segunda-feira, 27 de junho de 2022

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXUS

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXUS

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE EXUS

Como esse assunto Exu sempre gera incompreensões devido ao tanto de MITO que se criou e ainda se criam sobre este "personagem" (na verdade essa Linha Espiritual com suas diversas falanges), resolvi trazer para um novo tema as perguntas que acabam por acontecer devido às dúvidas e "certezas" que muitos dos mais novos, impressionados com os contos de fadas, quer dizer, contos de exus, que se espalham mais fortemente agora que a internet  passou a ser um grande, senão o maior meio de comunicação para assuntos deste tipo.
Antes de qualquer pergunta ou resposta, vi-me na obrigatoriedade de explicar sobre o termo AMORAL que foi usado desde a primeira postagem da série "EXU na Umbanda o Grande Mistério. Um Mistério?" porque parece que ainda há no meio umbandista um desconhecimento sobre o real significado desta palavra.
O vocábulo AMORAL, quando utilizado para qualificar uma pessoa ou mito, pretende informar que o qualificado é moralmente NEUTRO - nem é moral e nem é imoral, ou seja, age de acordo com sua própria consciência, quase nunca, ou nunca presa a conceitos de moralidade segundo o que prega a sociedade ou religiões.
Por esta explicação entendemos que um sujeito AMORAL, pode ser, por exemplo, aquele que resolve ficar nu em público para chamar para si as atenções com alguma finalidade que creia ser importante, soltar uns palavrões quando achar que é necessário, chutar o traseiro de alguém também por alguma necessidade momentânea, ao mesmo tempo em que é capaz de produzir momentos de extremo carinho, criticar um outro que tenha ficado nu sem ter tido motivo para isto ou ter usado de palavrões que em seu entender não coubessem no contexto.
Um AMORAL não está ligado aos padrões de moralidade conforme os padronizamos e conhecemos, de forma que muito do que possa fazer pode até parecer IMORAL para alguns, não o sendo no entanto para ele mesmo, que pode sequer ter conhecimentos sobre esses padrões que temos como norteadores de nossa moral.
Veja você que os indígenas, por não usarem roupas, segundo nossos padrões de moralidade cristã ou pseudo-cristã podem nos parecer IMORAIS. No entanto, o que são é AMORAIS por esse costume natural para eles a partir do momento em que sequer conhecem este nosso padrão de moralidade pelo qual nossos órgãos sexuais  não devam ser mostrados.
Inclua, para sua reflexão, o fato de que, para uma grande maioria dos povos mais antigos, o eliminar das crianças que tivessem nascido com defeitos físicos e não teriam por isto a condição de viverem futuramente por seus próprios potenciais, era para eles uma ATITUDE NORMAL, enquanto que para nós que estamos presos a padrões da moral cristã parece barbárie, imoralidade, etc.
Só que nossos padrões de moral e bons costumes não levam em conta as dificuldades de vida na antiguidade, entre povos nômades principalmente, assim como também nas selvas, além dos poucos recursos para correções de defeitos ou doenças que para eles são, além de incuráveis, estorvos, obstáculos para o crescimento e multiplicação de suas próprias espécies.
Na segunda lenda (itan) incluída no primeiro texto da série, vimos que Exu agiu por seus próprios princípios, sem se ater a qualquer princípio de moral cristâ ao criar, por sua atitude, aquele clima de guerra entre os amigos, "apenas porque eles não lhe teriam feito o agrado".
Então repare bem: Para os que seguem u'a moral cristã, este ato de exu pode ter parecido imoral. Só que para quem não conhece esta moral cristã e age de acordo com seus próprios princípios, necessidades e objetivos, não há nada de anti-natural ou imoral no fato de "se vingar" por ter sido esquecido. Se você for honesto ou honesta e fizer uma repescagem em todos os atos e pensamentos que teve em sua vida, provavelmente se verá em muitas vezes com esta mesma vontade - a de se vingar de alguém pelo fato desse alguém não ter correspondido às suas expectativas, seja em que área da vida for, inclusive na sentimental.
- Ah, mas embora tivesse tido vontade não me vinguei, diriam alguns.
Não o fez pelos freios dos ensinamentos morais aos quais foi acostumado(a), pelos quais foi norteada sua educação, que foram suficientes para brecar seus atos, explicaria eu. Mas o faria, sem dúvida e como muitos fazem, se esses freios não fossem conhecidos ou se fossem fracos o suficiente para deixá-lo(a) livre de possíveis arrependimentos.
Aproveite agora e faça também uma breve análise sobre os comportamentos de grande parte de nossos jovens na atualidade, quase todos criados em meios sociais(?) nos quais a liberdade de ações (leia-se INDISCIPLINA) foi fator mais importante do que o domínio de seus ímpetos e instintos .
Você acha que os torcedores dos diversos clubes de futebol são imorais quando se enfrentam nas ruas, inclusive com combates marcados previamente pela Net, ou que os agressores de homossexuais têm real conhecimento das conseqüências de seus atos, para nós inumanos?
Não. Não são imorais e não têm consciência das possíveis conseqüências!
O que eles são nestes momentos é AMORAIS pois você pode ter certeza de que a maioria deles sequer recebeu de seus pais informações sobre civilidade e outros até foram incentivados, por estes mesmos "pais" a estes comportamentos de "machos selvagens". Por isto mesmo, se forem abordados para perguntas do tipo: "Por que você faz isto?" Terão respostas do tipo: "É o maior barato!"; "Todo mundo faz!"; "Os cara é nosso inimigu!"; "Viado é coisa nojenta!" E até mesmo para este último caso, alguns usam o apelo de uma "sustentação bíblica(?)" que os faz entender que: "Deus criou homem e mulher. Então, viado é criação do Demonho!"
Perceba que, ou não receberam as ORIENTAÇÕES FAMILIARES devidas durante a fase em que suas personalidades estavam sendo construídas tendo absorvido por isto as  "orientações" dos meios pseudo-sociais em que viveram, ou até mesmo foram incentivados ao "livre pensamento das ruas", tornando-se, por conseguinte, produtos destes meios e portanto, AMORAIS e inconseqüentes por extensão.
Você pensa que as pessoas que usam drogas proibidas são imorais?
Claro que não todas! São em sua maioria AMORAIS porque não costumam ter o mínimo de senso sobre o quanto estão fazendo de mal a si e talvez a outros que os sigam como exemplo. Buscam nas drogas "objetivos maiores" que em seus entenderes se revelam como relaxamento para alguns casos e até coragem e "poderes" para outros.
Serão IMORAIS se estiverem criando essa situação tendo plenos conhecimentos anteriores de suas conseqüências e apenas para, como dizem alguns, agredirem a sociedade de uma forma geral, pois aí já entra a maldade; a vontade de ser "do contra"; a vontade de chamar as atenções para si de forma negativa, apenas pela vontade de chamar a atenção para si ou até mesmo para tomarem coragem para outras atitudes mais imorais ainda (assaltos e outros). Para esses ... "dane-se o mundo às suas voltas"!
Entenda então que uma pessoa AMORAL, pode usar de atitudes que para os "civilizados" podem parecer IMORAIS porque vê um objetivo maior e não negativo nessas suas atitudes e porque elas, em si, não lhe parecem nada anormais de acordo com o que aprendeu ao longo de sua vida; enquanto o IMORAL, tendo conhecimento da anormalidade de seus atos frente aos padrões sociais em que vive ou finge viver, bem assim como suas conseqüências, lança mão de atos que da mesma forma nos parecem IMORAIS, só que de propósito e quase nunca com objetivos outros que não sejam exibicionistas e/ou destrutivos.

Não sei se consegui mas tentei, pelo menos, deixar bem claro esse papo de AMORALIDADE e IMORALIDADE.

Vamos às perguntas, então.

1- Por que você diz que exu é amoral?
R: Porque essa é, praticamente, a qualidade que define a "divindade" africana - a amoralidade - e que, por semelhança comportamental, gerou este apelido para os ekuruns/catiços que povoam os cultos espiritualistas de uma forma geral, dentre eles a Umbanda.

2- Quer dizer que todo exu é amoral?
R: Se o Espírito exu for uma entidade que se assemelhe em comportamentos ao Exu africano, sim. Se não se assemelhar, nem deve mais ser chamado de EXU porque este apelido não lhe cabe mais.

3- Trabalho com o senhor Tronqueira e ele não age mais amoralmente. Pelo contrário, está sempre a dar bons conselhos para as pessoas que a ele se achegam. Isso quer dizer que ele não é mais exu?
R: Esta entidade ou espírito que se apresenta como Tronqueira por sua mediunidade, se não está deixando você falar por ela nesses momentos (eis aí um problema que pode ocorrer e que a muitos confunde) e se não for uma "entidade anímica" (uma projeção ao consciente de uma de suas próprias personalidades anteriores ou atuais) , já não deveria mais ser chamada de exu. Em outras palavras, não deveria mais ter este apelido pelo que você me relata de seu comportamento.
Passe a chamá-lo de amigo, guardião, protetor e deixe o termo exu de lado. Mas lembre-se sempre de que isto se aplicará a esta entidade especifica desta imensa falange de Tronqueiras na qual existirão outras entidades que serão ainda amorais e portanto, EXUS.

4- Quer dizer então que Tranca Ruas, Sete Encruzilhadas, etc, não são mais exus?
R: Nada disto! Estes nomes estão atrelados a FALANGES DE EXUS e a maioria das entidades que dão esses nomes são exus de fato. Apenas algumas entidades que ainda fazem parte dessas falanges alcançam ou alcançaram conhecimentos necessários para deixarem de agir amoralmente em todas as situações, normalmente por suas experiências e vivências com médiuns, espíritos e terreiros que primam por ensinar-lhes novos comportamentos, já dentro do que reza a doutrina de Umbanda. Se eles não receberem esses ensinamentos e, pior ainda, não os aceitarem, continuarão tão exus como originalmente se fizeram.
Perceba aqui a responsabilidade do próprio médium, dos espíritos que compõem o Corpo Espiritual do terreiro e dos dirigentes do terreiro na orientação espiritual das entidades mais terra a terra para que evoluam.
Lembra-se do que já dizia o Caboclo das Sete Encruzilhadas?
"Vamos aprender com os que sabem mais e ensinar aos que sabem menos."
Agora ... se se inverterem a ordem ...

5- Por que você diz que o senhor Zé Pelintra é exu?
R: Esta falange (assim com a das Marias Padilhas) é, originalmente, proveniente dos Catimbós onde são considerados Mestres. Como Mestres do Catimbó eles são originalmente AMORAIS e não se importam em fazer um bem a alguém ao mesmo tempo em que estão fazendo um mal a outrem, ou seja, comportamento semelhante ao do Exu africano e portanto dignos de serem apelidados de exus também.
Aliás, o próprio nome da falange (pelintra=pilantra) já nos leva a estas considerações.

6- Mas este nome - Pelintra - não veio de um nome de família - Phelintra?
R: Sobre este personagem o que mais existem são estórias e estórias, cada um contando da maneira que ouviu, ora incluindo algo, ora excluindo algo ...
Em verdade mesmo, ninguém sabe quem foi este personagem. O que existe são suposições que acabam virando "verdades" para alguns que passam a espalhá-las como se outras "verdades" não existissem.
Já ouviu falar da DITADURA DAS SUPOSIÇÕES?
Ninguém sabe realmente se o Pelintra original se chamava Phelintra ou como dizem outros: "era conhecido como José de Aguiar, Chapéu de Couro, José de Santana.
Alguns juram que era José Emerenciano seu nome verdadeiro, outros que era José dos Anjos.
Quanto à sua morte então, poderemos encontrar referências a:
a) Morre calmamente no interior;
b) Morre  de emboscada;
c) Morre numa luta honesta.
Mas o pior é que para ser Mestre teria que ser Encantado, e um Encantado, pelo conceito que leva a palavra, "nunca morreu". Pelo contrário, precisaria ter desaparecido da face da Terra de uma forma sobrenatural.
Quanto à sua personalidade, para uns era mulherengo e brigão, para outros era proxeneta que vivia às custas das "meninas", para outros era trabalhador honesto do cais do porto ...
Como nada disto realmente é provado ou importa, mas sim o comportamento de cada entidade que por este "nome" se apresenta, importante é que se diga que  "seguro morreu de velho e prevenido está vivo até hoje".

7- O que você teria a dizer desses exus que falam palavrões, bebem litros de cachaça?
R: Tenho a dizer é que SÃO EXUS. E por serem-no agem de acordo com seus princípios e formas de ver a espiritualidade e, além disto, usam desses artifícios como formas de impressionarem suas platéias, em grande parte normalmente ávidas por esses fatos.
Tenho a dizer que, em termos de comportamento, esta é a essência dos espíritos que realmente merecem este apelido - EXU!

8- É verdade que Pomba Gira pode levar uma menina a virar prostituta?
R: A verdade é que exu e pomba gira, por suas formas de atuação, ativam plexos nervosos diretamente ligados à sexualidade e que isto pode levar a pessoa a um desequilíbrio para este lado SE ela já tiver esta tendência nata. Neste caso, se esta ativação for proposital por parte da entidade, cria-se um processo obsessivo como qualquer um outro que deve ser tratado com a atuação, não só sobre a entidade que está agindo erradamente mas também sobre o/a médium (ou o/a atuada) para que assuma maior controle sobre seus ímpetos.
Aprendíamos antes e era fato, que em casos como este se buscava tirar o exu ou pomba gira "da frente" (frente da guarda mediúnica) do médium, ao mesmo tempo em  que se buscava trazer para esta posição alguma outra entidade mais equilibrada, menos amoral, digamos assim. E chegavam a acontecer problemas quando o/a atuado/a sentia falta dos impulsos sexuais (e outros) a que estava acostumado/a antes porque isto voltava a sintonizá-lo/a melhor com o exu ou a pomba gira que, não raramente, voltava a assumir a chefia mediúnica. Em outras palavras, o/a próprio/a atuado/a "chamava para junto de si a entidade que lhe instigava os instintos.

9- Exu ou Pomba Gira podem ser donos de cabeça na Umbanda?
R: Na Umbanda NÃO!

10- Por que se diz que exu não pode ficar de frente na coroa?
R: Na UM-BAN-DA não pode mesmo porque exu é uma Linha Espiritual AUXILIAR, agregada e, como já visto antes, composta por falanges de espíritos em sua maioria amorais e de pouco conhecimento sobre princípios evolutivos, ou seja, de curta visão espiritual a despeito de muito conhecimento que possam ter sobre os princípios de vida material.
Se exu ou pomba gira estiverem à frente na coroa de um médium, o certo é (como nos foi ensinado desde muitos anos atrás) que se trabalhe no sentido de afastá-los desta posição para que ESPÍRITOS GUIA DE FATO possam assumí-la.
Já para outros cultos, aqueles que não se preocupam com evolução espiritual do médium e das entidades e que pretendem entender que "é assim porque deve ser ou porque sempre foi", aí a pregação é outra e exu vira até "orixá de coroa".

11- Mas por que exu toma a frente das cabeças de alguns?
R: Vários podem ser os motivos e dentre eles podemos citar as inclinações morais e comportamentais do indivíduo que acabam atraindo para si espíritos que com eles se assemelhem em idéias e gostos, incluindo-se aí até dívidas de vidas passadas que possam estar sendo cobradas nesta com o médium tendo que carregar consigo o espírito exu para que ambos evoluam juntos.

12- E por que, se não for um caso de cobrança, os outros espíritos não brigam pelo médium?
R: Pelo que se sabe os espíritos mais evoluídos não costumam "brigar" pelo médium, primeiro porque isto não está em suas naturezas e segundo porque estariam atuando sobre o livre-arbítrio deste que, pensando e agindo semelhantemente a exu, acaba se sintonizando melhor com esta banda ao mesmo tempo em que bloqueia a atuação natural de outras vibrações mais leves, digamos assim.
Lembra-se do seu radinho FM? Pois é! Depois que você acerta direitinho a freqüência de uma determinada estação, só entra ela e nenhuma outra mais consegue interferir em sua recepção, percebeu? E com um agravante para o caso de exus e pomba giras: eles existem nas faixas vibratórias mais fáceis de serem sintonizadas pela própria natureza humana. E como tendem a quase sempre estarem mais por perto ... passar por eles pode vir a ser até bem difícil para entidades menos densas, visto pelo lado do padrão energético em que vivem ou vibram.
Aliás é bom lembrar que essa crença de que o exu de Umbanda é tão intermediário ou mensageiro quanto o exu de nação, vem exatamente deste fato pois, como entidade mais ligada ao plano material (mais densa), pode até barrar, tanto as comunicações da matéria para o astral como de modo inverso se a ele forem dadas possibilidades de ação total.

13- Você tem certeza de que exu e pomba gira não esgotam os impulsos sexuais equilibrando o médium neste sentido?
R: Pelo que conheço desta banda posso lhe afirmar que não esgotam e sim ativam naturalmente os instintos. Aliás, não só instintos sexuais mas também outros que estejam em consonância entre ambos - entidade/médium - sejam eles da natureza que forem.
Essa é mais uma característica que aproxima ou assemelha o exu de Umbanda/Quimbanda ao próprio exu de nação que a traz em si também por se tratar de uma "divindade" ligada diretamente à sexualidade.
É importante que se entenda de uma vez por todas que qualquer entidade que INCORPORE VERDADEIRAMENTE um médium, deixa de si nele impressões energéticas que estejam em acordo com sua própria natureza em cada uma das vezes que vem à Terra. Desta forma, se o médium conseguir só incorporar entidades de luz verdadeiras, acabará sendo levado a agir, instintivamente, semelhantemente a essas entidades; se só der cabeça para entidades desequilibradas também ocorrerá nele este desequilíbrio mais cedo ou mais tarde, exatamente porque sempre lhe restarão, após as incorporações, os "sinais energéticos" de quem com ele mais criou vínculos.
Aliás, você nem precisa analisar pelo lado espiritual para entender o que lhe digo.
Numa analogia, repare que se duas pessoas encarnadas começarem a andar sempre juntas; a partilharem dos mesmos gostos e eventos; estando em grupo ou não, partilharem até das mesmas idéias, mais cedo ou mais tarde estarão tão parecidas (comportamentalmente) que uma parecerá o duplo da outra.
A que se deve isto?
Uma resposta está no campo da psicologia e outra no campo das interações energéticas. É neste segundo campo, principalmente, que as semelhanças comportamentais médium/espírito se dão.


14- Existe uma corrente de pensamentos que define exu como "nosso ancestral". O que você teria a dizer sobre?
R: Bem, se pensarmos que a palavra ancestral se refere a nossos antecessores, até podemos dizer que sim. Afinal, se estão "do outro lado da vida" é porque já viveram aqui antes, ou seja, NOS ANTECEDERAM neste planos em que vivemos. Mas se pretendermos dar a conotação de antepassados familiares a esse "ancestral", aí qualquer coisa que se diga será PURA HIPÓTESE, a não ser que se estude caso a caso e se chegue a esta conclusão em alguns deles. Alguns, veja bem, e nunca em todos necessariamente.


15- Por que alguns exus pedem menga (sangue) em alguns casos e outros quase sempre?
R: Como já tive a oportunidade de dizer aqui mesmo, os espíritos exu têm conhecimentos e compreensões relativos ao nível evolutivo espiritual em que se encontram. Se a certas entidades desta Linha não foi dada a chance de aprender a trabalhar diferente eles estarão sempre envolvidos com as mesmas técnicas ou táticas que aprenderam nos grupamentos em que se inseriram e, desta forma, dependendo do espírito que se apresente como exu, poderá pedir mais ou menos menga para resolver isto ou aquilo pelo fato de ser este o tipo de ensinamento que recebeu.


18- Não são kiumbas ou rabos de encruza por pedirem menga?
R: Se for para atazanarem a vida de alguém (ainda que isto possa ser colocado na conta da amoralidade como vimos no Itan em que exu cria a briga entre amigos) nem precisam pedir menga para serem considerados kiumbas ou rabos de encruza. No entanto, podem estar pedindo a menga para salvar uma vida já que esta é a técnica que conhecem para tal e, neste caso, não podemos considerá-los kiumbas.


19- Você cortaria um animal para salvar uma vida humana?
R: Se e somente SE isto fosse a única forma de fazê-lo, sim. No entanto, pelo que já vivi e tenho como experiência, o corte nunca é a única forma de se salvar uma vida, a não ser que o trabalho tenha sido entregue diretamente a um espírito exu que, como já disse, tem esta prática como tática padrão a ser executada para estes fins. Como para um caso como este nunca entrego diretamente a um exu, quando ele é "chamado ao palco" por necessidade, o é através de uma entidade de maior compreensão e visão espiritual à qual, esta sim, eu entrego o problema.
Como já tive a oportunidade de escrever aqui neste blog mesmo, nunca tive necessidade de matar qualquer animal em defesa da vida de qualquer um. Entregar na mata ou na encruza, sim. Mas, "vivinhos da silva".
E vou aproveitando a oportunidade para também explicar que nem sempre nos é dado o direito de "salvar uma vida" conforme entendemos (não somos deuses e nem representantes deles na Terra, lembre-se disto) e que nestes casos, se estivermos bem vinculados a entidades de maior visão espiritual, seremos avisados disto antes que qualquer "trabalhinho" seja ordenado neste sentido. Se prosseguirmos será por conta própria e assumindo todas as conseqüências dos pactos que viermos a fazer.


20- E o que esses "pactos" podem trazer de conseqüências?
R: Nos casos em que somos avisados de que "não devemos meter a mão" porque esse é o destino do encarnado, ao tentarmos mudá-lo estaremos, em princípio, nos intrometendo em algum processo de efeito de alguma causa. Quando interferimos diretamente, seja numa cobrança espiritual validada pelos espíritos, seja num processo natural em que o espírito precisa se desprender da matéria, criam-se vínculos energéticos entre o moribundo e nós mesmos de tal monta que parte de seu destino relativo àquele momento é por nós absorvido.
Em outras palavras, ele receberá de nós energias que possivelmente o salvarão (por quanto tempo já que seu destino estaria traçado?) ao mesmo tempo em que nós receberemos dele parte das energias que o fazem esmorecer, seja qual for a tática utilizada para "salvá-lo", inclusive o uso de menga.
Ainda que não sintamos imediatamente a ação destas energias, elas não se desfazem  em nossas Auras e permanecem ali como doenças estacionárias que poderão eclodir de uma hora para outra, trazendo-nos doenças do tipo degenerativas (das que vão nos consumindo ao poucos) e em alguns casos até mesmo nos levando pelos mesmos caminhos dos que "salvamos da morte".
Um sinal claro disto você poderá observar se vier a conhecer alguns "sacerdotes" que muito lidaram com este tipo de ações sem dar ouvidos aos avisos de que não era  para se meterem. O que acaba acontecendo quase sempre é que vão adquirindo doenças, principalmente ósseas, nervosas (incluindo-se aí diabetes não congênitas ou por herança familiar) e outras que lhes vão consumindo pouco a pouco a vitalidade.
Observe que estou falando de doenças que o "médium salvador" nem deveria carregar consigo, ok?


21- Mas essas energias não podem ser retiradas pelos protetores do médium para que ele fique são?
R: Lembre-se de que estou dizendo que ele foi avisado e não deu ouvidos aos avisos assumindo de vontade própria as conseqüências de seus atos e absorvendo para si, como parte de seu carma, parte das doenças (energias conflitantes) que os "salvos" levavam consigo. Nestes casos houve o livre arbítrio ou, conscientemente ele assumiu e  "comprou" parte do carma ou dos carmas dos que ajudou a aliviar.
Em outras palavras ainda: Este foi o pacto que assumiu ao dar mais tempo na Terra a quem já deveria ter partido.
Você não precisa acreditar no que lhe digo, é claro. Mas se conhecer algum "salvador de almas moribundas", principalmente daqueles que alardeiam que "tudo podem", acompanhe sua trajetória e veja por si.


22- Mas o que fazer se alguém nos procura quase à morte, então?
R: Você tem espíritos que o acompanhem de fato? Não são criações de seu inconsciente? Pois então, entregue a eles a tarefa e deixe que tomem as medidas que forem possíveis e necessárias, envolvendo-se emocionalmente o mínimo possível com o caso porque o emocional é um dos caminhos pelos quais mais absorvemos os males de outros.
Se o paciente vier a falecer, não se culpe ou culpe aos espíritos porque, mesmo eles sabendo que nada poderão fazer (se for o caso), tendo-o avisado ou não, não deixarão de dar amparo psicológico e pelo menos tentarão fazer com que a passagem se dê de forma o mais amena possível, sendo este o verdadeiro trabalho de caridade para casos assim.
Avise antes aos familiares que espíritos e médiuns não são deuses milagrosos e fazem o que é possível, para que não arrumem depois uma forma de culpá-lo e aos espíritos pelas esperanças que possam lhes ter dado ou que entenderam estarem sendo dadas no momento em que aceitaram "dar cobertura" ao moribundo.
Pode ter certeza de que SE o destino do aparentemente moribundo não for a passagem para outros níveis, nas mãos de entidades amigas eles se restabelecerão.
Importante também é dizer aqui que em caso de restabelecimento, não tome para si os louros da vitória e passe a achar que poderá obtê-la em todos os casos possivelmente vindouros porque você poderá se prejudicar e muito com isto.


23- Por que exu é firmado na tronqueira e não no Congá como os outros "santos"?
R: Em princípio pela similitude que lhe deram com o Exu africano que além de mensageiro é guardião dos caminhos e entradas. Lembre-se de que desde que apareceram nas Macumbas, os exus espíritos eram tidos como Povo da Rua, das Encruzas, de forma que são firmados perto da rua também por causa desta compreensão.


24- Mas não é por segurança do Terreiro que assim se procede?
R: Não deixa de ser. Mas não vá atrás da hipótese "indiscutível" de que se houver tronqueira bem firmada kiumba não entra porque isto é apenas parte da verdade.


25- Minha filha de 15 anos tem estado com um comportamento estranho e, temendo algo mais sério, levei-a a um Terreiro onde fui informada de que "ela estava com a pomba gira de frente" e que deveria ser tratada para que não acontecesse algo pior. O que isto significa e o que pode acontecer?
R: Veja bem  de forma adulta e sem criar alardes.
Éramos ensinados e víamos amiúde que quando uma entidade verdadeiramente em terra dizia isto: "ela está com pomba gira de frente", já significava claramente que já não era mais virgem e que os instintos sexuais estavam exacerbados por seja lá o motivo que fosse.
Sabe o porquê disto?
Porque pomba gira (assim se aprendia) não se achegava a meninas virgens mas somente às que já teriam tido uma ou mais experiências sexuais e, por instinto, as procurassem mais ainda.
Naqueles tempos era "bater e valer"! A mamãe nem sabia mas a filhinha já tinha tido sua primeira experiência e, claro, não iria dizer em casa. E se a pomba gira já achegada se mantivesse "de frente", o menor mal que poderia acontecer seria uma gravidez indesejável pois, como já disse lá em cima, tanto pomba gira quanto exu ativam os instintos sexuais (se atuarem sozinhos, sem outros controles), principalmente se a pessoa já tiver tendência a responder facilmente a estes estímulos.
Repare, lembrando-se naturalmente e deixando de lado as autocríticas ou críticas ao alheio baseadas em princípios anti-sexuais com que o/a possam ter doutrinado, que todos nós, quando iniciamos nossas experiências sexuais lá na adolescência, tendo sido este início prazeroso (caso contrário esqueça), em princípio tendemos a querer repeti-las o mais amiúde possível - isto é instinto e faz parte do animal que todos somos em origem - sem nem mesmo nos preocuparmos com as conseqüências de um possível exagero. Este fato nos fazia, ou buscar mais sexo ou partirmos para o que chamavam de "sexo solitário", lembra-se? Aquelas práticas que diziam até que provocava inúmeras "doenças" e até "loucuras"?
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Espero estar me comunicando com pessoa adulta e sem medo de tocar em assuntos que para alguns ainda são tabus!
Pois muito bem, calminha aí com o que vai ler.
Pomba gira, em sua essência original, excetuando-se as que foram umbandizadas e já não estão nos mesmos planos das originais, "se nutrem" basicamente da energia desgastada em experiências sexuais e através delas se mantém em seus corpos densificados. Daí um dos porquês de incitarem os instintos sexuais em pessoas  menos guarnecidas e se encostarem nelas e muitas vezes neles.
Em resumo e para que eu não tenha que entrar em mais pormenores que hoje parecem ferir as suscetibilidades tão afloradas, se a entidade que lhe deu este diagnóstico é realmente uma entidade "firme em terra", atenda-a para seu próprio bem e, principalmente o de sua filha, sem crises neuróticas que façam com que sua filha acabe se afastando mais ainda de você. Essa entidade sabe muito bem o porquê de lhe ter dito isto e muito certamente saberá como conduzir o tratamento espiritual para o caso.


26- Eu, heim! Minha pomba gira nunca me incitou ao sexo!
R: Aleluia, minha irmãzinha, aleluia!! Vamos dar graças ao senhor, já que você tem certeza disto,  porque "sua" pomba gira (ou "seu" exu) já apareceu em sua banda (em seu carrego espiritual) de forma umbandizada, como chamo, e isto é muito bom!
Mas não vá atrás da ideia de que todas as outras são exatamente iguais à "sua" porque muitas delas, ao chegarem com seus médiuns aos terreiros de Umbanda, ainda que já se apresentem como protetoras, trazem consigo os instintos naturais que animam talvez ainda a maior parte dos espíritos que assim se apresentam. E não é só porque "baixam em terreiros de Umbanda" que já são todas umbandizadas não! "Baixar" num terreiro de Umbanda pode ser ainda o primeiro passo para que venham a se umbandizar um dia.


27- Mas o terreiro e seus guardiães deixam um médium frequentar suas giras sabendo-se que a pomba gira ou o exu desse médium não estão ao nível da Umbanda que se prega?
R: E por que não? Acaso os terreiros de Umbanda são palcos em que só desfilem baluartes da espiritualidade? Se você pensar sempre assim vai se arrepender ...
Fique sabendo que em um verdadeiro terreiro ou centro de Umbanda, desde que as intenções dos médiuns que lá se apresentem sejam aquilatadas pelas entidades guardiãs como boas, positivas, seus carregos espirituais, sejam de que origem forem, serão bem recebidos e receberão, se os médiuns não atrapalharem, ensinamentos que os igualem em conhecimentos e objetivos aos padrões da CASA.
Por que os terreiros deveriam marginalizar um exu ou pomba gira que ainda não tivessem alcançado níveis evolutivos, compreensões e conhecimentos adequados aos trabalhos que lá se desenvolvem? Onde estaria a caridade, neste ato, para com esses espíritos?
O que não pode e não vai acontecer é, logo de início, um espírito ainda desajustado dos padrões, sair dando consultas e impondo os seus princípios e "sabedorias" nada compatíveis com o todo, isto sim. E o que vai acontecer, em caso de UMBANDA DE FATO E DIREITO, é o fato desses espíritos ainda não ajustados irem recebendo informações e ensinamentos dos responsáveis pela chefia espiritual e se ajustando às formas de trabalho, doutrinas e conhecimentos em prol de uma verdadeira caridade, ou seja, irão se umbandizando, mesmo que aos poucos, até entrarem em sintonia total com a Banda onde se fixaram.


28- E sobre esses terreiros que se dizem de Umbanda em que exus falam palavrões, cospem no chão, tratam as pessoas como cachorros ... O que você teria a dizer?
R: Complicado isto, viu?
Em primeiro lugar, exu falar palavrão, cuspir no chão e tratar pessoas como cachorros, em princípio não é nada anormal enquanto estivermos falando de VERDADEIROS EXUS ou aqueles que merecem o apelido de EXU, por serem estes amorais em suas origens como já se explicou, e para eles estes comportamentos serem compreendidos como perfeitamente normais. É a forma natural que eles conhecem de se comunicarem sem considerarmos as hipocrisias que retumbam em torno destes personagens.
Quanto a isto que você relata acontecer num terreiro de UMBANDA DE FATO, pode-se dizer que é extremamente difícil, quiçá impossível porque, como expliquei antes, as entidades exus, quando adentram a UMBANDA DE FATO, têm que receber orientações da chefia espiritual da Casa e só devem ter contato com o público DEPOIS que adquirirem um bom nível de sociabilidade, o que envolve o conhecimento de regras de moralidade que estarão obrigados a praticar.
Se você foi num lugar destes em que os exus assim agem, pode ter certeza de que este lugar pode praticar tudo menos UMBANDA, porque na Umbanda a caridade começa exatamente na socialização dos espíritos que, por suas origens, estão desconectados destes conceitos.


ENCERRANDO .... POR ENQUANTO!