Cigana das Encruzilhadas
Cigana das Encruzilhadas
Essa Pombagira Cigana possui uma história bastante peculiar de solidão e sofrimento. Nasceu na Baviera (Bayern - popularmente conhecida por Bavária), uma das maiores regiões da Alemanha.
Seu nascimeno foi muito festejado por seus pais, que pertenciam a religião pagã dos Celtas - o Druidismo.
Ela seria uma sacerdotisa (druidesa) e desde muito cedo aprendeu a arte de curar, os nomes das ervas e a interpretar os sinais da natureza.
Aos doze anos era uma linda menina que conhecia muito de sua antiga religião.
Nessa época a Inquição fazia incursões pela Europa caçando "bruxas" e antigos seguidores das religiões ancestrais.
Seus pais sempre mantinham tudo muito bem guardado e escondido num porão.
Mas, alguém os delatou e a Inquisação bateu em sua porta.
Seus pais foram presos, julgados e condenados.
Seu irmão foi degolado ali mesmo. E ela, por ser menina, foi preservada e levada até a Itália, para ser a serva de um importante Bispo.
Durante um ano tentou em vão escapar. Quando a oportunidade surgiu, ela apunhalou seu captor e conseguiu fugir.
Foi ajudada por um guarda em troca de favores sexuais.
Atravessou a Itália, com a intenção de retornar à Alemanha, mas quando soube das Guerras que por lá estavam acontecendo, decidiu ir para a França. Já estava com 17 anos e toda a sua inocência havia se perdido.
Agora conhecia a realidade da vida e a crueldade do homem.
Sobreviveu na travessia, escondendo-se pela estrada, viajando a noite e trocando favores como podia.
Ela chegou ao sul da França em 1728 e se instalou numa choupana abandonada próximo a um vilarejo.
Com o tempo, começou a praticar sua antiga religião e começou a ser procurada por aqueles que precisavam de ajuda.
Ganhou a confiança do vilarejo e pode viver tranquilamente por vinte anos.
Nunca quis casar, porque ainda lembrava os maus tratos que sofreu, quando menina, nas mãos de seu captor.
Porém, a Inquisição voltou a encontrá-la e dessa vez não escapou.
Foi presa, julgada e condenada por prática de bruxaria. Torturam-na e enforcaram-na numa encruzilhada da vila.
Muitos no vilarejo também foram mortos.
Durante algum tempo seu espírito vagou querendo vingança e perseguindo aqueles que a condenaram.
Quando foi recolhida à Aruanda compreendeu sua história e relembrou sua missão de vida. Foi convidada a ficar e a trabalhar; poderia usar todo o seu conhecimento ancestral e auxiliar a quem necessitasse.
Assim, tornou-se a Pombagira Cigana das Sete Encruzilhadas, porque seu espírito viajou muito e conheceu muitas estradas.