PARTE ll - Os Orixás e as Linhas de Trabalho na Umbanda:
Umbanda:
Na Umbanda cultuamos o Divino Criador Olodumaré ou Olorum, o nosso Divino Criador e Senhor dos nossos Destinos.
E, logo abaixo dele, cultuamos os Sagrados Orixás como suas potências Divinas que governavam a Criação, sendo que os identificamos apenas por alguns dos seus aspectos ou qualidades que os distinguem e os diferenciam, individualizando e separando-os como as partes de um todo Divino.
Essa ideia, sinteticamente, define o Panteão umbandista e fundamenta sua cosmogonia, sua teogonia, sua androgênese e sua teologia, fornecendo aos estudiosos da Umbanda um manancial de informações inesgotável.
Esse manancial, se já era inesgotável, esperamos ampliá-lo para que tanto os estudiosos quanto os médiuns umbandistas avancem um pouco mais na identificação e compreensão do vastíssimo “universo” oculto por trás dos Orixás.
O nosso entendimento anterior era esse:
– Temos a linha dos Caboclos, das Crianças, dos Boiadeiros, dos Exus, das Pombas-giras e dos Exus mirins, etc.
Pois bem!
Na iniciação perante Iemanjá, depois dos médiuns incorporarem suas Mães Iemanjás pessoais que são Orixás naturais regidas pela Mãe maior Iemanjá, ele nos transmitiu isso:
– Filhos, o vosso entendimento atual lhes ensina que vocês possuem um Caboclo(a) regido por um Orixá; possuem um Preto-velho(a) regido por outro Orixá; possuem um Baiano regido por outro Orixá; possuem uma criança regida por outro Orixá; etc. e isso são certos, mas não é toda a verdade sobre as linhas de forças espirituais porque cada Orixá possui sob sua irradiação todas as linhas espirituais e isso quer dizer o seguinte:
– Que Iemanjá possui ou rege linhas de trabalhos espirituais formadas por Caboclos (as) de Iemanjá; de Pretos- velhos(as) regidos por Yemanjá; de Baianos(as) regidos por ela; de Crianças regidas pó ela; de Boiadeiros regidos por ela; de Marinheiro regido por ela; de Exus, Pomba giras e Exus mirins regidos por ela, além das Sereias e outros povos do mar.
Ela rege linhas de trabalhos espirituais com os graus que conhecemos dentro da Umbanda, mas também rege muitas outras linhas (ou hierarquias) de trabalhos espirituais que são totalmente desconhecidas pelos médiuns umbandistas.
Ela, uma única, Mãe Orixá, seria capaz, ou melhor, é capaz de sustentar toda uma religião só com o seu poder Divino e seus Mistérios Sagrados, que são universais e são aplicados na vida de todos os seres (espirituais ou não) gerados por Deus.
Tal como o Mestre Jesus ou Mestre Sidarta Gautama (o Buda) dão sustentação ao Cristianismo e ao Budismo, Yemanjá poderia sustentar um religião tão grande quanto essas duas.
Mas o mesmo poderia fazer cada um dos outros Orixás cultuados na Umbanda.
E, para provar o que ele dissera, todos os médiuns incorporaram sua Iemanjás pessoais e a seguir começaram a incorporar seus Pretos-velhos(as), Caboclos(as), Crianças e Baianos(as) regidos por Iemanjá.
Paramos com a incorporação da linha dos Baianos regidos por Iemanjá, com todos os médiuns incorporando cada linha invocada, mas poderíamos prosseguido na incorporação das demais linhas que todos as incorporariam.
E na semana seguinte, durante a iniciação perante a Sagrada Mãe Oxum, o Senhor Pena Branca repetiu as mesmas incorporações, com os médiuns incorporando guias dessas linhas de trabalhos acima citados, mas agora regidos por Oxum.
Ao final ele nos deu essa explicação.
– Filhos de Umbanda, saibam que cada um de vocês possui nas suas linhas de forças espirituais guias de uma mesma linha, para cada um dos quatorze Orixás regentes das Sete Irradiações Divinas, mas em cada uma delas só um é ativo, pois os outros são passivos e, atuam como auxiliares do que é ativo.
O guia ativo incorpora sempre que a linha dele é invocada e vocês o chamam de “meu Caboclo, ou de Preto-velho, ou de meu Baiano, etc., mas estão ligados a outros treze espíritos mesmo grau (Caboclo, Preto velho, Baiano, etc.,) que vocês não conhecem, mas que também estão ligados a cores e fazem parte do nosso enredo ou trama espiritual”.
Cada Orixá cultuando na Umbanda ampara com seu poder Divino todas as linhas de Umbanda e, porque nela o termo Caboclo(a), Erê, Baianos(as), Boiadeiro, Marinheiro, Exu, Pomba-gira e Exu mirim são “graus” que distinguem as correntes ou Hierarquias espirituais, cada Orixá sustenta suas correntes espirituais com esses graus.
Logo existem Caboclos(as), Pretos-velhos(as), Erês, Baianos(as), Boiadeiros(as), Marinheiros (Sereias), Exus, Pomba giras e Exus mirins de Oxalá Logunan, de Oxum, de Oxumarê, de Oxossi, de Obá, de Xangô, de Egunitá, de Ogum, de Yansã, de Nanã, de Obaluaiê, de Iemanjá e de Omulu, mas em cada grau, só um é ativo em um médium e todos os outros são passivos e atuam como seus auxiliares nas outras irradiações.
Portanto, se o Caboclo de “frente” ou de trabalho de um médium é de Oxossi (regido por Oxossi), esse Caboclo “carrega” outros treze Caboclos, com cada um regido por outro Orixá diferente.
E, se o Preto-velho(a) de frente ou de trabalho de um médium é regido por Nanã, esse Preto-velho(a) “carrega” outros treze Pretos-velhos (as), com cada um deles regido por outro Orixá.
E, sucessivamente, o mesmo acontece com todos os guias espirituais de “trabalhos” dos médiuns umbandistas.
A soma dos guias ativos e seus auxiliares é grande e nos mostra quanto é importante que os médiuns umbandistas se doutrinem, aprendam e evoluam praticando e caridade aos seus semelhantes com fé, amor e racionalidade.
Afinal, se as forças espirituais de um médium são muitas e estão à sua volta, distribuídas num enredo muito bem organizado, essas forças exigem o comprometimento dele perante Deus e os Orixás, buscando o aprendizado e o aperfeiçoamento consciêncial, senão o abandonam e o deixam exposto aos espíritos inferiores, denominados Kiumbas, que são grandes mistificadores e iludem dores dos médiuns relapsos.
Esperamos ter deixado claro a grandeza Divina dos Sagrados Orixás, e também, que um único Orixá pode dar sustentação a uma religião e, justamente por isso, em cada um deles, o Orixá do dirigente, sempre se destaca sobre os demais.
FONTE:
Texto de Rubens Saraceni, publicado originalmente no Jornal Nacional da Umbanda, edição 30, em janeiro de 2012 com o título “O que é um Orixá”.
Pesquisa: Pai Jonathas de Ogum.'.