quinta-feira, 2 de junho de 2022

Mitologia Japonesa A mitologia japonesa tem uma história que remonta a mais de 2.000 anos.

 Mitologia Japonesa


A mitologia japonesa tem uma história que remonta a mais de 2.000 anos. 


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A mitologia japonesa tem uma história que remonta a mais de 2.000 anos. Essa mitologia inclui um grande número de deuses, deusas e espíritos, e a maioria das histórias diz respeito à criação do mundo, à fundação das ilhas do Japão e às atividades de divindades, seres humanos, animais, espíritos e criaturas mágicas.
Principais deuses e espíritos
Na mitologia japonesa, tudo na natureza tem um kami, uma divindade ou espírito que habita aquele corpo. E além de deuses, Kami também pode ser usado para descrever os espíritos de entes queridos falecidos ou espíritos animais. Como resultado, o panteão japonês é enorme!
Segundo a mitologia, existem oito milhões de kami (八 百万). Esse é um número tradicionalmente usado para expressar o infinito no Japão.
Por todo o Japão, mitos e lendas locais contam sobre o kami de um lugar em particular, como uma rocha, uma floresta ou montanha. Esses Kami podem ser bons ou ruins, podem ser incrivelmente poderosos, expressar forças da natureza, e alguns possuem papéis muito importantes nos mitos e histórias do país.
1. Izanami e Izanagi - Os deuses da criação

As duas divindades criadoras mais importantes são Izanagi e sua irmã Izanami. Segundo os mitos, eles criaram a terra com uma lança decorada com joias. Usando essa lança, eles conectaram o céu e a terra e agitaram o mar entre eles; cada vez que uma gota de água caía da lança, uma ilha era criada.
Eles também deram origem a muitos dos outros deuses e deusas da mitologia japonesa.
2. Amaterasu - A deusa do Sol e do universo

Amaterasu é a deusa do Sol e do universo, e é considerada por muitos a mais importante dos deuses xintoístas. O imperador é considerado como descendente direto de Amaterasu, e isso foi muito enfatizado durante o período do Xintoísmo do Estado, de 1868 a 1945, quando o xintoísmo funcionava como uma organização governamental.
Amaterasu é responsável por trazer luz ao mundo e pela fertilidade, e seu santuário em Ise é o mais importante do Japão.
3. Tsukiyomi e Susanoo - Deuses da lua e da tempestade

Amaterasu tem dois irmãos: o deus da lua Tsukiyomi e Susanoo, um deus poderoso e violento que é frequentemente associado à tempestades. Dos dois, Susanoo desempenha um papel mais importante na mitologia, aparecendo em uma série de grandes lendas, incluindo várias histórias com Amaterasu.
4. Inari - O kami das raposas

Inari é o kami de tudo que é importante no Japão, incluindo arroz, chá, fertilidade, amor e sucesso. Ele usa raposas como seus mensageiros terrestres, e como resultado, este animal é muito respeitado no Japão.
Muitos santuários japoneses têm um pequeno santuário ao lado dedicado às raposas. É comum fazer oferendas para esses animais, e muitos santuários têm estátuas para elas.
O deus Inari aparece em poucos mitos, mas ele é importante por causa de sua associação com o cultivo de arroz, a principal cultura de alimento no Japão. E como ele também é associado à prosperidade, Inari é o patrono dos comerciantes e fabricantes de espadas.
5. Shitenno - Os deuses protetores

Shitenno são quatro deuses aterrorizantes que vieram do hinduísmo e são conhecidos por proteger os templos budistas japoneses. Cada deus está associado a uma direção, estação, virtude e a um elemento.
Em muitos casos, os Shitenno são retratados como demônios, mas a tradução de seu nome significa literalmente "Quatro Reis Celestiais".
6. Raijin e Fujin - Deuses dos raios e dos ventos

Raijin é o kami de raios, trovões e tempestades e tipicamente é representado com martelos e cercado por tambores. Já Fujin é o kami do vento, sendo retratado segurando um saco de vento.
Raijin e Fujin costumam aparecer juntos, e ambos são divindades muito temidas no Japão, devido aos danos que os tufões e tempestades causaram no país ao longo dos séculos.
Esses kami frequentemente aparecem juntos nas portas dos santuários, como forma de proteção, e todos os visitantes devem passar pelo olhar dessas divindades assustadoras.
7. Hachiman - O patrono dos guerreiros

Uma das divindades mais populares da mitologia japonesa é Hachiman, um patrono dos guerreiros. O personagem de Hachiman é baseado no imperador Ôjin, que viveu em 300 d.C e era conhecido por suas habilidades militares.
Segundo a mitologia, depois que Ôjin morreu, ele se tornou o deus Hachiman. Nos anos 700, ele se tornou parte do panteão xintoísta.
8. Jizo - O guardião das crianças e do parto.

Estátuas de Jizo são geralmente pequenas, e aparecem em grande número nos templos de todo o Japão. Há certamente mais de 1 milhão de estátuas dele no país, e geralmente elas são doadas por pais que perderam seus filhos.
Segundo a crença japonesa, as crianças que morrem antes dos seus pais não podem cruzar o mítico Rio Sanzu, que leva para a vida pós-morte, pois elas não acumularam boas ações suficientes.
Essas crianças seriam condenadas a ficar para sempre nas margens do rio, empilhando pequenas pedras. Mas segundo o mito, Jizo as ajuda a atravessar o rio, escondendo-as em seu manto.
9. Agyo e Ungyo - Os guardiões de Buda

Agyo e Ungyo são os temíveis guardiões de Buda que frequentemente ficam na entrada dos templos japoneses.
Agyo é um símbolo da violência. Ele sempre é representado mostrando os dentes, segurando uma arma ou de punhos cerrados. Já o Ungyo é um símbolo de força. Sua boca está sempre fechada e geralmente ele mostra suas mãos vazias como um gesto de confiança.
10. Kannon - Deusa da misericórdia

Kannon é a deusa budista da misericórdia. Ela é um Bodhisattva - aquele que alcança a iluminação, mas que adia o seu estado de Buda até que todos possam ser iluminados.
Muitos templos japoneses são dedicados à adoração de Kannon, e ela também foi destaque em imagens cristãs japonesas na era Edo.
No século 17, o cristianismo foi proibido no Japão, mas os cristãos japoneses continuaram a adorando em segredo. Esses cristãos fizeram estátuas de Kannon que se pareciam muito com a imagem católica romana de Maria, incluindo símbolos como cruzes. Algumas dessas estátuas sobreviveram e podem ser vistas nos templos japoneses até hoje.
11. Benzaiten - Deusa da fluidez

Benzaiten, ou Benten, é a deusa de tudo que flui: seja palavras, eloquência ou música. Na imaginação popular, ela também está associada ao amor, e é uma das 7 deusas da sorte do Japão.
É comum que os santuários dedicados à Benzaiten sejam considerados locais românticos entre casais japoneses.
12. Yebisu - Deus dos pescadores

Yebisu é o deus dos pescadores, da sorte e o guardião da saúde das crianças pequenas. Ele é um espírito alegre, apesar de sua vida difícil. Geralmente ele é representado como um sujeito gordinho usando um chapéu, e carregando uma vara de pescar.
Também conhecido como Ebisu, esse kami nasceu sem ossos e lutou para sobreviver. Na idade de dois anos ele foi lançado no mar, e segundo o mito, ele conseguiu sobreviver, criar ossos e voltou do mar como um deus.
13. Tengu - O monstro pássaro

Tengu é um monstro pássaro japonês que muitas vezes assume a forma humana. Por muito tempo, eles foram considerados inimigos do budismo, por corromper seguidores e monges. No entanto, nos tempos modernos, eles são vistos como protetores das florestas e montanhas sagradas.
Segundo a tradição, eles vivem nas árvores de áreas montanhosas, e gostam de brincar com os humanos.
14. Sugawara no Michizane - Um kami vingativo

Sugawara no Michizane foi um proeminente poeta e político japonês que foi exilado por seus rivais no ano 901. Pouco tempo depois, ele morreu de forma solitária.
Imediatamente após sua morte, Kyoto foi atingida por terríveis relâmpagos e inundações. Os filhos do imperador morreram em acidentes incomuns, e a peste e a seca se espalharam pelo Japão.
O governo atribuiu isso ao espírito vingativo de Sugawara no Michizane. Para tentar reverter a situação, eles restauraram sua posição e status, e tentaram destruir todas as evidências de sua punição. Quando os desastres continuaram, eles concederam a seu espírito o título de Kami, construindo um santuário em Kyoto em sua homenagem. Depois disso, finalmente os desastres terminaram.
15. Taira no Masakado - O samurai

Taira no Masakado foi um samurai que desafiou a corte imperial em Kyoto. Ele conquistou grandes partes do Japão antes de ser derrotado em batalha em 940. Sua cabeça foi trazida para Tóquio e seu kami foi consagrado no Santuário Kanda.
Ele era popular entre as pessoas porque desafiou o governo. Dizem que sua revolta foi precedida por terremotos, enxames de borboletas, eclipses lunares e arco-íris em Kyoto.
Taira no Masakado é considerado um Kami extremamente poderoso, que deve estar constantemente satisfeito ou então a má sorte é certa.

Bruxaria oriental (Os Onmyouji do Japão esquecido)

Essa com certeza foi uma das pesquisas mais difíceis que eu realizei nos últimos tempos. Um dos motivos é porque essa prática não consta em referências modernas. Ela foi muito popular na era imperial tendo até mesmo o seu espaço no campo dos ministérios japoneses, mas caiu no esquecimento por conta de restrições jurídicas do século dezenove que proibiram práticas relacionadas a superstições e somente em 2006 elas foram abolidas.

O Onmyoudou é um sistema de magia oriental que abrange princípios do Taoísmo, do Budismo, do Shungendou (o lado esotérico oriental com encantamentos, meditações e fórmulas mágicas), do Xintoísmo e do Confucionismo. Seu nome significa " O caminho do ying-yang" literalmente e sua maior influência vem das filosofias chinesas.
Seu sistema de divinação guia-se pela astrologia, observação de aspectos naturais e criação de calendários. Através dos sinais nocivos presentes na natureza, os Onmyouji faziam suas predições e com isso ganharam destaque e a atenção dos governantes do Japão na metade do século século sete.
Agregou-se então rituais para banimento de espíritos ruins e exorcismos de demônios. Tal poder conferido aos praticantes de Onmyoudou fez com que estes tivessem influencia direta na vida dos imperadores, o que mais tarde teria um impacto negativo resultando na sua proibição.
Uma coisa importante que não podemos confundir é a filosofia da estrela de cinco do ying-yang com a simbologia do pentagrama na feitiçaria européia porque apesar de visualmente semelhantes, suas interpretações não são análogas. A estrela de cinco pontas do taoismo simboliza os cinco elementos do feng shui: metal, terra, fogo, água e madeira e dentro do Onmyoudou ficou conhecido como o Selo de Abe no Seimei, muito usado para a geomancia.
Onmyouji é denominação dos praticantes de Onmyoudou e o mais notório foi Abe no Seimei, cuja história está envolta em muitas crendices. Isso aconteceu porque logo após sua morte surgiram muitas histórias heroicas envolvendo seu nome.
Ele foi discípulo de Kamo no Tadayuki e Kamo no Yasunori no século dez na corte Heian. Por ser nomeado sucessor na corte, suas obrigações incluíam analisar eventos suspeitos, conduzir exorcismos, proteção contra espíritos vingativos e diversas técnicas de geomancia. Diz-se que Seimei previu a abdicação do imperador Kazan através da observação dos astros. Sua reputação tornou-se tão grandiosa que ainda no século dez todo o ministério de Onmyoudou estava no poder do clã Abe.
Uma lenda interessante acerca de Seimei dizia que ele não era inteiramente humano. Seu pai havia tido um caso com uma Kitsune, uma raposa feiticeira, e isso concedeu-lhe poderes que se manifestaram desde a infância. Diz-se que ele era capaz de controlar inúmeros Shikigami que são entidades criadas e ou evocadas pelo magista para seu uso pessoal e diferente dos seres elementais/familiares, os Shikigami eram diretamente ligados aos poderes do magista que os invocou.
Dentro da filosofia Onmyoudou, esses espíritos são invisíveis na maior parte do tempo, mas podem tornar-se visíveis através de um amuleto feito de papel e escrita mágica. Alguns mais poderosos podem mostrar-se na forma de animais pequenos ou pássaros. Eles são conjurados através de um complexo ritual e seus poderes são conectados com a força vital de seus invocadores. Se o invocador é experiente e possui grandes poderes, seu Shiki pode possuir animais e até mesmo seres humanos a comando de seu mestre. Se seu invocador for inexperiente e fraco, com o tempo seu Shiki ganha consciência própria e foge do controle, matando seu invocador como uma forma de vingança pelo aprisionamento.
Essa prática se assemelha muito às cerimônias do ocultismo europeu envolvendo as chaves menores de Salomão, onde se prende determinado espírito demoníaco para uma barganha ou a algumas técnicas da bruxaria moderna acerca dos elementais artificiais, onde o bruxo cria um ser à partir da sua própria energia.
Outra prática bem comum dentro do Onmyoudou é a confecção de talismãs para proteção do lar. Eles são chamados de Ofuda e tem como função afastar malefícios como acidentes domésticos e doenças. São feitos geralmente de madeira ou papel e a escrita obrigatoriamente é feita com caracteres chineses arcaicos e tinta vermelha. Isso valendo para todas as regiões do Oriente, porque segundo se prega, uma outra forma de escrita não carrega consigo nenhum tipo de poder. Ser escrito em uma língua chinesa não significa que ele foi feito na China, é apenas um procedimento adotado na criação de talismãs. Existe uma versão portátil desse talismã direcionado a efeitos pessoais chamado Omamori cujos procedimentos de criação são os mesmos do Ofuda.
Uma outra forma interessante de feitiçaria Taoísta inclusa no Onmyoudou é chamada de Kuji-In, um compilado de encantamentos e mudras budistas com a finalidade também de proteção e auxílio pessoal quando uma pessoa está enfrentando uma força demoníaca ou algum tipo de perigo natural. Essa técnica se difundiu entre os praticantes de ninjutsu e muitas vezes é erroneamente associado a essa arte marcial.
Conclusão
Podemos concluir então que o Onmyoudou é um conjunto de práticas mágicas absorvidas das religiosidades do oriente e transformadas em ações práticas que se distanciam do papel sacerdotal taoista ou budista, motivo pelo qual classifiquei-a como uma vertente da feitiçaria. Apesar de possuir um vasto plano mitológico e politeísta a prática do Onmyoudou não forma sacerdotes à serventia das divindades, ele cria grandes magistas capazes de prever e mudar a realidade através de suas fórmulas mágicas e rituais.
O Onmyoudou tornou-se então parte da cultura popular estando presente nos animes e mangás, motivo pelo qual é muito difícil encontrar conteúdo historicamente válido sobre essa arte.

Pesquisado e editado por Negah San