Orixás"
"A palavra EXU em iorubá significa "ESFERA", aquilo que é infinito, que não tem começo nem fim. Exu, serve como intermediário entre os Orixás e nós, homens. É a força da criação, é o princípio de tudo, o nascimento, o equilíbrio negativo do Universo, o que não quer dizer coisa ruim. Exu é a célula da criação da vida, aquele que gera o infinito, infinitas vezes. É o primeiro passo em tudo. Está presente, mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. É a capacidade dinâmica de tudo que tem vida. Principalmente dos seres humanos, que carregam em seu plexo este elemento dinâmico denominado Exu. No candomblé é chamado Bára, ou seja, "no corpo", preso a ele. É a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas. Aquele que ludibria, engana, confunde; mas, também ajuda, dá caminhos, soluciona. Seu símbolo não é o tridente associado ao diabo, mas sete ferros voltados para cima representando os sete caminhos do homem, os sete chacras (pontos de captação, distribuição e armazenamento de energia), as sete cores, as sete auras. É o mais humano dos orixás, sendo uma divindade de fácil relacionamento. Sua função de contato entre o homem e os demais orixás faz com que supere o real, e atinja o mágico. São os orixás que respondem no jogo de búzios, mas é Exu que traduz a resposta. É o fiel mensageiro daqueles que o enviam e que lhe fazem oferendas.
Esù tem as qualidades de seus defeitos, é dinâmico e jovial. Foi ele também quem revelou a arte da adivinhação aos humanos. Seu lugar de origem é impreciso.
É a Esù que devem ser feitas as primeiras louvações e oferendas. A isso se chama, no Brasil, "despachar" Esù, com um duplo objetivo, o de despacha-lo como mensageiro para chamar e convidar os Òrìsà para a cerimônia e também de despacha-lo, envia-lo para longe, afim de que ele não venha a perturbar a boa ordem da festa por meio de gracejos de mal gosto. Os fios de conta das pessoas protegidas por ele são vermelhos e pretos e a segunda-feira é o dia que lhe é consagrado. Dizem na Bahia que existem vinte e um Esù; outros falam de sete, ou de vinte vinte e uma vez vinte e um, mas ele é ao mesmo tempo múltiplo e uno.
Eis os nomes de Esù, segundo um informante: Elegbara, Alaketu, Lalu, Jelu, Run Danto." Pierre Verger ( Notas Sobre o Culto aos Orixás e Voduns )
QUALIDADES DE BARA
* Exú Elegbára senhor do poder;
* Exú Yangi
pedra vermelha de laterita, primeira protoforma existente - água + terra;
* Exú Àgbá
pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais);
* Exú Obá rei-de-todos;
* Exú Alakétu
título dado a exú pelos kétu da Bahia - rei do povo Kétu;
* Exú Elebo
senhor-das-oferendas;
* Exú Ojìse-ebo
encarregado-e-transportador de oferendas;
* Exú Elérú
senhor do erú (carrego);
* Exú Olòbe proprietário e senhor da faca;
* Exú Enú-gbárijo
explicitador de mensagens;
* Exú Bara
o rei do corpo (obá + ara) (princípio de vida individual);
* Exú Odara
aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente);
Exú é o 1º nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado. Mensageiro dos orixás , elemento de ligação entre as divindades e os homens, a um tempo mais próximo do mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita Òrúnmìlà, é um orixá, é sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos durante os rituais. Princípio dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não pode ser isolado ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e transporta), participa forçosamente de tudo. Segundo Ifá cada um tem seu próprio exú e seu próprio Olorún em seu corpo. O nome de exú é conhecido, invocado e cultuado junto ao orixá. E é Ifá quem revela e permite-nos sabê-lo.
LENDAS DE EXÚ
1-EXÚ E OGÃ
Exú sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação.Então, eles pediram a Exú, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar.Assim foi feito, e Exú nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores.Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exú que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida.Exú negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.Logo apareceu um homem, de nome Ogan. Exú confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogans.Laroyê !
2-A BRIGA DE DOIS AMIGOS
Certa vez, dois amigos de infância, que jamais discutiam,
esqueceram-se, numa segunda-feira, de fazer-lhe as oferendas devidas.
Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça.
As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro.
Exu, zangado pela negligência dos dois amigos,
decidiu preparar-lhe um golpe à sua maneira.
Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo
que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo.
Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e,
muito educadamente, cumprimentou-os:
Bom trabalho, meus amigos!
Estes, gentilmente, responderam-lhe:
bom passeio, nobre estrangeiro!
Assim que Exu afastou-se, o homem que trabalhava no campo à direita,
falou para o seu companheiro:
Quem pode ser este personagem de boné branco?
Seu chapéu era vermelho, respondeu o homem de campo à esquerda.
Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe!
Ele era vermelho, um vermelho escarlate, de fulgor insustentável!
Ele era branco, trata-me de mentiroso?
Ele era vermelho, ou pensas que sou cego?
Cada um dos amigos tinha razão e estava furioso da desconfiança de outro.
Irritados, eles agarraram-se e começaram a bater-se
até matarem-se a golpe de enxada.
Exu estava vingado!
Isto não teria acontecido se as oferendas a Exu
não tivessem sido negligenciadas.
Pois Exu pode ser o mais benevolente dos orixás
se é tratado com consideração e generosidade.
Há uma maneira hábil de obter um favor de Exu.
É preparar-lhe um golpe mais astuto que aquele que ele mesmo prepara.
3-ALUMAN E A SECA
Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca.
Seus campos estavam áridos, a chuva não caía.
As rãs choravam de tanta sede e os rios
estavam cobertos de folhas mortas , caídas das árvores.
Nenhum orixá invocado escutou suas queixas e gemidos.
Aluman decidiu, então, oferecer a Exu grandes pedaços de carne de bode.
Exu comeu com apetite desta excelente oferenda.
Só que Aluman havia temperado a carne com molho muito apimentado. Exu teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa,
e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede! Exu foi à torneira da chuva e abri-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua gloria.
Aluman, reconhecido, ofereceu a Exu carne de bode com o tempero no ponto certo da pimenta.
Havia chovido bastante. Mais seria desastroso! Pois, em todas as coisas, o demais é inimigo do bom.
ARQUÉTIPOS
Os filhos de Bara possuem um caráter imprevisível. Ora são bravos, intrigantes e ficam muito contrariados, ora são pessoas inteligentes e compreensivas com os problemas dos outros. Não aceitam derrotas, são melindrosos, de temperamento difícil. Se você tiver desentendimento com algum filho de exu, aguarde que haverá retorno. Seus filhos precisam estar sempre em atividade para poderem liberar toda energia que possuem. Possuem muita tendência à espiritualidade; são fiéis fervorosos que esbanjam fé...