segunda-feira, 27 de junho de 2022

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXUS (continuação)

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXUS (continuação)

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXUS (continuação)

CONTINUANDO ...


29- No Terreiro que frequento o chefe espiritual é o exu (.....) e sinto-me muito bem lá. Pelo que já li de suas postagens você diz que não seria um Terreiro de Umbanda. Pode reforçar o porquê de não poder ser?
R: Vejo que você acompanha o Blog. Então, para simplificar e eu não ter que escrever novamente tudo o que já escrevi, tente imaginar um Preto Velho dirigindo um Catimbó ou Roça de Candomblé.
Tente também imaginar um Caboclo ou Criança dirigindo as Sessões de Mesa de um Grupo Kardecista ou um desses Espíritos que se apresentam como "doutores" chefiando uma gira de Umbanda ou Quimbanda.
O que acha? As possibilidades são exatamente as mesmas.
Se o Espírito chefe do Terreiro é um exu DE FATO, o Terreiro é de QUIMBANDA e não de Umbanda, por mais que a "plaquinha" indique o contrário. Simples assim!


30- Mas eu me sinto muito bem lá!
R: E por que não poderia se sentir?
Cada um de nós traz, impressas em nossa alma, vibrações energéticas de diversos padrões. De acordo com o que vamos vivenciando ou vivenciamos em vidas anteriores e o grau de atuação que esses padrões energéticos exercem em nosso comportamento psíquico e físico, sentimo-nos mais quedados (em termos de escolha religiosa e outras) ou atraídos por este ou aquele culto que acaba sendo aquele com que mais nos sintonizamos, espiritual e energeticamente.
O fato de você (assim como outros mais) sentir-se bem numa Quimbanda, não deixa de ser fruto dessas interações energéticas que existem em você e se harmonizam com as energias que atuam nesses grupamentos de culto.


31- Fui numa palestra em que o exu (....) nos deu verdadeiras aulas sobre espiritualidade, comportamentos que os médiuns devem assumir dentro e fora dos terreiros, nos falando, inclusive, de passagens bíblicas que nos levavam a repensar DEUS.
Qual a sua análise sobre este fato?
R: A minha análise é simples, embora ela envolva algumas complicações a serem avaliadas para que seja bem compreendida.


Adiantando, o resultado da análise cairia numa dessas possibilidades:


a) Não era um espírito Exu quem estava fazendo a palestra;
b) O médium estava se aproveitando de uma pseudo incorporação para distribuir conceitos que tenha aprendido por suas leituras ou pelo "ouvir falar";
c) Algum espírito estava se valendo do médium, suas crenças e conhecimentos, "alimentando-os", ao mesmo tempo em que inseria conceitos seus, visando alcançar objetivos a serem avaliados;


Explicando:
a) Espíritos exu de fato não são dados a fazerem palestras, principalmente de cunho doutrinário, em qualquer sentido - ISTO NÃO ESTÁ EM SUAS NATUREZAS! 
Se um espírito que se diga Exu for espírito mesmo e começar a palestrar sobre temas dos tipos citados, ele não é um Exu de fato, podendo sim, ser até um espírito que se passa por Exu para trazer doutrina aos seus seguidores, normalmente os mais ávidos pela "sabedoria de exu".
Perceba: Se é a exu que os ouvintes gostam de dar ouvidos, então como exu ele se apresentaráE como mais de 90% dos encarnados sequer pretendem "ver o que há por detrás das caracterizações", como exu o compreendem e saúdam.
A parte ruim disto é que outros médiuns, seja por inveja, seja por outros envolvimentos, acabam achando que isto é "muito natural" para os exus e logo a seguir estarão eles mesmos "recebendo exus palestrantes" - mais um exemplo das muitas imitações que percebemos nas "mediunidades", a começar pela compreensão de que os exus de nome "X" têm sempre os mesmos gostos e procedimentos, bem assim como Caboclos de nome "Y", etc.


b) Existem, e conheci muitos médiuns, que de certa forma, escondendo-se por detrás da caracterização de uma entidade espiritual, passam mensagens de seus interesses pessoais, sejam eles de cunho doutrinário geral ou até mesmo pessoal.
De modo exagerado, pode-se ler aqui mesmo no Blog, na parte dos COMENTÁRIOS da postagem sob título PERGUNTAS E RESPOSTAS, o caso de uma pessoa (Leandro) que passou por uma experiência vergonhosa com a família de sua namorada pelo fato de seus familiares, que não gostavam dele, "terem recebido seus protetores(sic) " e terem-no, literalmente, AGREDIDO "em nome de um suposto Tranca Ruas e um Omolu que, pasme, "já colocava de castigo o irmão da noiva do Leandro desde criança". (Clique aqui e leia a seqüência de comentários)
Da mesma forma que alguns "médiuns" se valem de pseudo incorporações para agredirem física ou psicologicamente a alguém, outros fazem-no também numa forma de VALIDAR SEUS PRÓPRIOS CONCEITOS e APRENDIZAGENS frutificadas de leituras de fontes às vezes altamente discutíveis, naquela ideia de que "se foi a entidade que falou, não se discute"!
E isto me fez lembrar também, de um desses debates que mantive certa vez com uma certa pessoa no orkut, pois, com o fito de validar sua "tese(?)" ela dizia que "UMA ENTIDADE RECONHECIDAMENTE INCORPORADA" lhe ensinara que "o Candomblé teria nascido na África", o que é a maior besteira que se possa dizer em relação a este culto brasileiríssimo.


c) Existem casos em que alguns espíritos, com objetivos a serem avaliados particularmente, se valem das crenças e aprendizagens dos médiuns que lhes "dão passagem" e, retirando de seus mentais algumas linhas de pensamento já solidificadas, trazem-nas à tona da consciência como se mensagens suas fossem, nas quais acabam dando uma guaribada aqui ou ali, inserindo mais isto ou aquilo, desde que, ao final, a mensagem esteja de acordo com esses objetivos SEUS a serem estudados particularmente porque, ao mesmo tempo em que as intenções possam ser boas e as mensagens idem, também podem ter valor puramente de insuflação de egos para esses médiuns, na medida em que possam vir a entender que "sempre estiveram certos no que achavam", 
O que quero deixar bem claro é que tanto espíritos positivos podem se valer desses conhecimentos prévios dos médiuns desde que eles não os atrapalhem em seus objetivos, quanto KIUMBAS ENVOLVENTES também podem, usando-os, não só para insuflarem os egos de seus médiuns como já disse, mas também para envolverem a platéia em sonhos e fantasias, através dos quais farão ou manterão seus "reinados" e reconhecimento público de "grandes sabedorias". E às vezes isso chega a tal ponto, que "qualquer coisa que o kiumba não reconhecido como tal transmita, vira LEI", por mais frágil que seja frente a uma análise fria (vide o caso do "Candomblé nascido na África", apenas como um pequeno exemplo).


32- Mas um exu não teria capacidade para fazer uma palestra?
R: Como sempre venho dizendo, nos planos vibratórios em que existem os espíritos exus podem existir sim, espíritos de alto conhecimento sobre o mais diversos assuntos, inclusive de cunho doutrinário, bíblico, muçulmano, etc, que podem até ter sido sacerdotes de alguns cultos e/ou religiões quando de suas passagens aqui pela Mãe Terra. Só que se nesses planos vibracionais ainda estão é porque NÃO ACREDITAVAM NO QUE PREGAVAM e por isto nem mesmo praticavam o que pregavam - uma das razões que, na continuidade de sua existência, os mantém nesses planos densos, incluída, é claro, em suas compreensões primitivas ou ausentes sobre maiores horizontes na espiritualidade, o que os faz manterem-se presos, por preferência, a esses planos bem vizinhos ao nosso, o físico.
Será que eles passaram a acreditar conscientemente, praticar conscientemente e por isto pregar conscientemente só agora, depois que "estão mortos"?
E mesmo que assim fosse, não seria como exus que se apresentariam (desconheço esta categoria de exus pregadores), a não ser (e isto deve ser compreendido como EXCEÇÃO) que a intenção fosse a já citada na explicação (A): Espíritos não exus se apresentando como exus por causa do tipo de expectadores que têm para ouvi-los.


33- Mas se o espírito diz que é um exu, como é que você diz que não é?
R: Vê se dá pra entender.
DIZER, qualquer espírito pode dizer o que bem quiser, bem entender ou que ache que irá causar bem-estar ou empolgação entre os que o ouvem, porque, para chamar a atenção para si ele precisa se colocar numa situação que lhe confira esta condição. Lembre-se de que para ser um palestrante ou pregador ele terá, antes de mais nada, que se tornar o CENTRO DAS ATENÇÕES de toda a platéia. Desta forma, numa situação destas, se a platéia espera e vibra por "mensagens de exus", será como exu que o espírito pregador ou palestrante se apresentará. Se "o povão" espera a mensagem de um "doutor do espaço", não tenha dúvidas de que assim se apresentará o "espírito palestrante", claro, se tiver condições e conhecimentos (o que não envolve necessidade de evolução espiritual) para tal.
Como já disse antes, se ele DIZ isso ou aquilo com boas intenções ... VIVA!!!
Só que ele também pode DIZER com intenções além das momentâneas, como também já foi citado e, dessa forma, PRINCIPALMENTE QUANDO UM ESPÍRITO ESTÁ DIZENDO ALGO EM QUE ACREDITAMOS OU EM QUE QUEREMOS ACREDITAR, as guardas caem por terra e o "VIGIAI" deixa de existir, ficando muito mais fácil, tanto no caso de kiumbas espertos mal intencionados, quanto no caso dos bem intencionados, fazerem valer como"verdade os seus ditos", acontecendo isto principalmente também, como já disse antes, pelo fato de que a grande maioria de nós costuma se deixar envolver pelo que ouve ou vê através dos sentidos físicos e nem se dá conta do que se pode ver e ouvir através dos sentidos anímicos ou espirituais, o que poderia evitar muitos dos casos que vimos e vemos por aí de pessoas envultadas "por lindas palavras" que chegaram ao suicídio em massa, simplesmente porque acreditaram sem barreiras, sem fronteiras, sem avaliações, mas apenas PELO CONTEÚDO DAS "LINDAS E BELAS PALAVRAS" DE ALGUNS PREGADORES que "AFIRMAVAM FALAREM COM DEUS"!
Um espírito dizer que é um exu e sair fazendo pregações, até que não é um dos grandes males (embora seja incorreto), desde que essas pregações não sejam incoerentes, contradicentes, fantasiosas, ilusórias, auto elogiantes, etc, porque em casos de pregações e/ou palestras, pouco importa QUEM os está proferindo, mas sim o teor e desenvolvimento dos temas que devem ser analisados sem paixões, durante ou após, para que se os compreendam como de bom, médio ou mau conteúdo, antes ainda de os tornar públicos, se for o caso.
Quando um EXU que é EXU de verdade, tenta fazer pregações e palestras, vamos escutar ou ler posteriormente, as coisas desastrosas que se pode ler em alguns textos espalhados pela NET em que, normalmente, ELES PRÓPRIOS são o TEMA CENTRAL DAS PREGAÇÕES e se apresentam como seres dotados de "imensos poderes" capazes de mudarem o mundo... 
Exu de verdade está lá se importando se vão achá-lo vaidoso, presunçoso, prepotente, etc? Claro que não! Ele é naturalmente AMORAL e além disto sabe que sempre vai encontrar pessoas que com ele se afinem nestes qualitativos e o exaltem.


34- "Sem Exu não se faz nada". Não é esta uma afirmativa indiscutível na Umbanda?
R: Será mesmo? O que dizer então de tantas Umbandas que não fazem giras específicas de exus e outras que nem dão passagem para exus? Elas fazem nada? 
É bem verdade que esta crença, nascida nos meios africanistas atrelada à crença do "Exu Orixá" - o mensageiro e intermediário entre os homens e as  divindades - acabou se inserindo nas Umbandas como conseqüência de se passarem a chamar os ekuruns de exus e, paralelamente, se tentar dar a esses "ekuruns exus" os mesmos privilégios do "Exu Orixá".
Como uma coisa nada tem a ver com a outra verdadeiramente, então não procede esta afirmação, a não ser para aqueles que a têm como crença imutável e até fanática. 
Se assim fosse, NENHUM TERREIRO OU CENTRO QUE LIDASSE COM ESPÍRITOS, (fosse da linhagem espiritual que fosse), PODERIA EXISTIR SEM EXUS, o que também não procede, não é verdade!
Em síntese: Esta pode ser uma "verdade imutável" para os Terreiros que assim pregam, mas está longe de ser uma VERDADE UNIVERSAL em vista de tantos outros que a contradizem.


35- O que é que você tem contra os exus?
R: Eu? Absolutamente NADA! Algo que eu tenha escrito lhe sugeriu esta ideia? Que tal um pouco mais de cuidado na leitura e interpretação ...?
Pelo contrário, sou amigo e os tenho como tal, "guardando-os" em minha crença dentro do máximo respeito e posso até dizer que CARINHO.
O que eu não sou é maníaco por exus (exumaníaco) ou um adorador contumaz, cego pelas "maravilhas estrondosas e extraordinárias" que hoje pregam por aí, que não são muito diferentes das que já eram pregadas há muitos anos atrás (a não ser na intensidade e divulgação que eram menores) e que levaram muitos e muitos a virarem "EX" por tantas crenças infundadas, lendas criadas, ilusões não concretizadas.
O que eu não sou é daqueles que "perdem o chão" e, sem raciocinarem, seguem o que lhes falam ou mandam, tal qual PEIXINHOS DE CARDUME que acabam caindo na rede dos pescadores porque, em suas cegueiras, delegam as direções de suas vidas a outros e apenas seguem os líderes, seja lá para onde forem.


36- Há pouco tempo atrás, em respeito a um "pai-de-santo" amigo meu, firmei exu no chão e na cumieira de meu Terreiro porque eram muitas as demandas que tínhamos que enfrentar. Estou certo, não estou?
R: Bem, se em seu Terreiro o culto é de QUIMBANDA, deve (e eu disse DEVE) estar certo sim. Se for ou se disser de UMBANDA, claro que está totalmente errado.
Além de outras coisas, você "virou de cabeça para baixo" o vórtice energético que gira como egrégora em seu Terreiro e como conseqüência mais modesta disto, a tendência natural será a de que, se ainda não aconteceu, sua Banda e você mesmo sejam, aos poucos, levados para os lados da Quimbanda, inclusive com o aparecimento maior de entidades desta banda através dos médiuns da Casa passando a ser "mais natural", mais constante.
O que você fez, em resumo e sem tocar em muitos fundamentos, foi delegar a Exu o patronato de sua Banda, de forma que tudo o que ocorrer debaixo desta cumieira deverá estar de acordo com a vontade do exu que você firmou. Como Exu é Quimbanda em sua origem, seu Terreiro passa a ser de Quimbanda a partir daí.
Por outro lado, se isto estará certo PARA VOCÊ particularmente, eu não posso opinar porque talvez fosse esta mesma a rota, a trajetória de sua estrada e você esteve na Umbanda o quanto pôde e agora deva seguir novos caminhos. Se no entanto não for esta a sua verdade e você fez o que fez porque achou que isto seria apenas para dar mais proteção à sua Banda ... cuide-se porque sendo ou não sua verdade, ela estará se consolidando em sua vida e em seu Terreiro a partir deste evento.


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Outras perguntas e respostas poderão ser agregadas, futuramente, a este tema.