quinta-feira, 2 de junho de 2022

Caminho do Kami (ligação entre Xintoísmo e Taoísmo)

 Caminho do Kami (ligação entre Xintoísmo e Taoísmo)


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Nos tempos pré-históricos, os imigrantes fluíam para o Japão às vezes em um fluxo, às vezes em uma inundação. Eles vinham da maior parte da Coréia e da China através da península coreana que estava sob influência chinesa. O resultado foi que elementos do xamanismo coreano e crenças populares chinesas entraram no Japão. O primeiro se fez sentir no miko-xamanismo (xamanismo carismático japoneses) e no culto às rochas que é uma característica marcante do xintoísmo. Este último teve um impacto ainda mais profundo.

A crença popular chinesa compreendia uma mistura de espíritos da natureza e adoração ancestral. Foi baseado em um calendário lunar/solar, que foi adotado no Japão, em festivais comemorativos que procuraram harmonizar os mundos humano e espiritual. Essa foi a base na qual o taoísmo e o Xintoísmo se desenvolveram.

No início de 675 o Japão já tinha um Ministério do Yin-Yang (Onmyoryo) que aconselhava o governo sobre assuntos de estado. As decisões foram tomadas de acordo com o alinhamento das estrelas, feng shui e técnicas complexas de adivinhação. Os magos de Yin-Yang (onmyoji) continuaram a desempenhar um papel influente na vida da classe dominante. A esse ponto o Onmyōdō prosperava.

Todos esses desenvolvimentos ocorreram enquanto o Xintoísmo conhecido estava sendo moldado pela classe dominante. Como resultado, as ideias importadas tiveram um grande impacto. É considerado, por exemplo, que 60% do ritual xintoísta moderno deriva da prática taoísta e yin-yang. Os ritos de purificação, por exemplo. O Yakudoshi (ritual para anos de infortúnio). A veneração de espadas e espelhos. A adivinhação e a adoração de cavernas também. Até mesmo houve influência na própria estrutura e nomeação do santuário mais sagrado do xintoísmo, Ise Jingu (jingu deriva de um termo taoísta para uma sala de culto).

Magia e Feitiços

Dentro da filosofia Onmyōdō, os espíritos são invisíveis na maior parte do tempo, mas podem tornar-se visíveis através de um amuleto feito de papel e escrita mágica. Alguns mais poderosos podem mostrar-se na forma de animais pequenos ou pássaros. Eles são conjurados através de um complexo ritual e seus poderes são conectados com a força vital de seus invocadores. Se o invocador é experiente e possui grandes poderes, seu espírito pode possuir animais e até mesmo seres humanos a comando de seu mestre. Se seu invocador for inexperiente e fraco, com o tempo seu espírito ganha consciência própria e foge do controle, matando seu invocador como uma forma de vingança pelo aprisionamento. Esses espíritos são chamado Shikigamis, em tradução livre seriam como espíritos de papel, deuses de papel, ou algo do tipo.

Essa prática se assemelha muito às cerimônias goéticas descritas nas chaves menores de Salomão, às tulpas tibetanas (de onde partiu parte da influência), ou aos servidores da Magia do caos.

Outra prática bem comum dentro do Onmyōdō é a confecção de talismãs para proteção do lar. Eles são chamados de Ofuda e tem como função afastar malefícios como acidentes domésticos e doenças. São feitos geralmente de madeira ou papel e a escrita obrigatoriamente é feita com caracteres chineses arcaicos e tinta vermelha. Isso valendo para todas as regiões do Oriente, porque segundo se prega, uma outra forma de escrita não carrega consigo nenhum tipo de poder. Ser escrito em uma língua chinesa não significa que ele foi feito na China, é apenas um procedimento adotado na criação de talismãs. Existe uma versão portátil desse talismã direcionado a efeitos pessoais chamado Omamori cujos procedimentos de criação são os mesmos do Ofuda.

Uma outra forma interessante de feitiçaria Taoísta inclusa no Onmyōdō é chamada de Kuji-In, um compilado de encantamentos e mudras budistas com a finalidade também de proteção e auxílio pessoal quando uma pessoa está enfrentando uma força demoníaca ou algum tipo de perigo natural. Essa técnica se difundiu entre os praticantes de ninjutsu e muitas vezes é erroneamente associado a essa arte marcial.

Pesquisado e editado por Negah San