GÊMEOS SIAMESES OU XIFÓPAGOS NA VISÃO ESPÍRITA
Sobre os Espíritos encarnados na condição de gêmeos siameses ou xifópagos (1), lembramos que tradicionalmente o termo siamesa surgiu no século XIX, no ano de 1811, com o primeiro caso no mundo ocorrido com os irmãos Chang e Eng Bunker (origem de Siamesa, atualmente Tailândia) – decorre daí o termo siameses. Chang e Bunker foram conduzidos para a Inglaterra e posteriormente para os Estados Unidos. Por uma questão de programação espiritual, e nem poderia ser diferente, os dois desencarnaram no mesmo dia, com poucas horas de diferença, aos 63 anos, estabelecendo um recorde de sobrevida entre os gêmeos siameses.
Pelas leis reencarnatórias, num só corpo não há como reencarnar mais que um Espírito. Todavia, no caso dos seres siameses, existem dois espíritos em corpos unidos biologicamente (grudados), com dois cérebros (dicéfalos), dois indivíduos, duas mentes.(2)
Nas reencarnações os Espíritos simpáticos aproximam-se por analogia de sentimentos e sentem-se felizes por estar juntos. Os seres que não se toleram nesse caso se repulsam e são infelizes no convívio. É da Lei! Nos casos dos gêmeos siameses, do ponto de vista reencarnatório, que razões levariam a justiça divina permitir tais anomalias físicas? Por que esses espíritos necessitam permanecer algemados biologicamente, compartilhando órgãos e funções orgânicas, sabendo que nada nos é mais intrínseco (íntimo) e pessoal que o organismo físico?
Os xifópagos, via de regra, são dois espíritos ligados por cristalizados ódios, construídos ao longo de muitas reencarnações, e que reencarnam nestas condições, raramente por livre escolha e nem por punição de Deus (aliás, Deus não pune, nem castiga, apenas corrige suas criaturas), mas por uma espécie de determinismo originado na própria lei de Ação e Reação (Causa e Efeito), que os hindus denominam de “karma”. Alternando-se as posições como algoz e vítima e, também, de dimensão física e extrafísica, constrangidos por irresistível atração de ódio e desejo de vingança, buscam-se sempre e culminam se reaproximando em condições comoventes, que os obriga a compartilhar até do mesmo sangue vital e do ar que respiram.
A vida física dolorida possibilitará que ambos os espíritos, durante a experiência anômala no corpo carnal, finquem laços de união e sustentação moral, catalisando sentimentos de amizade, fraternidade e início provável de reconciliação pelo perdão.
Ainda mesmo entre espíritos afins ou simpáticos, a experiência descrita deverá ser uma vivência muito dolorosa, inobstante ambos aceitarem, ou serem forçados a cumprir juntos, visando amenizar traumas morais do passado para robustecer a reaproximação necessária agora e no futuro.
Muitas vezes não é possível, de imediato, dissolverem-se essas vinculações anômalas a fim de que haja total recuperação psíquica dos infelizes protagonistas. No decorrer dos anos, a imantação se avoluma, tangendo dimensões cruciais de alteração do corpo perispiritual de ambos. A analgesia transitória, pela comoção de consciência causada pela reencarnação, poderá impactar e recompor os sutis tecidos em desarranjo da alma enferma.
Nessas reflexões doutrinárias não há como desconsiderar que os pais são invariavelmente co-participantes do processo, até porque são os vínculos solidários do passado que os impõe a experienciar o drama da vida atual com os filhos. Não podemos afirmar que são vítimas ingênuas de uma lei natural injusta e arbitrária. O reencontro comum pelas afinidades que atraem pais e filhos por simbiose magnética apenas retrata os lídimos mecanismos da lei de causa e efeito à qual todos estamos submetidos.
A proposta espírita da questão aponta para algumas soluções que podem contribuir cientificamente com a psicologia e a medicina de hoje e de amanhã, considerando o tratamento. A prática da prece e da doação de energias magnéticas através do passe, por exemplo, são recursos adequados e indispensáveis para despertar consciências e minimizar os traumas psicológicos. Soluções essas que para eles (xifópagos) se descortinam eficazes, iluminando-lhes a consciência para a necessidade da efetiva reconciliação, arrostando a união pelo laço indestrutível e saudável do amor.
Jorge Hessen
Notas:
(1) A nomenclatura provém de xifóide que é o apêndice terminal do osso esterno (com s ), situado na frente do tórax onde se unem as costelas, isto porque muitos dos xifópagos estudados eram unidos por esta parte do corpo.
(2) Quando dois espíritos são jungidos à psicosfera materna e ulteriormente ao fluido vital do óvulo, ocorrendo a fecundação, o zigoto (óvulo fecundado) sob a influência das energias espirituais diferentes tende a se repartir. No início da embriogênese quando o ovo inicia sua multiplicação, há em face da presença de dois espíritos, a separação em duas células que formarão dois corpos-filhos. Na circunstância normal quando há duas entidades espirituais ligadas ao ovo (óvulo fecundado), a dita separação determina o surgimento de gêmeos idênticos (univitelineos). Todavia, em se tratando de xifópagos, ambos permanecem grudados durante a gestação consubstanciando na ligação física entre os dois corpos. Muitas vezes essa ligação pode se efetuar através de órgãos vitais obstando a intervenção cirúrgica sem risco de morte para os xifópagos.